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Considerações Gerais

EMPRESAS DISPENSADAS DE ESCRITURAÇÃO PELA LEGISLAÇÃO


TRIBUTÁRIA

Algumas empresas são dispensadas de realizar toda a escrituração contábil e


fiscal. Dessa forma, as micro e pequenas empresas conseguem receber esse
privilégio, ou seja, essas empresas que estão caracterizadas pelo regime de
tributação SIMPLES ficam dispensadas de cumprir a escrituração completa exigida
pela legislação. No entanto, precisam manter em dia, em ordem e com informações
atualizadas, o livro caixa, que passa a ser o principal documento da microempresa.
Dessa maneira, segundo o artigo 29 da Lei das Microempresas (LC123/2006):
“A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional dar-se-á quando
houver falta de escrituração do livro-caixa ou não permitir a identificação da
movimentação financeira, inclusive bancária”.

REGRAS GERAIS DE ESCRITURAÇÃO

A escrituração deve ser realizada de acordo com as normas e regras


determinadas pela legislação vigente quanto ao regime de opção que as empresas
adotam, ou em relação a como devem ser realizados os cálculos dos diversos tributos
que são incidentes, com todas as particularidades de cada tipo, além de se considerar
as isenções, imunidade ou não incidência.
Também deve ser observado o preenchimento dos livros que são exigidos pela
legislação, como o livro de registro de entradas, saídas, de lançamento de impostos,
LALUR, etc.
Além disso, tudo e de todos esses cuidados, a empresa deve realizar a

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escrituração obedecendo outras regras gerais para que essa importante fase do
processo contábil e empresarial seja feita de forma correta e atenda aos objetivos a
que se propõe.

Assim sendo, dentro dos aspectos gerais da escrituração, tem-se o fato de que
a mesma sempre deve ser realizada por profissional qualificado, ou seja, a
escrituração fiscal e contábil deve ser feita por pessoas competentes, experientes e
que tenham o conhecimento real e específico para desempenhar tal procedimento.
Nesse aspecto, a escrituração sempre ficará sob a responsabilidade de um
profissional, que deve ser a pessoa especializada nesse processo, visto que é esta
pessoa que será responsável por tudo que deve estar registrado na escrita. Dessa
maneira, sempre que ocorrer algum erro, ou estiver escrita alguma informação que
não seja verdadeira, ou não se possa comprovar, a responsabilidade cairá sobre este
profissional que é o responsável por tal escrita.
Em alguns casos, em que não seja possível que a escrituração seja feita por
profissionais especializados nesse campo, é permitido que o próprio contribuinte, ou
seja, o empresário ou sócio, realize a escrita fiscal, sendo responsável pela mesma.
Em contrapartida, se a escrituração for realizada por profissionais que não
sejam qualificados e capacitados para tal função, a responsabilidade será do próprio
contribuinte, que arcará com as consequências da escrituração.
Outro aspecto da escrituração que se torna pertinente nesse processo é que a
mesma deverá ser completa, ou seja, não é possível realizar a escrituração de forma
parcial, ou emitindo períodos de tempo, de valores, etc.
Além disso, a escrituração deve ser feita em idioma e moeda correntes no
Brasil. Também é necessário que a escrituração seja escrita com clareza e
desenvolvida por ordem cronológica de dia, mês e ano.
Também não se deve deixar espaços em branco, nem entrelinhas, nem
borraduras, nem rasuras, emendas e transporte das informações para além das
margens (Decreto-lei 486/69. art. 2).

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É possível utilizar-se do uso de códigos e abreviaturas. No entanto, esses
devem constar em livro próprio e feitos com as formalidades que estão previstas na
lei. Todos os erros que forem cometidos deverão ser corrigidos por meio do
lançamento de estornos, transferências ou complementação (Decreto-lei 486/69.
Artigo 2). Todos os registros relativos à determinação do lucro real deverão ser feitos
exclusivamente no LALUR (Decreto-lei 1.598/77, art. 8, § 2°)
O regime de escrituração deve ser o de competência contábil, ou seja, as
receitas e despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em
análise, independente do pagamento.
Dessa forma, a receita só acontecerá, por exemplo, quando a entrega de um
bem solicitado for feito, com o devido faturamento, independente do pagamento
financeiro pelo produto, que pode acontecer em momento futuro.
Por exemplo, a empresa CALOLO realizou a prestação de serviços em janeiro
de 2013 no valor total de R$ 5.000,00. O lançamento será:
Débito: Contas a receber – Cliente. Crédito: Receita de Serviços Prestados.
Valor: R$ 5.000,00.
Além do exposto acima, também deverão ser feitos os lançamentos
relacionados aos tributos, como PIS/COFINS/CSLL/ISS, etc. Outro aspecto a ser
considerado na escrituração é a possibilidade de ser realizada de forma eletrônica,
por meio da chamada Escrituração Fiscal Digital (EFD)
De acordo com o Ajuste SINIEF nº. 2, de 03 de abril de 2009, a EFD: [...]
compõe-se da totalidade das informações, em meio digital, necessárias à apuração
dos impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte, bem
como outras de interesse das administrações tributárias das unidades federadas e da
Secretaria da Receita Federal do Brasil.
Dessa maneira, o contribuinte poderá fazer em meio eletrônico digital a
escrituração dos principais livros fiscais a que está sujeito, como o Livro de Registro
de Entradas, Livro de Registro de Saídas, Livro de Inventário e Livro de Registro de
Impostos (ICMS e IPI).

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Essa escrituração deve ser composta de todas as informações necessárias à
apuração dos impostos que estão relacionados às operações e prestações a que está
sujeita a empresa contribuinte, bem como outras que se fizerem necessárias à Receita
Federal do Brasil.
Para a grande maioria das empresas, a EFD já é obrigatória, desde 2009, como
é exposto pelo Protocolo do ICMS nº 77/08. No Estado de São Paulo, outras empresas
contribuintes estão obrigadas a realizar a EFD, a partir de janeiro de 2011, conforme
Comunicado DEAT nº 05/2010.
Além da Escrita Fiscal Digital para o ICMS e IPI, também é possível realizar
esse tipo de escrituração para os tributos PIS e COFINS, por meio do sistema
chamado de EFD-PIS/COFINS.
Esse sistema consta de um arquivo digital instituído no Sistema Público de
Escrituração Digital – SPED, e que pode ser utilizado pelas pessoas jurídicas de direito
privado na escrituração da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, tanto nos
regimes de tributação pelo lucro presumido ou pelo lucro real.
Assim sendo, além da escrituração específica para a apuração do PIS e
COFINS, também é necessário que todos os documentos e operações da escrituração
representativos de receitas auferidas e outras aquisições, além de custos, despesas
e encargos incorridos, sejam relacionados no mesmo arquivo da EFD-PIS/COFINS
em relação a cada estabelecimento empresa que é contribuinte dos mesmos.
Porém, não é necessário que sejam informados na EFD-PIS/COFINS os
demais documentos que não se refiram a operações que produzam receitas ou de
créditos de PIS/PASEP e de COFINS.
Após ser realizado o preenchimento do arquivo digital da escrituração, o
mesmo deve ser validado, assinado digitalmente e transmitido, via Internet, ao
ambiente SPED, impreterivelmente até o 10º dia útil do 2º (segundo) mês subsequente
a que se refira a escrituração.
A partir do ano de 2012, a Receita Federal do Brasil iniciou o processo de
obrigatoriedade da entrega da EFD – PIS/COFINS, de acordo com alguns aspectos:

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• Todas as empresas optantes pelo regime do Lucro Real deverão
realizar a EFD –PIS/COFINS a partir de janeiro de 2012.
• Todas as empresas optantes pelo regime do Lucro Presumido ou
Arbitrado deverão realizar a EFD –PIS/COFINS a partir de julho de 2012.

Outro aspecto que ocorre na escrituração é a ocorrência de situações em que


o tributo, e seu respectivo valor, não aparecem destacados nos documentos fiscais,
geralmente beneficiado por algum tipo de isenção, suspensão, diferimento ou a não
incidência.
Quando isso acontece, a circunstância ocorrida deve ser mencionada no
documento fiscal, com a indicação do dispositivo que a regulamente na legislação
(Artigo 186 do RICMS/SP). Assim sendo, existem algumas situações em que ocorrem
esses benefícios, com a descrição desses benefícios e a citação da legislação que a
regulamente.
Assim sendo, são demonstradas abaixo, pela Tabela algumas situações de
acordo com a legislação e ocorrência do ICMS:

TABELA - ALGUMAS SITUAÇÕES DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO E


OCORRÊNCIA DO ICMS
Situação ICMS Legislação
Remessa para conserto Não incide Artigo 7º, Inciso IX, Decreto
45.490/00

Retorno de conserto Não incide Artigo 7º, Inciso X, Decreto


45.490/00

Demonstração (operação interna) Suspenso Artigo 319, Decreto 45.490/00

Retorno de demonstração (operação Suspenso Artigo 319, Parágrafo 2º do Decreto


interna) 45.490/00

Empréstimo de material de ativo fixo Não incide Artigo 7º, Inciso XIV, Decreto
(operação interna) 45.490/00

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Retorno de empréstimo de material de ativo fixo Não incide Artigo 7º, Inciso XIV, Decreto 45.490/00
(operação interna)

Empréstimo de material de ativo fixo Não incide Artigo 7º, Inciso XIV, Decreto
(operação interestadual) 45.490/00

Retorno de empréstimo de ativo fixo Não incide Artigo 7º, Inciso XIV, Decreto
(interestadual) 45.490/00

Remessa para industrialização Suspenso Artigo 402, Parágrafo 1º, Item 2 do


(operação interna) Decreto 45.490/00

Remessa de moldes (ou modelos) Suspenso Artigo 327 do Decreto 45.490/00 e


para uso fora do estabelecimento Convênio 6/99
(operação interestadual)

Remessa para industrialização Suspenso Convênio no 34/90


(operação interestadual)

Exportação Não Artigo 7º, Inciso V do Decreto


incidência 45.490/00

Remessa para locação Não Artigo 7º, Inciso IX do Decreto


incidência 45.490/00

Retorno de locação Não Artigo 7º, Inciso X do Decreto


incidência 45.490/00

Remessa para armazenagem Não Artigo 7º, Inciso I do Decreto


(operação interna) incidência 45.490/00

Retorno de mercadoria depositada Não Artigo 7º, Inciso III do Decreto 45.490/00
(operação interna) incidência

Remessa e retorno para exposição Isento Artigo 33, Anexo I, do Decreto


feira 45.490/00

Venda de ativo-imobilizado Não Artigo 7º, inciso XIV do Decreto


incidência 45.490/00

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Remessa de moldes (ou modelos) Suspenso Artigo 327, do Decreto 45.490/00
para uso fora do estabelecimento.
(operação estadual)

Sucata - operação de venda Diferido Artigo 392 do Decreto 45.490/2000

Remessa e retorno de vasilhame Isento Artigo 82, Inciso I e II do Anexo I,


do Decreto 45.490/00

Retorno de industrialização Suspenso Artigo 402, Parágrafo 1º, Item 2


(operação interna) Decreto 45.490/00

Retorno de industrialização Suspenso Convênio no 34/90


(operação interestadual)

Locação de bens do ativo fixo Não incide Artigo 7º, Inciso IX Decreto
45.490/00

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Da mesma forma, são demonstradas na Tabela algumas situações de acordo
com a legislação e ocorrência do IPI:

TABELA - ALGUMAS SITUAÇÕES DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO E


OCORRÊNCIA DO IPI
Situação IPI Legislação
Remessa para conserto Não incide Artigo 5º, Inciso XI, Decreto 7.212/10

Retorno de conserto Não incide Artigo 5º, Inciso XI, Decreto 7.212/10

Empréstimo de material de ativo fixo Não incide Artigo 5º, Inciso XI , Decreto 7.212/10
(operação interna)
Retorno de empréstimo de material de Não incide Artigo 5º, Inciso XI, Decreto 7.212/10
ativo fixo (operação interna)

Empréstimo de material de ativo fixo Não incide Artigo 5º, Inciso XI, Decreto 7.212/10
(operação interestadual)
Retorno de empréstimo de ativo fixo Não incide Artigo 5º, Inciso XI Decreto 7.212/10
(interestadual)
Remessa para industrialização Suspenso Artigo 43, Inciso VI Decreto 7.212/10
(operação interna)
Remessa de moldes (ou modelos) para Suspenso Artigo 43, Item XII, Decreto 7.212/10
uso fora do estabelecimento (operação
interestadual)

Remessa para industrialização Suspenso Artigo 43, Inciso VI, Decreto 7.212/10
(operação interestadual)
Retorno de industrialização (operação Suspenso Artigo 42, Inciso VII, alínea “b”
interna) Decreto 7.212/10
Retorno de industrialização (operação Suspenso Artigo 43, Inciso VII, alínea “b”
interestadual) Decreto 7.212/10
Locação de bens do ativo fixo Não constitui fato Artigo 38, Inciso II, alínea “a”
gerador Decreto 7.212/10
Remessa de moldes (ou modelos) para Suspenso Artigo 43, Item XII, Decreto 7.212/10
uso fora do estabelecimento. (operação
estadual)

Sucata - operação de venda Não tributado Decreto 6.006/06


Remessa e retorno de vasilhame Não tributado Artigo 6º, Inciso I do Decreto 7.212/10

Exportação Imunidade Artigo 18, Inciso II do Decreto


Tributária 7.212/10
Remessa para locação Não tributado Artigo 37, Inciso II, alínea “a” do
Decreto 7.212/10
Retorno de locação Não tributado Artigo 37, Inciso II, Letra “a” do
Decreto 7.212/10
Remessa para armazenagem (operação Suspenso Artigo 43, Inciso III do Decreto 7.212/10
interna)
Remessa para armazenagem (operação Suspenso Artigo 43, Inciso III do Decreto 7.212/10
interestadual)
Retorno de mercadoria depositada Suspenso Artigo 43, Inciso III do Decreto 7.212/10
(operação interna)
Retorno de mercadoria depositada Suspenso Artigo 43, Inciso III do Decreto 7.212/10
(operação interestadual)
Remessa e retorno para exposição e Suspenso Artigo 43, Inciso II do Decreto 7.212/10
feira

O SINTEGRA/ICMS (Sistema Integrado de Informações sobre Operações


Interestaduais com Mercadorias e Serviços) é um sistema de intercâmbio de
informações sobre todas as operações que acontecem com mercadorias e serviços,
em todos os estados da federação do Brasil, tanto internamente quanto entre os
estados, e que são feitas pelos contribuintes do ICMS.
Esse intercâmbio de informações é tanto de interesse das Administrações
Tributárias de cada estado da federação quanto da Secretaria da Receita Federal.
O contribuinte dos tributos é obrigado a entregar as informações pertinentes ao
sistema. Essa entrega faz parte das obrigações acessórias que a empresa
contribuinte já realiza.
No entanto, no caso do SINTEGRA, a empresa necessita apenas gerar
arquivos com as informações fiscais referentes a todas as entradas e saídas de
mercadorias do seu estabelecimento e enviar para o sistema por meio do envio digital
em website específico para tal finalidade.
Dessa maneira, o fisco consegue cruzar todas as informações relacionadas à
circulação de mercadorias no território nacional, por meio do cruzamento das
informações recebidas por todas as empresas, sejam remetentes da informação, no
caso de empresas vendedoras e revendedoras, ou destinatários, que são as
empresas ou pessoas físicas que adquirem a mercadoria.
O arquivo com os registros fiscais da empresa e que deverá ser entregue, deve
possuir as seguintes informações:
a) Tipo do registro;
b) Data de lançamento;
c) CNPJ do emitente, do remetente e do destinatário;
d) Inscrição Estadual do emitente, do remetente e do destinatário;
e) A unidade da Federação do emitente, do remetente e do destinatário;
f) Identificação do documento fiscal, contendo a série, subsérie e número
de ordem;
g) Código Fiscal de Operações e Prestações (CFOP);
h) Valores que foram descritos nos livros Registro de Entradas ou Registro
de Saídas;
i) Código da Situação Tributária Federal.

Na Figura pode-se visualizar o website do SINTEGRA, e a sua página inicial, o


qual todas as empresas e pessoas físicas podem utilizar para fazer a obrigação
acessória e a entrega dos registros digitais relacionados.
FIGURA - PÁGINA INICIAL DO SITE SINTEGRA
FONTE: Disponível em: <http://www.sintegra.gov.br/>.

A Figura mostra o endereço eletrônico do sistema verificador do SINTEGRA.

FIGURA - SISTEMA VERIFICADOR DO SINTEGRA


FONTE: Disponível em: <http://www.sintegra.gov.br/>. Acesso em: 25 jan.

2013.

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