Você está na página 1de 4

05/07/2021

Resumo: Este trabalho visa analisar, especificamente, o tratamento fiscal aplicável às operações de devolução de
mercadorias promovidas por contribuintes e não contribuintes do imposto, com fundamento nos dispositivos
do Regulamento do ICMS do Estado de São Paulo, aprovado pelo Decreto nº 45.490/00.

Origem: SP

Qualificações: Tributário

Número: 33/2018

Devolução de Mercadorias Promovida por Contribuinte e não Contribuinte

Data de publicação: 08/08/2018


Data de alteração: 06/02/2020

SUMÁRIO

1. Introdução

2. Conceitos

2.1. Devolução

2.2. Contribuinte

2.3. Devolução ­ Garantia e troca

3. Inscrição Estadual ­ Obrigatoriedade

4. Devolução ­ Operação Interestadual ­ Tributação

5. Devolução entre Contribuintes

5.1. Exemplos

6. Devolução Promovida por não Contribuinte

6.1. Devolução por troca ou garantia

6.2. Recebimento de devolução por desfazimento de negócio de não contribuinte

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho visa analisar, especificamente, o tratamento fiscal aplicável às operações de devolução de mercadorias promovidas por
contribuintes e não contribuintes do imposto, com fundamento nos dispositivos do Regulamento do ICMS do Estado de São Paulo, aprovado
pelo Decreto nº 45.490/00.

2. CONCEITOS

2.1. Devolução

Para efeito da legislação do imposto, a operação de devolução tem por objetivo anular todos os efeitos da operação anterior, inclusive os
tributários. Assim, a tributação a ser utilizada na operação de devolução será a mesma aplicada na operação original (art. 4º, IV, do RICMS­SP).

Considerando, por exemplo, uma operação original tributada à alíquota do ICMS de 12%, a operação de devolução será tributada com
essa mesma alíquota, ou seja, 12%, caso contrário, não estaríamos anulando os efeitos da operação anterior.

Idêntico tratamento será aplicado em relação à operação que, por disposição legal, esteja amparada por benefício fiscal (isenção, redução
da base de cálculo) ou desonerada de tributação (não incidência). Dessa forma, se na operação original não houve tributação, o mesmo
tratamento será aplicado em relação à devolução da mercadoria.

Nesse sentido, é a orientação da Consultoria Tributária da ­Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, por meio da Resposta à
Consulta nº 4.417/14, item 4, a seguir reproduzido:

"4. ( ) 'devolução de mercadoria' é a 'operação que tenha por objeto anular todos os efeitos de uma operação anterior'.
Assim, em regra, a Nota Fiscal de devolução deve ser emitida com os mesmos dados da Nota Fiscal emitida pelo fornecedor,
reproduzindo, assim, todos os elementos constantes da Nota Fiscal anterior".

2.2. Contribuinte

Nos termos do art. 9º do RICMS­SP, contribuinte do imposto é qualquer pessoa, natural ou jurídica, que de modo habitual ou em volume
que caracterize intuito comercial, realize operações relativas à circulação de mercadorias ou preste serviços de transporte interestadual ou
intermunicipal ou de comunicação.

É também contribuinte a pessoa natural ou jurídica que, mesmo sem habitualidade ou intuito comercial, importe mercadoria ou bem do
exterior, qualquer que seja a sua finalidade, conforme ­disposto no art. 10, I, do RICMS­SP.

2.3. Devolução ­ Garantia e Troca

Arquivo gerado em 05/07/2021 Página 1 de 4


05/07/2021

Para efeito do disposto no art. 452 do RICMS­SP, considera­se:

a) garantia a obrigação assumida pelo remetente ou fabricante de substituir ou consertar a mercadoria, se esta
apresentar defeito;

b) troca a substituição de mercadoria por uma ou mais da mesma espécie ou de espécie diversa, desde que de ­valor
não inferior ao da substituída.

3. INSCRIÇÃO ESTADUAL ­ OBRIGATORIEDADE

Estabelece o art. 19 do RICMS­SP que a obrigatoriedade de inscrever­se no Cadastro de Contribuintes do ICMS do Estado de São Paulo
se aplica àqueles que pretendam praticar com habitualidade operações relativas à circulação de mercadorias ou prestações de serviço de
transporte interestadual ou intermunicipal ou de comunicação.

Caso o remetente das mercadorias não seja inscrito e nem sujeito à inscrição no Cadastro de Contribuintes do ICMS, não terá que cumprir
obrigação acessória vinculada a este imposto, tais como emissão de notas fiscais, escriturações de livros, etc.

A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo tem orientado, por meio de Respostas à Consulta, dentre as quais destacam­se as de
nºs 833/02 e 131/06, no sentido de que o remetente, na qualidade de não contribuinte, deve utilizar Documento Interno, tal como uma
"Declaração" para acobertar a circulação das mercadorias que porventura possa realizar.

4. DEVOLUÇÃO ­ OPERAÇÃO INTERESTADUAL ­ TRIBUTAÇÃO

O Convênio ICMS nº 54/00 estabeleceu expressamente as regras aplicáveis às operações de devolução e retorno de mercadorias
ocorridas no âmbito interestadual, seja pela totalidade ou parcialmente, determinando a aplicação de mesma base de cálculo e alíquota
constantes do documento fiscal que acobertou a operação original. As disposições do Convênio ICMS nº 54/00 foram incorporadas ao art. 57 do
RICMS­SP, a seguir transcrito:

"Artigo 57 ­ Na operação interestadual de devolução ou retorno, total ou parcial, de mercadoria ou bem, inclusive o
recebido em transferência, aplicar­se­ão a mesma base de cálculo e a mesma alíquota constantes no documento fiscal que
acobertou a operação original da qual resultou o recebimento da mercadoria ou do bem (Convênio ICMS nº 54/00)".

5. DEVOLUÇÃO ENTRE CONTRIBUINTES

O ICMS é um imposto não cumulativo, razão pela qual assegura ao contribuinte o direito de creditar­se do imposto destacado em
documento fiscal hábil, relativamente às aquisições de mercadorias e serviços de transporte intermunicipal e interestadual e serviço de
comunicação tomados, sempre que praticar operações e/ou prestações subsequentes, igualmente tributadas (art. 59 do RICMS­SP).

Assim, quando um contribuinte receber, em devolução, mercadoria cuja saída tenha ocorrido sob a tributação do imposto, poderá creditar­
se do valor do ICMS, efetivamente destacado no documento fiscal que acobertou a operação de devolução das mercadorias, total ou
parcialmente, conforme o caso.

5.1. Exemplos

Demonstraremos a seguir exemplos hipotéticos de notas fiscais, considerando uma operação de venda e logo em seguida a sua respectiva
devolução.

5.1.1. Nota Fiscal Relativa À Venda

Veja o Modelo

5.1.2. Nota Fiscal Relativa À Devolução

Veja o Modelo
Nota Editorial

1ª) Se NF­e, versão 3.10, na operação de devolução, informar o valor do IPI no campo "IPI Devolvido". O sistema emissor da NF­e não
somará esse valor no Total da NF­e, portanto, se faz necessária a informação do valor do IPI devolvido também no campo "Outras Despesas
Acessórias" para fins exclusivos de computo no Valor Total da NF­e (Nota Técnica nº 2011.004);
2ª) Se NF­e versão 4.0, na operação de devolução, informar o valor do IPI no campo "IPI devolvido" que o sistema emissor da NF­e
somará o valor do IPI automaticamente no valor total da NF­e. Informar também no campo "Informações Complementares" da NF­e (Nota
Técnica nº 2016.002).

6. DEVOLUÇÃO PROMOVIDA POR NÃO CONTRIBUINTE

Existem duas considerações a serem observadas em relação à operação de devolução promovida por não contribuinte do ICMS.

A primeira refere­se à devolução a título de troca ou em virtude de garantia, e a outra à devolução por desfazimento de negócio.

Arquivo gerado em 05/07/2021 Página 2 de 4


05/07/2021

A legislação do Estado de São Paulo não prevê a obrigatoriedade de emissão de documento fiscal por parte das pessoas físicas ou
jurídicas não enquadradas como contribuintes do imposto. No entanto, quando essas pessoas eventualmente necessitarem transportar
mercadorias, será acompanhado de Documento Interno (Declaração).

Assim, no caso de estabelecimento que receber mercadoria para troca ou, em virtude de garantia, devolvida por pessoa natural, pessoa
jurídica não contribuinte ou qualquer outra pessoa não obrigada à emissão de documentos fiscais, para efeito de recuperação do crédito do
ICMS, debitado por ocasião da saída da mercadoria, serão observadas as seguintes condições (art. 452 do RICMS­SP):

a) haja prova cabal da devolução;

b) o retorno se verifique:

b.1) dentro do prazo de 45 dias, contado da data de saída da mercadoria, tratando­se de devolução para troca;

b.2) dentro do prazo determinado no documento ­respectivo, tratando­se de devolução em virtude de garantia.

Na hipótese de a devolução objetivar o desfazimento do negócio, observar o subtópico 6.2.

6.1. Devolução Por Troca Ou Garantia

O contribuinte recebedor de mercadoria devolvida por pessoa física ou jurídica não contribuinte deverá emitir nota fiscal relativa à entrada,
mencionando o número, a série, a data de emissão e o valor do documento fiscal que acobertou a operação original, bem como a identificação
da pessoa que promover a devolução, mencionando número e espécie de documento de identidade, tal como o número do RG.

Conforme a orientação da Consultoria Tributária da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, por meio da Resposta à Consulta nº
15.967/17, na nota fiscal relativa à entrada deverá constar no campo "Destinatário/Remetente" os dados do próprio emitente.

A nota fiscal de entrada emitida pelo contribuinte recebedor da devolução servirá para acobertar o transporte da mercadoria em retorno ao
seu estabelecimento, quando este assumir a responsabilidade pela sua retirada, uma vez que o remetente não está obrigado à emissão de
documento fiscal tendo em vista tratar­se de não contribuinte do ICMS (§ 3º do art. 452 do RICMS­SP).

A nota fiscal de entrada deverá ser escriturada no livro Registro de Entradas, com aproveitamento do crédito, quando admitido.

6.1.1. Exemplos

Demonstraremos a seguir exemplos hipotéticos de notas fiscais, considerando uma operação de venda para não contribuinte do imposto e
logo em seguida a sua respectiva devolução.

6.1.1.1. Nota Fiscal Relativa À Venda

Veja o Modelo

Nota Editorial

O valor do IPI (R$ 20,00) deve ser incluído na base de cálculo do ICMS, por tratar­se de mercadoria destinada a usuário final (art. 37, §
1º, item 3, do RICMS­SP).

6.1.1.2. Nota Fiscal De Entrada

Veja o Modelo
Nota Editorial

1ª) A Nota Fiscal nº 000000004 exemplificada neste subtópico representa uma operação de devolução a título de troca e deve ser
emitida no CFOP 1.201 (devolução de mercadoria de produção do estabelecimento), conforme a orientação da Consultoria Tributária da
Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, por meio da Resposta à Consulta nº 5.416/15.
2ª) Se NF­e, versão 3.10, na operação de devolução, informar o valor do IPI no campo "IPI Devolvido". O sistema emissor da NF­e não
somará esse valor no Total da NF­e, portanto, se faz necessária a informação do valor do IPI devolvido também no campo "Outras Despesas
Acessórias" para fins exclusivos de Computo no Valor Total da NF­e (Nota Técnica nº 2011.004).
3ª) Se NF­e versão 4.0, na operação de devolução, informar o valor do IPI no campo "IPI devolvido" que o sistema emissor da NF­e
somará o valor do IPI automaticamente no valor total da NF­e. Informar também no campo "Informações Complementares" da NF­e (Nota
Técnica nº 2016.002).

6.2. Recebimento de Devolução por Desfazimento de Negócio de Não Contribuinte

Conforme a orientação da Consultoria Tributária da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo por meio derespostas à Consulta,
dentre as quais, destaca­se a de nº 14.812/17, as devoluções promovidas por pessoa física, pessoa jurídica não contribuinte, decorrentes de
desfazimento da venda, não conferiam ao estabelecimento recebedor das mercadorias devolvidas o direito de aproveitamento do crédito do
ICMS destacado por ocasião da saída da mercadoria. Isso porque, com a entrega ao usuário final, terminava o ciclo da comercialização da

Arquivo gerado em 05/07/2021 Página 3 de 4


05/07/2021

mercadoria, considerando­se definitivo o recolhimento do imposto realizado nos estágios anteriores.

Contudo, o Decreto nº 64.772/20, publicado no DOE­SP de 05/02/20, com efeitos a partir da data da sua publicação, acrescentou o § 16
ao art. 61 do RICMS­SP para estabelecer que o estabelecimento que receber mercadoria devolvida por produtor ou por qualquer pessoa natural
ou jurídica não considerada contribuinte ou não obrigada à emissão de documento fiscal, poderá creditar­se do valor do ICMS debitado por
ocasião da saída da mercadoria.

Arquivo gerado em 05/07/2021 Página 4 de 4

Você também pode gostar