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SEMINÁRIO TEOLÓGICO SHEPHERD

TEOLOGIA REFORMADA

TEMA
Movimentos Heréticos nos séculos I II e III

ALUNO (A) Francisco de Assis da Silva Sousa

CIDADE
Fortaleza
DATA
08/03/2020
NOME DO ALUNO (A)
Francisco de Assis da Silva Sousa

TEMA
Movimentos Heréticos nos séculos I II e III

Trabalho apresentado ao
Seminário Teológico
Shepherd como requisito
para a obtenção do título de
Bacharel livre em Teologia.

Professor (a): Amaral Neto

CIDADE
Fortaleza
DATA
08/03/2020
INTRODUÇÃO
A presente obra visa, de forma concisa, apresentar algumas das principais heresias que
surgiram no seio da igreja primitiva entre os séculos I, II e II, identificando seu período
de ascensão, líderes, crenças centrais e suas influências.

Ebionitas
Movimento que surgiu aproximadamente entre os anos 132 e 135 A.D., era uma seita
formada por judeus convertidos ao cristianismo, mais extremistas do que a seita dos
nazarenos, queriam impor a lei de Moisés aos cristãos e diziam que só havia salvação
pela circuncisão, rejeitavam os evangelhos de Marcos, Lucas e João, e também todas as
cartas paulinas, aceitavam o Evangelho de Mateus, mas sem os trechos que fazem
referência à concepção miraculosa de Cristo e sua pré-existência, insistiam que Cristo
só se tornou divino após o batismo, quando o Espírito Santo desceu sobre Ele; em sua
morte, diziam eles, apenas seu corpo foi crucificado. Apesar de serem convertidos ao
cristianismo não queriam abandonar suas práticas judaicas, fonte característica desse
movimento.

Gnosticimo
Por volta do ano 150 A.D. chega ao seu apogeu uma heresia chamada gnosticismo, não
era um movimento relativamente novo, tendo em vista que o ultimo livro da Bíblia foi
escrito por volta do ano 90 A.D, suas ideias iniciais remontam aos tempos apostólicos; o
apóstolo Pedro confrontou um homem chamado Simão o mágico (At. 8. 9-24) que
provavelmente era adepto dessa seita (Irineu, Contra as Heresias, 1.23. 1-5), Paulo
escreveu a carta aos Gálatas para combater tau heresia, os principais propagadores desse
pensamento foram Valentino e Basilides de Alexandria no segundo século, outra
personagem muito conhecida desse movimento chamava-se Márcion (falaremos dele
adiante), a principal crença gnóstica era o dualismo, esse ensino defendia que a matéria
era má e o espírito bom, a salvação se dava por meio da vitória sobre a carne - motivo
pelo qual eles eram ascetas - para eles Cristo havia tomado o corpo de jesus entre o
batismo e o começo do seu sofrimento, também ensinavam que Cristo tinha vindo para
passar um conhecimento especial para a salvação. Somente os pneumáticos, nessa
crença, aucançavam a salvação, os hílicos não a aucançavam pois eram destinados à
perdição e não existia ressurreição do corpo. Os gnósticos tinham sua fonte de
influência na filosofia helenística e nas mitologias da Grécia, Egito, Pérsia e Índia.
Marcionismo
Sendo uma ramificação do gnosticismo o marcionismo é deste mesmo período, fundada
por Márcion de Sinope, seus ensinos tiveram grande influência na igreja de Roma onde
ele morreu por volta do ano 170 A.D. Márcion se diferenciava dos gnósticos nas
seguintes crenças: para ele os judeus eram maus, odiava a Bíblia e o Deus apresentado
nela. Por causa de suas ideias foi expulso da igreja e fundou a sua própria; seus
seguidores pregavam o dualismo gnóstico rejeitando o Deus do AT e colocando em seu
lugar um deus de amor que era jesus, eles também tinha seu próprio canôn que foi
formado por Márcion, onde continha o Evangelho de Lucas e dez cartas que ele dizia
ser do Apóstolo Paulo, os ensinos de Márcion contribuíram para o surgimento do anti-
semitismo na igreja e um movimento medieval chamado monasticismo.
Maniqueismo
Por volta do século III uma heresia ganhou destaque dentre as outras, o maniqueísmo,
seu fundador Maniqueu ou simplismente Mani, ensinou na Pérsia e foi perseguido pelo
império Romano e morreu como mártir cerca de 277, o maniqueísmo se assemelha um
pouco ao gnosticismo em suas crenças. Mani acreditava no que os estudiosos chamam
de os “ dois princípios esternos e opostos”, o homem primitivo havia surgido da
emanação do chefe do reino da luz, oposto a isso havia o rei das trevas que enganara o
homem fazendo com que ele se tornasse uma mistura de luz e trevas, a salvação era a
libertação da luz da alma do corpo mal que está em trevas, para os maniqueistas jesus
não tinha corpo e não morreu, rejeitavam tudo que relacionasse jesus com um
sofrimento real e carnal, descartavam o antigo testamento, o extinto natural sexual era
um mal para eles e fomentavam ama vida civil de solteiro. O grande bispo de Hipona
Agostinho pertenceu à essa seita durante nove anos. As maiores influências dessa
heresia foram uma mistura de cristianismo com zoroastrismo, religiões orientais e a
filosofia dualista.
Montanismo
Após o ano 155 A.D surgi na Frígia um movimento chamado montanismo, que se
propunha a resolver os problemas de formalismo e dependência de direção humana na
igreja, Montano, seu fundador, natural de Ardabau afirmava ter recebido uma revelação
especial do Espírito Santo, desde então passou a promover uma grande campanha por
avivamento. No desenvolvimento de sua crença a respeito da inspiração das escrituras
Montano disse que ela (a inspiração) era imediata e continua colocando-se como
parácleto através do qual o Espírito Santo falava à igreja, da mesma maneira como
falara a Paulo e aos demais apóstolos. Para ele o reino celestial de Cristo seria
inaugurado muito em breve em uma cidade chamada Pepuza localizada na região da
Frígia e arrogava para si proeminência nesse reino, essa doutrina continha muitas
peculiaridades com relação a prazeres sensuais nesse reino milenar, além disso exigiam
muitos jejuns, proibiam novo casamento caso o cônjuge falecesse, a alimentação era
frugal, dividiam os pecados entre os que podiam e os que não podiam ser perdoados
nesta vida e os sacerdotes passaram a oferecer de novo o sacrifício de Cristo no altar. Os
montanistas sofreram grande influência de uma seita chamada os Nazarenos, que surgiu
por volta do ano 70 A.D, eram judeus que fugiram para Péla e eram muito apegados as
leis rabínicas acerca do sábado e da circuncisão e observavam com muito cuidado a lei
de Moisés, os montanistas também enfatizavam as doutrinas do Espírito Santo e da
segunda vinda de Cristo.
Donatismo
Essa controvérsia surgiu no norte da África em meados de 312 depois que a igreja
passou por uma perseguição por parte de Diocleciano, que levou muitos bispos católicos
a entregarem as Escrituras para serem queimadas. Donato fundador e líder do
movimento era bispo de Cartago (313-355) e levantou várias acusações contra os bispos
que haviam cometido tão grande pecado e apostasia, segundo ele, por isso não aceitava
a ordenação dos sacerdotes por esses bispos. Por conta disso formulou a doutrina da
igreja pura, rejeitada e combatida por Agostinho, essa doutrina dizia que a validade do
sacramento dependia da condição moral do ministro, enfatizavam que a igreja deveria
ser totalmente santa e severamente disciplinada, também afirmavam que eles e não os
católicos eram a verdadeira igreja e rejeitavam a ordenação de sacerdotes e bispos
imorais. Agostinho combateu essa heresia dizendo que a igreja deveria ser um misto de
pessoas, tanto boas quanto más, citando a parábola que Jesus contou do joio e do trigo
em Mateus 13. 24-30.
Novacionismo
É difícil falar de Novaciano sem mencionar Cipriano (c.200-c.258), pois ambos tiveram
uma controvérsia, nascido no norte da África no início do III século e filho de pais
pagãos ricos Cipriano aprendeu retórica e direito, em meados de 248 foi nomeado bispo
de Cartago onde permaneceu por nove anos, foi um grande administrador, se opôs a
Estevão bispo de Roma que questionou a superioridade dos bispos sobre os outros
cargos eclesiásticos e escreveu uma obra importantíssima denominada De Unitate
Catholicae Eclesiae (A Unidade da Igreja Católica), que foi expressamente dirigida aos
seguidores de Novaciano, mais conhecidos como os cismáticos ou os separatistas que
provavelmente desejavam destruir a igreja, em suma a obra destinava-se a deixar claro a
distinção entre bispo e presbíteros, onde colocou o bispo como centro e garantia contra
o divisionismo da igreja. Os “confessores” este era nome dado aos que haviam resistido
à perseguição, desejavam receber novamente no seio da igreja aqueles que haviam
naufragado na fé durante a tribulação e abrandar as disciplinas eclesiásticas, é aí que
Novaciano fórmula suas doutrinas, pois ele e seus seguidores defendiam uma disciplina
muito severa e não queriam receber ninguém de volta na igreja que tivesse negado a fé
ou fosse culpado de pecado grave; para Novaciano a igreja não tinha poder para
conceder esse perdão, poderia apenas interceder pela misericórdia de Deus no juízo
final, Novaciano considerava a igreja como uma sociedade de santos e seus seguidores
começaram a fundar vária congregações e a dizer que a igreja católica estava profanada
por aceitar pecadores em seu meio.

CONCLUSÃO

A importância do estudo dessas heresias e controvérsias que surgiram nos primeiros


séculos de existência da igreja fazem-se importantes em nossos dias, para que possamos
avaliar o grau de comprometimento que as várias igrejas do presente século tem com
Cristo e sua palavra; e para que possamos responder à seguinte pergunta: será que esse
ensino está coerente com as Escrituras ? E nos ajuda também a rastrear o pensamento
que está por trás de muitas heresias contemporâneas, porque muitas dessas heresias
refutadas no passado, ainda hoje manifestam-se em várias denominações que se jugam
igreja de Deus, só que com uma roupagem diferente, além de nos dar uma ideia de
como muitas doutrinas praticadas hoje nas igrejas se formularam através da defesa das
escrituras por parte de muitos homens usados por Deus. E não somente isso, este estudo
nos faz lembrar que o ataque de Satanás à igreja de Cristo, ontem e hoje, não vem
somente de fora da igreja, mas muitas vezes, como vimos, floresce dentro do próprio
seio da igreja. Nossa oração é para que Deus nos dê, até o dia de sua volta, o
discernimento e a sensatez para reconhecermos os falsos mestres, os falsos pastores, os
falsos profetas, os falsos cristos e as falsas doutrinas.

BIBLIOGRAFIA
CAIRNS, Earle E, O Cristianismo Através dos Séculos, Uma história da igreja cristã,
São Paulo, Vida Nova, 2008.
RENWICK, A.M, A Igreja Cristã e Sua história, Portugal, NÚCLEO – Centro de
Publicações Cristãs, Ltda, 1981.
SHELLEY, Bruce L, História do Cristianismo - ao alcance de todos, São Paulo,
SHEDD Publicações, 2014.

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