Você está na página 1de 5

○ A FAMÍLIA EM NOSSA ESCALA DE VALORES – LUCIANO SUBIRÁ

09/01/2019

A escala de valores de muitos cristãos está desordenada. Alguns estão vivendo


de modo desordenado porque não fazem a menor ideia do que as Escrituras
ensinam a respeito do assunto; outros porque, mesmo tendo os valores e
prioridades devidamente ordenados no conceito mental, não conseguem
mantê-los na prática.

Para quem deseja viver no lugar correto de importância à família atribuída por
Deus, a primeira coisa a ser feita é conhecer a escala de valores do ponto de
vista de Deus, ou seja, aquilo que a Bíblia ensina. Depois, é lutar para fazer
funcionar.

DEUS EM PRIMEIRO LUGAR


Não há nada, absolutamente nada, que possa ocupar o primeiro lugar de nossas
vidas, a não ser Deus. O mandamento dado a Moisés foi lembrado e enfatizado
pelo próprio Senhor Jesus:

“Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que


lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os
mandamentos? Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso
Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu
coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas
forças. E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há
outro mandamento maior do que esses” Marcos 12.28-31

Amar ao Senhor de todo o nosso coração, alma, entendimento e forças, é


colocá-lo em primeiro lugar nas nossas vidas. Jesus deixou bem claro a
qualquer que quisesse segui-lo como discípulo, que deveria reconhecê-lo em
primeiro lugar em suas vidas, na frente das pessoas que normalmente nos são
as mais amadas e queridas:

“Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos
e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo Quem não
leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo. Assim pois todo
aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu
discípulo” Lucas 14.26,27 e 33

O Senhor deve estar à frente dos pais, cônjuge, filhos e qualquer outro familiar.
Ele deve ser o primeiro valor em nossa lista ou escala de prioridades. Deve vir
antes de nossa própria vida. Deve vir antes de nossos bens ou qualquer outra
coisa. Quando falamos sobre Deus vir antes, não é porque as outras coisas não
têm mais lugar em nossas vidas; apenas elas vêm depois.

Por exemplo, se o meu cônjuge, incomodado com minha fé me dá um ultimato e


me manda escolher entre ele ou o Senhor, me disponho a sacrificá-lo e ficar com
Deus, pois Deus é o maior valor de minha vida. Mas se, mesmo não sendo
cristão, meu cônjuge não se importa que eu busque ao Senhor, então ele passa
a ser meu segundo maior valor ou prioridade (1 Co 7.12,13). O primeiro lugar de
nossa vida, indiscutivelmente, é de Deus:

“Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas” Mateus 6.33

Repetindo: isso não quer dizer que as outras coisas não caibam em nossas
vidas; tão somente que elas vêm depois de Deus.

FAMÍLIA EM SEGUNDO LUGAR


Muita gente tem errado ao pensar que a igreja ou o ministério vem logo depois
de Deus. Na verdade, a família vem em segundo lugar. Conheci, quando ainda
era um adolescente, uma senhora (do interior de São Paulo) que disse que Deus
a chamou para uma missão e desapareceu de casa por mais de um mês.
Quando os irmãos da congregação perceberam o que estava acontecendo,
tiveram que cuidar dos filhos dessa mulher, que não tinham o que comer e nem
vestir. O marido estava furioso porque roupas chegaram a apodrecer no tanque
enquanto a família aguardava ansiosa o término da “missão”. Isto é um absurdo!
Uma mulher dessas, ainda que se intitule missionária, não conhece a Bíblia. Até
no caso de diminuir a intensidade do contato físico para se dedicar à oração, o
casal deve estar em acordo (1 Co 7.5). Mas aquela mulher não consultou seu
marido, e apenas disse: “Deus me chamou e eu estou indo”. E ainda por cima,
dizia que o marido é que era um carnal ao ponto de não discernir a voz de Deus.

Como declarou D. L. Moody, o grande evangelista: “Acredito que a família foi


estabelecida muito antes da igreja, e o meu dever é primeiro a minha família.
Não devo negligenciar minha família”. Veja o que as
Escrituras ensinam acerca do lugar da família na nossa escala de valores:

“Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem
negado a fé, e é pior que um incrédulo”
I Timóteo 5.8

Não há dúvida de que a família é nossa segunda prioridade depois de Deus. Se


alguém negligenciar sua família por causa da igreja, do ministério, ou de
qualquer outra coisa, por mais “espiritual” que pareça, estará contra a Palavra de
Deus. Paulo disse que tal pessoa está negando a fé e é pior do que um
incrédulo. Agora veja, o apóstolo estava falando com os crentes que iam à igreja
mas estavam negligenciando o lar. Logo, concluímos que a família vem antes da
igreja na nossa escala de valores. Há um outro texto que mostra claramente a
família como uma prioridade antes da igreja e do ministério. É o conselho
pastoral que Paulo queria estender a todos os ministros debaixo da supervisão
de Timóteo:

“É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só


mulher,..que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição,
com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa,
como cuidará da igreja de Deus?)” 1 Timóteo 3.2,4 e 5

Observe que o homem de Deus deve ser exemplar quanto à sua família. Fiel à
sua esposa, e governando bem sua casa e seus filhos; caso contrário não
poderá cuidar de igreja e ministério.

A Palavra de Deus não deixa a menor sombra de dúvida quanto ao lugar que
nossa família deve ter na nossa escala de valores. Mas muitos cristãos têm
negligenciado a sua família. Muitos pais que não dão tempo e atenção aos seus
filhos se queixam de vê-los desviados, mas não se apercebem que estão
andando em desordem. Há esposas perdendo seus maridos e vice-versa,
porque não os colocaram no lugar certo na sua escala de valores. É hora de
ordenarmos nossos passos e darmos atenção, honra e dedicação devidas à
família.

TRABALHO EM TERCEIRO LUGAR


É impressionante a facilidade com que nos levamos aos extremos. De um lado,
temos na igreja pessoas que são viciadas em trabalho e cujas vidas não estão
em ordem, pois desrespeitaram a escala bíblica de valores pondo o trabalho em
primeiro lugar. De outro, temos aqueles que relegaram ao trabalho o último lugar
na sua escala de valores, ou que nem mesmo colocam o trabalho em suas
prioridades.

Quando a Bíblia fala daquele que não cuida da sua família sendo pior do que o
descrente (1 Tm 5.8), está falando, no contexto, sobre sustento material, sobrę
provisão das necessidades físicas. Um cristão que não leva a sério o trabalho,
ao ponto de deixar sua família passar necessidade, está violando os dois valores
mais importantes que vem logo depois de Deus.

O trabalho é uma ordem bíblica. É o meio do homem sustentar sua casa e viver
dignamente. Além disso, por meio do seu ganho ele também poderá servir ao
reino de Deus e ao necessitado:
“Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as próprias
mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado” Efésios 4.28

A Bíblia também diz que aquele que não trabalha está andando
desordenadamente, fora do plano divino:

“Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: Se alguém não quer
trabalhar, também não coma. Pois, de fato, estamos informados de que entre
vós há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes se
intrometem na vida alheia. A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor
Jesus Cristo que, trabalhando tranquilamente, comam o seu próprio pão” 2
Tessalonicenses 3.10-12

O mandamento de Deus é claro: quem não trabalha, não deve ser sustentado
pelos outros. Cada homem tem a obrigação e a responsabilidade de se envolver
com o trabalho; isto não apenas o proverá quanto às suas necessidades, mas
ocupará corretamente o seu tempo, livrando-o de outros problemas. Paulo se
orgulhava de nunca ter sido um peso para ninguém, e suas próprias mãos (seu
trabalho) terem lhe provido o sustento (Atos 20.34)

Mesmo quando Deus chama alguém para o ministério de tempo integral – o que
também é trabalho – deve-se ter a sensibilidade de reconhecer que, em
determinados momentos, devido à falta de recursos, nada há de errado em se
trabalhar em uma outra área até que a condição de sustento mude – foi isto o
que aconteceu com Paulo em Corinto (At 18.1-5).

Na vida dos que se dedicam de tempo integral, o ministério se enquadra na


prioridade “trabalho”. Jesus ao enviar seus discípulos para pregar e ministrar ao
povo, aplicou a eles o termo “trabalhadores” e mencionou seu direito de salário,
que é a recompensa legítima do trabalhador (Mt 10.7-10).

Alguns estudantes crentes não sabem onde devem colocar seus estudos nessa
escala. Considerando que o estudo é um meio de profissionalização e preparo
para melhores trabalhos, deve ser colocado no mesmo lugar que trabalho.
Porém, algumas famílias conseguem manter seus filhos somente estudando
sem que trabalhem, mas a maioria não. Portanto, devemos aconselhar e
encorajar nossos jovens que enfrentem a correria de exercer as duas atividades,
pois, independentemente da necessidade financeira, o trabalho engrandece e
amadurece a pessoa.

Se dermos o valor devido a cada uma destas atividades, mantendo-as em ordem


na escala de valores e respeitando esta ordem em nosso dia a dia, deixaremos
de ter muitos dos problemas que já tem nos incomodado. O trabalho tem o
propósito de servir ao cuidado familiar; mas requer muita atenção e equilíbrio de
nossa parte, uma vez que alguns, por se dedicar demais ao trabalho, acabam
perdendo a própria família da qual deveriam cuidar, enquanto outros, por sua
vez, negligenciam o cuidado básico.

Texto extraído do livro “O Propósito da Família”

Você também pode gostar