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A origem da Filosofia data dos séculos VII e VI a.C. na cidade de Mileto com Tales, localizada
na região da Jônia.
- Elaborada primeiramente por Diógenes Laércio (180 - 240 d.C), a tese adquiriu vários significados até meados
do século XIX, sendo incorporada, inclusive, em interpretações do cristianismo medieval. Entre as
características do milagre:
1- a Filosofia surgiu de maneira única, inesperada e espontânea na Grécia, sem influência de outras culturas ou sociedades. Nesse
caso, o povo grego seria excepcional.
2 – Na Idade Média, sugeriu-se o milagre grego a partir da relação do contato entre o cristianismo e a filosofia grega por meio do
apóstolo Paulo, que esteve em Coríntio. Estabeleceu-se, então, intermediação divina e racional entre a filosofia grega de teor
racional e o cristianismo.
• O orientalismo
Racionalidade X Mitologia
- Tales foi um político atuante e temeroso com os persas. Buscou a união entre as cidades da Jônia.
- Previu um eclipse solar (585 a.C.). Viajou ao Egito, onde incorporou conhecimentos agrícolas,
geométricos e comerciais.
- Fez estudos meteorológicos e enriqueceu prevendo uma grande safra de azeitonas, o que o tornou
conhecido.
- Considerado por Aristóteles como o primeiro filósofo, iniciador da filosofia da physis ou da natureza.
Anaximandro (Mileto -610-547 a.C.)
- Filósofo, geógrafo, matemático, astrônomo e político Jônio, discípulo de Tales.
Diverge de seu mestre ao propor que a arché é o ápeiron, palavra grega que
significa ilimitado, indeterminado, indefinível, sem origem e inominável, sendo,
portanto, imaterial, infinito e imortal. Todavia, é o que origina todos os elementos
e toda a matéria presente no Universo. O indeterminado é a origem e a causa de
tudo o que existe, sendo apreendido apenas pelo pensamento, e não pela
sensibilidade.
- O Universo, guiado pelo movimento eterno e circular do ápeiron, faz surgir o quente (fogo) e o frio
(ar). Há equilíbrio e retribuição entre os contrários ou substâncias opostas. Os seres comuns, quando
morrem, retornam ao ápeiron.
- Primeiro mapa-mundi. Nele, o formato da Terra era cilíndrico; e o Sol, uma bola de fogo em
movimento. Elaborou a teoria dos mundos inumeráveis ou possíveis. Realiza um esboço de
antropogênese ao observar a possibilidade da origem aquática dos homens. Todos os seres vivos
teriam surgido a partir do lodo.
- Escreveu Sobre a Natureza, primeira obra filosófica escrita em língua grega. Teria introduzido ou
mesmo aperfeiçoado o relógio solar e o esquadro para medir distâncias entre as estrelas, sendo
considerado o pioneiro na astronomia na Grécia.
Anaxímenes (Mileto - 585-528/525 a.C.)
- O filósofo Jônio afirma que arché é o ar (pneuma). Discorda de Anaximandro,
pois, segundo Jônio, a arché não poderia ser indeterminada, porque a razão
apenas é capaz de pensar aquilo que possui determinação, de forma que o
ápeiron é inconcebível por ser abstrato. Diferentemente da água (tese de
Tales), o ar é invisível, mas nem por isso deixa de ser natural. O ar está
presente em tudo que existe, sendo o elemento primordial constituinte do
Universo. Constata que, do nascer ao morrer, há sua existência do primeiro
ao último suspiro, sendo o ar determinante para qualquer ser vivo. Dessa
forma, o mundo é vivo e respira (o ar seria equivalente à alma e ao corpo da
natureza).
- Dedicou-se à meteorologia (movimento perpétuo do ar produz a transição entre o frio e o calor).
- Opôs-se ao antropomorfismo e ao politeísmo das religiões que conheceu, sobretudo a grega. Deu-se
conta de que o desejo de espelhar nos deuses as próprias características humanas era natural, porém
equivocada.
- Trata-se do primeiro pensador a declaradamente se opor ao conteúdo das religiões até então
existentes.
Heráclito (Éfeso 540-470 a.C.)
- Filósofo Jônio, conhecido como “O Obscuro” ou “O Fazedor de Enigmas”,
devido à escrita de difícil compreensão e múltiplas interpretações. Defensor do
mobilismo, concepção que dirá que todas as coisas naturais estão em constante
movimento, em constante mudança, num constante devir ou fluxo contínuo de
mudança, sendo a sua engrenagem o fogo. Por isso, afirma: “Ninguém pode
entrar ou se banhar duas vezes no mesmo rio”. O mobilismo está relacionado ao
logos (razão ou inteligência) presente na natureza, havendo, assim, estabilidade
na própria mudança, sendo o fogo o responsável pelo fluxo dos contrários (para
Hegel, Heráclito é o precursor da dialética).
- A realidade apenas é compreendida por meio dos sentidos, pois tudo está em constante mudança e
apenas percebemos aparências.
- Heráclito desprezava a política da cidade, os demais pensadores gregos e os antigos poetas, como
Hesíodo e Homero.
- Nada teria escrito em sua vida e promoveu a transmissão oral de seus conhecimentos.
- Há, na escola pitagórica, o primeiro registro grego a respeito de uma teoria da reencarnação da alma
e de sua separação do corpo. Possivelmente, incorporou a matemática e a noção de reencarnação dos
egípcios. A purificação da alma ocorre neste mundo por meio da busca pela sabedoria e conhecimento.
- Por meio de proporções matemáticas, teria sido responsável por descobrir escalas e calcular as
diferenças entre as notas musicais.
Parmênides (515-460 a.C.)
- Filósofo Eleata, adversário da tese mobilista de Heráclito. É fundador da
ontologia (conhecimento do ser e da essência última dos seres).
Consequentemente, é um dos pensadores por trás da metafísica e da filosofia
num sentido mais abstrato. Conheceu e influenciou o então jovem Sócrates.
Estabeleceu a diferença entre essência (imutável e verdadeira – alétheia) e
aparência (que se transforma sempre, como a doxa; opinião, portanto,
instável, falsa e ilusória). O mobilismo de Heráclito não leva ao conhecimento
verdadeiro, mas às opiniões variáveis sobre as coisas.
- Concepção monista dos seres (o movimento não é verdadeiro). A verdade é única, imóvel, eterna,
imutável, sem princípio nem fim, contínua e indivisível.
- Por isso, afirma: o ser é (essência imutável e verdadeira, o que “é” é o objeto do pensamento). O que
muda é o não ser ( o que “não é” está em transformação e é capturado pelos sentidos, é falso).
- O acesso à verdade do ser se dá com o uso razão, do pensamento, afastando-se da opinião formada
pelos hábitos, impressões sensíveis, que são, por si só, ilusórias, imprecisas e mutáveis.
Zenão (489--430 a.C.)
- Filósofo eleata e discípulo de Parmênides, teria sido o primeiro a adotar a
dialética como método discursivo e interpretativo (Heráclito, por sua vez,
observou a dialética no movimento da natureza). Seu pensamento consiste na
defesa das teorias monistas (indivisível, imutável e verdadeira) de Parmênides.
- - Escreveu na forma de aporias banhadas de paradoxos (em grego, significa literalmente “contra
opinião” ou opinião oposta) e escreveu os livros, tais como: Contra os físicos, Explicação crítica de
Empédocles e Sobre a natureza. Os paradoxos concluem que não existe movimento e mudança; trata-se
de confusão dos sentidos.
- Paradoxos: Aquiles e a tartaruga e O arqueiro = cada movimento é constituído por infinitos momentos
imóveis. Dessa forma, o movimento é provido de instantes estáticos ou imóveis (Aristóteles irá se opor
a visão de Zenão, considerando-a tola).
- Participação ativa na vida política de Eleia. Legislou, ocupou cargos e conspirou contra o tirano Nearco.
Descoberto, foi preso e torturado.
Empédocles (Agrigento, 490-435 a.C.)
- Político, poeta, médico e cosmólogo, não buscou um único princípio das coisas.
Defendeu que a arché é constituída pelos quatro elementos: fogo, terra, água
e ar. Esses quatro elementos são separados e unidos pelo ódio (diferença) e
pelo amor (reúne as semelhanças). Há atribuição de valores morais à natureza e
também a presença de certa unicidade (uno-divino) entre os quatro elementos
(do uno ao múltiplo). Aproxima-se de Parmênides (unidade) e Heráclito
(movimento).
- Observou nos sentidos a capacidade de compreender o funcionamento da natureza.
- Opôs-se à tirania em sua cidade natal. Expulso, perambulou errante por toda a Grécia.
- Teria morrido na guerra de Peloponeso (431-406 a,C). Conta a lenda que morreu ao se atirar no vulcão
Etna para provar que era imortal ou um deus.
- Nessa visão, não existe o nada. Concebe a possibilidade de existência de mundos paralelos, repetição
de mundos ou a sucessão deles.
- Fugiu de Atenas, pois foi acusado de não acreditar nos deuses e por afirmar que o Sol é uma pedra
incandescente. A Lua, por sua vez, era apenas planeta constituído por terra, e não uma deusa.
Leucipo Demócrito
(Mileto, séc. V a.C.) (Abdera, cerca de 460-370 a.C.)
- Segundo os atomistas, existem dois elementos primordiais para a formação de todas as coisas: o
átomo e o vazio. A arché é tomada a partir dos átomos (em grego, partículas indivisíveis, individuais,
finitas e invariáveis, eternas e em perpétuo movimento) que se diferem entre si pela forma, tamanho,
posição e ordem. Tudo quanto existe é resultado combinações espontâneas de átomos ardentes, leves
e esféricos, responsáveis pela pluralidade do mundo.
- A natureza deve ser explicada por si mesma, e os acontecimentos não têm uma causa primeira,
contendo, sem exceção, tudo o que foi, é e será.
• A filosofia “não serve” porque não é servil, é liberdade. Logo, não se submete a
nenhuma forma de controle ou qualquer outro conhecimento. Por isso, o seu sentido
de liberdade.
• Filosofia não é uma Ciência (é cumulativa e objetiva). Possui teor mais subjetivo, e os
problemas são historicamente transversais.
“Só sei que nada sei” (Sócrates)