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SERMÃO COMPLETO
Texto: Lc 14.25-33
Objetivo: Quero que os crentes cumpram as exigências de Cristo para serem seus
discípulos.
Caros irmãos, com muita alegria cumprimento a todos com a paz do Senhor.
Depois de ouvirmos os cânticos, que alegram a nossa alma, chegou o momento
de estarmos atentos à mensagem da Palavra de Deus. Cremos que o Espírito
Santo falará ao nosso coração, aplicando esta palavra, de maneira que chamo a
atenção de todos para lermos a Bíblia Sagrada, com toda a reverência.
Vamos abrir as nossas bíblias no texto de Lc 14.25-33, e leremos uma palavra
para nossa edificação.
(Ler o texto)
Quão maravilhosa é a Palavra do nosso Deus. Curve a sua cabeça para orarmos,
pedindo ao Senhor que ilumine o nosso entendimento para compreendermos esta
Escritura, e para que Ele a aplique em nossas vidas.
(Oração)
Introdução
Jesus Cristo, nosso Senhor, teve um ministério terreno bastante curto, porém de
grande impacto sobre as pessoas. Algumas vezes, o texto bíblico deixa claro que
grandes multidões o seguiam.
Quando você uma grande multidão para ouvir o que você tem a dizer, você pode
escolher entre:
a) Falar algo muito atraente, para fazer muitos seguidores, como tem feito tanta
gente, nos dias atuais, conforme vemos em tantas mensagens transmitidas
pela mídia, ou
b) Você pode aproveitar para esclarecer o que realmente significa ser um
discípulo de Jesus, para que permanecessem apenas aqueles que, de fato,
estivessem dispostos a abraçar o evangelho como ele realmente é.
Na ocasião que foi retratada no texto lido, o Mestre escolher fazer declarações
impopulares, que poderiam desagradar alguém e afastar muita gente. Se o Senhor
estivesse pregando em nossos dias, talvez algum assessor lhe orientasse para
falar algo mais agradável, para atrair mais gente, e, consequentemente, mais fama
e dinheiro.
Alguém poderia perguntar: Jesus não estaria interessado em um número grande
de discípulos? Ele não veio para proclamar a todos, a mensagem do reino de
Deus?
Sim, o chamado divino é para todos, mas nó veremos que o discipulado tem
exigências.
Todos podem vir e aceitar o convite de Cristo, mas ninguém pode permanecer da
forma que quiser. Na parábola anterior, a parábola da Grande Ceia, fica claro que
todos os que são convidados podem fazer parte do banquete divino, mas é
preciso aceitar o convite e, também, é preciso aceitar as condições do anfitrião.
Na parábola, há um primeiro convite que é recusado. Outro convite é feito e
aceito, mas um dos convidados não está atendendo às exigências do anfitrião, e
quer permanecer na festa sem ter as vestes adequadas. O dono da festa lhe
pergunta: “Como entraste aqui, não tendo as vestes adequadas?”. Isto nos mostra
que há exigências para se permanecer no Reino de Deus, e é isto que queremos
trazer ao nosso coração, nesta ocasião.
Diante da multidão reunida, Jesus vai esclarecer quais são as exigências que Ele
faz a todo o que quer ser seu discípulo.
1.1. O discipulado exige um compromisso total com Cristo, que coloca os outros
relacionamentos em segundo plano.
Cristo afirma que qualquer um que quiser ser seu discípulo precisa colocá-lo em
primeiro lugar em sua vida, acima de qualquer outro amor, acima de qualquer
outra afeição, acima de qualquer outra pessoa ou de qualquer outra coisa que
você ame.
O Mestre não está fazendo uma recomendação, ou dando um conselho, mas
ensinando um mandamento. Ele diz: “Não pode ser meu discípulo”, quem não me
colocar em primeiro lugar.
Em Lucas 9.59,60, Jesus chama um homem para ser seu discípulo e ele diz:
“Senhor, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu pai”. Naquela cultura isto era
algo muito importante; uma obrigação para o filho. Ele estava pedindo para
esperar que seu pai falecesse, para, então ele ficar livre para ser discípulo. Mas
Jesus lhe observou: “Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém, tu vai e
anuncia o reino de Deus”. O Senhor está afirmando que ele tem que estar em
primeiro lugar nas nossas prioridades, acima de outros relacionamentos ou
obrigações. Do contrário, não é possível ser seu discípulo.
Até mesmo a sua vida precisa estar em segundo lugar, para que Cristo esteja em
total prioridade, acima de qualquer outro amor.
1.2. Ele está usando esta linguagem forte para dizer que não se pode permitir
que algum outro amor, obrigação ou relacionamento esteja entre o Mestre e os
seus discípulos.
Quando a Bíblia fala de aborrecer os parentes, ela está falando de amar mais ao
Senhor do que a pai, mãe, irmão, esposa, etc.
Quando decidimos entregar a nossa vida a Jesus, Ele não aceita ser mais um num
alista de pessoas que amamos. Ou Jesus está em primeiro lugar nesta lista, ou
não somos seus discípulos, verdadeiramente.
1.3. Qualquer coisa que se interponha entre o homem e Deus prejudica o seu
relacionamento com o Senhor. Ou Cristo terá o primeiro lugar, ou não terá um
lugar verdadeiro em nosso coração e vida.
Em outras passagens, Jesus falou que não podemos servir a dois senhores (Deus
ou as riquezas), pois iremos amar a um e aborrecer (ou preferir) a outro. Paulo
falou de amor ao dinheiro.
Tiago também fala de ser amigo do mundo ou ser amigo de Deus. E diz que
qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
João irá, também, discorrer em sua epístola, sobre amar o mundo ou amar o Pai,
e ele diz: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o
mundo, o amor do Pai não está nele”.
Jesus, porém, está falando não apenas de amar o mundo ou o dinheiro, mas de
um amor que é dirigido a pessoas íntimas, muito queridas: teu pai, tua mãe, teu
filho ou filha, e Ele precisa estar em primeiro lugar, acima destes relacionamentos.
Se não amar mais a Ele do a estes, não pode ser seu discípulo.
1.4. O que você faria por seu pai, ou por sua mãe, ou por seu filho? Nós seríamos
capazes de passar a noite em claro, trabalhar muito até tarde, para satisfazer um
ente querido. E o que estaríamos dispostos a fazer pelo Senhor? Ele é a nossa
prioridade?
Pare um pouco para pensar: “O que você faria por um filho?”. Os pais que estão
presentes aqui sabem que, algumas vezes, deixamos de comprar alguma coisa
que necessitamos, para suprir uma necessidade de nosso filho, ou apenas para
ver o sorriso em seu rosto. Por um filho, sairíamos daqui correndo para um
hospital, para socorrê-lo, ou simplesmente para busca-lo em um lugar perigoso.
Se nos dá a entender que se não estivermos dispostos a fazer por Ele mais do
faríamos por nosso filho, não somos dignos de ser seus discípulos.
O que estaríamos dispostos a fazer por nossa mãe, ou por nosso pai? Passar a
noite em claro no hospital para cuidar deles? Defendê-los contra alguém que os
ofende ou os agride?
Jesus exige estar acima disto em prioridade, em nossas vidas.
Você aceitaria que alguém dissesse algo contra tua mãe? Alguém até mataria
para defender a honra de sua mãe, mas ouve piadas chulas sobre Jesus e nada
faz. Será que Jesus é sua prioridade, em seu afeto, em seu coração?
Se Cristo está em primeiro lugar, em nosso amor, não podemos fazer mais por
nossa mãe do que por Ele.
E a exigência de Cristo não param por aí. Ele exige também uma entrega total.
Além de ser o primeiro, Ele quer ser Senhor absoluto de nossa vida.
2.1. Ser um discípulo implica em uma dedicação a Cristo que envolve toda a
nossa vida. É muito mais do que apenas frequentar uma reunião, ou
pertencer a uma organização.
Ser um cristão é algo muito sério. Não é apenas frequentar uma igreja, cantar
hinos no domingo ou ter uma carteira de membro. É entregar tudo o que temos e o
que somos ao Senhor, para que seja o Senhor absoluto.
Inclui abrir mão de nossos desejos, quando estes não estão em sintonia com o
Reino de Deus, considerando que somos servos dele, que vivemos para agradar a
Ele, e cuja vontade oramos para que seja realizada.
2.2. Para ser discípulo de Jesus, é preciso levar a cruz da renúncia completa
(v.33); cruz fala de um caminho sem volta. O homem que vai para a cruz
não diz à sua família: até logo; ele diz: adeus!
Quem vai para a cruz não pensa em nenhuma coisa para fazer depois da cruz,
nem considera voltar a praticar as coisas que praticava antes da cruz, pois o
crucificado não tem mais vida própria fora da cruz.
E é exatamente isto que o apóstolo Paulo afirma: “Estou crucificado com Cristo, e
vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”.
O Mestre não está falando de tomarmos a cruz dele. A cruz de Cristo, apenas Ele
levou; a cruz do sacrifício perfeito realizado em nosso favor, para pagar pelos
nossos pecados.
A cruz que Ele quer que tomemos é a nossa cruz; a cruz da renúncia. Na cruz de
Cristo morreu o santo; na nossa cruz, morre o “eu”. É quando tomamos a nossa
vontade, e a “crucificamos”, entregando nossos sonhos e planos ao Senhor.
O discipulado modifica os laços com familiares, exige a disposição para entregar a
própria vida, remove a ênfase no egoísmo, coloca-nos à disposição de outras
pessoas e transforma a maneira como lidamos com nossos recursos financeiros.
2.3. Esta renúncia precisa ser permanente e contínua. Em outra ocasião, Lucas
registrou uma palavra adicional do Senhor: ‘Toma cada dia a sua cruz”
(9.23).
Não se trata apenas de uma entrega feita no dia da nossa decisão de receber a
Jesus como salvador, mas de uma entrega que fazemos dia a dia.
A entrega de ontem não resolve tudo. Hoje precisamos fazer esta entrega total a
Cristo, mesmo das coisas que mais valorizamos, para que Ele seja Senhor
absoluto.
2.4. Em Mt 13 Jesus contou a parábola do semeador (ou dos solos) e falou da
semente que caiu em um solo onde havia outra planta: um espinheiro. A
concorrência fez com que a boa semente fosse sufocada e se tornasse
improdutiva. O solo estava dividido, o que comprometeu a produtividade.
Aquele que não se entrega totalmente ao Senhor não poderá produzir um
fruto perfeito.
A semente foi plantada e cresceu, mas teve que dividir a terra com outra planta. É
preciso arrancar “o espinheiro”, para que o coração não esteja dividido.
O escritor da epístola aos Hebreus diz que, para alcançarmos a linha de chegada
da nossa carreira cristã, precisamos olhar para Jesus e deixar “todo o embaraço, e
o pecado que tão de perto nos rodeia”. O embaraço não é exatamente pecado,
mas é algo que atrapalha a carreira cristã. Algumas pessoas dizem: “Isto não traz
problemas, porque não é pecado”. Mas se é algo que impede que corramos a
carreira cristã com desenvoltura, que vivamos a prática da fé, de maneira plena,
sem impedimentos, deve ser abandonado, para que Cristo reine soberano em
nosso coração.
2.5. Seguir a Jesus é aceitar que Cristo seja o Senhor da nossa vida. Ele é quem
deve ditar as nossas prioridades, os nossos desejos, os nossos propósitos.
Esta é a pergunta que devemos formular para nós mesmos: Cristo é quem manda
em nós? É Ele quem estabelece as regras, as permissões, as prioridades? É Ele
quem define a agenda, quem determina com quem nos relacionamos, e como nos
relacionamos? É Ele quem decide como usamos os nossos recursos?
Paulo, Pedro e os outros apóstolos se definiam como “servos”, ou “escravos” de
Jesus. É preciso considerar o peso desta palavra, porque um escravo não tem
vontade, não tem desejos, não determinam o que vão fazer, nem escolhem para
onde vão, pois, escravos não têm liberdade.
2.6. Se nós ainda queremos agir de acordo com a nossa vontade, sem considerar
a vontade do Senhor, estamos agindo como verdadeiros discípulos dele?
Quando decidimos entregar a nossa vida a Jesus, precisamos entender que Ele
exige prioridade e uma entrega total de tudo o que somos, de tudo o que temos e
de tudo o que fazemos. Ele é quem diz como podemos viver a nossa vida. Se não
for assim, não podemos ser discípulos dele.
O Mestre vai contar duas parábolas, ambas usadas para esclarecer como
devemos estar dispostos a fazer isto. (Ler versos 28-32)
Era comum, naquela região, que alguém que possuísse uma vinha, construísse
uma torre, para a proteção da sua propriedade. A torre era importante, mas, antes
de iniciar a construção, o homem deveria fazer as contas se tinha condições de
concluir a edificação. Seria uma vergonha deixar tudo pela metade.
Naquela cultura, a honra e a vergonha eram valores sociais de suma importância.
Na nossa cultura, muita gente não dá a mínima atenção ao que as pessoas
pensam se ele deixar uma construção inacabada, mas não era assim que
acontecia naquele tempo e lugar em que Jesus e seus ouvintes viviam.
Na segunda parábola, um rei vai à guerra, mas deve fazer as contas de quantos
soldados estão envolvidos no conflito, pois se ele não pode ganhar a guerra, é
melhor não a iniciar.
3.1. Decisões importantes exigem uma consideração, uma avaliação sincera das
implicações e do custo deste compromisso. Exemplo: o casamento, a
compra de um bem de alto valor (casa, carro), a criação de um filho, etc.
3.2. Quem iniciaria uma construção sem poder acaba-la? Quem iria a guerra sem
ter condições de vencê-la? Igualmente tola seria a ideia de aceitar a Jesus
sem considerar o impacto desta decisão em nossa vida.
Aquilo sobre o que o Mestre quer que nós paremos para refletir, com estas
parábolas, é que receber a Jesus como Senhor, tornando-se seu discípulo, é uma
decisão que impacta toda a nossa vida, e devemos verificar se estamos dispostos
a tomar esta decisão de modo decisivo, sem voltar atrás.
Você sabe quais são as condições de ser um discípulo? Você pode atender a
estas exigências?
A vida com Cristo é comparada, às vezes, com uma corrida, e uma corrida não
oferece prêmios para quem não conclui o percurso. Não há medalha para quem
vai até a metade da prova, mas para aquele que cruzar a linha de chegada. Quem
para pelo caminho não recebe prêmio.
Não basta iniciar a carreira cristã; é preciso concluí-la!
Se não pode, ou não está disposto, a ir até o fim, não deve nem começar.
Devemos avaliar os custos de seguir a Jesus e ser seus discípulos até o fim.
“Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo”. (Mt 24.13).
“Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o
princípio da nossa confiança até ao fim”. (Hb 3.14).
3.4. O discípulo que não leva a sério o discipulado traz embaraços para a igreja,
traz confusão para os novos convertidos, oportunidade para o inimigo
zombar dos cristãos e impõe uma dificuldade para outros aceitarem a fé.
Se é para ser cristão, devemos ser cristãos que levem a sério a fé. Jesus não quer
apenas fazer números, mas quer verdadeiros cristãos, comprometidos com Ele. O
cristão que não é verdadeiro discípulo traz dificuldades para igreja, quando precisa
explicar a razão porque ele está na igreja, quando dá um péssimo testemunho da
sua fé, por causa de seus atos falhos.
Ele traz dificuldades para a igreja, quando precisa dizer aos novos convertidos:
não imitem a vida deste cristão, embora ele já tenha vários anos de evangelho.
Ele oferece oportunidade ao adversário e às pessoas que são inimigas da fé
cristã, para zombarem dos cristãos, apontando as falhas daquele que não tem
atendido às exigências do discipulado.
E, ainda por cima, coloca uma barreira para as pessoas se converterem, quando
dizem: “Para ser um cristão assim, como este homem, prefiro continuar da
maneira como estou”.
Tal cristão é uma vergonha para a igreja, para Jesus e para o evangelho.
3.5. A primeira parábola nos questiona: você tem condições de ser um discípulo
de Jesus? A segunda: você tem condições de recusar as suas exigências?
Você já entregou a sua vida a Cristo? Você sabe o que isto significa?
Você já considerou o custo de seguir a Jesus?
Está disposto a atender as exigências de ser seu discípulo?
Já pensou que o cristão não pode mais ir a qualquer lugar?
Considerou que não pode mais vestir, falar, postar ou fazer qualquer coisa?
Que não pode mais viver de qualquer maneira?
Que não pode mais fazer tudo o que tem vontade?
O cristianismo não trata apenas de se chegar ao céu, mas de viver aqui nesta
terra de acordo com a vida do próprio Jesus. O apóstolo João escreveu para os
cristãos: “Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou.” (1
Jo 2.1-6).