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Suicidio. Boletim = Epidemioldgico Volume 48 N°30- 2017 Secretaria de Vigilancia em Saiide — Ministério da Saude ISSN 2358-9450 Perfil epidemioldgico das tentativas € Obitos por suicidio no Brasil e a rede de atengao a sade Introdugao. O suicidio é um fendmeno que ocorre em todas as regides do mundo, Estima-se que, anualmente, ‘mais de 800 mil pessoas morrem por suicidio e, a cada adulto que se suicida, pelo menos outros 20 atentam contra a propria vida. Segundo dados da Organizagao Mundial da Satide (OMS),* o suicidio representa 1,4% de todas as mortes em todo o mundo, tornando-se, em 2012, a 15* causa de mortalidade na populacao geral; entre os jovens de 15 a 29 anos, é a segunda principal causa de morte.! ‘Ainda que o cendrio seja alarmante, o suicidio pode ser prevenido,’ Sabe-se que o fendmeno do suicidio é complexo, influenciado por varios fatores, e que generalizagdes de fatores de risco sio contraproducentes. A partir de uma anilise contextual é possivel compreender situagdes de maior risco, entre elas ter acesso aos meios de cometer suicidio, apresentar dificuldade em lidar com estresses agudos ou crénicos da vida, e softer violéncia baseada em género, abuso infantil ou discriminagao. O estigma em relacao ao tema do suicidio impede a procura de ajuda, que pode evitar mortes.’ Da mesma forma, sabe-se que falar de forma responsivel sobre 0 fenémeno do suicidio opera muito mais como um fator de prevencio do que como fator de risco, podendo, inclusive, se contrapor a suas causas. ‘Assim, falar do tema sem alarmismo ¢ enfrentando os estigmas, bem como conscientizar e estimular sua prevencao, pode contribuir para reverter a situacao critica que estamos vivendo. De fato, intervengies eficientes, bem fundamentadas, baseadas em evidéncias, e em dados seguros, podem ser aplicadas a determinados grupos e individuos para se prevenir as tentativas de suic{dio e evitar o dbito por essa causa.’ Nesse sentido, o objetivo deste boletim é apresentar a situacao epidemiolégica das tentativas e dbito por suicidio no Brasil ea atuacao da rede de atencao a satide. Métodos Estudo descritivo do perfil epidemiolégico dos individuos que tentaram suicidio, bem como aqueles que evoluiram a bito por essa causa no Brasil, no periodo de 2011 a 2016, Os dados sobre as lesdes autoprovocadas ¢ as tentativas de suicidio foram extraidos do componente de Vigilancia de Violéncias e Acidentes do Sistema de Informagao de Agravos de Notificacdo (VIVA/Sinan), a partir das fichas de notificagao individual de violéncia interpessoal/ autoprovocada no periodo de 2011 a 2016. Foi realizada uma anilise descritiva das caracteristicas sociodemogréficas dos casos de lesses autoprovocadas (raga/cor, escolaridade, ‘dade, presenga de deficiéncia/transtorno e zona de residéncia) e das caracteristicas da ocorréncia (local de ocorréncia, violencia de repetigao e relagdo com © trabalho), segundo o sexo dos individuos. Entre as lesées autoprovocadas, foram selecionadas aquelas notificadas como tentativa de suicidio, Destaca-se que ideagio suicida nio é objeto de notificacio e, para a presente anilise, foram consideradas todas as variagdes apresentadas no banco de dados para tentativa de suicidio, tentativas de cessar a propria vida e autoexterminio. Para esses casos procedeu-se, de forma similar, com a descrigao das caracteristicas sociodemogrificas dos casos das caracteristicas das ocorréncias. Os dados referentes aos ébitos foram captados pela declaracio de dbito e registrados no Sistema de Informagao sobre Mortalidade (SIM), no periodo de 2011 a 2015. Os dbitos foram codificados segundo a Classificagio Estatistica Internacional de Doengas e Problemas Relacionados a Satide, na sua décima revisio (CID-10).‘ Foram utilizados, para este boletim, os ébitos cujas causas bésicas foram classificadas como: lesio autoprovocada intencionalmente (X60 a X84), intoxicacdo exégena de intencio indeterminada (Y10 a Y19) e sequela de lesses autoprovocadas intencionalmente (¥87.0). As duas iltimas categorizagées foram incluidas na Secretaria de Vigilancia em Saiide ~ Minist anilise considerando-se a literatura que descreve a mudanga de classificagao dos dbitos devido a possiveis falhas na codificacio da causa. Foram calculadas as taxas brutas de mortalidade segundo sexo (masculino e feminino), por 100 mail habitantes, das seguintes variaveis: faixa ctaria (5 a 19; 20 a 29; 30 a 39; 40 a 49; 50.259; 60a 69; 70 anos ou mais); escolaridade, em anos de estudo (0 a 3; 4.7; 8a 11; 12 e mais); e raca/cor da pele (branca, negra (preta + parda), amarela ¢ indigena). Também foi realizada a distribuicio espacial das taxas de mortalidade por suicidio, bem como calculada a variagio das taxas nos anos de 2011 e 2015, segundo sexo e Unidade da Federacao (UF). Essa variagao, entre 2011 2015, foi estimada subtraindo-se os valores das taxas. Foram utilizadas, como denominadores para 0 clculo das taxas de mortalidade, as somas das estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilios (PNAD) nos anos de 2011 a 2015. Boletim Epidemiolégico jo da Saude — Brasil Além disso, foram descritas as proporgoes, para ambos os sexos, das varidveis estado civil (solteiro divorciado/vitivo; casado/uniao estavel) e meio utilizado para autoprovocar a lesio (enforcamento; intoxicacao exdgena; arma de fogo; ¢ outras formas). Resultados Perfil das lesdes autoprovocadas ¢ tentativas de suicidio registradas no Sistema de Informagio de Agravos de Notificacao (Sinan) no periodo de 2011 a 2016 ‘No periodo de 2011 a 2016, foram notificados no Sinan 1.173.418 casos de violéncias interpessoais ou autoprovocadas, Desse total, 176.226 (15,0%) foram. relativos & pritica de lesdo autoprovocada, sendo 116.113 (65,9%) casos em mulheres e 60.098 (34,1%) casos em homens. Considerando-se somente a ocorréncia de lesao autoprovocada, identificaram-se 48.204 (27,4%) casos de tentativa de suicidio, sendo 33.269 (69,0%) em mulheres ¢ 14.931 (31,0%) em. homens. Observe-se que, do total de notificagées por © 1969, Ministéio da Satide. Secretaria de Vigilancie em Saude, £ permitida a reproducao parcial ou total desta obra, desde que ctada a fonte e que nao seja para venda ou qualquer fim comercial Comité Editorial Adelson Loureiro Cavalcante, Sénia Maria Feitosa Brito, Adele Schwartz Benzaken, Daniela Buosi Rohlts, Elisete Duarte, Geraldo da Sila Ferreira, Jodo Paulo Toledo, Marcia Bestrz Dieckmann Turcato, Nar'a de Fatima Marinho de Souza, Maria Terezinha Vilela de Almeida Equipe Editorial Coordenasio-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Servigo/SVS/MS: Maria de Fitima Marinho de Souza e Thereza de amare Franco Netto (Editoras Cientificas), Licia Rolim Santana de Freitas (Editora Assistente). Colaboradores Departamento de Doencas e Agravos ndo Transmissiveis © Promogdo da Satide/Secretaria de Vigilancia em Saiide (DANTPS/SVS/MS) Aglaér Alves da Nébrega, Gabriela Chagas Dornles, Isabella Vitra Pinto, Kauara Rodrigues Dias Ferreira, Mariana Goncalves de Freitas, Valdelaine Etelvina Miranda de Araijo. Cootdenacao Geral de Satide Mental, Alcool ¢ outras Drogas/Departamento de Acdes Programaticas e Estratégicas/Secretaria de Atengio a Saude (CGMAD/DAPES/SAS/MS): Adela Benet de Paula Capistrano, Cinthia Lociks Araujo, Marina Rios Amorim, Patricia Santana Santos do Amaral Coordenacdo Geral de Satide do Adolescente do Jovemy/ Departamento de AcSes Programéticas e Estratégicas/Secretaria de AtengSo 8 Saude (CGSA/DAPES/SASIMS): Ana Lufsa Lemos Serra, Caroline Maria Arantes de Moras. Coordenasao de Atencio Priméria & Satide Indigena/Departamento de Atencio & Satide IndigenaySecretaria Especial de Saude Indigena (DASUSESAV/M): Fernando Pessoa de Albuquerque, Lvia Vitent CCoordenacao de Saude da Pessoa Idosa/Departamento de Acées Programaticas & Estratégicas/Secretaria de Atencdo 8 Satide (COSAPYDAPES/SAS/MS): Helena Cerveira Lopes. Coordenagao Geral da Poltica Nacional de HumanizacéoySecretaria de Atencio & Satide (CGPNHISAS/MS): Hiojuma Figueiredo de Morais Montero, Coardenagao Geral de Satide do Tabalhador/Departamento de Vigilincia em Sade Ambiental e Satide do Trabalhador/Secretaria de Vigilancia em Satide (CGST/DSAST/SVS/MS): Raquel Dantas da Rocha, Vania Beatris Cardeal Dos Santos. Coordenacao Nacional de Saude do Homern/Deoartamento de Acoes Programiticas e Estratégicas/Secretaria de AtengSo & Saude (CNSHIDAPES/SAS/MS): Renata Gomes Soares, Normalizagso ‘Ana Flavia Lucas de Faria Kama (CGDER/SVS) Projeto grafico e distribuicio eletrénica Nacleo de ComunicacdoySvS Revisao de texto Maria rene Lima Mariano (CGDEP/SVS) 2 I elu a8 2097 | Ministério da suse oe Boletim Epidem Secretaria de Vig logico incia em Satide ~ Ministéri 35.000 30.000 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 2011 2012 2013 Feminine da Saude ~ Brasil 30013 15455 20a 2015 2016 Masculine Figura 1 - Nmero de notificagées por lesao autoprovocada, segundo sexo © ano, Brasil, 2011 a 2016 lesio autoprovocada, foram identificados 15 casos com sexo ignorado; e, do total de notificagdes por lesio autoprovocada e tentativa de suicidio, foram identificados 4 casos com sexo ignorado. A Figura 1 apresenta a distribuicgao dos casos notificados de lesdo autoprovocada, segundo sexo e ano, no periodo em estudo, Entre 2011 2016, observou-se aumento dos casos notificados de lesio autoprovocada nos sexos feminino ¢ masculino de 209,5% e 194,7%, respectivamente. ‘A.anilise das notificagdes das lesoes autoprovocadas no sexo feminino, segundo raca/ cor, mostrou que 49,6% das mulheres eram brancas e 35,7%, negras (pardas + pretas). Em relacio & escolaridade, 30,5% delas apresentavam ensino fundamental incompleto ou completo 23,5% ensino médio incompleto ou completo. Destaca-se 0 elevado percentual de casos com escolaridade ignorada (39,5%). A ocorréncia de lesfo autoprovocada se concentrou nas faixas etérias de 10 a 39 anos, representando 74,4% dos casos. A presenga de deficiéncia/transtorno foi identificada em 19,6% dessas mulheres. A grande maioria delas, 89,4%, residia na zona urbana (Tabela 1), e os casos se concentraram nas regides Sudeste (51,2%) e Sul (25,0%) (Figura 2). Ressalte-se que 84,0% dos casos ocorreram na residéncia, seguidos de 4,8% em via piblica. Apesar da elevada proporgao de dados ignorados (24,5%), chamou a atencao que 33,1% das lesdes autoprovocadas tinham carter repetitivo. Somente 0,8% dos casos apresentavam alguma relagao com. o trabalho desenvolvido pela mulher (Tabela 2). Entre os homens, 49,0% eram brancos ¢ 37,2% negros (pardos + pretos); 32,3% apresentavam ensino fundamental incompleto ou completo e 19,6% ensino médio incompleto ou completo. A ocorréncia de lesao autoprovocada também se concentrou nas faixas etérias de 10 a 39 anos, representando 70,1% dos casos. A presenca de deficiéncia/transtorno foi identificada em 20,0% desses homens. A grande maioria deles, 86,2%, residia na zona urbana (Tabela 1), € 0 casos se concentraram nas regides Sudeste (49,6%) e Sul (26,2%) (Figura 2). Ocorreram na residéncia 72,4% dos casos, ¢ 10,4% em via puiblica. As lesGes autoprovocadas tiveram cariter repetitivo em 25,3% dos homens. Somente 1,1% dos casos apresentavam alguma relacao com o trabalho desenvolvido por eles (Tabela 2). Observou-se, para os dois sexos, grande proporsio de dados ignorados para as variveis escolaridade e presenga de deficiéncia/transtorno. ‘Na comparacao entre mulheres e homens com registro de lesao autoprovocada, destacaram-se: | lunes = 201713 Boletim Epidemiolégico Secretaria de Vigilancia em Saude ~ Ministério da Saude — Brasil Tabela 1 - Caracteristicas dos casos notificados de lesio autoprovocada, segundo sexo, Brasil, 2011 a 2016 Feminine, Mascaling Caracteristias dos casos 16.113) (=60.098) 0 % . % Ragakcor Branca 57586 we a6 290) Negra (preta + parda) a1a78 357 22382 m2 ‘Amarla ns os 409 o7 tndigena 55 os sn 10 Igrorado 15759 136 1298 21 Escolaridade “anafabeto 367 oe aia vA Ensno fundamental incompleto 27539 237 15486 258 Ensno fundamental completo 7838 6a 310 65 Ensino médioincompeto 12.025 104 son 8a Ensino médio completo 5218 na 6.709 na Enno superior incompleto zeae 2a 1130 19 Enno superior completo 2e1s 2A 1.085 18 Ignorado san 35 25.083 aur Nose aplca 995 09 859 1 Taina etria (em anos) rr 146 rr} 398 7 1019 20075 259 nies 196 2029 20.099 259 v2 287 2029 26207 26 12130 28 4009 17.060 147 ana 235 soe 7806 «7 ama 78 60 e mais ans 32 4.049 67 Presenca de defciincialtranstore sim w751 136 Tam 208 No 7.80 38.1 ans 56. Nao se aplica 3% 00 20 00 Ignorado 25.087 223 14308 ne Zona de residéncia Urbana wanes Ba si786 a2 furl 8497 13 5.101 102 Pesiuroana 859 a7 7 oa Ignorado 2.908 25 138 29 perfil raca/cor similar; maior escolaridade das eram brancas ¢ 32,8% negras (pardas + pretas). mulheres; maior proporgao de idosos do sexo Quanto a escolaridade, 28,5% delas apresentavam. masculino (6,7%); maior proporgio de homens ensino fundamental incompleto ou completo e com residéncia na zona rural (10,2%); e maior 25,5% ensino médio incompleto ou completo. A proporsao de homens nas regides Centro-Oeste, ocorréncia de tentativa de suicidio se concentrou Norte e Sul do pais. nas faixas etdrias de 10 a 39 anos, representando ‘A anilise das notificagées de tentativa de 73,1% dos casos. A presenca de deficiéncia/ suicidio em mulheres mostrou que 53,2% transtorno foi identificada em 25,5% dessas 4 Ita a8 2097 | Boletim Epidemiolégico Secretaria de Vigilancia em Sauide ~ Ministério da Saude ~ Brasil oo 49,6 50 40 z 0 25,0 262 20 127 126 10071 74 39 42 5 = centro-Deste Nordeste Norte Sudeste sul Masculina Figura 2 - Proporcio de notificagées por lesio autoprovocada, segundo sexo e regido de residéncia, Brasil, 2011 a 2016 Tabela 2 ~ Caracteristicas da ocorréncia dos casos de leséo autoprovocada notificados, segundo sexo, Brasil, 2011 a 2016 rae Tain Caracteristicas da ocorréncia (N=116.113) (N=60.098) ; * 8 * waldo, pereusinie at 3 2107 a3 Mia abla sit as ean tos Taine Tepe felcfo con Wabao im 0 rr wa a mulheres. A grande maioria delas, 92,1%, residia na zona urbana (Tabela 3), ¢ 0s casos se concentraram nas regides Sudeste (44,8%) ¢ Sul ¢ em via publica. Chamou a atengao 0 fato de 31,3 das lesdes terem carter repetitivo, embora fosse 4%) (Figura 3). Evidenciou-se que 88,9% dos casos ocorreram na residéncia, seguidos de 2,3% elevada a proporgio de dados ignorados (27,9%). Somente 0,6% dos casos apresentavam alguma relagdo com o trabalho desenvolvido pela mulher (Tabela 4), Entre os homens notificados por tentativa de % suicidio, 52,2% eram brancos e 34,8% negros (pardos + pretos), Com relagao A escolaridade, | ene = 201715 Boletim Epidemiolégico Secretaria de Vigilancia em Saude ~ Ministério da Saude — Brasil 30,1% deles apresentavam ensino fundamental (42,8%) e Sul (34,9%) (Figura 3). A andlise das incompleto ou completo e 22,6% ensino médio caracteristicas das ocorréncias mostrou que 82,0% incompleto ou completo. Em 71,1%, os casos dos casos ocorreram na residéncia, seguidos de ocorreram nas faixas etdrias de 10 a 39 anos. A 5,4% em via publica. Apesar da elevada proporsio presenga de deficiéncia/transtorno foi identificada__ de dados ignorados (29,6%), 26,4% das lesGes em 27,7% desses homens. A grande maioria tinham carter repetitivo, Somente 0,7% dos casos deles, 89,9%, residia na zona urbana (Tabela 3), apresentavam alguma relacao com o trabalho € 05 casos se concentraram nas regides Sudeste desenvolvido pela pessoa (Tabela 4), Tabela 3 ~ Caracteristicas dos casos de tentativas de sul io notificadas no Sinan, segundo sexo, Brasil, 2011 a 2016 Feminino Masculing CCaracteristicas (e33.269) w=t4931) A % A % Ragalcor Brance 17.689 532 7792 522 Negra (preta + parda) 10.923 328 5.194 348 Amarela 207 06 9 os Indigena 6 02 54 08 Ignorado 4381 132 nan 1A Escolaridade ‘Analfabeto 178 05 rer) 08 Ensina fundamental incompleto 7239 218 3.428 230 Ensino fundamental completo 2.236 67 1054 7A Ensine médio incompleto 3.621 109 1421 9s Ensino médio completo zai 146 1.963 33a Ensino superior incompleto 1.035 3A 414 28 Ensino superior completo 990 3.0 364 24 Ignorado 13.028 39,2 6.108 40.9 Nao se aplica 101 03 58 oa Faixa etaria (anos) 09 17 oa @ oa 1019 2018 241 2565 v2 20:28 3551 25,7 4.646 Bi 3039 7.760 233 3.398 2.8 40-49 5333 160 2142 143 5059 2521 16 1260 84 60 ou mais 968 29 858 57. Zona de residéncia Urbana 30.600 92,1 13417 99) ural 1.584 48 o78 66 Periurbana 365 1 184 2 Ignorado 680 20 352 28 Presenga de deficénciaftranstorno ‘sim 3.499 255, 4138 27 Nao 16.265 43,9 e782 453 Nao se aplica " 0.0 5 00 Ignorado 3.494 25.5 4.026 27.0 6 {vlan a8 2017 | Boletim Epidemiolégico Secretaria de Vigilancia em Satide ~ Ministério da Saude ~ Brasil 60 50 40 20 1 Figura 3 - Proporsio de notificagées de tentat Tabela 4 ~ Caracteristicas da ocorréncia dos casos de tent: 98 91 Centro-Oeste a2 90 Nordeste Feminine aed OD 334 349 | eT Norte Sudeste sul smMasculine 5 de suicidio, segundo sexo e regido de residéncia, Brasil, 2011 a 2016 vas de suicidio notificadas no Sinan, segundo sexo, Brasil, 2011 a 2016 Masculine Caracteristicas wera3i) a % 0 % Local da ocorréncia Residéncia 79.565 388 72246 2 Fscola m 03 30 02 Smeslsonios, ndustinntonsiugte 32 o7 aa 1 Via pablica 73 23 807 5a outro 503 18 569 38 Ignorado 2.078 62 1.967 1 Violéncia de repetigio im 10.809 313 3.985 264 Nao 13.575 408 6561 439 Ignorado 9.285 278 4.825 236 Relagio com trabalho Sim 17 06 102, 07 Nao 31.238 939 13.883 93 Ignorado 1.834 55 946 63 Perfil dos ébitos por suicidio registrados no Sistema de Informagao sobre Mortalidade (SIM) no periodo de 2011 a 2015 No periodo de 2011 a 2015, foram registrados 55.649 dbitos por suicidio no Brasil, com uma taxa geral de 5,5/100 mil hab., variando de 5,3 em 2011 a 5,7 em 2015. O risco de suicidio no sexo masculino foi de 8,7/100 mil hab., sendo aproximadamente quatro vezes maior que 0 feminino (2,4/100 mil hab.). Em ambos os sexos, o risco aumentou, ao longo do periodo, passando de 8,4 para 9,1/100 mil hab. no sexo masculino e de 2,3 para 2,5/100 mil hab. no feminino. Assim, © crescimento da taxa foi de 0,7/100 mil hab. no sexo masculino e de 0,2/100 mil hab. no feminino (Figura 4), Independentemente do sexo, as maiores taxas de suicidio foram observadas na faixa etaria de 70 | vanes = 201717 Secretaria de Vigilancia em Saiide ~ Minist € mais anos (8,9/100 mil hab.); com até 3 anos de estudo (6,8/100 mil hab.) e na populagao indigena (15,2/100 mil hab.). Entre os homens, a taxa de mortalidade por suicidio seguiu o mesmo padrio, com o maior valor na faixa etaria de 70 anos e mais de idade (17,1/100 mil hab.); com até 3 anos de estudo (10,9/100 mil hab.) e na populago indigena (23,1/100 mil hab.). Jé entre as mulheres, a faixa etaria mais acometida foi a de 50 a 59 anos (3,8/100 mil hab.), € aquelas com 12 mais anos de estudos tiveram risco de dbito por suicidio (2,4/100 mil hab.) semelhante ao observado na faixa de 4 a7 anos de estudo e 1,5 vez maior que 0 risco entre as mulheres com 8 a 11 anos de estudo (Tabela 5). Analisando-se a proporgao de dbitos segundo faixa etéria e raga/cor da pele, observou-se que 44,8% dos suicidios ocorridos na populacao indigena foram cometidos por adolescentes (10a 19 anos), valor oito vezes maior que o observado entre brancos e negras (5,7% em cada) nessa mesma faixa etéria (Figura 5). O perfil dos individuos que evoluiram a ébito por suic{dio foi semelhante entre os sexos, com maiores proporcdes entre solteiros(as), vitivos(as) ou divorciados(as) (masculino 60,3%; feminino 60,7%) € entre os que usaram o enforcamento para perpetrar 0 ato (66,1% e 47,0%, respectivamente) (Tabela 6), ‘As maiores taxas de dbito por suicidio foram registradas nos estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Mato Grosso do Sul que, no periodo estudado, apresentaram, respectivamente, 10 os. o7 08 oa 02 00 Mascuino Boletim Epidemiolégico jo da Saude — Brasil 10,3, 8,8 ¢ 8,5 dbitos por 100 mil hab. Nesses estados, as taxas segundo o sexo foram, respectivamente: masculino (16,5/100 mil hab; 13,5 /100 mil hab.:13,3/100 mil hab.) e feminino (4,2/100 mil hab; 4,1/100 mil hab; 3,7/100 mil hhab.). As maiores variac6es da taxa, em niimero de dbitos por 100 mil, no sexo masculino, foram observados nos estados de Roraima (5,1/100 mil hab.), Rondénia (3,1/100 mil hab.) e Amapa (2,2/100 mil hab). No sexo feminino, a maior variagéo foi observada no Distrito Federal (1,1/100 mil hab.), seguindo-se os estados de Roraima, Amapé e Piaus, cada um com 0,9/100 mil hab. (Figura 6), Discussao ‘A notificagao de violéncias interpessoais ¢ autoprovocadas integra a lista de doengas e agravos de notificagao compulséria no Sinan desde 2011, quando a notificagao passou a ser universal para todos os servicos de satide piblicos e privados do pais’ A violéncia autoprovocada compreende autoagressées, automutilagdes e tentativas de suicidio em pessoas dos sexos feminino e masculino, cujo desfecho ndo resulta em dbito. A notificagao tem por objetivo vinculd-las aos servigos de satide, como forma de intervengio em sade e prevengao de novas ocorréncias.” A partir da Portaria MS n° 1.271/2014 (http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/ prt1271_06_06_2014.html),* a tentativa de suicidio passou a ser um agravo de notificagao obrigatéria cimediata, devendo a notificagio ser feita para a 04 02 Feminino Geral Figura 4 ~ Variagdo da taxa de mortalidade por suicidio, por 100 mil hab., segundo sexo, Brasil, 2011 a 2015 8 | vlan a8 2017 | Boletim Epidemiolégico Secretaria de Vigilancia em Saiide ~ Ministério da Saude ~ Brasil Tabela 5 —Taxa de mortalidade por suicidio, por 100 mil hab, segundo caracteristicas sociodemograficas, Brasil, 2011 a 2015 Taxa de mortalidade Variéveist Masculine Feminine Geral Faixa etaria (em anes)? 519) 23 1 7 2028 110 25 68 3039 ns 3.0 14 40-49 124 36 19 50.59 125 38 80 60-69 129 32 17 Toe mais 174 3.0 39 Escolaridade (anos de estudo)" 03 10.9 26 68 a7 9a 25 61 et 52 16 33 s2emais 53 24 34 Ragalcor Branca 95 27 53 Negra (preta + parda) 76 19 ar Amarela 38 12 28 Indigena 23 20 15.2 50 4s 40 35 30 25 20 8 10 a E E = Ee E E 7 509 toats 20229 «3023340049 50859 60269 = JO0U+ Indigena Branca ME Negra Ml Amarela Figura 5 - Proporcdo de dbitos por suicidio, segundo faixa etaria e raca/cor da pele, Brasil, 2011 a 2015, | vane = 201719 Boletim Epidemiolégico Secretaria de Vigilancia em Saude ~ Ministério da Saude ~ Brasil Secretaria Municipal de Saude em até 24 horas. inicio do cuidado para a pessoa também deve ser imediato, devendo ela receber os acompanhamentos de emergéncia necessérios, bem como acompanhamento psicossocial na Rede de Satide. ‘As les6es autoprovocadas e tentativas de suicidio s4o fenémenos complexos e multicausais, € possuem como determinantes os fatores sociais, econdmicos, culturais, biolégicos e a historia de vida pessoal.”*™! Essas les6es correspondem 20 fator de risco mais importante para 0 suic{dio."* “Apesar da auséncia de notificacoes de violéncias interpessoais/autoprovocadas em alguns municipios do pais, e considerando-se que apenas uma em cada trés pessoas que tentam suicidio é atendida por um servigo médico de urgéncia,”” a existéncia de uma base nacional de dados com as notificagoes de lesdes autoprovocadas e tentativas de suicidio permitiu conhecer o perfil dos individuos atendidos pelo setor de satide no periodo em estudo. ‘Um desafio importante é o preenchimento adequado e padronizado da causa de tentativa de suicidio na Ficha de Notificagao Individual. Os dados apresentados neste boletim apontaram clevadas proporgoes de casos ignorados para as varidveis escolaridade, presenga de deficiéncia/ transtorno e violéncia de repeticao. © diagnéstico mais fidedigno, as medidas de prevengao e 0 monitoramento mais eficaz dessas ocorréncias dependem da correta classificagao dos eventos e da qualidade no preenchimento dos campos da ficha. Os dados do Sinan relativos as notificagdes de lesao autoprovocada e tentativa de suicidio mostraram predominancia da ocorréncia em mulheres, raca/cor branca, nas faixas etarias da adolescéncia (10-19 anos) e adultos jovens (20-39 anos), residentes da zona urbana e com, escolaridade menor que 8 anos de estudo. Esses resultados vao ao encontro de dados de um inquérito de base populacional realizado em municipios brasileiros" e de um estudo de coorte retrospectiva dos registros de tentativas de suicidio em boletins de ocorréncia policial. Os dados relativos & presenga de deficiéncia/ transtornos apresentaram proporgées similares entre mulheres ¢ homens com notificagao de lesdo autoprovocada ¢ tentativa de suicidio. No entanto, os valores foram inferiores quando comparados aos resultados de outro estudo, o que pode ser devido, em parte, a proporgio de casos, com informagio ignorada.’ Por sua vez, os dados relativos & relacdo entre trabalho e ocorréncia de lesio autoprovocada e tentativa de suicidio apresentaram proporcées timidas, e podem ser mais bem exploradas com outras bases de dados e em estudos especificos sobre o tema. ‘As proporgoes de lesdes autoprovocadas ¢ tentativas de suicidio com cardter repetitivo apresentaram valores importantes para ambos 0s sexos, mas foram maiores entre as mulheres, assim como observado em estudo realizado com pacientes atendidos em setores de emergéncia."* ‘As pessoas que chegam a tentar o suicidio devem ser o principal foco das ages de vigilancia e de acoes preventivas dos profissionais e servicos de saide, A tentativa de suicidio é a expresso de um processo de crise, que se desenvolve de forma gradual. Portanto, intervir precoce e adequadamente na situagao, envolvendo a pessoa € seu conjunto de relagdes, é uma estratégia de prevencio do suicidio. Tabela 6 — Proporcio de dbitos por suicidio segundo caracteristicas sociodemogrsticas e meio utiizado, Brasil, 2011 a 2015 Masculino Femi Total Variévels 7 a , a Co Situagio conjugal Soltire (a) vivo (a) vorciadofa) 26.152 603 7.440) 60,7 33.584 604 Casado (a) unio estivel 13574 313 3.935 324 17.509 318 Ignoraderbranco 3.656 84 883 72 4.546 82 Meio utiizado Enforcamento 28.676 6 5768 a0 3a4a6 ory Intoxicagéo exégena 6.028 139 3.820 312 9.845 177 ‘Arma de ogo 4337 100 486 40 4823 87 Outros 4345 100 2.189 78 6535 na 10 | voene et 20171 Boletim Epidemi Secretaria de Vigilancia em Satide ~ Ministéri Masculine (2015) Taxa de rmortalidade/100mil s2073 Bi 722100 Moai ME rsa18 da Saude ~ Brasil Feminino (2018) sf Tara de + ‘mortalidade/100mi Lo12020 Dharazs Bha7033 Boaase Masculine (variacéo 2011-2015) Variagio {(Gbites/100 mi) [130-07 o7a-08 CJo [Bo oars TB 27052 Figura 6 - Distr Federacao, rasil,2011 a 2015, Dessa forma, a notificagao imediata da tentativa de suicidio deve ser realizada oportunamente, sem prejuizo do acolhimento ao paciente, visto que 0 objetivo é desencadear o acompanhamento do caso, garantindo o acolhimento ¢ a prestagio de cuidados necessrios, além da adocao de medidas terapéuticas adequadas. A atengao aos casos de tentativa de suicidio pressupde a mobilizagao e a organizacao dos servigos igdo espacial da taxa e variacao* da taxa de mortalidade por sui Feminine (vatiagéo 2011-2015) Variacio (bitos/100 mi) HB -63-09 83-01 C5 oraoa Tosa 3, segundo 0 sexo e a Unidade da de satide, a partir da construcio de linhas de cuidado, da sensibilizagao dos profissionais ¢ da desestigmatizagao do problema, da definicao de fluxos e responsabilidades, articulados numa rede de cuidados e de protecao envolvendo tanto a satide quanto recursos e estratégias intersetoriais. ‘A taxa de mortalidade por suicidio no Brasil no periodo estudado, embora duas vezes menor que a taxa mundial no ano de 2012, apresentou um padrao | alae a= 2007111 Boletim Epidemiolégico Secretaria de Vigilancia em Saude ~ Ministério da Saude ~ Brasil de comportamento semelhante quanto a0 sexo ¢& situagao conjugal.’ Por outro lado, destacaram-se as, maiores taxas de mortalidade nos adultos e idosos, a0 contrario do observado nos dados mundiais Considerando-se a classificagao da OMS de 1993, o Brasil apresenta um nivel médio de taxa de mortalidade por suicidio (entre 5 e 15/100 mil hab) no sexo masculino. Nesse grupo, as maiores taxas foram observadas na populagao idosa a partir de 70 anos; em pessoas com baixa escolaridade; solteiros (as), vitivos (as) ou divorciados (as); e que usaram o enforcamento como principal meio para cometer o suicidio. A maioria dos estudos encontrados em uma revisio narrativa menciona as doengas graves e degenerativas, a dependéncia fisica, disttirbios e, principalmente, a depressio severa, como fatores desencadeadores do fendmeno" nos idosos. Todavia, estudo realizado no Canada aponta que o suicidio em idosos esta associado a caracteristicas individuais e sociais e, por isso, as politicas que vvisam trabalhar apenas os fatores individuais sio ‘menos propensas a influenciar significativamente orisco de suicidio nessa populagao.” Por isso, a0 se pensar no enfrentamento do suicidio, é importante considerar as miiltiplas determinagdes envolvidas no fendmeno, ¢ nao somente as questdes biolégicas individuais. O sexo feminino apresentou algumas caracteristicas diferentes daquelas observadas entre os homens. A taxa de mortalidade por suicidio apresentou, segundo a classificagao supracitada,"* um nivel baixo (<5/100 mil hab.), e a maior taxa foi observada entre as mulheres adultas (40 a 59 anos). Quanto & escolaridade, ao contrario dos homens, entre os quais o risco diminuia 4 medida que a escolaridade aumentava, nas mulheres essa sequéncia decrescente foi interrompida na classe de 8a 11 anos de estudo, que apresentou menor risco entre as classes de escolaridade. Em ambos os sexos, 0 risco de ébito por suicidio na populagao indigena se destacou, por superar em mais de duas vezes o risco na populacio branca e pela alta proporcéo observada entre os adolescentes. Estes dados sao concordantes com estudos que indicam a vulnerabilidade dessa populacio entre sociedades de todo o mundo, bem como com a existéncia de taxas ‘mais altas de suicidio e de consumo de substancias psicoativas entre os jovens indigenas em regides ou rages como o Alaska, o Canada, a Groenlindia, os paises nérdicos ¢ a Russia."* 12 | voune ee 20171 ‘A questao do suicidio indigena interessa a pesquisadores e profissionais de diferentes areas, ¢, devido as altas taxas, os estudos antropoldgicos clevantamentos epidemiolégicos, assim como as intervengoes para prevencao do suicidio, sio realizadas de modo compartilhado com as comunidades indigenas, em especial, liderancas comunitarias e espirituais. Busca-se assim produzir ferramentas de prevencio condizentes com a realidade de grupos indigenas de diferentes regises do pais. Apesar disso, ainda ha necessidade de fortalecer as redes comunitarias de protecio e promogao da saiide dos jovens indigenas e, para isso, s40 necessarias acdes intersetoriais para além do setor saiide O enforcamento, a intoxicagao exdgena as armas de fogo foram, nessa ordem, os meios mais utilizados para cometer 0 suicidio. Segundo a OMS," estratégias de restri¢ao aos meios de cometer suicidio, como o controle do uso de agrotéxicos/pesticidas e de armas de fogo, reduzem a incidéncia do suicidio e sio recomendadas como instrumentos de prevengio universal, ou seja, para a populagao geral Todavia, mais estudos ainda so necessarios para se verificar o impacto, por exemplo, da Lei n° 10.826/2003* — que, no art. 6°, “proibe o porte de arma de fogo em todo 0 territério nacional, salvo em casos excepcionais" -, bem como do acesso a agrotdxicos. Uma publicacao de 2016 do Ministério da Satide menciona a exposicio humana a agrotéxicos como um problema de satide publica, além de trazer dados que podem subsidiar a ampliacdo de acées integradas de prevencdo, promogao, vigilancia e assisténcia & satide de populagées expostas ou potencialmente expostas a agrotéxicos no Brasil.” Rede de atengao a satide ‘No Brasil, o modelo de atengao & satide mental, antes centrado em internacGes em hospitais psiquistricos, foi redirecionado para servigos comunitirios de satide mental, de forma. se promover a garantia dos direitos das pessoas com transtornos mentais.” A partir disso, foi instituida aRede de Atencao Psicossocial (RAPS) do Sistema Unico de Satide, através da Portaria n° 3.088, de 23 de dezembro de 2011 (http://bvsms saudegovbr/bvs! saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep. html). Com os objetivos de ampliar 0 acesso a atengio psicossocial, articular agdes entre Boletim Epidemi Secretaria de Vig légico incia em Satide ~ Ministéri 0s servigos e ages intersetoriais, regular organizar as demandas e fluxos de assisténcia, a RAPS prope a qualificacio do cuidado, por meio do acolhimento ¢ acompanhamento continuo, considerando os diferentes niveis de complexidade de cada caso, bem como os grupos em situagao de maior vulnerabilidade.”* A RAPS tem na sua composicao a Atensao Basica em Satide, Atengao Psicossocial Especializada, Atengao de Urgéncia e Emergéncia, Atencao Residencial de Carater ‘Transitério, Atencao Hospitalar, Estratégias de Desinstitucionalizagao e Estratégias de Reabilitagao Psicossocial, Assim, reforga-se a responsabilidade dos pontos de atenc4o da RAPS ~ desde Unidades Basicas de Satide ¢ Centros de Atengao Psicossocial (CAPS), passando por leitos de satide mental em hospitais gerais, Servico de Atendimento Mével de Urgencia (SAMU) € outros servicos de urgéncia e emergéncia -, para a realizacao do diagndstico de necessidades de satide de cada territério, organiza¢io do cuidado em saiide mental, e efetivacao da atengéo psicossocial 4s pessoas com ideagio suicida e seus familiares, a partir da construgao de projetos terapéuticos singulares e do monitoramento dos casos. Mais informagées sobre locais de atendimento estao disponiveis em http://sage. saude.gov.br. Entre as estratégias de prevencdo ao suicidio, estao as relacionadas aos sistemas de informacao em saiide, incluindo a coleta e anilise de dados sobre tentativa de suicidio € dbito por suicidio.""** No Brasil, dados epidemiolégicos sobre as tentativas e dbitos por suicidio so disponibilizados por meio do Sinan e do SIM, respectivamente, No entanto, apesar de as tentativas de suicidio serem de notificagao compulséria e imediata," ainda ha barreiras a serem superadas, de forma a ser ampliada a abrangéncia da notificagio por parte dos estabelecimentos de satide. Entende-se a necessidade do uso de informacées, tanto para © acionamento imediato da rede de atencao, © acompanhamento dos casos, a intervensao precoce e adequada e o monitoramento dos casos, quanto para a garantia da alimentagao dos sistemas de informagao em saiide para producao de informagées consistentes que possam subsidiar tomadas de decisao e garantir a democratizacio das informagées, Essas ages podem prevenit a da Saude ~ Brasil ocorréncia e a concretizacio de novas tentativas de suicidio. Além disso, reconhecer 0 suicidio como um problema de satide publica e destinar recursos para sua prevengao é um caminho estratégico para preservar e melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas, Referéncias 1. World Health Organization. Preventing suicide: a global imperative [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2014 [cited 2017 Sep 19]. 88p. 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