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Professor Fellipe Guerra

Eleito o 3º Contador mais influente da Internet em 2017;

Mestre em Administração;

Doutorando em Ciências da Informação pela UFP, em Portugal;

Contador com mais de 10 anos de experiência em contabilidade e gestão


tributária;

Coordenador e professor do MBA em Contabilidade, Auditória e Gestão Tri-


butária do Instituto de Pós- Graduação e Graduação (IPOG);

Palestrante com atuação em mais de 21 estados brasileiros;

Vice-Presidente de Desenvolvimento Prossional


no Conselho Regional de Contabilidade do Ceará;

Instrutor no CRCCE, CRCPI, CRCSE, CRCAM,


CRCPB, CRCES, SESCON/PA, FIEC, FCDL e
SINDUSCON;

Atuou como coordenador do Workshop


‘Avanços e Inovações do SPED’ no 20°
Congresso Brasileiro de Contabilida-
de, o maior evento da Classe
Contábil brasileira com mais
de 10 mil participantes;

Autor do livro “Descomplicando


o SPED”;

Consultor empresarial;

Especialista em SPED.

02
Capítulo 01

ESCRITURAÇÕES
FISCAIS DIGITAIS
(EFD) ICMS/IPI
SAGA DA ESCRITURAÇÃO FISCAL

03
1 SAGA DA ESCRITURAÇÃO FISCAL
A Escrituração Fiscal existe há quase 50 anos, conforme prevê o ajuste
Sinief S/N de 1970, que determina que o contribuinte do ICMS deva manter

1970
para cada um dos seus estabelecimentos os livros que compõem a
escrituração fiscal tais como:

Registro de Entrada, Registro de Saída,


Registro de Controle da Produção e do
Estoque, Registro de Utilização de
Documentos Fiscais e Termos de
Ocorrências, Registro de Inventário e
Registro de Apuração do ICMS. No entanto, os tempos atuais apontam uma
deficiência conceitual a respeito do que são escriturações fiscais.

Na década de 70, a Escrituração Fiscal nada mais era do que o registro das
operações fiscais, em que se tinham obrigações de natureza principal, apu-
ração do PIS, Cofins, ICMS, IPI, além das obrigações de natureza acessória,
dentre elas, a de emissão dos documentos fiscais e o registro deles, bem como
seus respectivos livros.

Naquele período, era preciso obedecer, exclusivamente, para fins de informa-


ções fiscais, as informações que eram necessárias para apuração do tributo.
Especificamente, no caso das notas fiscais, eram prioritárias as informações
relacionadas ao ICMS, que é o imposto sobre a circulação
de mercadorias e serviços.

Lembrando que, nessa época, a escrituração fiscal


nada mais era o registro das operações fiscais. Isso
implica afirmar que, num recente passado não
existia nota fiscal eletrônica.

O que existia era a nota fiscal de bloco, que


era emitida à mão. Ao final do mês as empre-
sas acumulavam volumes de notas fiscais emitidas manu-
almente que eram registradas em livros pré-impressos que pediam re-
gistros tais como o valor da nota, data, valor da operação, a base de cálculo,
alíquota do imposto e o valor dele.
04

Capítulo 01 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) ICMS/IPI


ICMS/IPI
2 ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL (EFD)

O projeto do Sped Fiscal faz parte do projeto macro Sped. A partir des-
sa premissa é fundamental entender que a escrituração fiscal digital nada
mais é que do que a substituição da escrituração fiscal em papel ou mo-
delo informatizado, em que se utilizava do sistema, mas tinha que imprimir
o livro, por, agora, um modelo digital. Neste modelo, o contribuinte irá usar
seu sistema de escrituração fiscal, mas ao invés de imprimir livros, ele irá gerar
arquivos eletrônicos.
O grande gargalo dessa questão é que esse mode-
lo digital, como já explicado na introdução desta
obra, oferece também uma séria de informações
que são não fiscais, que por vezes acabam fa-
zendo com que o contribuinte não tenha um
eficaz controle a respeito dessas informa-
ções, e que acabam inserindo nos documen-
tos fiscais eletrônicos informações incorretas,
inexatas ou imprecisas. Com isso a qualidade de
escrituração fiscal fica comprometida.

Ressalte-se que, no que diz respeito ao Sped Fiscal,


a escrituração fiscal brasileira tem grande foco
em seus inventários e estoques.

Mas por quê? A escrituração fiscal digital, ou seja, o Sped Fiscal tem como prin-
cipal objetivo apresentar as informações relacionadas à apuração do ICMS e
do IPI.

Vale salientar que, o ICMS é um tributo de extrema importância para o


país, e em decorrência disso e do grande percentual da parcela de arrecada-
ção dos estados, foram criadas diversas técnicas para garantir a arrecadação
do tributo.

São técnicas de arrecadação: o antecipado, o diferencial de alíquotas, a


substituição tributária. Com isso o fisco garante que a obrigação principal será
cumprida, o valor do tributo será pago. Este passa a ter um olhar ainda mais
rigoroso em relação às obrigações acessórias, porque essas vão denunciar se
o contribuinte está sonegando.
05

Capítulo 01 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) ICMS/IPI


Como o fisco constata uma sonegação?

No que diz respeito à escrituração fiscal e a arrecadação do ICMS, um dos prin-


cipais fatores que evidenciam que está havendo sonegação são os estoques.

Porque, por exemplo, se uma pessoa


física vende uma mercadoria sem possuir
uma nota de compra, significa que esta
omitiu uma enreda, e essa omissão pode
gerar uma sonegação.

Outro exemplo é que, se uma mercado-


ria desaparece do estoque significa que a
mesma foi vendida sem nota, e isso se
caracteriza uma omissão de saída e de
receita.

Diante disso, hoje, existem alguns cuida-


dos considerados extremamente necessários
em informações não fiscais, no gerenciamento delas,
para evitar que o contribuinte seja acusado de omissões de entrada
ou de saída.

No capítulo 2 desta obra, o projeto Sped foi conceituado como um grande


sistema que tem a função de receber informações das empresas.

Para cada tipo de informação fiscal de interesse do fisco foi desenvolvido um


leiaute específico contendo o conjunto de dados e a forma que deveriam ser
apresentados.

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Capítulo 01 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) ICMS/IPI


Visando orientar a geração dessas infor-
mações em meio digital foi disponibili-
zado aos contribuintes do ICMS e do IPI
um Guia Prático, contendo os dados re-
ferentes à EFD ICMS/IPI e esclarecendo
aspectos da apresentação dos registros e
conteúdos de alguns campos, estrutura e
apresentação do arquivo digital para en-
trega ao fisco, na forma do Ato Cotepe/
ICMS nº 9, de 18 de abril de 2008 e suas
atualizações.

O documento abdica de contemplar


todas as orientações técnicas a respeito da elaboração do arquivo digital, cuja
orientação integral sobre sua estrutura e apresentação deve ser buscada no
Manual de Orientação anexo ao Ato Cotepe/ICMS nº 09/08, bem como na le-
gislação de cada uma das unidades federadas.

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Capítulo 01 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) ICMS/IPI


/IPI
3 APRESENTAÇÃO DO ARQUIVO EFD ICMS
O arquivo digital deve ser submetido a um programa validador, fornecido
pelo Sped por meio de download, que verifica a consistência das informações
prestadas no arquivo.

Após essas verificações, o arquivo digital é assinado por meio de certificado


digital, tipo A1 ou A3, emitido por autoridade certificadora credenciada pela
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) e transmitido.

O contribuinte está obrigado a prestar informação, pois a omissão ou inexati-


dão de informações poderá acarretar penalidades e a obrigatoriedade de re-
apresentação do arquivo integral, de acordo com as regras estabelecidas pela
Administração Tributária.

3.1 PERIODICIDADE DE INFORMAÇÕES

Os arquivos da EFD ICMS/IPI têm periodicidade mensal e devem apresentar


informações relativas a um mês civil ou fração, ainda que as apurações dos im-
postos (ICMS e IPI) sejam efetuadas em períodos inferiores a um mês, segundo
a legislação de cada imposto.

Desse modo, a data inicial constante do registro 0000 deve ser sempre o pri-
meiro dia do mês ou outro, se for início das atividades, ou de qualquer outro
evento que altere a forma e período de escrituração fiscal do estabelecimento.

A data final constante do mesmo re-


gistro deve ser o último dia do mesmo
mês informado na data inicial ou a data
de encerramento das atividades ou de
qualquer outro fato determinante para
paralisação das atividades daquele esta-
belecimento.

Os prazos para a transmissão dos arqui-


vos são definidos por legislação estadual.
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Capítulo 01 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) ICMS/IPI


TAL
3.2 ASSINATURA COM CERTIFICADO DIGI

No âmbito contábil, é de extrema necessidade entender que a assinatura di-


gital é nada mais que o processo de assinar um documento com o certificado
digital, e que garantirá, consequentemente, a autenticidade do documento.

Desta forma, o certificado digital é uma espécie de documento que identifica-


rá um estabelecimento ou pessoa, podendo ser verificado junto a autoridade
certificadora que o emitiu.

Com essa premissa poderão assinar a EFD ICMS/IPI, com certificados digi-
tais do tipo A1 ou A3:

1. e-PJ ou e-CNPJ que contenha a mesma base do CNPJ (os oito primeiros caracteres) do
estabelecimento;

2. e-PF ou e-CPF do produtor rural ou do representante legal da empresa no cadastro


CNPJ;

3. no caso de sucessão, a EFD ICMS/IPI pode ser assinada com certificado digital da suces-
sora se o CNPJ da sucedida estiver extinto no cadastro CNPJ da RFB por um dos seguintes
eventos: incorporação, fusão ou cisão total e se a EFD ICMS/IPI referir-se a período de
apuração anterior ao da data da sucessão;

4. a pessoa jurídica ou a pessoa física com procuração eletrônica cadastrada no sítio ele-
trônico da RFB, por estabelecimento;

5. Inventariante com procuração eletrônica cadastrada no sítio eletrônico da RFB. Cadas-


tramento de Procuração Eletrônica, conforme o sítio eletrônico da RFB.

1- http://receita.fazenda.gov.br, na aba Empresa, clicar em “Todos os serviços”, selecio-


nar “Procuração Eletrônica e Senha para pesquisa via Internet”, “procuração eletrônica”
e “continuar” ou opcionalmente https://cav.receita.fazenda.gov.br/scripts/CAV/login/lo-
gin.asp. Login com certificado digital de pessoa jurídica ou pessoa física (produtor rural);-
selecionar “Procuração eletrônica”; a) Selecionar “Cadastrar Procuração” ou outra opção,
se for o caso; b) Selecionar “Solicitação de procuração para a Receita Federal do Brasil”; c)
Preencher os dados do formulário apresentado e selecionar a opção “Assinatura da Escri-
turação Fiscal Digital (EFD-ICMS/IPI) do Sistema Público de Escrituração Digital”, constan-
te do quadro “Destinados tanto a Pessoa Física quanto a Pessoa Jurídica”. d) Para finalizar,
clicar em “Cadastrar procuração” ou “Limpar” ou “Voltar”.

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Capítulo 01 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) ICMS/IPI


ÕES
3.3 PRESTAÇÃO E GUARDA DE INFORMAÇ

É fundamental entender que, de acordo com o Art. 173 CTN, o contribuinte


deverá guardar a EFD ICMS/IPI transmitida juntamente com o recibo de trans-
missão pelo prazo previsto na legislação, que conforme o artigo é de cinco
anos.

O arquivo transmitido e os documentos fiscais que deram origem à escritura-


ção devem ser mantidos pelo prazo decadencial. Ressalte-se que a responsa-
bilidade pela guarda da informação é do contribuinte, e não do contador. O
contribuinte deve manter a escrituração fiscal transmitida, o recibo de trans-
missão, e toda documentação que dá base à escrituração.

Para uma melhor compreensão disso, sugere-se pesquisa no portal do Sped,


através do Guia Prático da EFD ICMS/IPI e do Programa Validador (PVA) do
Sped Fiscal.

O arquivo digital da EFD-ICMS/IPI gerado pelo contribuinte seguirá as espe-


cificações do leiaute definidas pelo Ato Cotepe e deverá apresentar todas as
informações econômico-fiscais e contábeis referentes ao período compreen-
dido entre o primeiro e o último dia do mês civil, inclusive. Conforme consta
no Ajuste Sinief 02/09, fica dispensada a impressão dos livros fiscais. Conside-
ra-se totalidade das informações:
- Relativas às entradas e saídas de mercadorias e aos serviços prestados e tomados, incluindo a descri-
ção dos itens de mercadorias, produtos e serviços.

- Relativas à quantidade, descrição e valores de mercadorias, matérias-primas, produtos intermediá-


rios, materiais de embalagem, produtos manufaturados e produtos em fabricação, em posse ou per-
tencentes ao estabelecimento do contribuinte declarante, ou fora do estabelecimento e em poder de
terceiros e de terceiros de posse do informante;

- Relativas à produção de produtos em processo e produtos acabados e respectivos consumos de in-


sumos, tanto no estabelecimento do contribuinte quanto em estabelecimento de terceiro, bem como
o estoque escriturado;

- Qualquer informação que afete o inventário físico e contábil, no processo produtivo, na apuração, no
pagamento ou na cobrança de tributos de competência dos entes conveniados ou outras de interesse
das administrações tributárias.

- Qualquer situação de exceção na tributação do ICMS ou IPI, tais como: isenção, imunidade, não inci-
dência, diferimento ou suspensão do recolhimento, também deverá ser informada no arquivo digital,

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Capítulo 01 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) ICMS/IPI


4 Cadastro de Produtos
O Cadastro de Produtos é um dos principais fatores de geração de pro-
blemas dentro do Sped fiscal. Esse item tem como objetivo municiar o leitor
de condições de entender como é que esse cadastro deve ser feito dentro da
escrituração fiscal e desta forma possa orientar possíveis clientes e empresas,
com intuito de evitar retrabalhos e principalmente, erros que constituam pas-
sivos tributários ocultos.

Portanto faz-se necessária uma análise em relação aos itens elencados:


a) Classificação de Tipo de Item – Desde que o Sped Fiscal surgiu, com ele
existe o cadastro dos produtos e com essa informação sendo transmitida para
o fisco, existe uma séria de classificações de itens possíveis. A respeito disso,
as empresas comerciais trabalham com três tipos de itens:

TIPO 00
• Mercadoria p/ Revenda: Produto adquirido para comercialização e outros
dois tipos: Material de uso e consumo e Ativos Mobilizados.

TIPO 01
• Matéria Prima: Mercadoria que componha, física e/ou quimicamente, um
produto em processo ou produto acabado e que não seja oriunda do proces-
so produtivo. A exemplo disso, o consumidor já compra a matéria prima para
ser usada na fabricação do seu produto acabado ou na fabricação de um pro-
duto em processo. É por isso que ela não é oriunda do seu processo produtivo

TIPO 03
• Produto em Processo: Produto oriundo do processo produtivo e, prepon-
derantemente, consumido no processo produtivo. Ressalte-se que é comum
existir, geralmente, equívocos em relação ao Produto em Processo o Produ-
ção em Elaboração, aquela que foi iniciada, porém não foi finalizada. Em ex-
plicações para alunos, costumo falar no exemplo da sola de sapato a respeito
de Produto em Processo.

De uma possível indústria de calçados que tem um processo produtivo vol-


tado para fabricação de solas de sapatos. Ao finalizar esse processo, ela terá
um produto em processo, porque apesar de este ser oriundo de um Processo
Produtivo, será utilizado, ainda, na produção de um produto acabado.
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Capítulo 01 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) ICMS/IPI


TIPO 04
• Produto Acabado: Produto oriundo do processo produtivo; Produto final
resultante do objeto da atividade econômica do contribuinte e pronto para
ser comercializado. No caso, ainda, da indústria de calçados, o Produto Aca-
bado será o próprio calçado.

TIPO 05
• Subproduto: Oriundo do processo produtivo e não é objeto da produção
principal do estabelecimento. Um exemplo é o aproveitamento de sobras de
retalhos de uma indústria de confecção, que compra tecidos com o objetivo
principal de fazer o corte deles, mas que acaba utilizando as sobras de reta-
lhos para a transformação de outros acessórios ou para a venda dos mesmos.

TIPO 06
• Produto Intermediário: Produto que embora não se integrando ao novo
produto, for consumido no processo de industrialização. Em minhas aulas
costumo citar o exemplo da compra de uma lixa para ser usada na produção
de móveis. O produto, que foi consumido durante o processo de produção
de cadeiras ou mesas, não irá compor o produto acabado.

Ainda sobre os tipos, é fundamental entender que, essas informações, que


são de natureza não fiscal, e, portanto, de natureza gerencial. Quem deve
promover essas classificações é a própria empresa. Elas vão compor o Cadas-
tro de Produtos, e essas informações serão utilizadas, em alguns momentos,
tanto no documento fiscal eletrônico como, com toda certeza, será utilizada
na escrituração fiscal digital.

b) Ficha Técnica dos Produtos - Além disso, é necessário também buscar a


compreensão em torno da Ficha Técnica dos Produtos. Sempre que for men-
cionado que o tipo do item é, por exemplo, Produto Acabado, ou Tipo em
Processo e de Indústria, terá que preencher a ficha técnica dos mesmos. Ela
é informada no registro 0210, onde deverá ser anunciada uma previsão dos
materiais que serão consumidos no processo produtivo.

c) Itens com descrição repetida - Problemas no cadastro do produto fa-


zem com que muitas vezes o mesmo produto possua vários códigos no siste-
ma gerencial da empresa.

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Capítulo 01 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) ICMS/IPI


d) Itens com códigos similares - Problemas de parametrização na codi-
ficação dos produtos contribuem diretamente para que sejam detectadas
omissões de entradas e saídas nos estoques fiscais.

e) Fator de conversão - Sempre que a entidade utilizar uma unidade de


medida para controlar o inventário que seja diferente da usada na comer-
cialização, deve ser informado o fator de conversão.

f) Unidades de medidas - É importante destacar o código da unidade de


medida usada na comercialização e controle de estoque de determinado
produto bem como a descrição que identifique a unidade.

g) Análise horizontal dos itens - Variável de análise do comportamen-


to do preço dos produtos em determinado período de tempo, em muitos
casos evidência casos de subfaturamento.

h) Classificação das NCMs e impactos tributários - A classificação da


NCM do produto representa nos dias atuais um enorme gargalo para corre-
ta parametrização tributária dos itens, uma vez que para a correta identifi-
cação de qual código deverá ser utilizado requer uma série aprofundada de
estudos a respeito de várias características do item que está sendo classifi-
cado.

Nesse contexto, é sabido que quem deve promover essas classificações é a


própria empresa, ou seja, todos esses problemas são de natureza gerencial,
em informações que compõe a escrituração fiscal.

É de extrema importância entender que antes de se saber sobre o leiaute e


a geração das informações no Sped Fiscal, é importante entender que esse
trabalho se inicia na empresa, na gestão das informações e dos processos
que chagam até a contabilidade.
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Capítulo 01 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) ICMS/IPI


Capítulo 02

ESCRITURAÇÕES
FISCAIS DIGITAIS
EFD Contribuições
1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Antes de iniciar este capítulo, que tem como objetivo aprofundar os aspectos
da EFD Contribuições se faz necessário voltar a repensar sobre a legislação
das obrigações principais, já citada nesta obra, tendo em vista que muitas
das dificuldades no comprimento das obrigações acessórias, no modelo do
Sped, se dá pelo desconhecimento da legislação das obrigações principais.
Portanto, é muito importante ter o domínio da aplicação e da legislação da
obrigação principal.

Então, para que se possa fazer de maneira segura e eficaz a obrigação aces-
sória é fundamental dominar ou pelo menos ter um bom entendimento da
aplicação da legislação da obrigação principal.

No caso da EFD Contribuições, é imprescindível entender e apurar de ma-


neira segura e correta as contribuições para PIS, Cofins, e a Previdenciária
sobre a Receita Bruta. É preciso entender bem sobre a hierarquia normativa
relacionada a essas contribuições, e que a matriz constitucional é a principal
fonte normativa de direito tributário.

Depois disso, é necessário compreender que vêm, em seguida, as leis com-


plementares que instituem os tributos na maioria dos casos, as leis ordinárias
e medidas provisórias, além dos decretos e instruções normativas.

O estudo aprofundado dessas contribuições vale, principalmente, para Pis e


Confins, uma vez que estão entre os tributos mais onerosos para as empre-
sas. Ambos representam mais de 30% de arrecadação da Receita Federal, se-
gundo o órgão. Ademais ambos possuem uma legislação complexa, instável
e esparsa.

A exemplo disso pontua-se a ausência de um regulamento dos tributos ci-


tados, assim como existem regulamentos do imposto de renda e do ICMS,
acabam dificultando seu estudo e sua aplicação.

O PIS e a Cofins também possuem regras de não cumulatividade bem dife-


rentes das não cumulatividades do ICMS e IPI.

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Capítulo 02 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) CONTRIBUIÇÕES


É importante também salientar, dentro da área do tributário, saber encontrar
respostas para a maioria das perguntas. Em treinamentos que realizo costu-
mo sempre dizer para os alunos que a área tributária, por ser considerada
bem extensa, não é viável alguém se achar detentor máximo do conhe-
cimento a respeito de tributos.

É um risco subestimá-los. E se por um acaso seja identificado alguém que o


faça, desconfie. Isso porque se o usuário se basear apenas pelo regulamento
do ICMS, é preciso atentar para o fato de que existem estados que possuem
mais de 1.600 artigos. O que se observa aqui é sobre o regulamento de um
único estado, e não da hipótese de se fazer a junção dos demais.

E no que se refere a Pis e Cofins e antes de aprofundar sobre a EFD Contribui-


ções é importante salientar que, por exemplo, uma pessoa que se aprofunda
na parte da legislação, e decora todas elas, ainda não seria suficiente para
resolver algumas questões que até hoje geram dúvidas tais como: definição
e conceito de receitas e de insumos. Ou seja, em matéria de tributário se faz
fundamental encontrar respostas para esses questionamentos. Dentro dessa
linha de raciocínio é viável pontuar sobre as principais legislações relaciona-
das aos referidos tributos.

Em um breve resumo em relação às legislações que definem os referidos tri-


butos faz-se necessário entender a sequência abaixo:

1) Lei Complementar n° 07/1970 – institui o Pis;


2) Lei Complementar n° 70/1991 – institui a Cofins;
(Obs: apesar dessas (Pis e Cofins) duas contribuições terem direcionamentos asso-
ciados, existe um extenso lapso temporal diante a criação delas.
3) Lei n° 9.718/1998 – que regulamenta o Regime Cumulativo de contribuições
para Pis e Cofins;
4) Lei n° 10.637/2002 – que trouxe o Regime Não Cumulativo para Pis;
5) Lei n° 10.833/2003 – que trouxe o Regime Não Cumulativo para Cofins;
6) Lei n° 10.865/2004 – que fala sobre a incidência do PIS/Cofins para as impor-
tações.

É importante ressaltar que existem diferenças básicas entre os regimes


cumulativos e não cumulativos no que se refere a Alcance, Base de Cálculo,
Alíquotas Básicas, Créditos, Reconhecimento e Devoluções.

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Capítulo 02 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) CONTRIBUIÇÕES


2 EFD CONTRIBUIÇÕES

A EFD Contribuições traz uma diferença de ser completamente digital, como


já diz o nome. Ou seja, com a escrituração o contribuinte não tem mais de-
monstrativos, preenchimentos de fichas que poderiam ser impressas e ar-
quivadas para a segurança da empresa.

Hoje o modelo de apresentação das escriturações é 100% digital. A EFD


Contribuições foi estabelecida com o objetivo de simplificar os processos e
reduzir as obrigações acessórias impostas aos contribuintes, apresenta-
do em forma digital, com transmissão via internet.

Logo, a escrituração trata-se de um arquivo digital instituído no Sped para


ser utilizado pelas pessoas jurídicas de direito privado na escrituração da
contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, nos regimes de apuração não-
-cumulativo e/ou cumulativo, com base no conjunto de documentos e ope-
rações representativos das receitas auferidas, custos, despesas, encargos e
aquisições geradores de créditos da não cumulatividade.

Com o advento da Lei nº 12.546 de 2011, a EFD Contribuições considerou


também a escrituração digital da Contribuição Previdenciária sobre a Re-
ceita Bruta, incidente nos setores de comércio, serviços e indústrias, no au-
ferimento de receitas referentes aos CNAE, atividades, serviços e produtos
(NCM) nesta relacionados.

Os documentos e operações da escritura-


ção representativos de receitas auferidas
e de aquisições, custos, despesas e encar-
gos incorridos serão relacionadas no ar-
quivo da EFD Contribuições em relação a
cada estabelecimento da pessoa jurídica.

A escrituração das contribuições sociais e


dos créditos e da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta será efe-
tuada de forma centralizada, em arquivo único mensal, pelo estabelecimen-
to da matriz da pessoa jurídica.

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Capítulo 02 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) CONTRIBUIÇÕES


3 PERIODICIDADE, FORMA
E PRAZO DE ENTREGA

O arquivo digital de escrituração da Contribuição para o PIS/Pasep, da Cofins


e da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta será gerado de forma
centralizada pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica, conforme arti-
go 15, da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, e submetido ao programa
disponibilizado para validação de conteúdo, assinatura digital, transmissão
e visualização.

Todas as pessoas jurídicas sujeitas à apuração das referidas contribuições so-


ciais, incidentes sobre o faturamento e a receita devem adotar a EFD Contri-
buições, nos termos do artigo 2° do Decreto nº 6.022, de 2007, nos regimes
não cumulativo e cumulativo, com base nos seguintes prazos de obrigato-
riedade, definidos na Instrução Normativa RFB nº 1.252/2012.

A Instrução Normativa RFB nº 1.252/2012 dispensa da obrigatoriedade da


apresentação da EFD Contribuições, no caso de pessoa jurídica sujeita à tri-
butação do Imposto sobre a Renda com base no Lucro Real ou Presumido
em relação aos correspondentes meses do ano-calendário, em que:

I - não tenha auferido ou recebido receita bruta da venda de bens e serviços,


ou de outra natureza, sujeita ou não ao pagamento das contribuições, inclu-
sive no caso de isenção, não incidência, suspensão ou alíquota zero;
II - não tenha realizado ou praticado operações sujeitas a apuração de cré-
ditos da não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins, inclusive referentes a
operações de importação.

Isso significa que a empresa do lucro Real ou Presumido, que não tenha ne-
nhuma receita para apresentar para a EFD Contribuições e não tenha ne-
nhuma operação que dê direito a crédito, não precisa mandar EDF Contri-
buições num determinado mês.

Imagine que a empresa não teve movimento fiscal no período, ou seja, não
teve receita, e nem mesmo nenhum crédito apurado, a mesma não precisa
enviar EFD Contribuições.

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Capítulo 02 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) CONTRIBUIÇÕES


Porém, ela deve mandar no mês de dezembro, mesmo que este esteja sem
movimento, e no registro 0120 vai especificar quais competências não en-
viou por estar sem movimento.

A dispensa de entrega da EFD Contribuições não alcança o mês de dezem-


bro do ano-calendário correspondente, devendo a pessoa jurídica, em rela-
ção a esse mês, proceder a entrega regular da escrituração digital, na qual
deverá indicar os meses do ano-calendário em que não auferiu receitas
nem realizou operações geradoras de crédito.

A referida identificação na escrituração do mês de dezembro de cada ano-


-calendário, dos meses dispensados da apresentação, será efetuada no Re-
gistro “0120 - Identificação de Períodos Dispensados da Escrituração Digi-
tal”, o qual será criado mediante a publicação de Ato Declaratório Executivo,
atualizando o leiaute da EFD Contribuições. Estão dispensados de apresen-
tação da escrituração:

I - as Microempresas (ME) e as Empresas de Pequeno Porte (EPP) enquadradas no Re-


gime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), instituído pela Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, relativamente aos períodos abran-
gidos por esse Regime;

II - as pessoas jurídicas imunes e isentas do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica


(IRPJ), cuja soma dos valores mensais da Contribuição para o PIS/Pasep (sobre a recei-
ta), da Cofins e da CPRB seja igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). As pessoas
jurídicas imunes ou isentas do IRPJ ficarão obrigadas à apresentação da EFD-Contri-
buições a partir do mês em que o limite fixado no inciso II do caput for ultrapassado,
permanecendo sujeitas a essa obrigação em relação ao(s) mês(es) seguinte(s) do ano-
-calendário em curso;

Importante ressaltar que não deve ser considerado no cálculo do limite de R$ 10.000,00
mensais, acima referido, nenhum valor referente ao PIS sobre a Folha. Ou seja, só de-
vem ser considerados no limite de R$ 10.000,00 mensais, as contribuições que inci-
dem sobre as receitas, quais sejam: O PIS/Pasep e a Cofins, nos regimes cumulativos e/
ou não cumulativos, e a CPRB.

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Capítulo 02 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) CONTRIBUIÇÕES


4 RETIFICAÇÃO DE ESCRITURAÇÃO
JÁ TRANSMITIDA

É possível retificar escriturações já emitidas? Esse item tem como objetivo


orientar sobre procedimentos em relação ao assunto questionado.

Na IN RFB nº 1.252/2012 em seu artigo 11 com a nova redação dada pela IN


RFB nº 1.387/2013, a pessoa jurídica pode substituir arquivo de escrituração
digital já transmitido, mediante: transmissão de novo arquivo digital valida-
do e assinado para inclusão, alteração ou exclusão de documentos ou ope-
rações da escrituração fiscal, ou para efetivação de alteração nos registros
representativos de créditos e contribuições e outros valores apurados.

No novo prazo para retificação, ampliado, a pessoa jurídica poderá proceder


à retificação da EFD Contribuições em até cinco anos contados do primeiro
dia do exercício seguinte àquele a que se refere à escrituração a ser substitu-
ída. O arquivo retificador da EFD Contribuições não produzirá efeitos quanto
aos elementos da escrituração, quando tiver por objeto:
I - reduzir débitos de Contribuição:
a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para
inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), nos casos em que importe alteração desses saldos;
b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou
não comprovadas prestadas na escrituração retificada, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição
em DAU; ou
c) cujos valores já tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização;
II - alterar débitos de Contribuição em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início
de procedimento fiscal; e
III - alterar créditos de Contribuição objeto de exame em procedimento de fiscalização ou de reconhe-
cimento de direito creditório de valores objeto de Pedido de Ressarcimento ou de Declaração de Com-
pensação.
Todavia, a pessoa jurídica poderá apresentar arquivo retificador da escrituração, em atendimento a inti-
mação fiscal e nos termos desta, para sanar erro de fato:
a) na hipótese prevista no item II acima, havendo recolhimento anterior ao início do procedimento fiscal,
em valor superior ao escriturado no arquivo original, desde que o débito tenha sido também declarado
em DCTF; e
b) na hipótese prevista no item III acima, decorrente da não escrituração de operações com direito a cré-
dito, ou da escrituração de operações geradoras de crédito em desconformidade com o leiaute e regras
da EFD-Contribuições.

A pessoa jurídica que transmitir arquivo retificador da EFD-Contribuições, alterando valores que tenham
sido informados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá apresentar,
também, DCTF retificadora, observadas as disposições normativas quanto à retificação desta (grifos ori-
ginais).

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Capítulo 02 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) CONTRIBUIÇÕES


5.1 BLOCOS E REGISTROS

Entre o registro inicial (registro 0000) e o re-


gistro final (9999), o arquivo digital é consti-
tuído de blocos, cada qual com um registro
de abertura, com registros de dados e com
um registro de encerramento, referindo-se
cada um deles a um agrupamento de docu-
mentos e de outras informações econômico-
-fiscais ou contábeis.

A apresentação de todos os blocos, na sequência, conforme a Tabela Blo-


cos é obrigatória, sendo que o registro de abertura do bloco indicará se
haverá ou não informação.

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Capítulo 02 - ESCRITURAÇÕES FISCAIS DIGITAIS - (EFD) CONTRIBUIÇÕES


O QUE VOCÊ APRENDEU?
Neste ebook você aprendeu que as Escriturações Fiscais Digitais são par-
te integrante do projeto SPED, e representam a prestação de informações
pelos contribuintes da apuração de tributos de muita importância para arre-
cadação nacional, tais como: ICMS, PIS, COFINS e IPI.

Também foi possível entender, que a prestação de informações por meio das
Escriturações Fiscais Digitais representam uma evolução de declarações
para escriturações que deixaram de ser extremamente sintéticas e passa-
ram a ser muito analíticas, detalhando de maneira muito significativa todas
as operações praticadas pelos contribuintes.

Também foi possível entender as principais regras de obrigatoriedade, pe-


riodicidade e estudar os principais registros, além da distribuição das infor-
mações por meio de blocos e campos.

Por fim, diante do senário político tributário brasileiro e da prestação das


informações em meio digital, torna-se extremamente importante auditorias
preventivas das informações enviadas em meio digital. Para isso, recomen-
da-se para uma aderência segura e sustentável, que as informações sejam
auditadas antes de serem enviadas ao fisco, e cruzados os dados das Escri-
turações Fiscais Digitais com as Escriturações Contábeis Digitais e os Docu-
mentos Fiscais Eletrônicos.

Professor Fellipe
82 Guerra

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