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Obra Lucana e Cartas Católicas

Docente: Carlos André da Cruz Leandro


Discentes: Tiago dos Santos Souza, Weliton Rocha Alves

PERÍCOPE – O ENDEMONINHADO EPILÉTICO

No dia seguinte, ao descerem da montanha veio ao seu encontro grande multidão. E eis
que um homem da multidão gritou: “Mestre, rogo-te que venhas ver o meu filho, porque é
meu filho único. Eis que um espírito o toma e subitamente grita, sacode-o com violência e o
faz espumar, é com grande dificuldade que o abandona, deixando- o dilacerado. Pedi aos seus
discípulos que o expulsassem, mas eles não puderam”. Jesus respondeu: “Ó geração incrédula
e perversa, até quando estarei convosco e vos suportareis? Traze aqui teu filho”. Estava ainda
se aproximando, quando o demônio o jogou por terra e agitou-o com violência. Jesus, porém,
conjurou severamente o espírito impuro, curou a criança e a devolveu ao pai. Todos se
maravilhavam com a grandeza de Deus. (Lc 9, 37-43)

DELIMITAÇÃO DO EPISÓDIO
Tomando como base o Evangelho de Lucas, visualiza-se a delimitação da perícope do
endemoninhado epilético na seguinte expressão: Lc 9, 37-43. Não obstante, para maior
desenvolvimento da compreensão e diante de uma possível comparação, traz-se o mesmo
evento narrado nos consequentes evangelhos: Mt 17, 14-18 e, com maior desenvolvimento,
Mc 9, 14-27.

ORGANIZAÇÃO E OU ESTRUTURA DO TEXTO


A organização da perícope se dá em cinco elementos:

 O aparecer em determinado lugar juntamente com a dimensão do encontro.


 O relato de um problema e um pedido de cura.
 A reprimenda.
 A cura – milagre.
 Uma mensagem didática/teológica.

GÊNERO LITERÁRIO
Crê-se que diante do relatado, a perícope colocada pela evangelista teve o intuito de
expor o gênero narrativo-didático para a comunidade cristã. Visto que, a centralidade do texto
coloca em evidência que a correção do Mestre está para a falta de fé, melhor, a falta do
exercício da oração, o ato de crer, por seus discípulos, no poder de Deus e autoridade dada
pelo Cristo.
O SIGNIFICADO HISTÓRICO- CULTURAL DO CONTEXTO
A cura de um endemoninhado para expressar a autoridade divina de Jesus. Uma vez
que, qualquer mal físico está relacionado ao pecado ou ao ser possesso, a atitude do Mestre
está em revelar que, ao curar, expulsar um demônio está na escala do sobrenatural, isto é, é
uma autoridade, poder, pertencente a Deus, Jesus reafirmar a sua presença e dignidade no
meio do povo como o Filho do Homem.

O DESENVOLVIMENTO NARRATIVO DO RELATO


Os elementos que constituem a presente narrativa nos Evangelhos são:

 A presença de uma grande multidão - Lc 9, 37; Mt 17, 14; Mc 9, 14-15.


 Um homem que clama por socorro e expõe o seu problema - Lc 9, 38-40; Mt 17,
15-16; Mc 9, 17-18.
 A repreensão de Jesus - Lc 9, 41; Mt 17, 17; Mc 9, 19.
 A visualização e solução do problema (a cura) - Lc 9, 42; Mt 17, 18; Mc 9, 20;
25-27.
 Uma particularidade presente em somente uma das narrativas, a saber, uma
antecipação daquilo que seria o cerne da perícope: uma expressão clara de fé –
Mc 9, 21-24.
 O questionamento dos discípulos - Mt 17, 19; Mc 9, 28.
 A centralidade do episódio, a explicação da falha dos discípulos - Lc 9, 43; Mt
17, 20-21; Mc 9, 29.

A INTENÇÃO TEOLÓGICA E SENTIDO ATUAL DA MENSAGEM


A relação presente no relato do endemoninhado epilético presente nos três evangelhos,
porém, dando ênfase ao narrado por Lucas, coloca que a intenção teológica está no constante
convite a oração. Ao terminar o texto com as seguintes palavras, e “Todos se maravilhavam
com a grandeza de Deus”. (Lc 9, 43) Pode-se acreditar que cristo é o Filho do Homem, é o
enviado do Pai. No entanto, não se limita a este contexto. Ao exortar que tudo é possível para
aquele que crer, como é relatado na versão de Marcos, Jesus expõem que, mesmo sendo Deus,
ele está em constante união com o Pai por meio da oração.
Ele não se valeu de sua condição divina, mas reconheceu o sentido real da sua
Encarnação, isto é, se fazer um com todos por meio da condição humana. De igual maneira,
ao dizer aos seus discípulos que somente por meio da oração seria possível o exorcismo,
encontra-se duas possíveis colocações. (1) Nada se faz pelas próprias forças, mesmo que
tenham recebido a autoridade para expulsar. (2) Não basta somente “crer” com a boca, com a
razão, deve-se crer com o coração. Para a atualidade a passagem transmite a possível seguinte
mensagem: não basta estar perto do Mestre ou professar com a boca a fé no Cristo, faz-se
necessária uma vida de intimidade com o mesmo, por meio de uma constante oração e,
exemplo disso Jesus dá simplesmente por expor a sua intimidade com o Pai por meio da
obediência.

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