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Publicado em nosso site em 27/03/2008

Férias - Cálculo da Remuneração Conforme os Dias do Mês


Comentário - Previdenciário/Trabalhista - 2008/0697

Sumário

I. Introdução
II. Período Aquisitivo e Concessivo
III. Faltas Injustificadas
IV. Cálculo das Férias
IV.1. Mês com 31 dias
IV.2. Mês com 28 ou 29 dias
IV.3. Cálculo da Remuneração das Férias
IV.4. Exemplos
IV.4.1. Divisão por 30 Dias
IV.4.2. Divisão pelos Dias Efetivos do Mês
V. Conclusão
VI. Jurisprudência
VII. Fundamento Legal

I. Introdução

Considera-se como férias o lapso temporal remunerado, de freqüência anual, constituído de diversos dias seqüenciais, em
que o empregado pode sustar a prestação de serviços e sua disponibilidade perante o empregador, com o objetivo de
recuperação e implementação de suas energias e de sua inserção familiar, comunitária e política (Curso do Direito do
Trabalho, Mauricio Godinho Delgado, Editora LTR, 5ª edição, fl. 950).
Dada a importância das finalidades contidas na definição, a legislação do trabalho concede o direito a todo empregado ao
gozo de um período de descanso, anualmente, e sem prejuízo da remuneração.

II. Período Aquisitivo e Concessivo

Neste aspecto, após cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado consolida o seu direito em
adquiri-las (período aquisitivo) e em gozá-las nos 12 (doze) meses subseqüentes (período concessivo).
A inobservância ao referido limite de tempo para concessão das férias, sujeita o empregador ao pagamento em dobro dos
dias que ultrapassarem o referido lapso de tempo.

III. Faltas Injustificadas

No decorrer do período aquisitivo, o empregado terá direito às férias de acordo com a quantidade de faltas injustificadas
ocorridas, na seguinte proporção:

Quantidade de dias corridos Quantidade máxima de faltas


30 (trinta) dias 5 (cinco)

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24 (vinte e quatro) 6 (seis) a 14 (quatorze)


18 (dezoito) 15 (quinze) a 23 (vinte e três)
12 (doze) 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas)

Do exposto, cabe observar que:


a) as férias são gozadas em dias corridos;
b) o pagamento referentes aos dias de férias, a que terá direito o empregado, deverá ser proporcionalizado nos dias
existentes no mês.

IV. Cálculo das Férias

Considerando-se que o limite máximo para fruição das férias são de 30 dias, passaremos a expor o cálculo da respectiva
remuneração de acordo com as situações abaixo.

IV.1. Mês com 31 dias

Na hipótese do mês conter 31 dias, a fruição das férias será sempre proporcional, isto é, será de 30/31 avos para o
empregado com direito integral às férias. Para o empregado que possuir acima de 6 faltas injustificadas a proporcionalidade
poderá ser de 24/31, 18/31 e 12/31 dias, conforme exposto no item III deste comentário.
Como conseqüência, a respectiva remuneração deverá acompanhar os dias em que o empregado estiver em férias.

IV.2. Mês com 28 ou 29 dias

Por analogia ao art. 64, parágrafo único, da CLT, podemos entender que sendo o número de dias do mês inferior a 30
adota-se para o cálculo de férias, os dias efetivos do mês.

IV.3. Cálculo da Remuneração das Férias

Não obstante, observamos que muitas empresas utilizam sempre como base de cálculo o mês de 30 dias. Todavia, por
ocasião do fechamento da folha, o cálculo feito com base em 30 dias, inclusive para os meses com 28, 29 ou 31 dias,
resultará em valores diversos do que o empregado receberia como remuneração, se houvesse trabalhado no mês, podendo
inclusive, resultar em prejuízos financeiros ao empregado ou ao empregador.
Veremos, nos exemplos abaixo, como ficariam os cálculos de remuneração de férias, nessas situações.

IV.4. Exemplos

IV.4.1. Divisão por 30 Dias

Um empregado entra em gozo de férias por 30 dias corridos, a partir do dia 17 de agosto com término no dia 15 de
setembro, cujo salário é de R$ 465,00. Caso a empresa desconsidere que o mês de agosto tem 31 dias, fazendo sempre a
divisão por 30, o cálculo se apresentará da seguinte forma:

Nota:
Nos exemplos abaixo, por uma questão meramente didática, não calculamos o 1/3 constitucional incidente sobre o pagamento das férias,

não obstante, em situações práticas cabe ao empregador pagar tal verba ao empregado (art. 7º, XVII , CF 1988)

a) Recibo de Férias

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R$ 465 ÷ 30 dias = R$ 15,50
Férias de agosto (de 17 a 31) = 15 dias: R$ 15,50 X 15 dias (...) R$ 232,50
Férias de setembro (de 1º a 15) = 15 dias: R$ 15,50 x 15 dias (...) R$ 232,50
Total (...) R$ 465,00
b) A folha de pagamento desse empregado, em cada um dos meses em que ele estará de férias, se apresentará da seguinte
forma:
Folha de Pagamento de Agosto (mês de 31 dias)
Saldo de salários (de 1º a 16) = 16 dias: R$ 15,50 x 16 dias (...) R$ 248,00
Férias (de 17 a 31) = 15 dias: R$ 15,50 x 15 dias (...) R$ 232,50
Total(...)R$ 480,50
Folha de Pagamento de Setembro (mês de 30 dias)
Saldo de salários (de 16 a 30) = 15 dias: R$ 15,50 x 15 dias(...)R$ 232,50
Férias (de 1º a 15) = 15 dias: R$ 15,50 x 15 dias(...)R$ 232,50
Total(...)R$ 465,00
Verificamos, assim, que nesse exemplo, durante o mês de agosto, como a divisão foi feita por 30, e esse mês tem 31 dias, os
valores da folha de pagamento do empregado resultaram divergentes. Notamos que o total de sua remuneração em agosto,
aumentou para R$ 480,50 sendo que seu salário é de R$ 465,00. Não poderia haver esse acréscimo. A soma do saldo das
férias com o saldo de salário deve corresponder ao salário mensal do empregado, que receberia se tivesse laborado.
Vejamos como ficariam as férias e a folha de pagamento desse mesmo empregado se efetuarmos os cálculos, dividindo-se o
salário pelo número de dias exatos de cada um desses meses.
a) Recibo de Férias
Férias de agosto = R$ 465 ÷ 31 dias = R$ 15,00
de 17 a 31 = 15 dias: R$ 15,00 x 15 dias (...)R$ 225,00
Férias de setembro = R$ 465 ÷ 30 dias = R$ 15,50
de 1º a 15= 15 dias: R$ 15,50 x 15 dias (...) R$ 232,50
Total (...) R$ 457,50
b) A folha de pagamento desse empregado, em cada um dos meses em que ele estará de férias, se apresentará da seguinte
forma:
Folha de Pagamento de Agosto (mês de 31 dias)
Saldo de salários (de 1º a 16) = 16 dias: R$ 15,00 X 16 dias (...) R$ 240,00
Férias (de 17 a 31) = 15 dias: R$ 15,00 x15 dias (...) R$ 225,00
Total (...) R$ 465,00
Folha de Pagamento de Setembro (mês de 30 dias)
Saldo de salários (16 a 30) = 15 dias: R$ 15,50 x 15 (...) R$ 232,50
Férias (de 1º a 15) = 15 dias: R$ 15,50 x 15 dias (...) R$ 232,50
Total (...) (...) R$ 465,00
Observamos, assim, que na folha de pagamento do mês de agosto, efetuando-se a divisão do salário por 31, a soma do saldo
de salário com as férias referentes a esse mesmo mês coincide com o salário do empregado. Ou seja, o empregado
trabalhando durante o mês ou estando de férias receberá o mesmo salário. A única diferença é o 1/3 a mais sobre o valor das
férias.
IV.4.2. Divisão pelos Dias Efetivos do Mês

Um empregado entra em gozo de férias, por 30 dias, a partir do dia 1º de fevereiro com término no dia 02 de março. O
salário desse empregado é de R$ 651,00.
Para a remuneração das férias concedidas no mês de fevereiro, divide-se o salário por 28 ou 29, conforme o caso.
Efetuando-se o cálculo da citada remuneração da seguinte forma:
a) Recibo de Férias
Férias de fevereiro = R$ 651,00 ÷ 28 dias = R$ 23,25
de 1º a 28 = 28 dias: R$ 23,25 x 28 dias (...) R$ 651,00
Férias de março = R$ 651,00 ÷ 31 dias = R$ 21,00
de 1º a 02= 02 dias: R$21,00 x 02 dias (...) R$ 42,00

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Total (...) R$ 693,00
b) A folha de pagamento desse empregado, em cada um dos meses em que ele estará de férias, se apresentará da seguinte
forma:
Folha de Pagamento de Fevereiro (mês com 28 dias)
Saldo de salários (...) R$ 0,00
Férias (de 1º a 28) = 28 dias: R$ 23,25 x 28 dias (...) R$ 651,00
Total (...) R$ 651,00
Folha de Pagamento de Março (mês com 31 dias)
Saldo de salários (03 a 31 ) = 29 dias: R$ 21,00 x 29 (...) R$ 609,00
Férias (de 1º a 02) = 02 dias: R$ 21,00 x 02 dias (...) R$ 42,00
Total (...) R$ 651,00
Notamos que, no mês de fevereiro, como a divisão foi correta, por 28 dias, o empregado ficou de férias o mês inteiro e,
portanto, o valor das férias foi o mesmo que o do salário, resultando em valor correto da sua folha de pagamento.
Na folha de pagamento do mês de março, efetuando-se a divisão do salário por 31, a soma do saldo do salário com as férias
referentes a esse mesmo mês, coincide com o valor do salário do empregado. Ou seja, igual ao exemplo anterior, se o
empregado trabalhar durante o mês ou estiver de férias receberá o mesmo salário, e a única diferença será o terço a mais
sobre as férias.
Outro raciocínio que comprova essa forma de cálculo: num mês de 31 dias, em que o empregado gozará férias por 30 dias,
conseqüentemente não estará de férias o mês inteiro.
Se não estiver de férias o mês inteiro não poderá ganhar o mesmo valor que ganharia se trabalhasse 31 dias. A remuneração
das férias, obrigatoriamente, será equivalente a 30/31 (trinta /trinta e um avos) do salário do mês e o 31º dia do mês será
pago como saldo de salário que o empregado terá de trabalhar para fazer jus.

V. Conclusão

Concluímos que o empregador, por ocasião das férias, deverá dividir o salário do mês pelo número de dias que o constitui,
isto é , efetua-se a divisão por 28, 29, 30 ou 31, conforme o caso, para obter o valor correto tanto para o pagamento da
remuneração das férias quanto para o pagamento de saldo de salário.
Por fim, destacamos que as informações contidas neste comentário referem-se ao entendimento desta Consultoria, podendo
existir entendimentos diversos.

VI. Jurisprudência

ÔNUS DA PROVA. FÉRIAS. CONSEQÜÊNCIAS. Restando incontroversa a prestação de trabalho no período aquisitivo,
cabe ao reclamado a prova de seu pagamento, e também, de ter obedecido às formalidades instituídas pelo art. 135/CLT, sob
pena de incorrer-se na velha máxima jurídica 'quem paga mal, paga duas vezes'". (TRT 23ª Região, RO nº 3.213/94, Ac TP
nº 1.433/95, Relator Juiz Saulo Silva, JCJ de Barra do Garças/MT, DJMT 11.08.95, página 11).
FÉRIAS. PROVA DE QUITAÇÃO. Compete ao reclamado o ônus da prova de pagamento de férias ao obreiro, através de
documentos que devem ser colacionados aos autos. Não se desincumbindo a empresa de seu mister, devido ao obreiro o
pagamento de férias como pleiteado na exordial." (TRT 23ª Região, RO nº 694/95, Ac TP nº 1754/95, Relator Juiz José
Simioni, 4ª JCJ de Cuiabá/MT, DJMT 20.09.95, página 10).
"FÉRIAS - QUITAÇÃO - PROVA - A prova do pagamento das férias só é efetuada por meio próprio e específico, qual
seja, o respectivo recibo (arts. 142, 145, Parágrafo Único e 464 da CLT). Recurso a que se nega provimento." (TRT 23ª
Região, RO nº 2510/94, Ac TP nº 2071/94, Relator Juiz Piovesan Zanini, 4ª JCJ de Cuiabá/MT, DJMT 19.12.94, página 08)

"FÉRIAS. CÁLCULO. TERÇO CONSTITUCIONAL. Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988 não se
conhece caso de férias que não seja acompanhada da gratificação de um terço determinada no inciso XVII de seu art. 7º.
Desta forma, não há necessidade de pedido expresso, como tampouco de expressa disposição na sentença para que a parcela
componha dos cálculos de liquidação de sentença. Agravo de Petição não provido neste aspecto" (TRT 2ª Região, Ag nº
PROCESSO Nº: 02280-2002-044-02-00-4, Ac 20071059657, 9ª turma, RELATOR(A): DAVI FURTADO MEIRELLES,
REVISOR(A): LAURA ROSSI

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VII. Fundamento Legal

Consolidação das Leis do Trabalho, artigos 64, 130 e 134

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