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Sem medo de Deus

Compreendendo a justificação em Jesus

DRUMMOND LACERDA
Introdução

Um homem passeia na selva quando, de repente, se depara com um leão adulto.


Qual palavra lhe vem à mente? Quase podemos ouvir você dizer: medo. Mesmo o mais
corajoso dos homens tremeria ao se ver desprotegido diante do rei da selva. Majestoso,
forte, ágil, capaz de, com um único movimento, ferir mortalmente. Afinal de contas,
leões não são gatinhos ou cachorros, não se pode convidá-los a subir no seu colo. Mas, e
se por um milagre, aquele homem se tornasse o filhote do leão? Aquilo que trazia medo
agora lhe trará conforto e segurança. Aquele de quem, antes, você desejava distância,
agora te convida para a intimidade.

Muitos homens tem medo do Leão de Judá. Com razão, Ele é onipotente,
majestoso, onipresente, capaz de fazer a alma perecer no inferno. Qualquer pecador
sensato deveria tremer diante do Rei do Universo. Até os demônios creem e tremem.
Afinal, o Deus Eterno não é um animal de estimação para você convidá-lo a fazer o que
você deseja. Contudo, um milagre aconteceu, para quem recebeu Jesus como seu
Senhor e Salvador. Fomos feitos filhotes do Leão. O que nos dava medo, agora nos dá
prazer. Se antes você queria correr para um arbusto, hoje você quer entrar com ousadia
na sala do trono.

Entretanto, é muito triste ver filhotes do Leão ainda com medo ou vergonha do
Leão. Ver crentes nascidos de novo sem ousadia para confessar o seu pecado, por medo
de punição. Mais culpados pelo pecado do que desejosos de intimidade. Se enxergando
como presas e não como prole. Essa mentalidade se dá pelo não entendimento de uma
das mais importantes doutrinas cristãs: a Justiça de Deus.

"Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação


de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque no evangelho é
revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé"
(Rm 1.16-17)

Embora manifestada no Antigo Testamento, a justiça de Deus só é plenamente


revelada no Evangelho, na pessoa de Cristo. O que Ele fez na cruz por nós nos
justificou, para que não necessitemos mais ter medo de Deus. Não é à toa que o apóstolo
Paulo trate desse assunto numa das epístolas mais importantes e completas da Bíblia. A
carta aos Romanos tem como assunto central essa doutrina da justificação. Se ela não
for bem entendida, não só o nosso relacionamento com Deus está comprometido, como
também o nosso comportamento cristão ficará aquém.

Foi esse entendimento o combustível para a Reforma protestante. Enquanto o


reformador Martinho Lutero lia sobre a justiça de Deus em Romanos, ele relatou:
“Eu ansiava intensamente compreender a carta de Paulo aos Romanos, e a única coisa
que não saía do meu caminho era aquela expressão, 'a justiça de Deus', pois no meu
entender ela significava a justiça segundo a qual Deus é justo e age com justiça ao punir
o injusto... Noite e dia eu ficava ponderando, até que... eu compreendi a verdade: que 'a
justiça de Deus' é a justiça pela qual, através da graça e pura misericórdia, ele nos
justifica pela fé. Depois disso, foi como se eu tivesse renascido e adentrado as portas
escancaradas do paraíso. Toda a Escritura adquiriu um novo significado, e enquanto que
antes 'a justiça de Deus' me deixava cheio de ódio, agora ela se tornou para mim uma
expressão de amor grandioso e de doçura inexprimível. Esta passagem de Paulo tornou-
se para mim uma passagem para o céu”

Foi o entendimento da justificação em Cristo Jesus na vida de Lutero e de outros


homens que fez com que houvesse uma reforma na corrupção religiosa da época. Já não
era mais necessário recorrer ao clero como mediador ou comprar o perdão por dinheiro.
Apenas a graça, apenas a fé em Jesus Cristo, faria o homem se tornar justiça de Deus.

Por isso, nesse livro, vamos mergulhar neste conceito de justiça. Começaremos
descrevendo como é o homem sem a justiça. O quão desesperadora é a situação dos
pecadores diante de um Deus irado. São presas indefesas diante do Leão. Para
compreender as boas notícias, precisamos, antes, compreender as más notícias. Para
saber quem você é hoje, precisa entender quem era ontem.

Depois de compreender as consequências do pecado, perceberemos a função da


Lei. Veremos que, embora santa e divina, a Lei não tem poder de salvar o homem que
está se afogando no pecado. Na verdade, sua função era tornar o homem consciente da
necessidade de um Salvador.

Em seguida, trataremos da resposta de Deus para o problema da humanidade. A


crucificação e a ressurreição de Jesus são bases fundamentais para entendermos a nossa
justificação. O Cordeiro morto e sua pele doada para cobrir a nossa nudez nos levarão
ao entendimento do que significa a justiça em Jesus Cristo.

Depois de compreendermos o que é justiça, vamos entender que é pela graça, e


não pelo esforço próprio ou religiosidade humana, que temos acesso a essa justificação.
Perceberemos que a fé é o canal pelo qual a justiça é derramada em nós. “Justificados,
pois, pela fé temos paz com Deus, por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm
5.1).

Uma vez que somos justificados, tudo muda para nós. As promessas gloriosas
estão à nossa disposição. Temos habilidade para viver em santidade. Podemos orar com
ousadia, sabendo que os nossos pecados foram perdoados e já não há nenhuma
condenação para nós. O medo foi extinto, homens viraram leões. Se prepare para nunca
mais enxergar o Leão de Judá da mesma maneira.
O que é justiça?

Justificar-se : (Tsdaq): "justificar-se, ser justo, estar no direito, ser justificado, fazer
justiça"

Justiça (tsdeq, tsdãqãh) lealdade, veracidade. No hebraico rabínico o substantivo


tsdãqãh indica esmolas ou demonstrações de misericórdia.

Justo hãsid " aquele que é piedoso, religisoso, santo, justo" basicamente hãsid significa
aquele que pratica hesed (misericórdia) assim deve ser traduzido por misericordioso,
benigno, piedoso, santo, justo.

Justiça (grego) dike primeiramente "costume, uso" veio a denotar "o que é direito" então
"audiência judicial, por conseguinte "a execução de uma sentença, pena" (2 Ts 1.9 , Jd
7). Em At 28.4 o termo dike é personificado e denota a deusa justiça ou nêmesis( em
latim justitia) a quem o povo de Malta supunha que estava a ponto de inflingir a pena de
morte em Paulo por meio de uma víbora.

Substantivos

Justificar (dikaiõsis) denota "o ato de pronunciar justo, justificação, absolvição"

Dikaioõ justificar significando "o estabelecimento de uma pessoa por quitação de culpa"

Justificar (dikaiõma) : 1) "expressão concreta de justiça" é a declaração concreta de que


uma pessoa ou coisa é justa, e , por conseguinte representa em linhas gerais a expressão
e efeito de dikaiõsis. 1)b) sentença de absolvição pela qual Deus absolve os homens da
culpa. ( mediante a graça em Cristo e a fé em Jesus)

Definição 2) "a justiça de Deus" ( a sentença de Deus) ou seja o que Deus declarou ser
certo, referindo ao seu decreto de punição; Rm 2.26 " os preceitos da lei" ou seja as
justas exigências ordenadas pela lei, tudo que ela exige como certo.

Justificar verbo (dikaioõ) "julgar ser certo" mostrar estar certo ou justo na voz passiva
ser justificado. A justificação é a absolvição legal e formal da culpa por Deus como
Juiz, o pronunciamento do pecador como justo. Justificação é apresentada, como sem
condenação.
Aplicações de contexto

1) Mediante transição natural justiça passou então a identificar aquele padrão moral
mediante o qual Deus mede a conduta humana. (Is 26.7) os homens devem praticar a
justiça, ou seja, o que é reto ou correto. (Gn 18.19, Ap 19.8)

2) No tocante ao governo divino a justiça se torna descritiva de um modo particular de


punição contra a infração moral. O ladrão da cruz " nós na verdade com justiça" (Lc
23.41). Pois Deus não pode permanecer indiferente para com o mal ( Hc 1.13, Sf 1.12)
nem o todo poderoso pode perverter a justiça (Jó 8.3) A justiça punitiva de Deus é como
um fogo consumidor. (Dt 32.32, Hb 12.29,) e sua condenação sobre os pecadores é justa
(Rm 3.8)

3) Desde os tempos dos juízes em diante, entretanto, tsdãqãh passou também a


descrever os feitos divinos vindicando os que merecem vindicação. Intervenção divina
(Jz 5.11, Sl 82.4)

4) Tais palavras, todavia, introduzem um outro aspecto, no qual a justiça divina deixa de
constituir uma expressão de preciso merecimento moral e participa antes no conjunto da
piedade, do amor e da graça divinas. Esse sentido aparece primeiramente na oração de
Davi pelo perdão de seus crimes a respeito de Bate-Seba quando implorou (Sl 51.14) O
que Davi buscava aqui não era vindicação, pois ele acabara de reconhecer seu hediondo
pecado e , de fato, sua depravação desde o nascimento. Sua petição visava antes perdão
sem reservas. E nesse caso tsdãqãh é mais bem traduzida por simples repetição: " Deus
da minha salvação, e a minha língua exultará a tua salvação." Noutras palavras tsdãqãh
assumiu um sentido redentivo; trata-se do cumprimento de Deus quanto à sua própria
graciosa promessa de salvação, indiferentemente dos méritos do homem. (Sl 89.14) por
conseguinte, quando Isaias fala fala sobre um "Deus justo (tsadiq) e Salvador (Is 45.21),
seu pensamento não é um "Deus justo e no entanto Salvador" mas antes "um Deus
tsadiq e portanto salvador" pararelismo em (Is 45.8; 46.13) Paralelamente a isso, lemos
no novo testamento que " se confessarmos os nossos pecados Deus é fiel e justo
( dikaios= " fiel a sua graciosa promessa" e não "exigente da justiça" para nos perdoar
os pecados. Essa justiça não judicial apenas alguns contextos vão trazer. Rm 3.26 " Para
ele mesmo ser justo (exigindo a punição) e ao mesmo tempo justificador daquele que
tem fé em Jesus"
5) Porém, assim como Deus, em sua graça, proporciona a justiça aos indignos,
semelhantemente o povo de Deus é convidado a atender a justiça (Is 1.17) no sentido de
pleitear a causa da viúva e do necessitado. (Jr 22.16) "Justiça" dessa maneira veio a
denotar bondade (Lc 23.50) e amorosa consideração (Mt 1.19). Além disso, desde os
dias do exílio em diante o vocábulo aramaico çidhqã "retidão" se tornou uma
designação especializada para esmolas ou caridade (Dn 4.27) expressão equivalente à
"dá aos pobres" ( Sl 112.9 Mt 6.1)

6) Como condição que se origina na justiça perdoadora de Deus, aparece em seguida


nas escrituras uma tsdãqãh que é possuída pelos homens, que é simultaneamente
declarada como o próprio atributo moral de Deus, mas que então é proporcionado
aqueles que confiam em sua graça. (Gn 15.6) Deus atribui ao homem Abraão colocando
em seu crédito sua própria justiça. Existe uma justiça que procede de Deus (Is 54.17)
Existe em Javé uma justiça que devido à sua graça, se torna possessão do crente. Existe
uma justiça em nós que Deus chama de trapos da imundícia, que diante Dele não presta
para nada. (Is 64.6) Nossa própria justiça inadequada, porém em Javé nós somos
justificados (tsdãqãh) (Is 45.25) tendo sido feitos justos pelo mérito imputado de Cristo.
(Fp 3.9)

Justiça de Deus é um atributo divino. Justiça descreve o seu caráter, junto com as ações
que correspondem o seu caráter. Justiça de Deus é " antes e acima de tudo uma justiça
que demonstra à fidelidade de Deus à sua própria natureza de justiça" (Wiliam
Campbell) Seja para salvação ou para julgamento punitivo Deus nunca abre mão do sua
justiça que faz parte do seu próprio ser. a justiça de Deus é um atributo divino ( nosso
Deus é um Deus justo), uma ação divina ( ele vem ao nosso socorro) ou uma aquisição
divina ( Ele nos concede o status de justos)

Justiça de Deus é uma descrição do ser íntegro e do reto agir de Deus. Ela é o status de
retidão transmitido aos seres humanos pelo dom gracioso de Deus (Professor Fitzmyer).
Em outras palavras ela é ao mesmo tempo uma qualidade, uma ação e uma dádiva.

Justiça de Deus é a iniciativa justa tomada por Deus ao justificar os pecadores consigo
mesmo, concedendo-lhes uma justiça que não lhes pertence, mas que vem do próprio
Deus. A justiça de Deus é a declaração justa do injusto, sua Maneira justa de declarar
justo o injusto, através do qual ele demonstra sua justiça e, ao mesmo tempo, nos
confere justiça. Ele o fez através de Cristo, o justo, que morreu pelos injustos. (John
Stott)
A ira de Deus sobre o pecado do homem

O objetivo central da carta de Romanos é: mostrar que tantos judeus como


gentios, sem Cristo,estão no pecado e portanto, debaixo da Ira de de Deus contra o
pecado. Ao apresentar essa ideia, Paulo mostra que não é pela prática da lei mosaica que
os judeus serão salvos, pois a lei embora seja santa e divina, não pode conduzir ninguém
a justificação. Na verdade o ser humano só pode ser justificado e assim salvo pela
justificação que há em Jesus Cristo. Apresentando Cristo, como o único justificador,
Paulo acaba com o orgulho do judeu que se apoia na prática da lei e tira o gentio de uma
vida pecaminosa. Apresentando a justificação que há só em Jesus, Paulo pacífica as
possíveis rixas entre judeus e gentios que haviam na igreja romana. Em sua parte final,
Paulo ensina atitudes práticas de quem foi justificado em Jesus.

A Ira dos homens é injusta. É uma emoção irracional e incontrolável, com uma
boa dose de vaidade, hostilidade, malícia e desejo de vingança. A ira de Deus está
absolutamente livre disso pois Deus não é o homem. Como afirma John Stott, a ira de
Deus trata-se de sua "profunda aversão pessoal" contra o mal. Não significa que Deus
perca a calma e se enfureça, tornando-se perverso, mau ou vingativo. No conflito moral,
o contrário de "ira" não é "amor", mas neutralidade. Deus não é neutro. Pelo contrário à
sua ira é uma hostilidade santa contra o mal, é a manifestação da sua recusa em suportá-
lo ou entrar em acordo com ele, é o seu justo julgamento contra o mal.

- Rm 1.18 impiedade "asebeia" voltada contra Deus piedade é uma vida que teme a
Deus e o adora. Impiedade é a falta dela. Injustiça "adikia" voltada contra os homens.
Fazendo mal aos homens

A ira de Deus tem algumas manifestações:

Destino- A Bíblia fala da ira que há de vir (inferno). (1 Ts 1.10)

Relação- Perdemos intimidade com Deus quando estamos debaixo de sua ira por
estarmos fazendo e abrigando sem reservas o pecado.

Favor - as bênçãos de Deus ficam retidas por não estarmos vivendo para sua glória

Juízo – Quando o homem é entregue a si mesmo. (Rm 1.24, 26, 28)


Deus os entregou. A sua ira se manifesta silenciosa e invisivelmente, entregando
pecadores a si mesmos. " opera, não pela intervenção de Deus, mas justamente pela sua
não intervenção, deixando homens e mulheres seguirem o seu próprio caminho." (John
Ziesler) O juízo de Deus não é Deus pesando a mão é Ele tirando a mão.

Neste cenário o homem está:

1- Separados (alheios,distantes) da vida de Deus pela ignorância e dureza de coração


que há neles (Ef 4.17-19)

2- Sem esperança (Ef 2.12)

3- Sem Deus no mundo (Ef 2.12)

4- Destituídos da glória de Deus (Rm 3.23)

O propósito da Lei

A lei é o padrão moral, ordenanças e rituais que Deus deu a Moises, através dela o
povo de Israel era abençoado e desfrutava de bênçãos de Deus. Na própria lei já se
previa o erro de sua observância ao instituir vários tipos de sacrifício para expiar a culpa
do povo. A lei era sombra (Hb 10.1) No Antigo Testamento eles não tinham a pessoa
em si, eles possuíam apenas a sombra. E eram abençoados com base na vivência da
mesma.

A lei nunca foi o fim, mas o anúncio profético de quem a realizaria. Ela deveria
ser o aio. “Aio” era o guia, um instrutor que cuidava dos meninos até que alcançassem

A maturidade e pudessem herdar o que o Pai tinha para ela. (Gl 4.1-7) Ou seja, o papel
da lei era de um guia até o Messias. Pois era através de Cristo e não da lei que seriamos
libertos do pecado.

Os judeus apregoavam um caráter permanente da lei. Como se ela não fosse a


Sombra, mas a realidade em si mesma.
Verdades bíblicas sobre a lei:

- Revelar o padrão de justiça do que é correto. Rm 7.12

- Revelar o pecado do homem e mostrar que sua natureza humana não

consegue viver à altura desses mandamentos.

- A lei condena o pecado que o homem pratica. Após revelar, ela condena.

- Ao deixar o homem consciente de sua incapacidade de segui-los Deus

estava os guiando para Jesus e não para que eles buscassem na lei sua

justificação.

- A lei não pode justificar (Gl 3.11; Gl 2.16; Gl 2.21) se a justiça viesse da lei Cristo
teria morrido em vão. A lei não pode dar vida ao homem (Gl 3.21-25)

- As pessoas estão certas em buscar na lei uma orientação moral, mas estão erradas ao
buscarem nela o poder de salvar.

- A lei só tem validade enquanto há vida, quando acontece a morte quem está debaixo
dela está livre. (Rm7.1-5)

O que Jesus faz em relação a lei:

- Jesus cumpre a parte ritual da lei em si mesmo e atrai o juízo do pecado, que é a morte
a si mesmo.

- Através de sua obra ele não anula a moralidade da lei, mas sim nos dá capacidade nele
de viver as justas ordenanças da lei e ainda estabelece padrões mais altos de moralidade.

O preço da justiça em Jesus

A necessidade da expiação se mostra por três motivos: a universalidade do pecado, a


seriedade do pecado e a incapacidade do homem de resolver o problema.
Debaixo dessa condição o homem está debaixo do império das trevas. Tem por pai o
Diabo está debaixo do “deus” deste século e se vendeu a ele pela sua desobediência.

Palavras-chaves

Propiciação (hilaskomai) "tornar os deuses propícios, aplacar, satisfazer, propiciar" (Jo


4.10 Rm 3.25) A propiciação, bem entendida, significa a ira removida mediante a oferta
de um presente.

Propiciatório: A tampa de ouro que cobria a arca da aliança. Era neste lugar que se
derramava o sangue do sacrifício no dia da expiação. Era ali que Deus vinha conversar
com os homens. (Ex 25.22 Lv 16.3 Nm 7.89). Assim como a superfície de ouro cobria
as tábuas da lei, assim também Jesus Cristo está por sobre a lei. Propiciatório (kapporet)
" propiciatório, assento da misericórdia, trono da clemência."

Expiar: (kaphar) "cobrir, expiar, reconciliar, propiciar, pacificar"

Expiação: "o sentido da ideia envolvida nessa palavra é o processo da reunião de duas
partes, antes alienadas, para que formem a unidade.

Redenção: indicava o preço pago para comprar de volta um escravo ou cativo ,


tornando-o livre pelo pagamento de um resgate.

Remissão: " demissão, perdão, soltura, liberação, libertação" é usado a cerca do perdão
de pecados Mt 26.28, Hb 9.22 " Livramento da escravidão ou prisão, remissão ou
perdão de pecados (permitindo que sejam apagados da memória, como se eles nunca
tivessem sido cometidos) remissão da penalidade.

- Os sacrifícios no Velho Testamento são em substituição do homem que devia morrer.


O sacrifício devia ser sem defeito.

- Eles não eram perfeitos e definitivos por duas razões : eram mortais (finitos) e não
eram da mesma espécie de quem cometeu o pecado.

- Jesus foi enviado como homem (1 Tm 2.5) Nascido debaixo da lei com mulher (Gl
4.4). Ele foi checado pelos sacerdotes e não foi achado nele nenhum pecado.

- Jesus também tinha uma natureza divina. Seu sangue assim não era finito refém da
mortalidade e limitação de um homem, mas infinito, eterno, sem fim.

- Jesus, sem pecado, todavia ao Senhor agradou moê-lo: "esmagar, ser esmagado, estar
contrito, estar quebrantado" fazendo enfermar:" ser ou tornar-se fraco, estar ou tornar-se
doente, ser ou tornar-se adoentado, estar ou tornar-se aflito, estar ou tornar-se triste.” (Is
53.10,11)

- Moer não parece uma expressão do que fazer com um filho amado, mas sim com um
pecador que Deus está irado. Jesus estava tomando o lugar do homem pecador
(propiciação). Assumir a morte significava tornar-se um dos pecadores. Tornar-se digno
dela. A morte é o salário do pecado.

- Jesus pediu que se fosse possível passar esse cálice, esse cálice é o da ira do Senhor.

- Ao assumir a nossa condição de pecado, Jesus está fazendo o que Adão, o homem
deveria provar: a morte. Jesus provou a morte por todos nós.

- Ele nos redimiu com seu sangue, ou seja, pagou o nosso resgate.

- Para se assentar no trono de misericórdia no céu. Não na tampa de misericórdia da


terra na arca da aliança. Deus demonstrou sua justiça dando ao homem a punição que
ele merecia por seu erro, mas também se tornou justificador através da ressureição de
Jesus.

- Em resumo, o que Deus fez na cruz: redimir o seu povo, aplacar sua ira e demostrar
sua justificação. Deus aplacou sua própria ira, de forma a redimir-nos e justificar-nos e
ao, mesmo tempo, demonstrar a sua justiça.

- Justiça é um termo jurídico que precisa de defesa e também de provas para que o reú
seja inocentado. Jesus é o nosso advogado e também a prova de nossa absolvição. Ele
sofreu nossa justa "punição", mas também nos justificou, ou seja, nos apresentou
inocentes diante do Juiz.

- Justiça tem relação com a ressurreição. Nosso batismo nos traz identificação com sua
morte e ressureição. (Rm 6.3-7) Jesus morreu por nossos pecados e ressuscitou por
causa da nossa justificação (Rm 4.25) O corpo está morto por causa do pecado, mas o
espírito vive por causa da justiça.(Rm 8.10)

- Perdão é a absolvição de uma penalidade ou uma dívida, justificação é declarar que


alguém é justo, é dar ao pecador o direito de desfrutar novamente o favor e a comunhão
de Deus. " A voz que anuncia o perdão dirá: "Pode IR. Você está livre da pena que o
seu pecado merece." O veredito da justificação dirá: " Pode VIR. Você é bem-vindo
para desfrutar todo o meu amor e a minha presença.”

“Aquele que não conheceu o pecado Deus o fez pecado por nós para que nele fôssemos
feitos justiça de Deus. Porque Deus tomou a Cristo, que era sem pecado, e o encheu
com os nossos pecados. E então Ele, em compensação, nos encheu com a virtude de
Deus!” (2 Cor 5.21 BIBLIA VIVA)
- Em seu corpo, Ele recebe meu pecado em sua ressurreição e eu me uno a Ele para
receber sua posição de justiça de Deus. Eu estou EM Cristo. Dentro dele, inserido nele
me tornei parte do corpo de Cristo.

- O sangue e a inserção no corpo de Cristo são as bases da minha justificação.

Definições do dom da justiça, da justificação que recebemos em Jesus:

1- Justiça de Deus é a pessoa de Cristo. Eu sou justiça de Deus porque estou em Jesus.

2- É o ato de Deus que declara o homem aceito diante dele como inocente e justo.

3- É a própria natureza de justiça divina transferida para o homem.

4- É a morte de Jesus no lugar do homem pecador, para que através da ressurreição de


Cristo o homem seja justificado.

5- É o reposicionamento do homem diante de Deus, que traz para ele uma boa posição
com Deus.

6- É algo em que você foi feito ou se tornou quando nasceu de novo

7- Justiça é a habilidade de permanecer na presença de Deus sem nenhum sentimento de

culpa, medo, ou inferioridade como se o pecado nunca tivesse existido.

Graça: o veículo da justiça

Textos base: Rm 3.24 Tt 3.4-7

Graça no hebraico: "favor, aceitação, charme, beleza, elegância."

Graça no grego: "boa vontade, aprovação, favor não merecido, dom, poder, presente"

Verdades Bíblicas sobre a graça:

1. Graça é Deus procurando o homem e não o homem procurando a Deus.

2. Graça é o tratamento de Deus com base na bondade de Deus e não no

merecimento do homem. Graça é uma herança e não um salário.


3. Graça é favor não merecido por isso a condição para recebê-la é assumir a

condição de não mérito. Preciso entender que não mereço para receber a

graça. Uma das funções da graça é acabar com o orgulho (Rm 3.27,28 / Rm

4.2,3,4,5) "Graça, anula o mérito, não a responsabilidade" autor desconhecido

4. Graça é a habilidade para vivermos da forma como fomos tratados por Deus. Graça
não é licença para pecar é força que não deixa o pecado nos dominar.

" A intensidade do amor é medida em parte, pelo preço que custou a dádiva ao seu
doador, e em parte, pelo quanto o beneficiário é digno ou não dessa doação. Medido por
esses padrões, o amor de Deus em Cristo é absolutamente singular, pois, ao enviar seu
filho para morrer pelos pecadores, ele estava dando tudo, até a si mesmo, aqueles que
nada mereciam, exceto o juízo. (Rm 5.6-10)" John Stott

Entender e andar de acordo com a justiça fará com que você perca:

Todo o complexo de inferioridade, porque você entenderá qual a sua posição no que diz
respeito ao relacionamento com Deus. Todo complexo de indignidade, toda a culpa.
todo o medo.

O medo é o resultado de você não saber quem você é (Is 54.13) e de não andar na luz
dessa revelação; se você não sabe sobre a sua justiça, você tem o direito de ficar com
medo. O medo abre a porta à opressão (Is 54.14).

Você vai deixar de lado, também, TODO O FRACASSO E TODA A CAUSA DE


SEPARAÇÃO COM DEUS.

O diabo não pode roubar a posição de justiça que você tem com Deus, mas ele pode, se
tiver a sua permissão, roubar sua habilidade de entender e exercê-la, quebrando sua
comunhão com o Pai.

Gn 3.13 e 1Tm 2.14 - “Enganada” – os ardis do diabo nunca mudam. Ele não pode criar
nada novo. Se ele não puder lhe enganar, ele não pode roubar de você. O texto de João
10.10 descreve o propósito do diabo, mas o engano é a sua ferramenta. Ser enganado
implica em pensar e acreditar em coisas que não são verdadeiras.

Ap 12.9 O diabo e satanás... “sedutor (ATU) / que engana (RC) todo o mundo”. Ap
20.3 “... para que não mais enganasse as nações...” Satanás vai sempre questionar o que
Deus disse. Ele sempre tentará questionar o que Deus fará.
A má consciência de pecado

A má consciência de pecado significa que você está inconsciente (despercebido) da sua


justiça. É ser ou estar consciente de quão pecador você é, a ponto de não ousar orar ou
buscara a Deus.

Sintomas da má consciência de pecado:

O primeiro sintoma

Gênesis 3.7: “ Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus...”

Você perde a consciência da presença de Deus e ganha mais consciência de si mesmo.


A consciência do pecado fará com que você fique mais consciente e apegado ao reino
natural do que ao reino sobrenatural. Fará com que você esteja mais consciente das suas
faltas e da sua inabilidade. Por isso, a baixa auto-estima é uma das maiores
características da consciência de pecado.

O segundo sintoma

Você procurará primariamente por remédios ou soluções naturais para os seus


problemas (Gn 3.7b) Condição própria da justiça própria e religiosidade vazia.

O terceiro sintoma

Gênesis 3.8: “Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela
viração do dia, ESCONDERAM-SE DA PRESENÇA DO SENHOR Deus, o homem e
sua mulher, por entre as árvores do jardim.”

As pessoas que não possuem uma posição de justiça com Deus não se aproximam dele
com ousadia.

O quarto sintoma

Gêneses 3.9: “E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele
respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, TIVE MEDO, e me escondi.”

Eles sempre serão dominados pelo medo.

Isaías 54.13: “Todos os teus filhos serão ensinados do SENHOR; e será grande a paz de
teus filhos. Serás estabelecida em justiça, longe da opressão, porque já não temerás, e
também do espanto, porque não chegará a ti.”
O medo é causado pela falta de conhecimento sobre a justiça e pela falha em agir à luz
da sua justiça

O quinto sintoma

As pessoas vão viver debaixo do jugo da culpa e do sentimento de indignidade (Rm


3.10). É assim que o mundo age e essa é a condição do mundo. O plano de Deus para a
redenção é a restauração da posição de justiça do homem para com ele.

Através da justificação Deus nos salvou, nos deu um novo relacionamento com Ele,
uma nova auto-estima e nos deu a habilidade de viver de forma justa e santa em nosso
comportamento neste mundo.

Prof: Drummond Lacerda

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