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A REAÇÃO MONTANISTA
A REAÇÃO MONTANISTA
UMESP
A REAÇÃO MONTANISTA
Montano
Nascido na aldeia chamada de Ardaban, localizada na cidade de Frígia, na Ásia menor
entre 155 a 160, se tornou sacerdote do deus Apolo Lairbeno. Após a sua conversão, ele, de
forma radical se entregou ao Espírito Santo. Se olharmos pelo ponto de vista de alguns
escritores que discordavam do movimento, diziam que Montano, após sua conversão, ficou na
dependência de um espírito como se estivesse possesso, na terminologia de Eusébio ele “entrou
em arrebatamento convulsivo”, em um falso êxtase, e começou então a proclamar palavras
estranhas e coisas contra a igreja primitiva. Nesta ocasião de êxtase, onde Montano começou a
profetizar, alguns o repreendiam e tentavam impedir que ele continuasse a falar, enquanto
outros ficavam fascinados por sua intrepidez e o incentivavam a continuar.
Ele acreditava que a promessa feita no livro bíblico de Joel não havia se concretizado
plenamente em pentecostes, mas que foi completamente cumprida no nascimento dele e de
outros/as profetas. Era chamado de O Iluminado e dizia ser a própria presença do Paráclito,
anunciado no livro de João no capítulo 14, versículo 26 e também no capítulo 16, versículo 7.
Montano chegou a dizer: “Vim, não como anjo ou mensageiro, mas como o próprio Deus Pai”;
“Sou o Pai, o Filho e o Espírito Santo” (FRANGIOTTI, 1995, p.55). Por mais que essas
afirmações fossem tidas como heresias, pois diziam que ele queria se fazer passar pela própria
encarnação do Espírito Santo, não significa que queria tomar o lugar do Espírito, mas o uso
dessa associação da divindade e uma pessoa, era algo costumeiro.
Montano, foi um homem que se destacou, tanto por suas pregações como também por
adicionar algumas festas novas e também ritos novos aos cristãos. Um de seus feitos
que também fez com que ele tivesse destaque, consistiu em autorizar a realização do divórcio,
sob a condição que o objetivo desta separação fosse de dedicar-se ao testemunho do Espírito
Santo e a pregação da palavra de Deus. Ele era tido como um organizador impecável.
Não há registros legais sobre a morte de Montano, mas tradicionalmente, dizem que ele,
assim como outra profetiza, teriam se enforcado, tomados por um espírito que os perturbou, e
assim, terminado sua vida da mesma forma que Judas, o traidor. Apesar desta ideia ter
se difundido entre todos de sua época, até os dias atuais, não passam de rumores sem nenhum
tipo de comprovação.
As mulheres no Montanismo
Dentre as mulheres que fizeram parte do Montanismo, a história destaca algumas, mas
certamente muitas foram relevantes na “Nova Profecia” mas não foram citadas nas histórias.
Dentre as citadas, aparecem Priscila, Maximila, Perpétua, Quintila e Felicitas.
Priscila, segundo alguns pesquisadores, aparece com um papel extremamente
importante no movimento, segundo eles, o principal profeta do movimento não foi Montano,
não foi nem ao menos um profeta, e sim uma profetisa, Priscila. Se a historiografia focasse na
liderança em si, na liderança prática, na liderança carismática e não questão da forma de
liderança como uma figura masculina, tão enaltecido no cristianismo primitivo, talvez Priscila
seria reconhecida como a líder do movimento e até mesmo o nome deveria ser outro.
Priscila não focava suas pregações no ascetismo, mas sim na necessidade de crer que
Jesus veio como homem, crer na corporeidade de Cristo, combatendo a doutrina gnóstica. Suas
pregações envolviam as pessoas, atraia os interesses das pessoas que a ouvia e com isso a Ásia
Menor estava se tornando o lugar onde mais pessoas estavam se convertendo ao
cristianismo naquela época.
Ela, assim como as outras pessoas do movimento, sofreu perseguições por conta da nova
doutrina que pregavam. Eusébio de Cesaréia, cita na História Eclesiástica, uma fala de Maximila
sobre as perseguições que enfrentava “Persegue-me como a um lobo longe das ovelhas;
eu não sou lobo, sou palavra e espírito e poder. ” (CESARÉIA, 2005, p.175)
Maximila morreu por volta de 179-180 d.C. Não se tem um relato concreto sobre sua
morte, mas segundo rumores que vieram dos que eram contra o movimento, que o perseguia e
via como herege, Maximila morreu enforcada, onde ela mesmo se enforcou, influenciada pelo
mesmo espírito que a guiou em toda a sua trajetória no ministério, mas como disse, isso não
passa de boatos e rumores, não se tem fontes historiográficas para comprovar essas
afirmações sobre sua morte.
Perpétua também foi uma mártir da “Nova Profecia”. Ela era de família rica, bem-
educada e visionária, ela se tornou conhecida pela defesa da justiça. Há rumores que em seu
martírio, Maximila tenha se tornado homem, mas isso se deve a tradição da época que dizia que
um homem, quando passava pelo martírio podia trazer outro ao nascimento, numa função
materna, enquanto as mulheres, se tornavam atletas, então isso também não passa de mais um
rumor.
Perpétua ficou conhecida pela coragem em seu martírio, pois ela poderia escolher ir nua
ou vestida com as vestes de sacerdotisa para sofrer a sua morte, e para contrariar a vontade de
seus acusadores, ela escolheu morrer nua.
Sobre Quintila e Felicitas não temos muitas fontes historiográficas para discorrer sobre
a vida e a atuação delas no movimento, entretanto pode-se afirmar que Felicitas também
sofreu o martírio, que é datado de 7 de março de 202 ou 203 d.C, e sobre Quintila, afirma-se
que em Pepuza havia uma igreja em homenagem a ela, pela importância que ela tinha para o
movimento do Montanismo.
É importante salientar que os fragmentos de texto que existem sobre o Montanismo, são
os mais antigos textos encontrados que trata sobre a história e teologia das mulheres nos
primórdios do cristianismo. O movimento da “Nova Profecia” rompeu com os dogmas da
exclusão das mulheres, e reconheceu a importância da mulher no cristianismo, no
Montanismo as mulheres tinham o espaço que não teriam em nenhum outro movimento
cristão daquela época, como eu disse anteriormente, elas participavam do clero, na prática, elas
eram a liderança do movimento. Grande parte das perseguições do movimento se deve a esse
fato, de terem mulheres clérigas, formalmente conhecidas, algo que era impensável para o
catolicismo em formação.
Um movimento como esse, com uma atuação ativa das mulheres, uma ação
protagonista do sexo feminino, só poderia sobreviver na marginalidade e na clandestinidade,
pois essa atuação feminina era o oposto do que a igreja oficial acreditava e pregava ser o correto.
As mulheres que tiveram grande relevância no ministério de Jesus e na igreja primitiva,
que foram esquecidas e deixadas de lado por algum tempo pela igreja oficial, encontra
lugar nesse movimento, que foi considerado herege por muitos, inclusive pela igreja oficial.
CONCLUSÃO
O Montanismo foi um movimento que teve grande destaque nos primórdios do
cristianismo, foi revolucionário quanto a presença atuante das mulheres e a inclinação a voz do
Espirito Santo. Por muitos foi visto como algo novo, dado pelo próprio Espirito do Senhor,
sendo assim várias pessoas aderiram as suas doutrinas e seus novos ensinamentos, mas para a
igreja oficial foi considerado herege, pois suas doutrinas e costumes eram totalmente diferente
dos praticados pelo clero oficial, com isso o movimento sofreu perseguições severas até ser
excomungado e se tornar uma seita.
O movimento tem características que para nós hoje não seriam impraticáveis ou
impensáveis, mas sim alguns ensinamentos que praticaríamos hoje sem algum problema, o fato
dele ser revolucionário e contrário a igreja oficial da época é que faz com que ele seja tão
combatido em algumas fontes historiográficas. Como dito anteriormente, o movimento
foi muito relevante e significativo para o cristianismo antigo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS