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Sam Allberry
Não consigo imaginar como um livro como este não foi escrito antes, mas ele
é exatamente o que precisamos. Allberry escreveu o texto perfeito para
céticos e crentes vacilantes. O tom é irênico, o conteúdo é firme e o tamanho
razoável. Ele trata dos textos e das respostas necessários — de forma
inteligente, breve e graciosa — às perguntas e objeções mais comuns.
Recomendarei este livro com frequência nos próximos anos.
— Kevin DeYoung, pastor, autor e blogueiro da Gospel Coalition.
Excelente livro. Real e sensível, ousado e bíblico. Não evita a polêmica, mas
nunca é estridente ou duro. Sam claramente escreve com o coração, e um
coração devotado a Cristo, a seu povo e ao mundo.
— Steve Timmis, diretor-executivo de Atos 29
Sam escreve com genuíno entusiasmo pastoral a partir de sua experiência. Ele
argumenta de forma convincente que, longe de ser contra os homossexuais,
Deus ama quem sente atração por pessoas do mesmo sexo, e que o evangelho
consiste em uma boa notícia para eles também.
— Jonathan Berry, diretor de True Freedom Trust
Este breve livro é excelente. Sam Allberry trata as pessoas com cuidado, lida
com os textos com sabedoria e as questões com sensibilidade. O resultado é
um livro extremamente útil para talvez a questão mais desafiadora que os
cristãos ocidentais enfrentam hoje. Recomendo-o.
— Andrew Wilson, pastor e blogueiro do thinktheology.co.uk
Todo ministro do evangelho deve ler este livro e precisamos nos esforçar
para disponibilizá-lo para o maior número de congregações.
— Paul Levy, do blog Reformation 21
Copyright @ 2015, de Sam Allberry
Publicado originalmente em inglês sob o título
Is God anti-gay? (Revised and Expanded Edition)
pela The Good Book Company Limited,
Blenheim House, 1 Blenheim Road, Epsom, Surrey KT19 9AP, Reino Unido.
1ª edição, 2018
PROIBIDA A REPRODUÇÃO POR QUAISQUER MEIOS, SALVO EM BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA
FONTE.
Todas as citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
salvo indicação em contrário.
Sumário
Introdução
1. A homossexualidade e o plano de Deus
2. A homossexualidade e a Bíblia
3. A homossexualidade e o cristão
4. A homossexualidade e a igreja
5. A homossexualidade e o mundo
Conclusão
Introdução
Comecei a entender com propriedade algo sobre a minha sexualidade
mais ou menos na mesma época que conheci Jesus Cristo.
Eu estava nas últimas semanas de ensino médio. Os exames
chegavam ao fim e todos aguardávamos um verão longo e sem estudos.
Foram meses finais agitados. Algumas verdades desconfortáveis se tornavam
mais evidentes. A primeira: é bastante difícil se preparar para as provas
quando não se presta muita atenção à aula. Revisar a matéria é muito mais
difícil quando você não a “viu”.
A outra verdade era ainda mais desconfortável. Sempre fui alguém
que teve amigos muito próximos, mas agora eu estava começando a perceber
que havia algo mais acontecendo. Embora eu tivesse namorado antes, nunca
sentia com as garotas o mesmo tipo de vínculo que mantinha com um ou dois
dos meus amigos. Assim que o longo verão começou e havia menos coisas
para me distrair, a verdade começou a aparecer. Passaram a se formar as
palavras em minha mente: “Acho que sou homossexual”.
Não se tratava de uma conclusão agradável. Eu queria ser como todos
os outros, e estar onde todos estavam. Queria sentir algo pelas garotas, como
os meus amigos. No entanto, em vez de gostar de meninas, como meus
amigos, descobri-me gostando dos meus amigos.
Nesse mesmo período conheci alguns cristãos pela primeira vez. Eu
estava trabalhando nos sábados à tarde em uma cafeteria local cristã, e foi a
primeira vez que encontrei cristãos da minha idade. Ficamos amigos rápido e
depois do fim dos exames, quando eu não tinha mais nada para fazer, eles me
convidaram para frequentar o grupo de jovens da igreja. Decidi ir. Eu gostava
deles e estava interessado em saber mais sobre o que acreditavam. A
mensagem de Jesus, descobri, era bastante diferente do que eu imaginava…
1. Gênesis 19
A cidade de Sodoma, em Gênesis 19, tornou-se tão associada à
conduta homossexual que seu nome tem sido por muitas gerações um termo
pejorativo para designar a relação homossexual. No entanto, a sodomia é de
fato o tema principal da história de Sodoma?
O relato começa com a chegada de dois anjos ao portão da cidade,
incumbidos de verificar se o clamor que chegou a Deus a respeito da cidade
era justificado. Os anjos aparecem como homens, e são fortemente
desencorajados de passar a noite a céu aberto na cidade — uma sugestão do
que ocorre em Sodoma. Eles passam a noite na casa de Ló.
Quando o sol se põe, as coisas ficam desagradáveis:
Mas, antes que eles se deitassem, os homens daquela cidade cercaram a casa. Eram
os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os
lados. E chamaram Ló e lhe disseram: — Onde estão os homens que, à noitinha,
entraram na sua casa? Traga-os aqui fora para que abusemos deles. (Gênesis 19.4,5)
Por si só, o texto pode parecer uma condenação. Todavia, outras
partes do Antigo Testamento acusam Sodoma de pecados bastante diferentes:
opressão, adultério, mentira, estímulo ao crime, arrogância, complacência e
indiferença para com os pobres. Nenhuma delas menciona a conduta
homossexual. Isso levou algumas pessoas a se perguntarem se nós inserimos
a homossexualidade na leitura da narrativa de Gênesis, quando, de fato, a
questão real era a opressão social e a injustiça. Contudo, um olhar atento
sobre a história esclarece o envolvimento da homossexualidade.
Em primeiro lugar, embora a palavra hebraica traduzida pela
expressão “abusemos” (yada‘) possa significar apenas “conhecer” alguém
(em vez de “conhecer em sentido sexual”), torna-se claro a partir da agressão
da multidão e da espantosa tentativa de Ló de entregar as filhas à turba como
alternativa, que esses homens procuravam muito mais que uma conversa
tranquila enquanto tomavam café.
Em segundo lugar, a multidão não é um grupo pequeno e sem
nenhuma representatividade. É evidente que ela consiste em toda a
comunidade masculina: “os homens de Sodoma, tanto os moços como os
velhos”. A cidade se comporta assim. Sodoma age dessa forma.
Isso explica o que acontece na sequência: os anjos alertam Ló sobre o
juízo iminente (v. 13). Eles descobriram tudo que precisavam saber. A
acusação contra Sodoma é justa.
No Novo Testamento, Judas acrescenta uma informação importante:
Igualmente Sodoma, Gomorra e as cidades vizinhas, que também se entregaram à
imoralidade e adotaram práticas contrárias à natureza, foram postas como exemplo
do castigo de um fogo eterno. (Judas 7)
O que ocorreu em Sodoma é sem dúvida um aviso. Essas pessoas
consistem em uma amostra do juízo divino. Pedro diz o mesmo: Sodoma e
Gomorra tornaram-se “exemplo do que viria a acontecer com os que
vivessem impiamente” (2 Pedro 2.6). Judas deixa claro que a impiedade deles
envolvia a imoralidade sexual. Eles foram punidos pelo pecado sexual, junto
com os outros pecados dos quais eram culpados. Sua destruição serve como
um aviso: Deus leva o pecado sexual muito a sério.
Judas também destaca a perversidade de seus desejos sexuais: eles
desejavam manter “práticas contrárias à natureza” (literalmente, carnes não
naturais). Alguns sugeriram que essa expressão decorra do fato de os
visitantes da cidade serem anjos. Judas e Pedro também se referem antes ao
pecado dos anjos em suas cartas. Todavia, esses anjos apareceram como
homens, e a multidão que rugia fora da casa de Ló não mostrava nenhuma
evidência de lhes conhecer a identidade. Seu desejo era fazer sexo com os
homens que estavam com Ló.
Portanto, a impiedade não se estendia apenas à maneira violenta pela
qual a multidão tentava satisfazer seus desejos sexuais, mas também à
natureza desses desejos. Um episódio paralelo em Juízes 19 indica que não só
a pagã Sodoma, mas também o povo de Deus cometeu esse tipo de pecado.
2. Levítico 18 e 20
O livro de Levítico contém duas proibições contra a prática
homossexual:
— Não se deite com outro homem para ter relações com ele como se fosse mulher; é
abominação. (Levítico 18.22).
Se também um homem tiver relações com outro homem, como se fosse mulher,
ambos praticaram coisa abominável; serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles.
(Levítico 20.13).
A expressão abominação (ou ato repugnante) é usada com frequência
para descrever a idolatria, e alguns sugerem que esses versículos não proíbem
o comportamento homossexual em si, apenas a prostituição cultual associada
aos templos pagãos, pois a expressão utilizada não é tão específica — as
passagens referem-se de forma geral a um homem deitando-se com outro
homem “como se fosse mulher”, sem detalhar o contexto do ato; além disso,
os versículos circundantes dos capítulos 18 e 20 proíbem outras formas de
pecado sexual de natureza mais geral, como o incesto, o adultério e a
bestialidade.
Entretanto, as passagens não têm nenhuma conexão com templos
pagãos ou idolatria. Esses atos são moralmente errados, independentemente
de quem os cometa e de onde ocorram. Também é importante observar que o
segundo versículo (Levítico 20.13) proíbe igualmente os atos praticados em
potencial pelos dois homens. Não se pode desdenhar disso como se a
passagem proibisse apenas o estupro homossexual ou um relacionamento
sexual forçado. O texto de Levítico proíbe até a prática homossexual
consensual.
Também é importante verificar que o comportamento homossexual
não é o único pecado descrito como “abominação” na Bíblia. Levítico refere-
se a outros pecados sexuais exatamente da mesma maneira, e Provérbios
considera a mentira, o orgulho e o assassinato igualmente repugnantes a
Deus. O pecado homossexual não está sozinho nessa categoria.
3. Romanos 1.18-32
Romanos 1 tem muito a dizer sobre a natureza e o caráter do
comportamento homossexual. Vale a pena ler todo o capítulo antes de
continuar a ler este livro.
O objetivo de Paulo nos primeiros capítulos da carta é demonstrar a
injustiça do mundo todo aos olhos de Deus e, portanto, ele carece de
salvação. Em Romanos 1.18-32, o apóstolo se concentra no mundo pagão dos
gentios, descrevendo como este se afastou de Deus e abraçou a idolatria e a
perversidade. Os detalhes particulares da passagem indicam que Paulo usa a
cultura greco-romana dos leitores como exemplo.
A sociedade dos gentios enfrenta a ira de Deus, pois reprimiu a
verdade de que Deus revelou a si mesmo na criação (v. 18-20). Nos
versículos a seguir, Paulo ilustra como isso aconteceu, apresentando três
exemplos de como as informações verdadeiras a respeito de Deus foram
trocadas por outra coisa: os homens trocaram a glória de Deus por imagens
semelhantes ao ser humano (v. 23); a verdade de Deus pela mentira,
adorando e servindo a criatura em lugar do Criador (v. 25); e desprezaram o
conhecimento de Deus (v. 28), trocando as relações sexuais “naturais” pelas
“contrárias à natureza”:
Por causa disso, Deus os entregou a paixões vergonhosas. Porque até as mulheres
trocaram o modo natural das relações íntimas por outro, contrário à natureza. Da
mesma forma, também os homens, deixando o contato natural da mulher, se
inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo indecência, homens com
homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.
(Romanos 1.26,27)
Duas verdades importantes e firmes são evidentes a partir desses
versículos:
a. A homossexualidade não é natural
Paulo descreve o comportamento homossexual masculino e feminino
como “contrário à natureza”. Esta é sem dúvida uma declaração pesada da
Bíblia e, portanto, algo muito difícil para muitas pessoas ouvirem. Alguns se
perguntaram se “contrário à natureza” poderia se referir ao que é natural para
as próprias pessoas. Nesse caso, Paulo estaria falando sobre pessoas
heterossexuais envolvidas em atividades homossexuais e, desse modo,
contrariando sua orientação “natural”. Paulo, portanto, não condenaria todos
os comportamentos homossexuais, apenas os que contradizem as próprias
inclinações sexuais da pessoa.
Por mais atraente que seja para alguns, esse ponto de vista não é
sustentado pelo próprio texto. As expressões “natural” e “contrário à
natureza” não descrevem a experiência subjetiva do que nos parece natural,
mas se referem ao modo fixo das coisas na criação. De acordo com Paulo, a
natureza contraditada pelo comportamento homossexual consiste no
propósito de Deus para nós, revelado na criação e reiterado em toda a
Escritura.
Isso nos mostra a inverdade da expressão utilizada por quem sente por
pessoas do mesmo sexo: “Mas Deus me fez assim”. O ponto de Paulo em
Romanos 1 é que nossa natureza (experiência) não é natural (planejada por
Deus). Todos nós temos desejos distorcidos, resultantes de nossa natureza
caída. O desejo das coisas proibidas por Deus reflete como o pecado me
distorceu, não como Deus me criou.
A referência de Paulo à homossexualidade feminina, bem como à
masculina, também confirma a ideia da condenação de todas as atividades
homossexuais, não só os relacionamentos entre homens e meninos que
ocorriam na cultura romana.
A força da linguagem de Paulo aqui não nos deve fazer pensar que a
conduta homossexual seja a pior forma, ou única, de comportamento
pecaminoso. O destaque dado por Paulo pode ser devido a um exemplo
particularmente vívido ou especialmente pertinente para os leitores de Roma,
dado seu contexto cultural. De qualquer forma, ilustra algo que ocorre com
todos nós: quando rejeitamos a Deus, achamo-nos desejando o que não fomos
concebidos por natureza para fazer. Isso é tão verdadeiro para os
heterossexuais quanto para os homossexuais.
b. A homossexualidade é um sinal do juízo divino
Paulo escreve: “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade
e injustiça dos seres humanos” (Romanos 1.18a). Embora haja um dia futuro
da “ira e da revelação do justo juízo de Deus” (Romanos 2.5), existe uma
expressão atual da ira divina contra o pecado.
Quando tentamos visualizar a ira de Deus, muitos pensam em
imagens geradas por computador de um filme de catástrofe, ou em raios
caindo do céu. Mas Paulo nos dá uma imagem muito diferente. Vemos a ira
de Deus nisso: ele nos dá o que queremos.
Em resposta ao que Paulo descreveu, vemos três instâncias em que
Deus nos deixa viver o resultado de nossos desejos pecaminosos. Este é seu
juízo atual contra o pecado. Pedimos a realidade sem ele e ele nos dá uma
amostra disso.
Em cada caso em que Deus nos entrega, surge a intensificação do
pecado e a degradação do comportamento humano. Deus entrega a
humanidade à impureza, para desonrarem o seu corpo (v. 24) e às “paixões
vergonhosas” (v. 26). A mudança das relações naturais para as não naturais
acaba conduzindo a um “modo de pensar reprovável” e ao florescimento de
“todo tipo de injustiça”, apresentados por Paulo em uma longa lista de
comportamentos antissociais (v. 28-31). O pecado leva ao juízo, mas o juízo
também conduz a pecados adicionais.
A presença de todos esses atos pecaminosos é um lembrete de que
vivemos no mundo experimentando uma amostra da ira de Deus e
provocando a própria destruição do mundo no dia do juízo. O fato de a
prática homossexual estar listada entre esses atos testemunha, por si só, a
natureza distorcida da humanidade pecadora.
É importante reconhecer que Paulo fala em termos sociais e não
individuais. Ele descreve o que acontece com toda a cultura, e não com
pessoas específicas. A presença do desejo por pessoas do mesmo sexo em
alguns de nós não é indicação de que nos desviamos de Deus mais que
outros, ou que Deus nos entregou ao pecado mais que outras pessoas.
Existe um paralelo com o sofrimento. A presença de um sofrimento
específico na vida de alguém não significa que essa pessoa tenha pecado com
mais intensidade que quem sofre menos. Em vez disso, a presença do
sofrimento em qualquer lugar indica que, como povo, encontramo-nos sob o
juízo divino. Da mesma forma, a presença de sentimentos homossexuais em
mim me faz lembrar de que meus desejos não são sadios porque o mundo não
é sadio. Desviamo-nos juntos de Deus, e juntos fomos entregues ao pecado.
4. 1 Coríntios 6.9, 10
Ou vocês não sabem que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não se
enganem: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem afeminados, nem
homossexuais, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem
roubadores herdarão o Reino de Deus. (1 Coríntios 6.9,10)
Nestes versículos, Paulo descreve diferentes tipos de pessoas que
serão excluídas do Reino de Deus (a menos que se arrependam). Quatro tipos
referem-se a pecados sexuais, e dois deles especificamente ao comportamento
homossexual. As apostas são altas: precisamos ter certeza de que
compreendemos exatamente sobre o que ele está falando.
O primeiro dos dois termos relativos à homossexualidade é malakoi,
termo grego que literalmente significa os “macios”. Na literatura clássica, o
vocábulo era usado como termo pejorativo para descrever homens
efeminados, parceiros mais jovens e passivos de um relacionamento de
pederastia (homem-menino), ou para se referir a prostitutos cultuais. Em
1 Coríntios 6, o termo malakoi segue em uma lista contendo as formas gerais
de pecado sexual, e o contexto sugere a grande probabilidade de que Paulo o
use de maneira ampla para se referir aos parceiros passivos em relações
homossexuais.
Isso também se encaixa no emparelhamento de malakoi com o
segundo termo usado. Arsenokoitai é um termo composto por “masculino”
(arsen) e “relação sexual” (koites, literalmente “cama”). Essas duas palavras
foram usadas na tradução grega de Levítico 18.22 e 20.13, com a sugestão de
que Paulo se refere a essas duas passagens.
Assim, arsenokoitai é um termo geral para o ato sexual com alguém
do mesmo sexo, e sua junção a malakoi indica que Paulo se refere aos
parceiros ativos e passivos em uma relação homossexual.
Então, o que tudo isso significa para nossa compreensão da
homossexualidade?
O pecado homossexual é sério. Paulo diz que os homossexuais não
arrependidos (como todos os injustos) não entrarão no Reino de Deus. Esta é
uma verdade muito pesada.
Ele também lembra a seus leitores que não sejam enganados a esse
respeito. Paulo toma por certo o surgimento de quem nega esse ensinamento
e argumenta que algumas formas de conduta homossexual são aceitáveis a
Deus. Contudo, o apóstolo é claro: a conduta homossexual leva as pessoas à
destruição. Ensinar de outra forma (como o faz uma série de líderes
supostamente cristãos) equivale a enviar pessoas para o inferno. Este é uma
questão que envolve os cristãos (veja a seção mais abaixo).
O pecado homossexual não é único. A lista de Paulo inclui outras
formas de pecado sexual (imoralidade sexual e adultério), e inclui formas não
sexuais de pecado (embriaguez e roubo, por exemplo). O pecado
homossexual é muito sério, mas não está sozinho. É perverso, mas também o
é a ganância. Deus julgará as pessoas que se entregam a ele. Mas também
julgará os ladrões.
Portanto, jamais devemos afirmar que a homossexualidade consiste
no maior pecado da nossa era. Se formos fiéis às Escrituras, também
pregaremos contra o roubo, a ganância, a embriaguez, a injúria e a fraude —
muitos dos quais também são banalizados na sociedade ocidental e também
caracterizam os injustos. Todavia, também há uma promessa maravilhosa na
passagem:
O pecado homossexual não é inescapável
Paulo continua no versículo 11:
Alguns de vocês eram assim. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram
justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus. (1
Coríntios 6.11)
Essas formas de comportamento não são adequadas aos cristãos
coríntios porque eles não eram mais assim. Alguns deles sem dúvida haviam
sido homossexuais. Eles tinham vivido dessa forma no passado; agora não
mais. Eles foram lavados, santificados e justificados; perdoados, purificados
de seus pecados e separados para Deus. Eles receberam uma nova posição e
identidade diante dele.
Por mais arraigada que seja ao comportamento de alguém, a conduta
homossexual não é inescapável. É possível que quem vive o estilo de vida
homossexual seja renovado por Deus. Tentações e sentimentos podem
demorar a desaparecer. Quando Paulo alerta seus leitores para não voltarem
ao antigo modo de vida, sugere a existência ainda do desejo de fazê-lo. Mas
em Cristo já não somos quem éramos. Quem saiu do estilo de vida
homossexual precisa compreender como deve se enxergar agora. O que nos
definiu antes não nos define agora.
5. 1 Timóteo 1.9, 10
Tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para os
transgressores e rebeldes, para os ímpios e pecadores, para os iníquos e profanos,
para os que matam o pai ou a mãe, para os homicidas, para os que praticam a
imoralidade, para os que se entregam a práticas homossexuais, para os
sequestradores, para os mentirosos, para os que fazem juramento falso e para tudo o
que se opõe à sã doutrina. (1 Timóteo 1.9,10)
Paulo usa mais uma vez o termo arsenokoitai como termo abrangente
para designar todas as formas de conduta homossexual. Além disso, em
comum acordo com 1 Coríntios, a relação sexual com alguém do mesmo sexo
é mencionada entre outros pecados mais amplos de caráter não sexual e
sexual.
Essas formas de comportamento caracterizam os não “justos”, para
quem a lei foi dada com o objetivo de trazer a convicção do pecado e a
necessidade de misericórdia. Todas essas práticas contradizem a “sã
doutrina” e o evangelho. Elas não se conformam com a vida que os cristãos
devem levar agora. Opõem-se à nova identidade que temos em Cristo.
Este será um capítulo de difícil leitura para muitos de nós. Não foi
fácil escrevê-lo! Em cada situação em que a Bíblia lida de forma direta com o
comportamento homossexual, o objetivo é condená-lo. O ensino coerente da
Bíblia é claro: Deus proíbe a prática homossexual. Por conta das declarações
bíblicas sobre o propósito de Deus para o sexo e o casamento, isso não
deveria nos surpreender.
Na verdade, a situação é pior do que muitas pessoas pensam. Deus se
opõe a toda a atividade sexual fora do casamento entre pessoas de sexo
diferente. Não é que a Bíblia se oponha a toda prática homossexual, mas
aprove qualquer ato sexual entre pessoas heterossexuais.
Entretanto, quem experimenta desejos homossexuais, ou está perto de
pessoas que passam por isso, os ensinos da Bíblia podem ser muito difíceis. E
pode ser mais difícil para nós cristãos que ainda nos encontramos sentindo
atração por pessoas do mesmo sexo. O que isso significa para nós? Esses
sentimentos nos impedem de sermos cristãos?
A maravilhosa resposta é “não”! Vamos descobrir o motivo no
próximo capítulo.