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Uma das principais características da Era Moderna, séculos XVI a XX, foi
o aparecimento do neo-paganismo, cuja decadência hoje assistimos da então
"Nova Era". Esse "movimento" filosófico religioso não é genuinamente novo, e
nem um movimento na verdade, e, o pior de tudo, não é de fato pós-moderno,
como sugerido.
O pós-modernismo induz ir além da dita modernidade e inclusive da típica
religiosidade moderna. Assim, a chamada Nova Era é firmada no paganismo e
nada tem de pós-moderna. Pelo contrário, ela é “moderníssima”, ela representa
o modernismo não no seu apogeu, mas sim na sua mais completa decadência.
O neo-paganismo não é novidade, trata-se da recuperação e apropriação
da mentalidade religiosa da era pré-cristã. Ou seja, "trata-se de uma profunda
verdade que o mundo antigo era mais moderno que o mundo cristão."
Assim sendo, a Idade Moderna é mais alinhada com o paganismo do que
com o cristianismo. Além disso, o neo-paganismo não tem nada de novo, porque
suas bases teóricas e filosóficas tiveram início há seis séculos atrás, no princípio
da Idade Moderna.
Foram os humanistas dos séculos XV e XVI, os primeiros envolvidos na
reapropriação do paganismo. Esses pensadores e filólogos dedicaram suas
vidas à recuperação da literatura e cultura da antiguidade greco-romana.
Não se pode condenar esta atividade em si, porém, uma vez efetivada,
permitiu que a mentalidade pagã fosse resgatada por parte dos eruditos
europeus da época que se sentiam insatisfeitos com o cristianismo e com o que
a religiosidade lhes era oferecida.
Essa insatisfação é perfeitamente compreensível, uma vez que a igreja
da época vivia sua maior crise espiritual da história. Todavia, nem todos os
humanistas deste período foram atraídos pela religiosidade pagã. Muitos
consideraram sensato lutar pela reforma eclesiástica e buscar um avivamento
espiritual. Assim, tanto o avivamento como a reforma aconteceram como fruto
do esforço desses mesmos pioneiros humanistas.
Os líderes da Reforma Protestante eram humanistas e cristãos. A verdade
é que a filosofia do neo-paganismo foi lançada igualmente na ideologia e filosofia
europeia, e seus primeiros frutos foram colhidos nos séculos subsequentes,
dando início ao movimento intelectual chamado de Iluminismo.
O Iluminismo do século XVIII representou o reestabelecimento efetivo do
neo-paganismo como ideal intelectual por excelência da modernidade. Os mais
importantes pensadores iluministas rejeitaram o cristianismo por completo, ou
trocaram-o por uma mentalidade religiosa pagã, ou, ainda, procuraram adaptar
a fé cristã às recém recuperadas concepções helenistas, produzindo
heterodoxias como o deísmo e a teologia kantiana.
A maçonaria é outra concepção neo-pagã, com origem no iluminismo
francês. Tanto os teóricos da Revolução Francesa quanto os líderes federalistas
americanos, ou teóricos da Revolução Americana, estavam embasados na
filosofia iluminista e no neo-paganismo.
Como o Modernismo havia chegado ao seu apogeu, os séculos
subsequentes, XIX e XX, assistiram ao lento declínio da modernidade (o
marxismo e o existencialismo marcam, por exemplo, e de formas diferentes, esse
declínio).
Entretanto, nunca o declínio do neo-paganismo esteve tão evidente
quanto hoje, em que se manifesta em suas formas mais vulgares, nos diferentes
componentes dessas ideologias e noções religiosas pagãs, chamada de Nova
Era.
Cabe, portanto, enquanto pensadores cristãos, compreender a natureza
do neo-paganismo, um aspecto importante da história da teologia moderna, e
também da realidade destes tempos de transição vivenciados hoje.
A Nova Era é um fenômeno cultural, mas não é exatamente uma religião,
ou uma nova organização religiosa; não possuindo líderes explícitos, ou
membros, ou hierarquia, nem estatutos ou mesmo confissão de fé.
Diferentemente do que muitos livros evangélicos populares querem nos fazer
acreditar, a Nova Era não é nenhuma conspiração secreta.
Este tipo de sensacionalismo evangélico patrocinado por algumas
lideranças de algumas de nossas igrejas, acabam por estimular uma falácia
teológica que é incluída na "batalha espiritual", promovendo um grave efeito
nocivo. Os que creem neste sensacionalismo, passam a lutar contra um inimigo
inexistente, um fantasma, uma ficção da nossa imaginação, em vez de
enfrentarmos a verdadeira horda que nos cerca.
A miscelânia denominada Nova Era é composta por movimentos neo-
pagãos diferentes um dos outros, que vão desde as popularizações das religiões
orientais como o hinduísmo, budismo e taoísmo, até as superstições pagãs como
astrologia, o poder curativo dos cristais, adivinhações e necromancia.
Os brasileiros muito antes de importar dos Estados Unidos o conceito de
Nova Era, já estavam acostumados com as formas mais decadentes da
religiosidade moderna, pois o espiritismo é um excelente exemplo de neo-
paganismo. Do ponto de vista apologético, cada uma dessas manifestações neo-
pagãs devem ser combatidas e derrotadas individualmente, e não como um ser
informe ou uma abstração, como frequentemente tem acontecido.
Não significando que o fenômeno não possa ser analisado do ponto de
vista antropológico, filosófico ou teológico. Sem dúvida, cabe buscar
compreender o neo-paganismo em termos genéricos. Isso não é de forma
alguma contraditório, pois esta análise não tem como objetivo misturar ou
confundir as diferentes manifestações neo-pagãs sob um mesmo rótulo, criando
um confronto apologético com esta quimera, composto de partes de diferentes
corpos e origens.
Essa "arqueologia epistemológica" busca descobrir as pressuposições
fundamentais do movimento, e produzir dessa maneira um arsenal de noções
filosóficas e teológicas que possam de fato auxiliar no combate individual dessas
diferentes expressões religiosas neo-pagãs.
A. Piedade
O senso de piedade do latim pietas a que referimos é o instinto natural
religioso de respeito a algo maior que o ser humano, o divino. Isto faz com que
a humildade de se reconhecer como “servo” de um grande processo e esquema
universal. Este reflexo é visto na mentalidade do neo-paganismo na adoção do
chamado modelo newtoniano. O resultado disso no paganismo antigo era um ato
religioso chamado moderação, em grego sophrosyne, expressado na frase
"nada em demasia" inscrita nos templos de Apolo, junto ao famoso "conhece-te
a ti mesmo.
As religiões pagãs asiáticas, em sua maioria, mantêm esta tradição de
reverência, de reticência e de moderação. Já a civilização ocidental não pratica
e nem entende essa reverência, e, assim, o neo-paganismo difere do seu
ancestral neste importante aspecto. Contrariamente o neo-paganismo diviniza o
homem, é a religião do homem como um novo deus, difundindo "o valor infinito
do ser humano" e "a autonomia do pensamento crítico."
O neo-paganismo confunde-se com o humanismo contemporâneo, que
transformou em uma quase-religião. No movimento da Nova Era, que trata do
neo-paganismo em avançado estado de putrefação, o humanismo se manifesta
de forma mais crassa, como, por exemplo, no fato de que quase todas as
práticas, terapias e crenças da Nova Era são voltadas para o bem-estar do ser
humano, para o seu aperfeiçoamento, para o seu conforto e prazer.
Além disso, existe o pressuposto implícito nas diferentes manifestações
neo-pagãs de que o ser humano é capaz de resolver os seus problemas
espirituais por conta própria, através de exercícios, meditação ou utilização
"racional" (ou irracional) de objetos naturais como plantas e cristais.
Fica evidenciado que um retorno mais fiel ao paganismo antigo não seria
a solução para a busca religiosa do ser humano moderno, e muito menos do ser
humano pós-moderno. Apenas o cristianismo possui aquilo que o ser humano
necessita e busca. A piedade cristã não é somente superior à piedade pagã, por
ser uma piedade qualitativamente diferente.
Um princípio fundamental da piedade cristã está em se reconhecer como
criatura diante do Criador. Qualquer piedade que ofusque a distinção entre o
Criador e as criaturas é incompatível com a piedade cristã. A natureza não é
mãe; mas na verdade, no máximo uma “irmã”, como dizia Francisco de Assis.
Mas o mais importante que isso é o fato de que a piedade cristã é o pressuposto
da verdade teológica do pecado original.
O ser humano não é apenas um ser corrompido até o mais profundo do
seu ser, mas é também corrompido em todos os aspectos do seu ser, inclusive
sua razão, que sofre os chamados efeitos noéticos do pecado.
A razão humana não é confiável, são constantemente condicionados
pelos impulsos recebidos do meio em que o homem vive, e igualmente
impulsionados por instintos inconscientes sobre os quais não se tem qualquer
controle. Mas a diferença crucial e primordial entre a piedade cristã e a piedade
pagã está na certeza cristã de que não há nada que um ser humano possa fazer
para obter o favor divino.
A piedade pagã tem como aspecto principal o esforço humano para obter
o favor divino por meio de sacrifícios, rituais e promessas. Infelizmente muitos
cristãos se iludem pela mentalidade pagã que influencia a igreja, levando muitos
a abraçar uma cosmovisão pagã, ainda que sob o disfarce de elementos cristãos.
A piedade cristã tem como princípio o render-se diante da soberania divina, o
tornar-se receptáculo da graça divina imerecidamente outorgada àqueles que
humildemente se aproximam de Deus em um ato de arrependimento pelo
pecado, contrição sincera e confiança no perdão divino.
B. Moralidade
Rm 3.19-20 "Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo
da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável
diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras
da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado."
Rm 5.12 "Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que
todos pecaram."
Rm 8.7-8 "Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é
sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne
não podem agradar a Deus."
Rm 11.32 "Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com
todos usar de misericórdia."
Conclusão
“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”
Lc 23.38 – “Havia uma inscrição acima dele, que dizia: ESTE É O REI DOS
JUDEUS”.
Jo 19.19-20 “E Pilatos escreveu também um título, e o colocou sobre a cruz; e
nele estava escrito: JESUS O NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. Muitos dos
judeus, pois, leram este título; porque o lugar onde Jesus foi crucificado era
próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego”.
O triunfo do mal foi também a sua derrota, e com a morte do Filho de Deus
cominou na redenção do ser humano (ver Cl 1.13-14).
“O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho
do seu amor”
"Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era, e que há de
vir, o Todo-poderoso" (Ap 1.8).
Por
Pastor Fabiano Miguelotti Müller
Mestre em Ciência da Religião e Teólogo