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artigo 143 da Consolidação das Leis do Trabalho ("venda de fruto de uma longa discussão, conforme é detalhado no
10 dias"), não serão tributados pelo imposto de renda na histórico a seguir.
fonte nem na Declaração de Ajuste Anual.
Esse novo posicionamento é importante, pois até então, no III.1 Histórico
entender da Receita Federal, a não incidência do imposto de
renda era restrita às férias não-gozadas em decorrência de A Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB, por meio do
aposentadoria, rescisão de contrato de trabalho ou Ato Declaratório Interpretativo nº 5/2005, em consonância ao
exoneração. STJ e à PGFN, estabeleceu que "os Delegados e Inspetores
A pessoa física que recebeu tais rendimentos com desconto da Receita Federal deverão rever de ofício os lançamentos
do imposto de renda na fonte e que incluiu tais rendimentos referentes ao Imposto sobre a Renda incidente sobre os
na Declaração de Ajuste Anual como tributáveis, poderá valores pagos (em pecúnia) a título de licença-prêmio e férias
pleitear a restituição da retenção indevida. Para tanto, deverá não gozadas, por necessidade do serviço, a trabalhadores em
apresentar declaração retificadora do respectivo exercício da geral ou a servidor público, desde que inexista qualquer
retenção, excluindo o valor recebido a título de abono outro fundamento relevante, para fins de alterar, total ou
pecuniário de férias do campo "rendimentos tributáveis" e parcialmente, o respectivo crédito tributário".
informando-o no campo "outros" da ficha "rendimentos Também estabeleceu que "a autoridade julgadora, nas
isentos e não tributáveis", com especificação da natureza do Delegacias da Receita Federal de Julgamento, subtrairá a
rendimento. matéria de que trata o art. 1º na hipótese de crédito tributário
Para a elaboração e transmissão da declaração retificadora já constituído cujo processo esteja pendente de julgamento."
deverão ser utilizados o Programa Gerador da Declaração Posteriormente, entretanto, por meio do Ato Declaratório
(PGD) relativo ao exercício da retenção indevida e o mesmo Interpretativo nº 14/2005, a Receita Federal dispôs que "o
modelo (completo ou simplificado) utilizado para a Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 5, de 27 de abril de
declaração original, bem como deverá ser informado o 2005 (...), tratou da não incidência do imposto de renda
número constante no recibo de entrega referente a esta somente nas hipóteses de pagamento de valores a título de
declaração original. férias integrais e de licença-prêmio não gozadas por
Se da declaração retificadora resultar saldo de imposto a necessidade do serviço quando da aposentadoria, rescisão de
restituir superior ao da declaração original, a diferença entre contrato de trabalho ou exoneração (...), a trabalhadores em
o saldo a restituir referente à declaração retificadora e o valor geral ou a servidores públicos".
eventualmente já restituído, será objeto de restituição No entendimento do Fisco Federal à época, "sofrem a
automática. incidência do imposto de renda (...) as demais formas de
No caso de ter havido recolhimento de imposto no respectivo pagamento em pecúnia a título de férias e de licença-prêmio
exercício, se da retificação da declaração resultar pagamento não gozadas".
indevido, a restituição ou compensação do imposto pago Com isso, as férias não gozadas pelo beneficiário ainda
indevidamente na declaração original deverá ser requerida vinculado à empresa estavam sujeitas ao imposto de renda.
mediante a utilização do programa PER/DCOMP. Ainda nesse sentido, foi publicada no DOU de 06 de janeiro
O prazo para pleitear a restituição é de 5 (cinco) anos, de 2009 a Solução de Divergência nº 1 de 2009, transcrita a
contados da data da retenção indevida. seguir:
"Solução de Divergência nº 1/09
Nota: Órgão: Coordenação-Geral do Sistema de Tributação -
A fonte pagadora dos referidos rendimentos poderá
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apresentar a Declaração do Imposto de Renda Retido na
Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Fonte (DIRF) retificadora. A retificação, neste caso, não se
Ementa: FÉRIAS NÃO-GOZADAS CONVERTIDAS EM
enquadra no disposto no artigo 7º da Lei nº 10.426/2002,
PECÚNIA - Rescisão do contrato de trabalho, aposentadoria
que prevê multa pela entrega da declaração com
ou exoneração.
incorreções (Instrução Normativa RFB 936/2009).
As verbas referentes a férias - integrais, proporcionais ou em
Advertimos, todavia, que a não retificação da DIRF por parte
dobro -, ao adicional de um terço constitucional, e à
da fonte pagadora poderá implicar na retenção da
conversão de férias em abono pecuniário compõem a base
Declaração Retificadora da pessoa física em malha, pois a
de cálculo do Imposto de Renda. Por força do § 4º do art. 19
Receita Federal não terá como evitar a discrepância entre os
da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, a Secretaria da
rendimentos tributáveis informados na DIRF e aqueles
Receita Federal do Brasil não constituirá os créditos
declarados pelo contribuinte.
tributários relativos aos pagamentos efetuados por ocasião
É importante observar que o novo posicionamento do Fisco é
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da rescisão do contrato de trabalho, aposentadoria, ou pecuniário de férias ("venda de 10 dias"), pois ao dispor que
exoneração, sob as rubricas de férias não-gozadas - o valor correspondente a essa indenização deveria ser
integrais, proporcionais ou em dobro - convertidas em informado na DIRF como rendimento isento do Imposto de
pecúnia, de abono pecuniário, e de adicional de um terço Renda, não delimita esse rendimento à rescisão ou à
constitucional quando agregado a pagamento de férias, aposentadoria. Ou seja, com esse procedimento emanado
observados os termos dos atos declaratórios editados pelo pelo ADI nº 28, mesmo o rendimento decorrente de abono
Procurador-Geral da Fazenda Nacional em relação a essas pecuniário para contrato de trabalho ainda vigente (sem
matérias. A edição de ato declaratório pelo Procurador-Geral rescisão), terá tratamento de rendimento isento, permitindo
da Fazenda Nacional, nos termos do inciso II do art. 19 da ao contribuinte o recebimento desse valor em restituição
Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, desobriga a fonte ainda esse ano.
pagadora de reter o tributo devido pelo contribuinte Conforme estabelecido, no preenchimento da DIRF e do
relativamente às matérias tratadas nesse ato declaratório. Comprovante de Rendimentos relativos ao ano-calendário de
DISPOSITIVOS LEGAIS: Art. 19, II, e § 4º, da Lei nº 10.522, 2008, entregues no começo de 2009, os valores pagos a título
de 19 de julho de 2002; Arts. 43, II, e 625 do Decreto nº de abono pecuniário de férias deveriam ser informados na
3.000, de 26 de março de 1999; Atos Declaratórios subficha "Rendimentos Isentos", e o Imposto Retido na
Interpretativos SRF nº 5, de 27 de abril de 2005 e nº 14, de Fonte (IRF), relativo a esse abono pecuniário, deveria ser
1º de dezembro de 2005;Atos Declaratórios PGFN nºs 4 e 8, informado na subficha "Rendimentos Tributáveis",
ambos de 12 de agosto de 2002, nº 1, de 18 de fevereiro de juntamente com o IRF relativo aos demais rendimentos
2005, nºs 5 e 6, ambos de 16 de novembro de 2006, nº 6, de pagos no mesmo período.
1º de dezembro de 2008, e nº 14, de 2 de dezembro de Com esse procedimento, foi possível a restituição, por meio
2008; e Parecer PGFN/PGA/Nº 2683/2008, de 28 de da Declaração de Ajuste Anual entregue entre março e abril
novembro de 2008. de 2009, do imposto de renda retido sobre os valores pagos a
OTHONIEL LUCAS DE SOUSA JÚNIOR - título de abono pecuniário de férias, referentes à conversão
Coordenador-Geral - Substituto de 1/3 (um terço) do período de férias do empregado.
(Data da Decisão: 02.01.2009 06.01.2009)"
IV. Conclusão
Atente-se que a SD nº 1 de 2009 determina expressamente a
desobrigação da fonte pagadora em reter o tributo sobre Como demonstrado, a RFB, seguindo orientação do STJ e da
valores pagos relativos a férias recebidas em pecúnia. PGFN, se posicionou, inicialmente, pelo não cabimento do
Contudo, da mesma forma que o ADI SRF nº 14 de 2005, imposto de renda em relação à licença-prêmio e às férias não
dispõe que tal dispensa ocorre somente nos casos de rescisão gozadas (todas elas).
do contrato de trabalho, exoneração ou aposentadoria. Por meio do ADI 14/2005 e da SD nº 1/2009, entretanto, a
O abono pecuniário ("venda de 10 dias") passou a ser RFB inseriu uma limitação ao seu entendimento, em
reconhecido como não tributado pela Receita Federal contraponto à posição do poder judiciário e da
somente com a Instrução Normativa RFB nº 936/2009, já Procuradoria-Geral, limitando a não incidência do imposto
analisada no tópico III. aos casos de rescisão do contrato de trabalho, aposentadoria,
III.1.1 Procedimentos para a DIRF 2009 ou exoneração.
Por meio do ADI nº 28 de 2009, a RFB acabou estendendo o
Relativamente ao ano-calendário de 2008, exercício de 2009, benefício também ao abono pecuniário de férias a que se
o Ato Declaratório Interpretativo nº 28 de 2009 permitiu um refere o art. 143 da CLT. Este posicionamento, todavia,
procedimento um pouco distinto dos apontados repercutiu somente em relação ao ano-calendário de 2008,
anteriormente pela Receita Federal no que se refere ao abono exercício de 2009.
pecuniário do art. 143 da CLT ("venda de 10 dias de férias"). Somente com a Instrução Normativa RFB nº 936 o Fisco
Por esse ato, o fisco federal determinou procedimentos a finalmente passou a abranger, literalmente, a não incidência
serem observados por ocasião do preenchimento da em relação ao abono pecuniário de férias a que se refere o
Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte - DIRF art. 143 da CLT ("venda de 10 dias").
2009 (entregue em fevereiro de 2009), que permitiu ao Assim, é possível agora afirmar que o entendimento da
contribuinte pessoa física receber o montante retido sobre o Receita Federal está em sintonia com o posicionamento
abono pecuniário em restituição. emanado pelo STJ e pela PGFN.
O ADI nº 28 não trouxe conteúdo idêntico ao da SD nº 1 de Os contribuintes que sofreram alguma constrição em relação
2009 ou do ADI nº 14 de 2005 em relação ao abono ao posicionamento restritivo do Fisco possuem, como
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detalhado neste Comentário, mecanismos eficazes para
ressarcir os valores retidos ou recolhidos indevidamente.
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