A Carta Pastoral do Colégio Episcopal da Igreja Metodista intitulada “Testemunhar a Graça e
Fazer Discípulos/as” trata de assuntos pertinentes, de grande importância para a
caminhada da Igreja. Traz uma reflexão sobre a Graça Salvadora que se contrapõe a doutrina da retribuição da salvação pelas obras, por mérito humano, que outrora pregada somente pela Igreja Romana infiltrou-se hoje no meio cristão evangélico. A Carta une o tema doutrinário urgente e atual que é A Graça de Cristo e a consolidação de discípulos (as) convertidos que vão gerar outros discípulos e se tornar líderes capazes de cumprir a Missão. Tudo começa pelo Testemunho. Todos os que foram alcançados pela Graça de Jesus tem muito que contar. No testemunho está incluído não apenas o que se pode dizer de Jesus mas também o modo de viver e agir. No campo da Palavra Graça é uma das palavras chaves da Bíblia. No antigo Testamento Noé achou graça diante do Senhor. A partir da perspectiva de Noé, graça tem uma dimensão de vocação, pois Noé recebe uma visão e missão para redenção da humanidade e da criação. Então graça é favor imerecido que alcança a muitos. No novo Testamento o termo é ampliado, “..de graça recebestes de graça dai...” “ Graças te dou ó Pai ...porque ocultaste estas coisas aos sábios...” Sabedoria e conhecimento de Deus são obra, antes de tudo da graça. O anúncio do tempo da graça por inteiro é o eterno intento divino. Ressalta que para Wesley a graça se manifesta preveniente no pecador, a qual desperta a fé na verdade da mensagem da salvação como também a motivação para a esperança e o amor de Deus. Imediatamente entra em ação a graça justificadora naquele que foi alcançado pela graça preveniente. Essa graça justificadora vai consistir na purificação do passado do ser humano, perdão da culpa, e absolvição da acusação que a lei levanta contra o pecador. Testemunhar a graça de Deus hoje, denunciando os pecados sociais porque a graça de Deus é negada por forças da morte que exploram crianças, adolescentes e famílias, oprimem e negam a muitos o que por Deus foi dado a todos. Testemunhar a graça e fazer discípulos: Discipulado na Visão do Colégio Episcopal não é um método, é um estilo de vida, uma maneira de ser, no expressar evangélico de nossa fé. É relacional, é fundamentar a comunhão, a convivência, a comunicação e a formação do caráter das pessoas relacionadas com o Senhor e com a Sua comunidade, a Igreja o corpo de Cristo. Discipulado é um estilo de vida que caracteriza aqueles que estão comprometidos com o Reino e Deus, com a Nova Justiça, com os valores éticos do Reino, dedicados a o serviço cristão, ao evangelismo, testemunho e cumprimento da vontade de Deus. No discipulado a comunhão traz acolhimento às pessoas, compartilhamento, há uma liberdade de expressar o que cada um é, sente e carece. Juntos oram, louvam, adoram, estudam a Palavra . Mostra como o Discipulado pode ser usado como método de pastoreio, no qual pastor e pastora dedicam maior atenção aos grupos pequenos e promovem relacionamentos mais fraternos e pastoreio mútuo entre os membros da Igreja. A situação da Igreja hoje e a Prioridade do Discipulado está ligado ao momento em que vivemos profundamente permeado pelas forças do mercado, especialmente o mercado globalizado. Onde o individualismo justifica a indiferença. A busca do lucro passa a ser parte da ideologia dos grupos religiosos de “sucesso.” O quadro religioso se tornou confuso com a emergência dos novos critérios, distantes dos valores éticos fundados na valorização da vida, da solidariedade e do amor. A decisiva mediação da graça de Deus foi eliminada. Dentro desse quadro, as pessoas são, em grande número, levadas por todo “vento de doutrina”. Na verdade, há uma busca intensa de algo que traga às pessoas esperança e vida. Ser e fazer discípulo com o perfil de Cristo, é o desafio da Igreja. O discípulo(a) irradia a paixão por Cristo. Jesus mesmo deixou claro que Ele deve ser prioridade na vida de seus seguidores. O discípulo(a) é alguém que permanece em total fusão , dependência do Mestre. O discípulo (a) é alguém que reconhece e escolhe a cruz. Não foge dela, mas assume a cada dia. O discípulo(a) segue a cristo e Dele aprende. O discípulo persevera em obediência na Palavra. O discípulo(a) que é pastor(a) e líder se torna modelo para o rebanho. Exemplifica o apóstolo Paulo que foi um discipulador, teve antes que ser discipulado. O primeiro ensino cristão que Saulo ( Paulo) recebeu foi assistindo como Estevão viveu e pregou. Depois da sua experiência de salvação no caminho de Damasco , Saulo foi discipulado por Barnabé e só se tornou missionário após este tempo, tendo Barnabé como companheiro. Ao fundar as igrejas Paulo trabalhava com zelo de discipulador. Seu discipulado se evidenciava pelo testemunho, pelo ensino no contato pessoal e pelas epístolas. No círculo dos que foram discipulados por Paulo cita-se alguns como: Timóteo, Lúcio, Jason, Priscila, Áquila etc. Paulo mostra com eficácia que a recepção e a transmissão são a base do discipulado. É necessário que se veja nos seguidores de Jesus, coerência, integridade e autoridade como o povo via no Mestre e não via nos religiosos fariseus. A Carta Pastoral apresenta considerações práticas sobre o discipulado e sua organização em grupos pequenos: Recuperar a tradição wesleyana dos grupos pequenos segundo modelo do metodismo primitivo; Objetivar no discipulado o crescimento dos novos membros, integração no programa de Dons e Ministérios da Igreja , formação e treinamento de novos líderes; Reunir famílias e amigos (as) da Igreja que residam próximo com o propósito de aprender a Palavra de Deus uns com os outros, apoiando, em oração, amor e esperança; Reunir um grupo de novos convertidos para que alcancem a maturidade em Cristo e desenvolvam seus dons, talentos e ministério; Reunir irmãos e irmãs nos bairros estratégicos em grupos familiares para acolher vizinhos e amigos que não conheçam o evangelho; Reunir a liderança formal e informal da Igreja para momentos de pastoreio mútuo, oração e comunhão; Reunir grupos de casais com o objetivo de partilhar experiências; Promover oportunidades de retiro espiritual; Transformar cada reunião de ministério ou de órgãos administrativos em um espaço discipulador; Transformar sua CLAM num verdadeiro grupo de discipulado; Colocar o Curso de Formação de Líderes como prioridade; O grupo de discipulado do Pastor serão os líderes dos demais grupos de discipulados já existentes. Fica claro que a figura do pastor e da pastora é fundamental no processo dos grupos de discipulado. Ele (a) é o grande motivador, orientador e estimulador de todo processo. Também a orientação dada é que todo o povo de Deus deve ser incluído. Contudo a adesão é livre.
A Carta Episcopal é clara e traz orientações específicas sobre a importância e a necessidade
de se fazer o discipulado na igreja e através da igreja. O novo convertido principalmente necessita de um pai ou conselheiro ou discipulador. Alguém que ajude essa nova criatura em Cristo a fortificar-se na graça, até que possa andar sozinha e ganhar novas vidas passando também a ser um discipulador, mais um ministro, mais um líder no Corpo de Cristo. Pode-se comparar o novo convertido a uma criança que precisa de um lar, de mãos que o ensine a caminhar. E este lar deve ser a comunidade da fé, a igreja. A situação que se vê nas igrejas é o contrário desta visão, muitos que chegam ficam abandonados, sem acompanhamento, “à própria sorte”. O novo convertido precisa ser alimentado e crescer. Para gerar outros discípulos não pode continuar criança na fé, precisa amadurecer. Como Paulo muito sabiamente exortou à igreja de Corinto “... Com leite vos criei, e não com alimento sólido, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda podeis”. Assim estão muitos outros cristãos que não amadureceram mesmo sendo membro ou tendo longo tempo de caminhada na comunidade, no Corpo de Cristo. O discipulado é uma ferramenta para sanar esta deficiência na Comunidade Cristã. Observa-se como é grande o número de “desigrejados”, ou apóstatas da fé, que por não terem sido discipulados não criaram raízes e desanimaram na jornada. O discipulado cria um laço forte de confiança, apoio, unidade entre os discípulos, discipuladores, pastores e enfim com todo o Corpo. O discipulado é uma estratégia sábia de aproximar o crente do não crente, porque primeiramente não força ou insiste com o não crente para estar no templo, na igreja . Visto que muitos têm muitas barreiras por causa da “religião”. Faz uma aproximação tática para trazer primeiramente o não crente para um ambiente “neutro” como por exemplo uma casa de um irmão ou amigo. Assim se processa um excelente meio de fazer discípulos. A Carta Episcopal não somente traz com excelência todo um esclarecimento teológico, bíblico sobre o que é o discipulado como também dá orientações práticas de como implantar o discipulado nas Comunidades de fé.