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Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Roteiro
1. Introdução
2. Profissional Autônomo
3. Rendimentos do Profissional Autônomo
4. Tributação
4.1. Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica
4.1.1. Informações na Declaração de Ajuste Anual
4.2. Rendimentos Recebidos de Pessoa Física
4.2.1. Apuração do Imposto de Renda no Carnê-Leão
4.3. Simples Nacional
5. Particularidades no Recebimento dos Honorários
5.1. Recebimento do Valor Integral da Ação Judicial em Nome do Cliente
5.2. Honorários Recebidos por Advogados Autônomos em Atuação em Conjunto
5.3. Contratação de Outro Profissional Autônomo
6. Cruzamento de Informações pela RFB
1. Introdução
Este trabalho tem como objetivo explanar a respeito da tributação do imposto de renda sobre rendimentos auferidos por advogados autônomos no exercício
da profissão, de que forma deve ser apurada a base de cálculo do tributo e como devem ser apresentadas as informações na declaração de ajuste anual
(DAA) da pessoa física.
2. Profissional Autônomo
Em regra geral, as pessoas físicas que, em nome individual, exploram habitual ou profissionalmente, qualquer atividade econômica de natureza civil ou
comercial com fim especulativo de lucro, por meio de venda de bens ou prestação de serviços são equiparadas a pessoas jurídicas para fins tributários,
conforme previsto no artigo 162, § 1°, inciso II do Decreto n° 9.580/2018 (RIR/2018).
Entretanto, de acordo com o artigo 162, § 2°, esta regra não se aplica às pessoas físicas que individualmente exerçam as profissões ou explorem atividades
de médico, engenheiro, advogado, dentista, veterinário, professor, economista, contador, jornalista, pintor, escritor, escultor e de outras que lhes possam ser
assemelhadas.
Desta forma, a receita auferida no exercício da atividade de advocacia pelo profissional que exerce a atividade em caráter individual será tributada como
rendimentos de pessoa física.
Os honorários convencionados (ou honorários contratuais) correspondem às quantias acordadas no contrato entre o cliente e seu advogado pela prestação
de serviços advocatícios.
Já os honorários sucumbenciais são os valores pagos pela parte vencida para o advogado da parte vencedora, conforme percentual estipulado em juízo. De
acordo com o artigo 85, § 2° da Lei n° 13.105/2015, a sentença poderá condenar o vencido a pagar honorários ao advogado da parte vencedora de 10% a
20% sobre o valor da condenação.
4. Tributação
Os honorários advocatícios recebidos são rendimentos tributáveis pelo profissional autônomo. Nos próximos tópicos serão abordadas as particularidades
sobre a tributação de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas e físicas.
IRPF
Boletim Imposto de Renda n° 04 - 2ª Quinzena. Publicado em: 18/02/2021
Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Base de Cálculo (em R$) Alíquota (em %) Parcela a deduzir do IR (em R$)
Até 1.903,98 - -
Para determinar a base de cálculo da retenção do imposto de renda do profissional autônomo, poderá ocorrer as seguintes deduções do rendimento
tributável: (Instrução Normativa RFB n° 1.500/2014, artigo 52)
a) a pensão alimentícia paga com base nas normas do direito de família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos
provisionais, de acordo homologado judicialmente ou de escritura pública prevista no artigo 733 da Lei n°13.105/2015;
c) as contribuições para a Previdência Social da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios;
d) as contribuições para as entidades de previdência complementar domiciliadas no Brasil e as contribuições para os Fapi, cujo ônus tenha sido do
contribuinte, destinadas a custear benefícios complementares assemelhados aos da Previdência Social, no caso de trabalhador com vínculo empregatício ou
de administradores; e
e) as contribuições para as entidades de previdência complementar de natureza pública de que trata o § 15 do artigo 40 da Constituição Federal, cujo ônus
tenha sido do contribuinte, destinadas a custear benefícios complementares assemelhados aos da Previdência Social.
O carnê-leão deve ser utilizado para apurar o imposto de renda sobre os rendimentos recebidos de pessoas físicas mensalmente. O programa também utiliza
a tabela progressiva mensal constante no Anexo II da Instrução Normativa RFB n° 1.500/2014 para apurar o imposto de renda a recolher.
Para definir a base de cálculo do imposto de renda a recolher no carnê-leão, além das deduções previstas no item 4.1, também é possível deduzir as
despesas escrituradas no livro caixa do profissional autônomo.
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Boletim Imposto de Renda n° 04 - 2ª Quinzena. Publicado em: 18/02/2021
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Conforme artigo 104 da Instrução Normativa RFB n° 1.500/2014, o advogado autônomo poderá descontar as seguintes despesas escrituradas no livro caixa:
a) remuneração paga a terceiros, desde que com vínculo empregatício, e os respectivos encargos trabalhistas e previdenciários;
c) as importâncias pagas, devidas aos empregados em decorrência das relações de trabalho, ainda que não integrem a remuneração destes, caso
configurem despesas necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora.
Já as despesas dedutíveis pelo livro caixa, assim como as receitas recebidas de pessoas físicas e jurídicas serão informadas na ficha “Livro Caixa -
Escrituração”. Após realizar a escrituração, as receitas tributáveis pelo carnê-leão, assim como as despesas dedutíveis no livro caixa serão transportadas
automaticamente para a ficha “Demonstrativo de Apuração”.
Em relação aos rendimentos recebidos de pessoa física, ressalta-se que com base na Instrução Normativa RFB n° 1.531/2015, a partir do ano-calendário de
2015, na escrituração do carnê-leão do profissional advogado deverá constar o CPF de cada pessoa física que realizou pagamentos por serviços prestados
pelo profissional.
Estes dados serão utilizados pela RFB para realizar o cruzamento de informações com a declaração do imposto de renda da pessoa física pagadora.
Maiores detalhes quanto à escrituração no livro caixa estão disponíveis na matéria do Imposto de Renda n° 06/2020: LIVRO CAIXA Considerações Gerais.
A apuração realizada pelo carnê-leão será importada posteriormente para a declaração do imposto de renda da pessoa física do profissional autônomo. Para
tanto, primeiramente será necessário exportar o arquivo da apuração do carnê-leão para o disco rígido ou mídia removível.
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Boletim Imposto de Renda n° 04 - 2ª Quinzena. Publicado em: 18/02/2021
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Após exportar o arquivo para o disco rígido ou mídia removível, na declaração de ajuste anual o profissional autônomo deverá importar o arquivo, na ficha
“Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Física e ou do Exterior pelo Titular”.
Nesse caso, por mais que o valor total da ação judicial seja depositado de forma integral na conta bancária do advogado, o rendimento do profissional a ser
tributado somente é o valor correspondente aos seus honorários, ou seja, o acréscimo patrimonial do mesmo. (Lei n° 5.172/66, artigo 44)
O que irá comprovar que de todo o valor recebido somente parte é rendimento do profissional é o contrato de honorários advocatícios e a procuração que
foram firmados pelo profissional e seu cliente, e também o comprovante de transferência bancária do repasse do valor recebido pela ação ao cliente, já
líquido dos honorários cobrados pelo serviço prestado.
Desta forma, a tributação dos honorários recebidos segue a mesma regra de tributação descrita no item 4.
Nesse caso, no contrato firmado entre os profissionais e o cliente estará previsto que o contratante será representado pelos profissionais contratados, e os
honorários advocatícios serão partilhados entre eles.
Neste cenário, no caso de recebimento de honorários de pessoa física, cada advogado deverá reconhecer no carnê-leão a sua parte dos honorários
recebidos pelo serviço prestado, e a tributação será de acordo com o item 4.2.
Caso o rendimento seja recebido de pessoa jurídica, a fonte pagadora deverá identificar qual seria o rendimento de cada profissional para então realizar o
cálculo da retenção do imposto de renda na fonte, e a tributação seria de acordo com o item 4.1.
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Nesse caso o profissional responsável pelo trabalho deve computar como rendimento bruto o valor total dos honorários recebidos, podendo deduzir na
apuração do livro caixa os pagamentos realizados ao(s) outro(s) profissional(ais), desde que os pagamentos caracterizem despesas de custeio necessárias
à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora.
Agora, quando a prestação de serviços colegiada for sistemática, habitual, sempre sobre a responsabilidade do mesmo profissional, que recebe em nome
próprio o valor total pago pelo cliente para depois realizar o pagamento do(s) outro(s) profissional(ais), fica configurada a condição de empresa individual
equiparada a pessoa jurídica, por se tratar de venda, habitual e profissional, de serviços próprios e de terceiros, conforme artigo 162, § 1°, inciso II do
RIR/2018.
Nesse caso a tributação do rendimento deveria ser realizada como pessoa jurídica, de acordo com seu regime tributário.
O advogado autônomo, quando está obrigado a apresentar a declaração do imposto de renda da pessoa física, precisa informar os rendimentos recebidos de
pessoa física e jurídica na declaração, sendo estas informações cruzadas pela RFB com as informações enviadas pelas fontes pagadoras dos rendimentos.
Quando a fonte pagadora for pessoa física, existe a previsão de dedução dos honorários advocatícios pagos dos valores recebidos em decorrência de
decisão judicial, quando o rendimento obtido for tributável, conforme previsto no artigo 776, § 1° do RIR/2018.
Os honorários advocatícios pagos devem ser proporcionalizados de acordo com a natureza dos rendimentos recebidos pela ação judicial, isto é, entre
rendimentos tributáveis, os sujeitos à tributação exclusiva e os isentos e não tributáveis.
Quando o contribuinte for informar na DAA o rendimento tributável obtido com a ação judicial ele deverá informar o valor recebido, já diminuído do valor pago
ao advogado e na ficha de pagamentos efetuados será necessário informar o nome, o CPF e o valor pago ao advogado (Perguntas e Respostas IRPF 2020, n°
424).
Assim sendo, o advogado autônomo quando recebe honorários pelos serviços prestados é obrigado a disponibilizar o recibo ao tomador do serviço para que
o mesmo possa deduzir do rendimento tributável obtido com a ação os honorários advocatícios pagos e informar o pagamento realizado em sua declaração
do imposto de renda.
O pagamento dos honorários advocatícios será informado na ficha “Pagamentos Efetuados”, utilizando o código 60, 61 ou 62, conforme o caso.
Já no caso de rendimentos pagos por pessoa jurídica, a RFB irá cruzar as informações da declaração do imposto de renda do profissional autônomo com a
DIRF da fonte pagadora, que deverá informar o rendimento pago.
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