Se tirássemos um tempo para pensar sobre a igreja e o papel que tem em
nossas vidas, quase todos nós teríamos experiências boas e ruins para compartilhar. É nesse ambiente que ao mesmo tempo que podemos ser totalmente curados e termos um vida de comunhão com Deus e com os irmãos, também estamos sujeitos a desapontamentos quando vivida de forma equivocada. Ao olharmos para o evangelho e destacarmos a vida de Jesus ao passar por essa terra, percebemos o quão simples e objetivo foi para apresentar o verdadeiro sentido de uma igreja. Sendo esta não necessariamente feita por pessoas perfeitas, mas sim por pessoas que compreendem seu estado de miséria e pecado, estando dispostas a se submeterem em se aproximar de Deus para viverem em um unidade. Pensando assim, vemos o mestre deixando seus principais ensinamentos baseados em dois grandes mandamentos, que não se referenciavam a si próprio, mas sempre colocando o amor a Deus em primeiro lugar como uma devoção a ser vivida e o amor ao próximo como demonstração desse amor por nós. Demonstrou de modo simples, que a nossa vida como igreja é mais leve quando vivida dessa forma.
“Respondeu Jesus: "Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu
coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento.” Mateus 22:37 (NVI)
A primeira característica de vivermos de modo simples como igreja é que o
nosso maior desejo e objetivo de vida deve ser: Amar a Deus de todo o nosso coração, toda a alma e todo o entendimento. Pois, quando obedecemos a esse mandamento nossa vida é pautada em agradá-lo em todos os momentos de modo voluntário e verdadeiro, por ser feito por amor. Além disso, a intensidade de como levamos a igreja por amor a Deus, demonstra o quanto carregamos a simplicidade do evangelho. Visto que, quanto mais amamos a Deus e vivemos os seus ensinamentos, mais iremos querer / fazer as coisas para as pessoas em nosso redor. Por amarmos a Deus com toda a nossa a intensidade, mais será simples querermos que todos ao nosso redor vivam da mesma forma. Ao amarmos a Deus, consequentemente, iremos compartilhar esse amor com as pessoas que tivermos contato. Um exemplo disso, vemos na história do bom samaritano, em Lucas 10.25-37:
Certa ocasião, um perito na lei levantou-se para pôr Jesus à
prova e lhe perguntou: "Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna? [...] "Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? " "Aquele que teve misericórdia dele", respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: "Vá e faça o mesmo". Lucas 10:25-37 (NVI)
Nessa passagem, temos um perito da Lei indagando a Jesus sobre como
conseguir a vida eterna. O interessante que esse perito, com toda certeza, sabia todos e tentava colocar em prática os preceitos da lei de Moises. Então, no seu entendimento, Jesus iria apenas dizer tudo o que ele já fazia, imaginado que por tanto fazer para Deus já tivesse alcançado o “prêmio” da vida eterna. No entanto, Jesus sendo muito inteligente, inverte a pergunta para ele sabendo a sua resposta com os dois principais mandamentos. O perito não satisfeito, então responde fazendo uma pergunta principal para aprendermos sobre como viver esse amor a Deus em uma igreja simples.
Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: "E quem é
o meu próximo? " Lucas 10:29 (NVI)
Em outras palavras, Jesus estava dizendo ao perito, que mais do que
sabermos sobre toda a sua palavra, irmos ao culto, darmos ofertas, jejuar e ensinar – deixando claro que tudo isso tem seu devido valor para uma igreja – que a nossa a vida eterna é nos dada para transformamos os nossos corações para amar a Deus e servir ao nosso próximo. Assim, quando estamos vazios de nós mesmos e temos o nosso ser preenchido pela presença de Deus, é natural que nossas atitudes representem o amor do Pai ao nosso próximo. Uma igreja se torna simples, pois o seu maior objetivo é amar a Deus e por fazer isso estará amando ao próximo. Pois, agora todos os participantes entendem o papel que possuem, deixando o ato de servir e se aproximar de Deus como prioridade e de forma leve. Mas, vamos a resposta da pergunta do perito: “Quem é o nosso próximo?” Agora Jesus começa a contar uma história e de propósito exemplifica com 3 personagens significativos naquela sociedade: o sacerdote, levita e samaritano. E por que esses três? O sacerdote era a imagem daquele que levava os sacrifícios a Deus pelo povo, era aquele que tinha contato direto com Deus, precisava necessariamente ter uma vida correta. O levita eram aqueles que deveriam zelar e cuidar pelo templo e os samaritanos eram um povo considerado impura para os Judeus por terem se juntado com outros povos. Desse modo, Jesus conta sobre um homem sendo espancado por assaltantes, deixando-o a beira da estrada quase morto. Após isso, entra no contexto o sacerdote e o levita que ao verem o homem desviam dele, não prestando os cuidados necessários. O mestre sendo muito intencional, coloca na história um samaritano, que ao ver o homem não mediu esforços para ajudá-lo e tratá-lo. Muito familiar a nossa história com Deus, quando ninguém nos viu, ninguém tinha nos amado, Ele insistiu nos ver e amar. Quando os nossos pecados roubavam a nossa verdadeira identidade, o Senhor não mediu esforços para nos resgatar e nos fazer viver a nossa melhor versão de filhos dele. Ao colocar o samaritano na história, Jesus estava apresentando o conceito e favor que Deus fez pro nós, não sendo merecedores fomos agraciados por sua presença. Contudo, o que isso interfere em sermos uma igreja simples? A resposta final de Jesus: "Vá e faça o mesmo". Foi muito claro em dizer o que deveríamos fazer, poderia ter apresentado toda a Lei e colocar para desempenharmos. Porém, ao invés disso, deixa o seu principal ensinamento e motivo para acreditarmos e confiarmos que viver igreja é simples: Amar a Deus ao ponto de amarmos as pessoas como Ele nos amou. Portanto, o principal para levarmos essa verdadeira vida igual ao samaritano é entendermos que não devemos somente fazer para Deus, mas primeiramente estarmos com Deus. Nunca o nosso fazer substituirá o nosso estar com ele. Visto que, ao estarmos com Deus, o amor ao próximo será um transbordar inevitável. O “vá e faça o mesmo” é colocarmos em prática todo o nosso amor por Deus na vida das outras pessoas.