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AULA 1

CÁLCULOS TRABALHISTAS

Profª Carolina Ikuta de Mello Lempe


TEMA 1 – NOÇÕES INICIAIS

No estudo dos cálculos trabalhistas, seja para liquidação da petição inicial,


da sentença ou para folha de pagamento, algumas noções iniciais são
imprescindíveis, especialmente porque a concretização do Direito do Trabalho
depende, em inúmeros momentos, da correta tradução do direito em valores.

1.1 Liquidação da Petição Inicial e da Sentença

Após a entrada em vigor da Reforma Trabalhista, com a Lei n. 13.467/2017,


a nova redação do parágrafo 1° do art. 840 da CLT passou a prever que a petição
inicial, em um processo na Justiça do Trabalho, além de designar o juízo, qualificar
as partes e expor brevemente os fatos, deve conter pedidos certos, determinados
e com indicação do valor; caso contrário, serão julgados extintos sem resolução
do mérito.
Inobstante à controvérsia acerca da liquidação dos pedidos na petição
inicial, se requisito de validade ou mera indicação econômica do que se pleiteia,
nota-se que o conhecimento acerca dos valores reclamados passou a ser
essencial, visto que para cada pedido deve ser indicado o seu montante
correspondente, ainda que por estimativa, como ocorre nos casos de pedidos
genéricos previstos no parágrafo 1° do art. 324 do Código de Processo Civil
(Brasil, 2015), aplicado ao processo do trabalho por força do art. 15 do mesmo
diploma legal e do art. 769 da CLT (Brasil, 1943).
No que tange à fase de liquidação de sentença, aquela entre o trânsito em
julgado e o processo de execução, e cujo objetivo é quantificar em valores aquilo
que foi determinado em direito pelo juízo, o conhecimento das metodologias de
cálculo é essencial para a efetiva concretização do direito. Neste sentido, a diretriz
para a correta liquidação se pauta no estrito cumprimento do que foi estabelecido
em sentença, conforme disposições previstas no art. 879 da CLT (Brasil, 1943).

1.2 Salário e Remuneração

Salário e remuneração são conceitos que têm como ponto em comum, via
de regra, o fato de representarem pagamentos ao empregado decorrentes do
serviço prestado, em razão do contrato de trabalho.

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Apesar de semelhantes, distinguir os dois institutos é fundamental, pois, a
depender da verba trabalhista em análise, será um ou outro utilizado como base
de cálculo.
Salário é comumente tratado como a contraprestação econômica devido ao
empregado pelo trabalho prestado, pelo tempo que permanece à disposição do
empregador, ainda pelos dias de descanso remunerado e de interrupções
previstas em Lei ou instrumentos coletivos.
No conceito de salário, devem ser compreendidas também tanto a
importância fixa ajustada contratualmente quanto as gratificações e comissões
pagas pelo empregador ao longo da relação de trabalho.
A partir do conceito de salário, é possível observar que o mesmo pode ser
pactuado de forma fixa ou variável, de modo que salário fixo é aquele definido no
contrato e que será pago sem alteração, salvo nos casos de falta ou atraso
injustificados, enquanto salário variável é o que depende do implemento de
determinada condição, seja uma venda, tarefa ou produção, fazendo com que seu
valor seja diferente mês a mês.
Como exemplo de salário fixo, é possível citar o empregado analista de
Recursos Humanos, contratado para trabalhar de segunda a sexta feira em uma
jornada semanal de 40 horas com salário de R$ 3.000,00, o qual,
independentemente de sua produtividade, receberá o valor ajustado. Já o
vendedor que recebe comissão de 3% sobre o valor da venda e terá como salário
o produto das vendas realizadas no mês é um exemplo de salário variável.
Por outro lado, a remuneração pode ser conceituada como um conjunto
que engloba tanto o salário quanto as gorjetas pagas por terceiros, conforme
previsto no art. 457 da CLT (Brasil, 1943).

1.3 Cálculo do salário-dia e salário-hora

A partir dos conceitos de salário e remuneração, é essencial compreender


também as definições e cálculos do salário-dia e salário-hora do empregado, visto
que se caracterizam como valores de referência no entendimento dos cálculos
trabalhistas.
No cálculo do salário-dia e salário-hora, é preciso observar primeiro que o
pagamento do salário não pode ser ajustado em periodicidade superior a um mês,
de acordo com o art. 459 da CLT (Brasil, 1943), e ainda que devem ser atendidos

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os limites de jornada previstos no art. 7°, inciso XIII, da CF/88, o qual estabelece
a jornada máxima de 8 horas diárias e 44 horas semanais.

1.3.1 Cálculo do salário-dia

O valor do salário-dia do empregado deve ser calculado, como regra geral,


a partir da divisão da remuneração mensal por 30, para atender ao previsto no art.
64 da CLT (Brasil, 1943).
Exemplo: empregado com salário de R$ 2.700,00. Para verificação do valor
do salário-dia, realiza-se o cálculo R$ 2.700,00 ÷ 30 = R$ 90,00.
Entretanto, segundo prevê o parágrafo único do art. 64 da CLT (Brasil,
1943), há situações específicas em que deve ser observado o número de dias
exatos do mês como divisor, o que ocorre na admissão, demissão, início e fim de
períodos de afastamento.
Exemplo: empregado contratado no dia 20 de fevereiro e salário de R$
2.700,00. Considerando a data de admissão, trabalhou apenas 9 dias no mês.
Com isso, deve-se realizar o seguinte cálculo: R$ 2.700,00 ÷ 28 dias = R$ 96,42
(salário-dia). R$ 96,42 x 9 dias = R$ 867,78 é o valor que este empregado
receberá referente ao mês de admissão.

1.3.2 Cálculo do salário-hora

O primeiro passo para definir o valor do salário-hora é encontrar a jornada


mensal, também conhecida como divisor a ser utilizado. Para isso, há dois
caminhos possíveis, os quais serão apresentados a seguir.
No primeiro, deve-se dividir a quantidade de horas de trabalho na semana
por 6, que equivalem aos dias de trabalho, para se definir a média de horas
trabalhadas por dia. Esse resultado deve ser multiplicado por 30, para que sejam
remunerados todos os dias do mês, incluídos os dias de descanso, conforme
previsto no art. 7°, inciso XV, da CF/88. O resultado definirá o divisor que será
utilizado para o cálculo do salário-hora.

Horas semanais ÷ 6 x 30 = horas mensais

Para obter o valor salário-hora, basta dividir o salário mensal por este
resultado.

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Salário mensal ÷ horas mensais (divisor do salário hora) = salário-hora

Vejamos um exemplo: empregado com jornada de 44 horas semanais e


salário mensal de R$ 2.000,00. Assim, 44 horas semanais ÷ 6 dias úteis = 7,33 x
30 dias a serem remunerados = 220 horas mensais. Assim, R$ 2.000,00 ÷ 220 =
R$ 9,09 é o valor do salário-hora deste empregado.
A segunda fórmula simplifica o cálculo ao considerar o mês trabalhista com
5 semanas, levando ao seguinte resultado prático: quantidade de horas semanais
de trabalho x 5 semanas trabalhistas = divisor para cálculo do salário-hora.

Horas semanais x 5 = horas mensais (divisor do salário-hora)

Novamente, o salário-hora é obtido a partir da divisão do salário mensal por


este resultado acima.

Salário mensal ÷ horas mensais (divisor do salário hora) = salário-hora

Exemplo prático: empregado com jornada de 8 horas diárias, 44 horas


semanais e salário mensal de R$ 2.000,00. Assim, 44 horas x 5 semanas
trabalhistas = 220 horas mensais. Logo, R$ 2.000,00 ÷ 220 = R$ 9,09 é o valor do
salário-hora deste empregado.
Jornadas mensais (divisores) frequentes:
Horas semanais Cálculo Divisor
44 horas semanais 44 horas x 5 semanas 220
40 horas semanais 40 horas x 5 semanas 200
36 horas semanais 36 horas x 5 semanas 180
30 horas semanais 30 horas x 5 semanas 150
20 horas semanais 20 horas x 5 semanas 100

TEMA 2 – DESCANSO SEMANAL REMUNERADO

O art. 7°, inciso XV, da CF/88, estabelece que é direito dos trabalhadores
um dia de repouso semanal remunerado, o qual deve coincidir preferencialmente
aos domingos. Também são considerados dias de descanso os feriados civis e
religiosos, conforme art. 1° da Lei n. 605/1949.

2.1 Empregado mensalista

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O empregado mensalista, ou seja, aquele que recebe seu salário por
mês, já tem remunerado os dias de descanso semanal conforme parágrafo 2°
do art. 7° da Lei n. 605/1949. Por este motivo, não é necessário cálculo
específico para pagamento deste valor para esta modalidade de contrato.

2.2 Empregado com remuneração variável

Os empregados que têm a sua remuneração variável, ou seja, paga


por dia, hora, ou comissão, não têm o valor do descanso semanal incluído
naquele pagamento, razão pela qual será necessário realizar cálculo
separadamente desta verba, de acordo com o art. 7° da Lei n. 605/1949.

2.2.1 Diarista

Ao empregado que recebe sua remuneração por dia de trabalho, deve ser
acrescentado o valor correspondente aos dias de descanso semanal, o qual
deve ser calculado da seguinte forma:
a) Somar os dias trabalhados no mês;
b) Multiplicar o resultado pelo número de dias não úteis do mês (domingos e
feriados);
c) Dividir pelo número de dias úteis. O sábado deve ser considerado como dia
útil, salvo se for feriado; e
d) Por fim, multiplicar pelo valor do salário-dia contratado.

Exemplo: empregado diarista contratado para trabalhar segunda, quarta e


sexta, 6 horas por dia, com salário-dia de R$ 50,00. Considerando o mês com 27
dias úteis e 4 dias não úteis (domingos e feriados), o empregado trabalhou 13 dias
no mês. Assim: 13 dias trabalhados x 4 dias não úteis = 52 ÷ 27 dias úteis = 1,92
x R$ 50,00 = R$ 96,00 é o valor que deve ser pago a título de descanso semanal
remunerado ao empregado diarista.

2.2.2 Horista

Assim como o empregado contratado por dia de trabalho, o empregado


contratado por hora também deve ter o cálculo do descanso semanal remunerado
realizado de forma separada, para ser acrescentado à sua remuneração. Neste
caso, deve-se realizar o seguinte cálculo:

a) Somar as horas trabalhadas no mês;


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b) Multiplicar o resultado pelo número de dias não úteis do mês (domingos e
feriados);
c) Dividir pelo número de dias úteis. Neste caso, o sábado deve ser
considerado como dia útil, salvo se for feriado; e
d) Multiplicar pelo valor do salário-hora contratado.

Exemplo: empregado horista contratado para trabalhar terças e quintas, 6


horas por dia, com salário-hora de R$ 10,00. Considerando o mês com 27 dias
úteis e 4 dias não úteis (domingos e feriados), o empregado trabalhou 9 dias no
mês. Assim: 9 dias trabalhados x 6 horas por dia = 54 horas trabalhadas no mês.
54 horas x 4 dias não úteis = 216 ÷ 27 dias úteis = 8 x R$ 10,00 = R$ 80,00 é o
valor que deve ser pago a título de descanso semanal remunerado ao empregado
horista.

2.2.3 Comissionista

Empregado comissionista é aquele contratado com remuneração variável


paga por comissões. A ele também é devido o pagamento do descanso semanal
remunerado, conforme previsto na Súmula n. 27 do TST, o qual deve ser realizado
de forma separada, a partir do seguinte cálculo:

a) Total das comissões recebidas no mês multiplicado pelos dias não úteis do
mês (domingos e feriados); e
b) Dividir pelo número de dias úteis. Neste caso, o sábado deve ser
considerado como dia útil, salvo se for feriado.

Exemplo: empregado contrato para receber 2% sobre vendas, recebeu no


mês R$ 2.500,00 de comissões, jornada com 8 horas diárias e 44 horas semanais.
Considerando o mês com 27 dias úteis e 4 dias não úteis (domingos e feriados),
calcula-se R$ 2.500,00 de comissões x 4 dias não úteis = R$ 10.000,00 ÷ 27 dias
trabalhados = R$ 370,37 é o valor que deve ser pago a título de descanso semanal
remunerado ao empregado comissionista.
Em relação ao cálculo do descanso semanal remunerado do empregado
comissionista, é possível entendimento minoritário orientando o cálculo da
seguinte forma:

a) Total das comissões recebidas no mês deve ser multiplicado pelos dias não
úteis do mês (domingos e feriados); e
b) Dividir pelo número de dias efetivamente trabalhados.
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Exemplo: empregado contrato para receber 2% sobre vendas, recebeu no
mês R$2.500,00 de comissões, jornada com 8 horas diárias e 44 horas semanais.
Considerando que há 4 dias não úteis (domingos e feriados) e que o empregado
trabalhou por 22 dias no mês, calcula-se R$ 2.500,00 de comissões x 4 dias não
úteis = R$ 10.000,00 ÷ 22 dias trabalhados = R$ 454,54 é o valor que deve ser
pago a título de descanso semanal remunerado ao empregado para esse
entendimento.
Por fim, considerando a força normativa reconhecida pelo inciso XXVI do
art. 7° da CF/88 aos instrumentos coletivos (acordos e convenções coletivas), é
possível que haja previsão específica sobre a metodologia de cálculo do descanso
semanal remunerado do empregado comissionista, de modo que tais documentos
devem ser consultados.

TEMA 3 – ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

Quando o empregado exerce sua atividade em exposição a agentes


nocivos à saúde acima dos limites de tolerância previstos em lei, será devido o
pagamento do adicional de insalubridade à título de compensação e de forma
integral, ainda que o trabalho executado em condições insalubres seja
intermitente, de acordo com a Súmula n. 47 do TST.
O pagamento deste adicional se encontra previsto tanto no art. 189 a 192
da CLT (Brasil, 1943), quando no art. 7°, inciso XXIII, da CF/88.
Destaca-se que, para caracterização e classificação da insalubridade, é
necessária a realização de uma perícia técnica realizada pelo médico ou
engenheiro do trabalho registrado na Secretaria do Trabalho, segundo dispõe o
artigo 195 da CLT (Brasil, 1943).
É essencial também, além da perícia, que a atividade esteja enquadrada
dentre aquelas listadas como prejudiciais à saúde pela Secretaria do Trabalho, as
quais se encontram na Norma Regulamentadora n. 15, publicada pela Portaria n.
3.214/1975. Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal presente na
Súmula n. 460.
O adicional de insalubridade tem natureza jurídica de salário condição,
justamente porque está vinculado à exposição do trabalhador ao agente nocivo.
Assim, quando cessada a exposição ou neutralizada por Equipamento de
Proteção Individual, também não será mais devido seu pagamento, sem que
caracterize redução salarial, conforme posicionamento consolidado na Súmula n.

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80 do TST. Entretanto, não é a mera concessão do equipamento que autorizará o
fim do pagamento do adicional, mas a efetiva neutralização da exposição à
nocividade, segundo dispôs o TST na Súmula n. 289.

3.1 Base de cálculo

Primeiramente, é preciso identificar a base de cálculo sobre a qual incidirá


o adicional de insalubridade.
Muito embora o art. 192 da CLT (Brasil, 1943) estabeleça o seu pagamento
sobre o salário-mínimo, o art. 7°, inciso IV, da CF/88, veda essa vinculação, o que
foi confirmado pela Súmula Vinculante n. 4 do STF em 2008, determinando que,
salvo nos casos previstos na Constituição, o salário-mínimo não pode ser usado
como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de
empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
Esse entendimento levou o TST a redefinir o texto da sua Súmula n. 228
para estabelecer como base de cálculo do adicional de insalubridade o valor do
salário básico do trabalhador. Entretanto, esta súmula foi suspensa pelo STF.
Com isso, foi firmado o entendimento de que, até que seja superada a
inconstitucionalidade do art. 192 da CLT (Brasil, 1943), o adicional de
insalubridade deve ser calculado com base no salário-mínimo, salvo se houver
previsão diversa em instrumento coletivo.

3.2 Percentuais

Nos termos do art. 192 da CLT (Brasil, 1943), o adicional de insalubridade


é devido em percentuais distintos, que dependem do grau de risco de exposição,
sendo eles: grau máximo, com adicional de 40%; grau médio, com adicional de
20%; e grau mínimo, com adicional de 10%. A classificação da exposição decorre
da perícia técnica do médico ou engenheiro do trabalho.

3.3 Integração

A Súmula n. 139 do TST garante a integração do adicional de insalubridade


na remuneração do empregado para todos os efeitos legais, enquanto estiver
sendo recebido. Isso significa dizer que o seu valor deve compor a base de cálculo
do pagamento de outras verbas trabalhistas.

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3.4 Cálculo

Para calcular o adicional de insalubridade, é preciso verificar o percentual


devido e multiplicá-lo pelo salário-mínimo nacional.
Exemplo: empregado contratado com salário de R$ 3.000,00 exercendo
sua atividade com exposição em grau mínimo, tendo sido fixado o adicional de
insalubridade em 10%. Considerando um salário-mínimo nacional de R$ 1.100,00:
1.100,00 x 10% = 110,00. Logo, o empregado terá direito a receber R$ 3.00,00 +
R$ 110,00 = R$ 3.110,00 de remuneração.
Considerando que a Súmula n. 139 do TST estabelece a integração do
adicional de insalubridade na remuneração, o mesmo deve ser considerado
inclusive como base de cálculo de outras verbas trabalhistas. No mesmo sentido,
é o que dispõe a OJ-SDI-1 n. 47 do TST em relação ao pagamento de horas
extraordinárias realizadas pelo empregado.

TEMA 4 – ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

O art. 193 da CLT (Brasil, 1943) garante ao trabalhador que,


comprovadamente, estiver exercendo sua atividade em exposição à atividade
perigosa, ou seja, àquela que põe em risco a sua vida, o direito de receber o
adicional de periculosidade, ainda que esteja exposto de forma intermitente, de
acordo com as Súmulas n. 361 e 364 do TST.
As atividades perigosas se encontram descritas na Norma
Regulamentadora n. 16, publicada pela Portaria n. 3.214/1978.
Da mesma forma, a insalubridade, a caracterização e a classificação da
periculosidade também dependem de perícia realizada por médico ou engenheiro
do trabalho, de acordo com o art. 195 da CLT (Brasil, 1943).
Este adicional também tem natureza jurídica de salário condição, em razão
da exposição do trabalhador ao agente nocivo. Assim, quando cessada a
exposição ou neutralizada por Equipamento de Proteção Individual, também não
será mais devido seu pagamento, sem que caracterize redução salarial, conforme
art. 194 da CLT (Brasil, 1943).

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4.1 Base de cálculo

O adicional de periculosidade deve ser calculado sobre o salário básico do


empregado, conforme estabelece o parágrafo 1° do art. 193 da CLT (Brasil, 1943).
É o que dispõe também a Súmula n. 191 do TST.

4.2 Percentuais

O art. 193, § 1°, da CLT (Brasil, 1943) estabelece que o adicional de


periculosidade corresponde a 30% do salário básico. Ao contrário do adicional de
insalubridade, não há previsão de percentuais diversos em razão do grau de
exposição.

4.3 Integração

Com exceção das horas em que o empregado se encontra de sobreaviso,


por não estar exposto às condições perigosas, o adicional de periculosidade
integrará a remuneração do empregado para todos os efeitos legais. É esse o
entendimento consolidado na Súmula n. 132 do TST, na OJ-SDI-1 n. 259 do TST,
no art. 142, parágrafo 5°, da CLT (Brasil, 1943).

4.4 Cálculo

Para calcular o adicional de periculosidade, é preciso multiplicar o


percentual devido pelo salário básico do empregado.
Exemplo: empregado contratado com salário de R$ 2.000,00, exercendo
sua atividade com exposição à agente perigoso. Assim, R$ 2.000,00 x 30% =
600,00. Logo, o empregado terá direito a receber R$ 2.000,00 + R$ 600,00 = R$
2.600,00 de remuneração.
Considerando que a Súmula n. 139 do TST estabelece a integração do
adicional na remuneração, o mesmo deve ser considerado inclusive como base
de cálculo de outras verbas trabalhistas. No mesmo sentido, é o que dispõe a OJ-
SDI-1 n. 47 do TST em relação ao pagamento de horas extraordinárias realizadas
pelo empregado.

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TEMA 5 – ADICIONAL NOTURNO

Para os empregados que trabalham em horário noturno, é garantido o


direito a um adicional, em cumprimento ao previsto no art. 7°, inciso IX, da CF/88.
Esse pagamento tem como objetivo remunerar o maior desgaste físico
ocasionado pelo trabalho prestado neste horário.

5.1 Aplicação

Têm direito ao adicional noturno tanto os trabalhadores urbanos quanto


rurais, com algumas distinções.
Para o empregado urbano, será considerado em horário noturno o serviço
prestado das 22:00h de um dia às 5:00h do dia seguinte, o qual será remunerado
com acréscimo, no mínimo, de 20% sobre o valor do salário-hora dia do
empregado. Essa hora deve ser considerada com 52 minutos e 30 segundos e
não com 60 minutos, nos termos do art. 73 da CLT (Brasil, 1943).
Já o empregado rural terá direito ao adicional noturno de 25% sobre a sua
remuneração quando trabalhar das 21:00h de um dia às 5:00h do dia seguinte na
lavoura, e das 20:00h de um dia às 4:00h do dia seguinte na pecuária. Em todo
caso, no meio rural, a hora será considerada com 60 minutos. Estas disposições
se encontram previstas no art. 7° da Lei n. 5.889/1973.
Importante destacar que, como o pagamento do adicional noturno depende
do trabalho prestado no horário específico, o mesmo se caracteriza como salário
condição, de modo que a alteração da jornada para o horário diurno não
representa alteração prejudicial ao empregado, bem como autoriza a retirada do
adicional noturno, sem que represente redução salarial, de acordo com a Súmula
n. 265 do TST.
Conforme previsto na Súmula n. 60 do TST, quando a jornada for cumprida
integralmente no horário noturno, havendo prorrogação, o período que ultrapassar
o horário noturno também deverá ser remunerado com o respectivo adicional.
Exemplo: empregado urbano contratado para trabalhar no horário de 1:00h
da manhã até às 7:00h. Muito embora o horário noturno seja previsto até às 5:00h
da manhã, o horário das 5:00h às 7:00h também deve ser remunerado com o
adicional noturno e considerada a hora com 52 minutos e 30 segundos.
Observa-se, portanto, que, ao empregado urbano que presta serviço no
horário noturno, foram conferidos, em especial, dois tipos de vantagens, buscando

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compensar o maior desgaste físico: primeiro, o pagamento do adicional noturno
sobre o salário e, segundo, a hora noturna com 52 minutos e 30 segundos. Neste
sentido, é a Súmula n. 214 do STF.

5.2 Base de cálculo

Conforme exposto anteriormente, o adicional noturno corresponderá ao


pagamento do adicional de 20% para o empregado urbano e 25% para o
empregado rural, nos dois casos, sobre o salário-hora do empregado.
Devem ser considerados como base de cálculo para o adicional noturno, o
adicional de insalubridade (Súmula n. 139 do TST) e de periculosidade (OJ SDI-1
n. 259 do TST), já que, no horário noturno, o trabalhador também está exposto
aos riscos contra à sua saúde e integridade física. Além desses, também
compõem a base de cálculo do adicional noturno as comissões e gratificações,
por terem natureza salarial nos termos do art. 457, parágrafo 1°, da CLT (Brasil,
143).
O salário-hora, então, será calculado nos mesmos termos já estudados
anteriormente, ou seja, dividindo-se o salário mensal pela jornada mensal
contratada.
Além disso, após calculado o valor do adicional noturno, conforme
determina a Súmula n. 60 do TST, o mesmo deve integrar o salário do empregado
para o cálculo de demais verbas trabalhistas.

5.3 Conversão da hora relógio em número decimal

O primeiro passo para realizar cálculos sobre jornada trabalhada, seja em


horário normal, extraordinário ou noturno, é compreender que o trabalho é
prestado em horas contadas de zero a 60 minutos, conforme observado no
relógio.
Entretanto, para pagamento de valores sobre essas horas, é preciso que
os minutos estejam convertidos para o sistema decimal, buscando, com isso,
padronizar as horas e minutos no mesmo sistema, em fração de hora. Caso
contrário, o cálculo não representará o valor devido.
Para tanto, basta dividir os minutos por 60, de modo que o resultado refletirá
horas e minutos em número decimal ou em fração de hora.

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Exemplo: 5 horas e 30 minutos em fração de hora correspondem a 5,5
horas. Isto porque:

• 60 minutos equivalem a 1 hora;


• 30 minutos equivalem a X hora;
• Assim: 60 X = 1 x 30;
• X = 30 / 60 = 0,5.

Como 5 horas já correspondem ao número inteiro da hora, basta


acrescentar sua parte decimal, ou seja, 5:30h em horas relógio são iguais a 5,5h
em horas decimais.
O raciocínio inverso deve ser aplicado quando se deseja converter a fração
da hora em minutos.
Exemplo: para apresentar 5,5 horas em horas e minutos, deve-se
multiplicar 0,5 (que representa a fração da hora) por 60, para que o resultado seja
apresentado em minutos. 0,5 x 60 = 30. Logo, 5,5 horas decimais = 5:30 horas
relógio.

5.4 Hora noturna reduzida

Conforme já mencionado, para o trabalho urbano prestado no horário


noturno, a hora deve ser considerada com 52 minutos e 30 segundos, que,
convertidos para minutos decimais, seguindo a metodologia do item anterior,
equivalem a 52,5 minutos.
Na sequência, para o cálculo do pagamento do adicional noturno, como
segundo passo, será necessário realizar a conversão da hora trabalhada para o
horário noturno reduzido, para a qual há dois tipos de cálculos que podem ser
aplicados.

• Primeiro: horas relógio x 60 / 52,5;


• Exemplo: empregado urbano trabalhou de 22:00h às 2:00h da madrugada,
totalizando 4h no relógio de trabalho no horário noturno;
• Assim: 4h x 60 = 240 ÷ 52,5 = 4,57 horas. Como o número após a vírgula
corresponde a uma fração de hora, é preciso convertê-la de volta,
multiplicando por 60, para que o resultado seja apresentado em horas e
minutos. Com isso: 0,57 x 60 = 34 minutos;

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o Logo, 4 horas trabalhadas no horário noturno devem ser
remuneradas como 4 horas e 34 minutos, em razão da hora
noturna reduzida.
• Segundo: neste método de cálculo, objetiva-se identificar o coeficiente, que
será utilizado para a conversão da hora reduzida noturna;
• Como 52,5 minutos trabalhados à noite equivalem à 1 hora;
• 60 minutos equivalem a X hora;
o Logo: 52,5 X = 1 x 60;
o X = 60 ÷ 52,5 = 1,1428.

Assim, sempre que for preciso realizar a conversão da hora trabalhada à


noite para a hora reduzida com 52,5 minutos, basta multiplicar por esse coeficiente
1,1428.
Exemplo: empregado urbano trabalhou de 22:00h às 2:00h da madrugada,
totalizando 4h no relógio no horário noturno. Assim, 4h x 1,1428 = 4,57 horas, que
correspondem no relógio a 4 horas e 34 minutos.

5.5 Adicional Noturno

Para o cálculo do valor a ser pago ao empregado pelo trabalho em horário


noturno, primeiro, deve-se somar o percentual correspondente ao valor do salário-
hora diurno (salário-hora = salário mensal ÷ jornada mensal contratada), cujo
resultado corresponderá ao valor de uma hora noturna.
Entretanto, se o valor da hora normal já tiver sido remunerado, o cálculo
deverá apenas multiplicar o percentual correspondente pelo valor do salário-hora
diurno.
Em seguida, esse resultado deve ser multiplicado pela quantidade de horas
noturnas trabalhadas pelo empregado. Caso se trate de empregado urbano, as
horas noturnas trabalhadas já devem estar convertidas em horas reduzidas,
conforme item anterior. Para o empregado rural, basta multiplicar pelo total de
horas trabalhadas.
Exemplo: empregado urbano trabalhou das 22:00h às 2:20h, totalizando a
prestação de serviço em 4:20h no horário noturno. Seu salário por hora é no valor
de R$ 10,00 e o adicional devido em 20%.
1° passo: converter os minutos em fração de hora, dividindo por 60. Logo,
20 ÷ 60 = 0,33. Assim, esse empregado trabalhou por 4,33 horas à noite.

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2° passo: multiplicar o resultado anterior pelo coeficiente da hora noturna.
4,33 x 1,1428 = 4,94h, que correspondem à hora noturna reduzida.
3° passo: para identificar a jornada do empregado no horário noturno, é
preciso converter a fração da hora em minutos. 0,94 x 60 = 56 minutos. Assim,
esse empregado, que trabalhou no horário noturno por 4 horas e 20 minutos, tem
direito a ser remunerado por 4 horas e 56 minutos.
4° passo: identificar o valor do adicional noturno e da hora noturna.
R$ 10,00 x 20% = R$ 2,00 é o valor do adicional noturno.
R$ 10,00 + R$ 2,00 = R$ 12,00 é o valor da hora noturna (hora diurna
acrescida do adicional noturno).
5° passo: multiplicar o valor da hora noturna pela quantidade de horas
noturnas a que o empregado tem direito, obtido no 2° passo.
R$ 12,00 (valor da hora noturna) x 4,94 = R$ 59,28 é o valor que o
empregado tem direito a receber pelas horas trabalhadas no horário noturno.
Caso o empregado já tenha recebido o valor da hora normal, sendo devido
apenas o adicional noturno, deve-se multiplicar o valor do adicional noturno pela
quantidade de horas noturnas a que o empregado tem direito, obtido no 2° passo.
R$ 2,00 (valor do adicional noturno) x 4,94 = R$ 9,88 é o valor devido
apenas de adicional noturno pelas horas trabalhadas no horário noturno.
Conclusão: Empregado que trabalhou no relógio por 4 horas e 20 minutos
tem direito de receber R$ 59,28 referentes a 4 horas e 56 minutos, convertidas
em horas noturnas.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.

_____. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Diário Oficial da União,


Brasília, DF, 9 agosto 1943.

_____. Lei n. 5.889, de 08 de junho de 1973. Diário Oficial da União, Brasília,


DF, 11 de junho de 1973.

_____. Lei n. 605, de 05 de janeiro de 1949. Diário Oficial da União, Brasília, DF,
14 de janeiro de 1949.

_____. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Diário Oficial da União, Brasília,


DF, 17 março 2015.

_____. Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017. Diário Oficial da União, Brasília,


DF, 14 julho 2017.

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