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ACÓRDÃO
Documento: 1217760 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça
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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 417.502 - RJ (2002/0024686-9)
RELATÓRIO
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Em suas razões recursais, de início, a agravante reafirma que a decisão proferida
pelo Tribunal estadual violou os arts. 458, II, e 535, II, do CPC, tendo em vista que "o Tribunal a
quo, mesmo após instado através de Embargos de Declaração, não sanou a omissão
apontada tanto na sentença quanto no v. Acórdão recorrido, qual seja, esclarecer em qual
exceção dos incisos do art. 2º do Decreto-Lei nº 857/69 o contrato de transporte entre as
partes estaria enquadrado" (fl. 238).
Salienta, ainda, que, acaso superada tal irregularidade, há de ser observado que a
decisão ora combatida deixou de apreciar o recurso especial no que se refere especificamente à
interposição pela alínea "c" do permissivo constitucional, tendo em vista que houve demonstração
de divergência jurisprudencial quanto "à impossibilidade de utilização da moeda estrangeira
como indexador inflacionário, argumento este sequer analisado na decisão ora agravada"
(fl. 238).
É o relatório.
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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 417.502 - RJ (2002/0024686-9)
VOTO
Com efeito, da análise dos autos, observa-se que as instâncias ordinárias não
deixaram de se manifestar a respeito da adequação da atividade contratada aos incisos do art. 2º
do Decreto-Lei nº 857/69, conforme se extrai do seguinte trecho do v. aresto recorrido:
"Não há que se falar em nulidade da cláusula contratual que
fixou o preço do frete em dólar, convertido em real na data do
pagamento, face ao que dispõe o art. 2º do Decreto-Lei nº 857/69,
que expressamente excluiu a incidência do art. 1º, já que se trata
de frete internacional para importação de mercadoria estrangeira,
nem muito menos na alegação de enriquecimento sem causa.
In casu, como salientou a douta sentenciante, não se trata de
contrato de mútuo, mas de outra espécie de contratação tendo como
referencial moeda estrangeira, atendendo, inclusive ao ramo de
negócio das partes envolvidas, não podendo ser invocada a tese de
enriquecimento ilícito ou, ainda, a teoria da imprevisão, tendo em
vista, que no ramo de atividade da recorrida, o pagamento com
taxa de câmbio desatualizada, como pretende a apelante, geraria
para ela um prejuízo equivalente em dólares, moeda corrente neste
tipo de comércio." (fl. 145).
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A decisão ora agravada também não merece reparos quanto ao mérito.
Observa-se, na hipótese dos autos, que o contrato firmado entre as partes data de
1998, na vigência, portanto, da Lei 8.880/94, que passou a vedar a utilização da variação cambial
da moeda estrangeira como indexador, ressalvadas as exceções previstas no art. 2º do
Decreto-Lei 857/69.
- DL 857/69:
Art. 1º - "São nulos de pleno direito os contratos, títulos e
quaisquer documentos, bem como as obrigações que exeqüíveis no
Brasil, estipulem pagamento em ouro, em moeda estrangeira, ou,
por alguma forma, restrinjam ou recusem, nos seus efeitos, o curso
legal do cruzeiro."
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porto argentino de Zarate e o do Rio de Janeiro, conforme elucidado pelo eg. Tribunal de origem
e na decisão agravada, deve ser inserido na regra do inciso I do art. 2º do Decreto-Lei 857/69 -
contratos e títulos "referentes a importação ou exportação de mercadorias" -, haja vista
tratar-se de "frete internacional para importação de mercadoria estrangeira" (fl. 145), qual
seja, 230 veículos modelo Sprinter da Mercedez-Benz.
É como voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2002/0024686-9 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 417.502 / RJ
Relator
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. LUCIANO MARIZ MAIA
Secretária
Bela. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : TRANSROLL NAVEGACÃO S/A
ADVOGADOS : ROGÉRIO LEITE LOBO E OUTRO(S)
MARCEL PEREIRA HID DA COSTA GUEDES E OUTRO
ADVOGADA : THAÍS ATAYDE HENRIQUE E OUTRO(S)
RECORRIDO : SANAVE NAVEGAÇÃO LTDA
ADVOGADO : FRANÇOISE PADILHA MENEZES E OUTRO(S)
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : TRANSROLL NAVEGACÃO S/A
ADVOGADOS : ROGÉRIO LEITE LOBO E OUTRO(S)
MARCEL PEREIRA HID DA COSTA GUEDES E OUTRO
THAÍS ATAYDE HENRIQUE E OUTRO(S)
AGRAVADO : SANAVE NAVEGAÇÃO LTDA
ADVOGADO : FRANÇOISE PADILHA MENEZES E OUTRO(S)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Quarta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos
do voto do Senhor Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Maria Isabel Gallotti, Antonio Carlos Ferreira, Marco Buzzi e Luis
Felipe Salomão votaram com o Sr. Ministro Relator.
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