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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

ADELAIDE CRISTINA N. S. TOLEDO

ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA PSORÍASE

Mogi das Cruzes, SP


2012
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

ADELAIDE CRISTINA N. S. TOLEDO

ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA PSORÍASE

Monografia apresentada ao Programa de Pós-


Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes
como parte dos requisitos para a obtenção do
título de Especialista em Acupuntura

Orientadores: Profª Bernadete Nunes Stolai e


Prof. Luiz Bernardo Leonelli

Mogi das Cruzes, SP


2012
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................. 09
2 METODOLOGIA.............................................................. 12
3 PSORIASE SOB A LUZ DA MEDICINA OCIDENTAL
3.1 CONCEITO................................................................................ 13
3.2 HISTÓRIA.................................................................................... 13
3.3 EPIDEMIOLOGIA........................................................................ 14
3.4 ETIOLOGIA................................................................................. 15
3.4.1 Traumas diversos.................................................................... 15
3.4.2 Infecções.................................................................................. 15
3.4.3 Drogas..................................................................................... 15
3.4.4 Fatores emocionais................................................................ 15
3.4.5 Outros...................................................................................... 16
3.5 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS..................................................... 16
3.6 FORMAS DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA.................................. 16
3.6.1 Psoríase em Placas................................................................. 16
3.6.2 Psoríase Inversa ................................................................... 17
3.6.3 Psoríase Pustulosa.................................................................. 17
3.6.4 Psoríase em Gotas ou Gutata................................................ 17
3.6.5 Psoríase Eritrodérmica............................................................. 18
3.6.6 Psoríase Ungueal................................................................... 18
3.6.7 Psoríase do Couro Cabeludo................................................. 18
3.6.8 Psoríase Artropática................................................................ 18
3.7 DIAGNÓSTICO............................................................................ 19
3.8 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL................................................... 19
3.9 TRATAMENTO................................................................... 20
3.9.1 Tratamentos tópicos.................................................... 20
3.9.2 Tratamentos sistêmicos............................................... 21
4 PSORÍASE SOB A LUZ DA MEDICINA ORIENTAL
4.1 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC) – CONCEITO......... 24
4.1.1 Teoria Yin Yang...................................................................... 24
4.1.2 Teoria dos Cinco Elementos................................................. 27
4.1.3 Teoria dos Zang Fu................................................................ 31
4.1.4 Substâncias Vitais................................................................. 34
4.2 ETIOLOGIA DOS DISTÚRBIOS DA PELE NA MTC.................... 35
4.3 CONCEITO DE PSORÍASE NA MTC.......................................... 37
4.4 ETIOLOGIA DA PSORÍASE NA MTC.......................................... 38
4.5 PADRÕES DESARMÔNICOS DA PSORÍASE........................... 43
4.6 TRATAMENTO DA PSORÍASE PELA ACUPUNTURA..... 44
5 CONCLUSÃO.................................................................. 47
REFERÊNCIAS.................................................................. 48
ADELAIDE CRISTINA N. S. TOLEDO

ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA PSORÍASE

Monografia apresentada ao Programa de Pós-


Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes
como parte dos requisitos para a obtenção do
título de Especialista em Acupuntura

Aprovado em ..................

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________
Prof. Luiz Bernardo Leonelli
UMC-UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

__________________________________________________
Profª Bernadete Nunes Stolai
UMC-UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

___________________________________________________
Profª Romana de Souza Franco
UMC-UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
AGRADECIMENTOS
Ao meu marido, Paulo, que representa minha segurança em todos os
aspectos, meu companheiro incondicional, o abraço espontâneo e tão necessário.
Obrigada por me fazer sentir tão amada, também nos momentos mais difíceis da
nossa vida.
Aos meus pais, que mais do que me proporcionar uma boa infância e vida
acadêmica, formaram os fundamentos do meu caráter e me apontaram uma vida
eterna. Obrigada por serem a minha referência de tantas maneiras e estarem
sempre presentes na minha vida de uma forma indispensável, mesmo separados
por tantos quilômetros.
Obrigada aos meus filhos. Vocês que aliviaram minhas horas difíceis, me
alimentando de certezas, força e alegria. Pela companhia constante e tão querida,
sacrifício ilimitado em todos os sentidos, palavras, abraços e aconchego. Meu eterno
amor e muito obrigada.
A todos os pacientes pela paciência, confiança e contribuição em expor seu
corpo para que eu pudesse aplicar meus conhecimentos sem os quais jamais seria
possível a minha concretização profissional. À eles toda a minha dedicação e
carinho.
Aos mestres que dividiram comigo seus conhecimentos, pois é deles o mérito
de moldar as vocações e incentivar meu raciocínio, transformar meus ideais em
realização em prol do desenvolvimento e valorização de minha atividade
profissional. Sinto saudade antecipada da amizade fraterna e sincera cultivada
durante os meses de convívio. Muito obrigada por tudo.
E obrigada, principalmente, a Deus que me proporcionou a família
maravilhosa que tenho e a oportunidade de compartilhar momentos maravilhosos
com todas as pessoas acima citadas.
Pegadas na Areia

Sonhei que estava caminhando na praia


juntamente com Deus.
E revi, espelhado no céu,
todos os dias da minha vida.
E em cada dia vivido,
apareciam na areia, duas pegadas :
as minhas e as d’Ele.
No entanto, de quando em quando,
vi que havia apenas as minhas pegadas,
e isso precisamente
nos dias mais difíceis da minha vida.

Então perguntei a Deus:


"Senhor, eu quis seguir-Te,
e Tu prometeste ficar sempre comigo.
Porque deixaste-me sozinho,
logo nos momentos mais difíceis?

Ao que Ele respondeu:


"Meu filho, Eu te amo e nunca te abandonei.
Os dias em que viste só um par de pegadas
na areia
são precisamente aqueles
em que Eu te levei nos meus braços."
Margaret Fishback Powers
RESUMO

A psoríase é uma doença inflamatória crônica de pele, benígna, relacionada à


transmissão genética, de etiologia desconhecida, que atinge percentual que varia de
1 a 3% da população mundial. Atualmente não existe cura, apenas tratamento que
amenize seus sintomas. Dessa forma, tendo em vista a grande incidência de efeitos
colaterais, o alto custo dos medicamentos e o grande impacto físico, psíquico e
social nos portadores da doença, torna-se importante a busca de novas opções de
tratamento que possam ser eficazes na redução das manifestações ocasionadas
pela doença para melhora da qualidade de vida dos portadores da psoríase. O
presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos da Acupuntura no tratamento
da Psoríase, as possíveis contribuições da Acupuntura no tratamento dessa
dermatose, correlacionando a psoríase sob as óticas da Medicina Ocidental e
Oriental. Foi realizada uma revisão bibliográfica descritiva com artigos científicos,
correspondentes ao intervalo de 2000 a 2011, nos idiomas português, inglês,
espanhol e chinês. Constatou-se neste estudo que a Acupuntura é um método
alternativo de terapia com ótimos resultados nos tratamentos da psoríase, sendo
considerada uma forma natural e cada vez mais popular de cuidar da saúde que
utiliza instrumentos simples e de fácil domínio, oferece auxílio em todas as faixas
etárias, independe de sexo ou idade, pode ser facilmente associada a outras
técnicas terapêuticas, possui baixo custo econômico, é acessível economicamente a
todas as classes sociais, é praticamente isenta de efeitos colaterais, complementa
as lacunas da medicina moderna e dos tratamentos convencionais, sendo
considerada como um tratamento complementar para reduzir ou eliminar os efeitos
da psoríase, melhorando a auto-estima e a qualidade de vida dos pacientes.

Palavras-Chave: acupuntura, psoríase, tratamento.


9

1 INTRODUÇÃO

A psoríase é uma doença inflamatória crônica de pele, benígna, relacionada à


transmissão genética, de etiologia desconhecida e que atinge percentual que varia
de 1 a 3% da população mundial (ARRUDA, YPIRANGA e MARTINS, 2004).
Atinge ambos os sexos, em qualquer idade, porém é mais freqüente na fase
entre 20 a 40 anos e em pessoas de pele branca. A etiopatogenia ainda é
desconhecida. Pode apresentar-se de várias maneiras desde formas mínimas, com
pouquíssimas lesões, até a psoríase eritrodérmica, onde a pele é toda acometida
(KRUEGER , GRIFFTHS e LANGLEY, 2005).
Dentre os fatores desencadeantes da psoríase destacam-se: traumas
cutâneos; infecções (como as causadas pelo HIV e pelos estreptococos); certas
drogas como o lítio e alguns antiinflamatórios não hormonais; a hipocalcemia; e o
estresse emocional, representado pelas perdas ou modificações nos diferentes
aspectos da vida como casamento, viuvez, separações, mudanças de cidade etc
(RIGONI e CARNEIRO, 2001).
Atualmente não existe cura, apenas tratamento que amenize seus sintomas e
o sofrimento do paciente. Os métodos de tratamento diferem segundo a localização
das lesões, sua extensão e a idade do paciente e envolvem o tratamento tópico
(administração de medicamento diretamente sobre a pele) fototerapia (com uso da
luz ultravioleta), e a terapia sistêmica (SABBAG, 2006, p.176).
Arruda, Campbell e Takahashi (2001) acrescentam que a escolha do
tratamento deve ser feita considerando-se a gravidade, a extensão do quadro clínico
e o comprometimento emocional. No tratamento devem ser priorizadas, inicialmente,
medidas gerais e terapia tópica, a seguir fototerapia e, por último, tratamento
sistêmico.
A Acupuntura é uma técnica milenar que faz parte da Medicina Tradicional
Chinesa, constituída por um conjunto de conhecimentos teóricos e empíricos que
visa prevenir e tratar as doenças através do equilíbrio das energias circulantes do
corpo pois acredita que um organismo equilibrado não adoece (VECTORE, 2005;
YAMAMURA, 2001 p. LVI).Tem como base a existência de acupontos distribuídos
ao longo de doze linhas imaginárias chamadas meridianos que devidamente
estimulados são capazes de promover benefícios à saúde (VECTORE, 2005).
10

Segundo a teoria da Acupuntura todas as estruturas do organismo


encontram-se originalmente em equilíbrio pela atuação das energias Yin e Yang. Se
estas energias estiverem em perfeita harmonia o organismo estará com saúde. Por
outro lado, um desequilíbrio gerará a doença (WEN, 2006, p. 8).
Na visão da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a psoríase é uma
dermatose crônica inflamatória, não infecciosa caracterizada por placas vermelhas
bem demarcadas, onde os principais padrões sindrômicos que a originam são: Calor
no Sangue, Deficiência de Sangue e Secura, Estase de Sangue e Umidade-Calor
(MACIOCIA, 2005, p. 147).
A principal queixa dos pacientes com psoríase consiste no aspecto
desagradável das lesões, que se associa com uma diminuição da auto-estima e uma
sensação de discriminação social (FITSPATRICK et al, 2000, p.521).
Embora a psoríase não afete a sobrevivência, é certo que existe impacto
negativo no bem-estar físico e psicossocial do paciente demonstrado pelo
detrimento na qualidade de vida. Pacientes com psoríase tem uma redução na
qualidade de vida até maior do que aqueles com outras doenças crônicas, pois se
sentem estigmatizados, avaliados com base na aparência decorrente da doença, o
que corrobora para entrarem em depressão e tentarem suicídio em mais de 5% dos
casos (SABBAG, 2006, p.176).
Assim sendo, tendo em vista o efeito da taquifilaxia (fenômeno representado
pela redução do efeito terapêutico dos medicamentos decorrente de seu uso
repetido), a grande incidência de efeitos colaterais, como toxicidade cutânea e de
órgãos, o alto custo dos medicamentos e o grande impacto físico, psíquico e social
nos portadores da doença, torna-se importante a busca de novas opções de
tratamento que possam ser eficazes na redução das manifestações ocasionadas
pela doença, na procura de diminuir os custos com a saúde, na compra de remédios
e na ingestão de medicamentos pelo paciente para melhora da sua qualidade de
vida.
O presente trabalho tem como objetivo avaliar os efeitos da Acupuntura no
tratamento da Psoríase, as possíveis contribuições da Acupuntura no tratamento
dessa dermatose, correlacionando a psoríase sob as óticas da Medicina Ocidental e
Oriental.
A escolha do tema justifica-se pelo fato de que hoje a Acupuntura é uma
forma natural e cada vez mais popular de cuidar da saúde que utiliza instrumentos
11

simples e de fácil domínio, oferece auxílio em todas as faixas etárias, independe de


sexo ou idade, pode ser facilmente associada a outras técnicas terapêuticas, possui
baixo custo econômico, é acessível economicamente a todas as classes sociais, é
praticamente isenta de efeitos colaterais, complementa as lacunas da medicina
moderna e dos tratamentos convencionais, sendo considerada como um tratamento
complementar para reduzir ou eliminar os efeitos da psoríase, melhorando a auto
estima e a qualidade de vida dos pacientes (WEN, 2006, p.8-9; MANN, 1999, p.20-
22)
12

2 METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido através de uma revisão bibliográfica


descritiva, onde foram utilizados artigos científicos, correspondentes ao intervalo de
2000 a 2011, nos idiomas português, inglês, espanhol e chinês.
A busca informatizada para localização dos artigos foi feita através de bancos
de dados como Lilacs, Medline, Pubmed, Bireme, Scielo, Cochranne, Bireme,
Google Acadêmico, além de um levantamento da literatura científica disponível nas
bibliotecas da UMC, UNICSUL, USP e UNIFESP, empregando termos como:
acupuntura; terapias alternativas; psoríase; dermatoses; acupontos; meridianos e
tratamento para psoríase. Todo material colhido foi analisado e serviu como base
para elaboração do trabalho.
13

3 PSORIASE SOB A LUZ DA MEDICINA OCIDENTAL

3.1 CONCEITO DE PSORIASE

A psoríase é doença inflamatória da pele, não contagiosa, crônica e


recorrente que acomete principalmente a pele e as articulações, e apresenta, na
histologia, hiper-proliferação celular (ARRUDA E MARTINS, 2004).
Em alguns casos, as lesões podem atingir apenas os cotovelos, joelhos ou
couro cabeludo. Já em outros, espalham-se por toda a pele, palma das mãos, sola
dos pés e unhas. O mal atinge cerca de 3% da população mundial e pode se
manifestar nas diversas fases da vida. Para a maioria das pessoas, no entanto, a
psoríase se apresenta antes dos 35 anos de idade. A incidência é a mesma para
homens e mulheres (MORTON et al, 2002).
O acompanhamento psicológico se faz necessário uma vez que os pacientes
sofrem estresse emocional com baixa da auto-estima, depressão e ansiedade
exagerada em virtude da freqüente repercussão negativa do quadro clínico da
doença (ARRUDA, CAMPBELL e TAKAHASHI, 2001).

3.2 HISTÓRIA

Historicamente, a Psoríase (do grego psoriasis = erupção sarnenta) já era


conhecida desde os tempos mais remotos, existindo sua descrição e tratamento no
Papiro de Ebers, datado de 1550 a.C (AZULAY, 2004, p.504).
Hipocrates (460-377a.C.) utilizou as palavras psora (em grego = prurido) e
lepra para descrever lesões de aspecto semelhante ao que hoje se reconhece como
psoríase. Muitos historiadores consideram que foi o médico grego Claudius Galeno
que cunhou o termo "psoríase vulgar" pela primeira vez, para designar as alterações
escamosas na pele com uma coceira forte, mas a doença descrita por ele era pouco
semelhante à descrição atual da psoríase (AZULAY, 2004, p.506).
No início do século XIX, Robert Willan (1757-1812), um médico inglês, foi o
primeiro a descrever clinicamente a psoríase. Willan, junto com seus alunos
claramente descreveram o conceito da psoríase, suas manifestações e
14

complicações e definiram a diferença entre a psoríase, hanseníase e as outras


doenças derivadas de fungos conhecidas na época, distinguindo definitivamente, a
psoríase da verdadeira lepra e subdividindo-a em dois tipos, mas permanecendo a
nomenclatura confusa: lepra graecorum e psora leprosa. Em 1841, Ferdinand Hebra,
dermatologista vienense, tendo a ajuda das anotações de Willan, descreveu o
quadro clínico da psoríase como nós reconhecemos hoje. Naquele tempo, a
natureza genética da doença já era bem conhecida (FITZPATRICK et al, 2000, p.
515).

3.3 EPIDEMIOLOGIA

Segundo Romiti et al (2009), a psoríase como a acne e o eczema, é uma das


dermatoses mais freqüentes e de distribuição universal, sendo possível que ela
ocupe o segundo lugar, por ordem de freqüência, depois dos eczemas. Nas grandes
estatísticas dermatológicas, a psoríase figura entre 5% a 7% dos casos.
No Brasil ainda não existem estudos sobre sua prevalência, mas em dados
internacionais estima-se que afete 0,5% até 5-6%, variando de acordo com países e
raças, em todo o mundo chegando a acometer cerca de 125 milhões de pessoas
(SABBAG, 2006, p.176-178).
Sabbag (2006, p. 179) afirma ainda que a psoriase atinge cerca de 2 % da
população mundial, havendo regiões com maior incidência, por exemplo, a Finlândia
com aproximadamente 2,8 %, e povos com prevalência muito baixa ou inexistente,
como os esquimós, mongóis e povos no oeste da África. Nos EUA há mais de sete
milhões de pessoas e no Brasil, talvez, mais de três milhões. Assim mesmo, ainda é
pouco divulgada na mídia e pelos serviços de saúde.
A psoríase é menos comum nas regiões tropicais e subtropicais, sendo
considerada rara em negros da África Ocidental e em afro-americanos. A incidência
é baixa no Japão e praticamente inexistente entre indígenas da América do Norte e
do Sul (ELDER et al, 2001).
Segundo Arruda, Ypiranga e Martins (2004) a idade de inicio do quadro tem
um pico de incidência na segunda década de vida e outro na quinta década, porém
também pode ocorrer na tenra infância e na velhice. O início antes dos 15 anos
15

correlaciona-se com maior porcentagem de superfície corporal comprometida e


aspectos ambientais, geográficos e mesmo étnicos podem interferir na incidência.

3.4 ETIOLOGIA

Apesar do desenvolvimento de inúmeros estudos e grandes avanços


científicos da última década, a causa da psoríase continua desconhecida,
constituindo-se num verdadeiro desafio terapêutico (ROMITI et al, 2009).
A literatura demonstra que a predisposição à doença é geneticamente
determinada (sabe-se que em 30% dos casos existem antecedentes familiares de
psoríase) e que há correlação com os antígenos humanos de histocompatibilidade
leucocitária (HLA) entre eles B13, B17, CW6, DR7 e BW57 e que a associação mais
freqüente é HLA- CW6 (RIGONI e CARNEIRO, 2001).
Dentre os fatores desencadeantes ou de exacerbação da psoríase,
podemos destacar (SAMPAIO e RIVITTI, 2001 p. 170-171):
3.4.1. Traumas de diversas naturezas: físico, químico, cirúrgico,
inflamatório.
3.4.2. Infecções: estreptococo Beta-hemolítico (mais comum é a dor de
garganta). Doenças com infecção pelo HIV também são elencadas, pois apresentam
relevante exacerbação da moléstia.
3.4.3. Drogas: lítio, beta-bloqueadores, antimaláricos, corticoterapia (quando
interrompida).
3.4.4. Fatores emocionais: são encontrados em 70% dos casos relatados
como fator desencadeante ou de exacerbação da doença e são representados por
estresse físico ou emocional, pelas perdas ou modificações nos diferentes âmbitos
da vida como casamento, viuvez, separações.
Dentre os vários aspectos que interferem no aparecimento dessa dermatose,
o estresse emocional é citado na bibliografia em geral como um fator importante que
influencia tanto o aparecimento como o agravamento da lesão, sendo a psoríase
classificada como uma psicodermatose. Além disso, a estigmatização e o tratamento
difícil contribuem para altos níveis de frustração e baixa auto-estima do paciente
(FRANÇA e RODRIGUES, 2002, p. 27-71).
16

3.4.5. Outros: tabagismo, abuso de álcool e obesidade, distúrbios endócrinos e


metabólicos, dieta irregular e variações climáticas (o inverno piora o quadro clínico
da doença) já foram implicados no surgimento ou piora do quadro da doença.

3.5 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Existem vários tipos de psoríase. Cada tipo possui uma característica


diferente que aparecem pelo corpo em forma de lesões.
De um modo geral, é uma lesão bem delimitada com presença de escamas
esbranquiçadas na superfície devido a uma aceleração na proliferação das células
da pele. O tamanho da lesão varia de alguns milímetros a grandes placas de vários
centímetros. Em geral, as lesões não causam prurido, embora uma pequena
porcentagem de pacientes (10 a 20%) possui queixa de coceira e sensação de
queimação (AZULAY, 2004, p 394).
A principal queixa dos pacientes com psoríase consiste no aspecto
desagradável das lesões, que se associa com uma diminuição da auto-estima e uma
sensação de discriminação social (FITSPATRICK et al, 2000, p.515-41).
Embora a psoríase não afete a sobrevivência, é certo que existe impacto
negativo no bem-estar físico e psicossocial do paciente demonstrado pelo
detrimento na qualidade de vida. Pacientes com psoríase tem uma redução na
qualidade de vida ate maior do que aqueles com outras doenças crônicas, pois se
sentem estigmatizados, avaliados com base na aparência decorrente da doença, o
que corrobora para entrarem em depressão e tentarem suicídio em mais de 5% dos
casos (SABBAG, 2006, p. 176).

3.6 FORMAS DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA

De acordo com o local da lesão e em suas diferentes manifestações clínicas,


a psoríase é dividida em diferentes tipos (AZULAY, p. 504, 2001):
3.6.1 Psoríase em placas: é o tipo mais comum de psoríase, observada em
quase 90% dos casos e caracterizada por lesões elevadas, inflamadas (vermelhas),
17

bem definidas, de tamanhos variados e cobertas por escamas esbranquiçadas


formadas por células mortas da pele. Pode se manifestar em qualquer área da pele,
porém, os joelhos, cotovelos, couro cabeludo e tronco são as regiões mais atingidas.
A psoríase vulgar evolui em episódios separados, com períodos de latência
inconstantes, ao acaso e imprevisíveis, e com momentos de remissão total. O
prognóstico e o tratamento dependem da gravidade e da extensão do acometimento
inicial (AZULAY, 2001, p. 504).

3.6.2 Psoríase Inversa: é assim chamada por apresentar um padrão de


distribuição das lesões inverso aos outros tipos, e que se manifestam em zonas das
dobras cutâneas, axilas, virilha, embaixo da mama, dobra do cotovelo, etc.
Tipicamente se apresentam lesões planas e inflamadas sem escamação e
particularmente sujeitas à irritação devido ao atrito e ao suor, sendo muito comum
em pessoas com excesso de peso (FITSPATRICK et al, 2000, p.515-41).

3.6.3 Psoríase Pustulosa: Este tipo de psoríase afeta menos de 10% dos
doentes. Pode surgir como uma complicação da psoríase em placas, como resultado
da toma de determinados medicamentos ou da abrupta interrupção destes. As
lesões caracterizam-se por pústulas. As palmas das mãos, plantas dos pés, dedos e
unhas são os mais afetados (CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE, 2006).

3.6.4 Psoríase em gotas ou gutata: é o segundo tipo mais comum de


psoríase (cerca de 2% dos casos) caracterizada por pequenos pontos avermelhados
de psoríase. Tal nome é devido às lesões terem o formato de pequenas gotas.
Geralmente aparece no tronco, braços e pernas. Esta forma freqüentemente
aparece repentinamente após uma infecção estreptocócica ou viral do trato
respiratório superior. Há também outros eventos que podem precipitar um surto:
amidalite, gripe, varíola, imunizações, trauma físico, estresse emocional e
administração de drogas anti-malária. É mais predominante em adolescentes e
adultos jovens, porém tem bom prognóstico, pois em 30% dos casos há resolução
do quadro em poucos meses. Outros evoluem para psoríase em placas
(CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE, 2006).
18

3.6.5 Psoríase Eritrodérmica: é o gênero mais raro, com elevado risco de


complicações, tais como alterações de outros órgãos devido à inflamação.
Normalmente caracteriza-se por lesões generalizadas, abrangendo extensas áreas
do corpo ou sua totalidade aparece sobre a pele como uma vermelhidão e
escamação fina, freqüentemente acompanhada por prurido intenso e dor, podendo
ocorrer inchaço. O aspecto da lesão pode ser confundido com o de um individuo
acometido de queimaduras, em função do comprometimento da pele (AZULAY,
p.71-83, 2001).

3.6.6 Psoríase Ungueal: pode afetar ambas as unhas dos pés de das mãos.
Comumente aparece como pintas nas unhas de vários tamanhos, forma e
profundidade. Algumas vezes as unhas desenvolvem uma cor amarelada e se
tornam finas. As unhas podem se esfacelar facilmente e apresentar inflamação no
seu contorno. Outro possível sintoma é o deslocamento da unha ou sua destruição.

3.6.7 Psoríase do couro cabeludo: afeta pelo menos metade das pessoas
que sofrem da doença. Geralmente, o couro cabeludo terá placas de psoríase
caracterizadas por lesões elevadas, inflamadas com escamas (GALADARI et al,
2005).

3.6.8 Psoríase artropática: É uma doença inflamatória das articulações do


corpo que pode causar deformidades – muitas vezes permanente – exigindo
diagnostico preciso e tratamento precoce. Quase todas as formas de poríase podem
evoluir para artrite sendo que a incidência para o desenvolvimento da artrite é de
cerca de 10 a 20%.Seu desencadeamento se da por meio de um fator ambiental,
como uma infecção ou pelo fenômeno de Koebner. Quase sempre esta associada a
psoríase de pele ou unha, embora possa aparecer sem nenhum sinal externo, o que
dificulta o diagnostico (SABBAG, 2006, p.176). Quando está presente nos dedos das
mãos, as chances para se encontrar psoríase nas unhas são maiores que 86%
(GALADARI et al, 2005).
19

3.7 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da psoríase é geralmente clínico, baseado na aparência da


pele e a história da evolução das lesões. Não há exames laboratoriais ou
procedimentos especiais de diagnóstico para a psoríase. Às vezes, uma biópsia da
pele, ou raspagem, pode ser necessário para excluir outras doenças e para
confirmar o diagnóstico. A observação de características como bordas externas bem
delimitadas ou com halo esbranquiçada (sinal de Woronoff); escamas espessas e
prateadas (sinal de vela); inflamação presente nos pontos de sangramento após a
raspagem (sinal de orvalho sangrante ou de Auspitz) são aspecots uqe auxiliam no
diagnóstico doferencial (SABBAG, 2006, p.181).

3.8 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Ressalta-se a importância do diagnóstico diferencial da psoríase, devido a


grande variação na expressão clínica da doença e ao fato de que outras dermatoses
também podem produzir placas e descamações similares.
Assim, de acordo com o Consenso Brasileiro de Psoríase (2006), as doenças
que devem ser consideradas no momento do diagnostico diferencial são: dermatites
seborreica e de contato, eczemas, pitiriase rosea, sífilis secundaria, micoses,
intoxicações, líquen simples crônico, parapsoriase retardando o diagnostico
definitivo ou afetando sua evolução por uso inadequado de medicamentos. Cada
tipo de psoríase, de acordo com suas características, pode assemelhar-se a
diferentes patologias. A psoríase ungueal, por exemplo, muitas vezes é confundida
com micoses (onicomicoses), e o exame micológico direto e a cultura para fungos
auxiliam um diagnóstico correto. A forma mais leve de psoríase no couro cabeludo,
por sua vez, apresenta características clínicas semelhantes a dermatite seborreica
ou caspa. A psoríase gutata aparenta quadros de alergias ou intoxicações. Já a
psoríase palmo plantar assemelha-se a alergias (dermatites de contato ou atópicas)
ou micoses. Doenças como neoplasias, dermatites atópica ou seborreica, quadros
infecciosos ou metabólicos podem ser confundidos com a psoríase eritrodermica. Na
psoríase pustular generalizada sintomas como febre, mal-estar, fraqueza, calafrio e
taquicardia podem remeter a uma bacteremia, por isso deve-se realizar.
20

3.9 TRATAMENTO

Existem várias modalidades de tratamento para a psoríase, agentes


terapêuticos tópicos, sistêmicos e fototerápicos. A escolha da terapia vai depender
da extensão e severidade das lesões, sexo e idade do paciente, comprometimento
da qualidade de vida, co-morbidades e medicações associadas, acessibilidade ao
tratamento, viabilidade econômica, vontade do paciente (GALADARI et al, 2005).

3.9.1 Tratamentos tópicos

Os tratamentos tópicos são as terapias chamadas de primeira linha, ou seja,


são normalmente utilizados antes dos tratamentos sistêmicos. São compostos por
cremes ou pomadas aplicadas diretamente na pele, nos locais de lesão. Os
principais tratamentos tópicos são (GALADARI et al, 2005):

a) associação de calcipotriol e betametasona: composto de vitamina D3 e um


corticosteróide, seus efeitos secundários são poucos, e semelhantes aos do
calcipotriol, apesar das irritações cutâneas serem menos significativas. Foi
concebido para pessoas com psoríase vulgar ligeira, moderada ou grave, cuja área
afetada não é superior a 30% da área de superfície corporal.

b) Calcipotriol: é um análogo da vitamina D3 para a psoríase vulgar. O modo de


ação não é totalmente compreendido, mas acredita-se que o calcipotriol atua através
da desaceleração da hiperproliferação de queratinócitos e das alterações imunitárias
na pele psoriásica. Os efeitos secundários mais freqüentes são irritações cutâneas,
comichão (prurido) e sensação de queimadura, que ocorre em 10-15% dos doentes.

c) Alcatrão mineral: Esta forma de tratamento é muito antiga, mas ainda pode ser
encontrada em xampus para a psoríase ligeira do couro cabeludo, assim como em
alguns tratamentos hospitalares intensivos. O exato mecanismo de ação é
desconhecido, mas o alcatrão mineral torna a pele mais sensível à luz e pode ajudar
21

a desacelerar a rápida proliferação de queratinócitos. O alcatrão ajudar também a


reduzir a inflamação, o prurido e a descamação da pele.

d) Corticosteróides (também denominados esteróides): Os corticosteróides e


esteróides são habitualmente utilizados na psoríase ligeira a moderada. Os
esteróides têm uma ação rápida, mas a segurança no tratamento a longo prazo não
foi estudada.

e) Emoliente e óleos para banho: Os emolientes e os óleos para banho podem


hidratar a pele e ajudar esta a sarar, ajudando ainda a manter a pele limpa e isenta
de psoríase.

f) Ácido salicílico: O ácido salicílico é freqüentemente combinado com outros


produtos tópicos para aumentar o seu efeito. Está presente em xampus, sabonetes e
loções, sendo um queratolítico, ou seja, é principalmente eficaz na remoção de
escamas. O ácido salicílico tem pouco efeito terapêutico na lesão psoriásica em si.

g) Tazaroteno: é um retinóide tópico que é utilizado para tratar a psoríase em placas


ligeira a moderada. É um derivado da vitamina A, sujeito a receita médica, que atua
através da desaceleração da hiperproliferação de queratinócitos (GALADARI et al,
2005).

3.9.2 Tratamentos sistêmicos

Os tratamentos sistêmicos não são aplicados diretamente na pele, mas


administrados de várias maneiras (comprimidos, injeções, fototerapia, etc). Estes
tipos de tratamentos afetam todo o organismo e, por conseguinte, são apenas
utilizados nas formas graves de psoríase. Existem muitas medicações sistêmicas
diferentes, incluindo (ARRUDA, YPIRANGA e MARTINS, 2004):

a) Terapias biológicas: Os agentes biológicos são feitos a partir de fontes vivas que
Atuam no sistema imunitário. As terapias biológicas escudam as proteínas e células
envolvidas na psoríase.
22

b) Ciclosporina: A ciclosporina é um fármaco que desacelera o crescimento da pele


ao evitar alguma da atividade do sistema imunitário. Este medicamento é
imunossupressor e antifúngico. Tem sido aprovado para o uso na psoríase, mas é
normalmente reservado para os casos graves em que outras terapias falharam.
Quando usado para a psoríase, a dose é muito menor do que a utilizada para a
prevenção da rejeição de órgãos transplantados. Mais de 90% dos doentes
registram uma remissão com a ciclosporina. Os efeitos secundários podem ser
graves, sendo necessária uma seleção e monitorização cuidadosa dos doentes
quando a ciclosporina é prescrita. Os efeitos secundários graves incluem
insuficiência renal e hipertensão. Os outros efeitos secundários incluem hirsutismo
(crescimento piloso excessivo) e hiperplasia das gengivas. Os homens podem
registrar um crescimento das mamas. Outra questão importante está relacionada
com o fato de quando o tratamento é interrompido a psoríase ter normalmente uma
recidiva (ARRUDA, YPIRANGA e MARTINS, 2004).

c) Fototerapia Não se sabe exatamente como a luz atua na pele, mas sabe-se que
a luz natural e as diferentes formas de tratamentos UV podem melhorar a psoríase.
Os raios UV são utilizados para tratar a psoríase moderada a grave que é resistente
aos cremes e pomadas tópicas (ARRUDA, YPIRANGA e MARTINS, 2004).
Atualmente existem três tipos de tratamento ultravioleta (ANDRADE,
ESPINDOLA e ALVES, 2004):
Tratamento UVB: Para receber este tratamento irá entrar numa caixa de luz (que
não é um solário), usando óculos protetores e outro tipo de proteção. A pele é
exposta a raios UVB durante um período de tempo específico. Os raios UVB devem
ser administrados por um fotodermatologista experiente. A maioria dos doentes
precisa de 18-30 tratamentos antes de começar a notar uma melhoria substancial.
Tratamento PUVA: é a combinação da exposição a raios UVA com um agente
fotossensibilizador (administrado separadamente). O tratamento PUVA é eficaz, mas
os estudos recentes sugerem que acarretam um risco de lesão cutânea e de cancro.
UVB de banda estreita, ou fototerapia a laser: Neste tratamento uma radiação UV
de elevada intensidade é administrada com precisão nas células cutâneas afetadas.
Este tipo de exposição UV é eficaz e normalmente mostra resultados após
aproximadamente 10 a 13 exposições durante 3 a 4 semanas.
23

d) Metotrexato (MTX): O MTX é um medicamento que desacelera o crescimento


das células cutâneas e que suprime o sistema imunitário. Este fármaco citotóxico era
originalmente utilizado para tratar o cancro, tendo sido aprovado para o uso na
psoríase nos anos setenta. É eficaz, mas tóxico para as células e outros sistemas
orgânicos. O MTX pode ser administrado oralmente ou por injeção. As funções
renal, hepática e da medula óssea têm que ser cuidadosamente monitorizadas,
incluindo uma biopsia renal. O MTX pode causar defeitos congênitos ou aborto, não
devendo ser utilizado em mulheres grávidas. Os outros efeitos secundários incluem
anemia, náuseas, fadiga, perda de apetite, fototoxicidade, diarréia, ulceração da
boca, cefaléias, febre e arrepios (ARRUDA, YPIRANGA e MARTINS, 2004).

e) Retinóides orais
Derivados da vitamina A, estes medicamentos regulam o modo de
crescimento e de descamação das células cutâneas na superfície da pele. Estes
fármacos estão relacionados com a vitamina A e atuam através da normalização do
crescimento dos queratinócitos. Podem ser úteis no tratamento de formas graves de
psoríase que não responderam a outras terapias. Os efeitos secundários incluem
pele seca, lábios gretados, secura dos olhos e das vias nasais, sensibilidade à luz
natural, enfraquecimento do cabelo, formação de espigões nos ossos longos ou na
coluna vertebral. Os retinóides não podem ser utilizados em mulheres grávidas ou
em mulheres que estejam a tentar engravidar (ARRUDA, YPIRANGA e MARTINS,
2004).
Assim, como a psoríase não tem cura, o objetivo do tratamento é o controle
clínico da doença e a melhora da qualidade de vida do paciente. A terapêutica deve
ser acessível, tanto em relação à disponibilidade quanto ao custo; ser de fácil
administração e conveniente ao doente; causar efeitos colaterais mínimos; não
induzir taquifilaxia (fenômeno representado pela redução do efeito terapêutico dos
medicamentos decorrente de seu uso repetido); proporcionar recidivas mais
prolongadas (CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE, 2006).
24

4. PSORIASE SOB A LUZ DA MEDICIONA ORIENTAL

4.1 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é uma prática milenar que nasceu da


observação e interpretação dos fenômenos da natureza e da relação destes com o
homem. A visão tradicional da medicina chinesa está profundamente baseada nas
teorias do taoísmo sobre a dualidade do yin e yang, os cinco elementos e os órgãos
Zang Fu (VECTORE, 2005).
A ciência chinesa teoriza que o corpo humano e outros seres vivos são
constituídos por um fluxo energético denominado de Qi, força vital, energia universal
que cerca e permeia todas as coisas animadas e inanimadas. Para os chineses o
funcionamento do organismo depende do fluxo normal desta energia ou força vital e
que se este fluxo, por motivos diversos se alterar ocorrerá a enfermidade (OKADA et
al,2006).
Segundo Sussman (2007, p. 25), esta energia circula ao longo do nosso
corpo por canais denominados meridianos, que possuem pontos específicos que
quando punctuados reorganizam a circulação de energia do corpo levando-o ao
equilíbrio. A doença é sempre uma desorganização energética.
A acupuntura é uma das modalidades terapêuticas da Medicina Tradicional
Chinesa que consiste na inserção de agulhas em pontos definidos do corpo
chamados acupontos com finalidade de promover a circulação e desbloqueio da
Energia. A base de tratamento da Acupuntura é o reequilíbrio energético através de
canais que se encontram distúrbios no organismo humano por onde passa a energia
vital ou QI (ANDRADE et al, 2004).
Dessa forma, podemos observar que a Acupuntura foi idealizada dentro do
contexto global da filosofia da cultura Chinesa e se baseia nos preceitos da Teoria
Yin e Yang; a Teoria dos Cinco Elementos e a dos Zang Fu. O conhecimento destas
teorias é fundamental para a compreensão do tratamento pela Acupuntura.

4.1.1 Teoria Yin e Yang

A filosofia chinesa determina que todo o Universo é composto por duas forças
essenciais que se completam e ao mesmo tempo são opostas,e que tudo que existe
25

(animado ou inanimado) é resultado da influência mútua dessas duas forças. A


essas forças os chineses deram o nome de Yin e Yang (MANN, 1999, p.19).
O conceito de Yin e Yang juntamente com o de Qi, tem permeado a filosofia
chinesa há séculos. Yin e Yang representam qualidades opostas, mas também
complementares. Cada coisa ou fenômeno pode existir por si mesmo ou pelo seu
oposto (MACIOCIA, 2007, p. 19).
Yin e Yang são dois aspectos antagônicos e complementares que existem em
todos os seres vivos, coisas e fenômenos da natureza, e que estão em constante
relação e em contínua mutação. Os chineses representam esta idéia de que Yin e
Yang são uma só coisa, dois pólos coexistentes de um todo indivisível, cada um
contendo em si o germe da força oposta e ambas circundada por Tao, o divino
principio pré-polarizado, através do diagrama (Figura 1) do Tai Chi (MANN, 1999,
p.20).

Figura 1: Diagrama Yin e Yang


Fonte: MANN, 1999, p.21

Suas cores, branco e preto, e seus conteúdos (os dois pequenos círculos),
são formas representativa dos movimentos do Universo e tudo que ele contêm
dentro dele, representando a cor preta o lado Yin e a cor branca o lado Yang.
Contudo, o pequeno círculo branco dentro da cor preta, significa o Yang dentro do
Yin e o pequeno círculo preto dentro da cor branca significa o Yin dentro do Yang. A
representação figurativa denota que tudo que existe contém uma parcela do seu
oposto (MANN, 1999, p.21). Os textos clássicos chineses procuram explicar a
relação yin e Yang através da metáfora da montanha que tem uma parte na sombra
e a outra no sol. A parte que fica na sombra pertence ao Yin e é fria, úmida e escura.
26

A parte que fica no sol é clara, quente e seca e simboliza as forças Yang (MANN,
1999, p.22).
A mais antiga citação do fenômeno Yin Yang deve ter-se originado da
observação de camponeses sobre a alternância cíclica entre o dia e a noite. Dessa
maneira, o dia corresponde ao Yang e a noite ao Yin e, consequentemente, a
atividade é Yang e o descanso é Yin. Isto conduz a primeira observação da
alternância continua de todo fenômeno entre dois pólos cíclicos, um corresponde a
Luz, Sol, Luminosidade e Atividade (Yang) e o outro a Escuridão, Sombra, Lua e
Descanso (Yin).
A partir deste ponto de vista, Yin e Yang são dois estágios de um movimento
cíclico, sendo que um interfere constantemente no outro, tal como o dia cede lugar a
noite e vice-versa (MACIOCIA, 2007, p.4).
No mesmo sentido Nguyen (2010, p.5-6) afirma que o Yan representa todos
os aspectos que se caracterizam por atividade: calor, movimento, claridade, força
explosão, positiva, alto, sol, homem. O Yin representa o oposto do Yang: frio,
repouso, escuridão, retração, implosão, negativo, baixo, Terra, mulher.
Auteroche e Navailh (1992, p.14) afirmam que a teoria Yin e Yang contém
quatro princípios fundamentais:
Oposição: significa que todo fenômeno ou fato da natureza possui ao mesmo
tempo dois aspectos opostos e contrários. O céu é Yang, a terra é Yin; o dia é
Yang, a noite é Yin; o calor é Yang, o frio é Yin.
Interdependência: significa que cada uma das duas partes opostas exista na
dependência da outra e que nenhuma das duas partes pode existir isoladamente.
Sem Yin, não há Yang e vice versa. Por exemplo: sem calor não há frio, sem interior
não existe exterior.
Consumo recíprorco do Yin e Yang: Yin e yang controlam-se mutuamente. Este é
o mecanismo básico do equilíbrio na natureza e no corpo humano. Quando o Yin
decresce o Yang cresce, e vice-versa. Quando o corpo se superaquece por causa
dos exercícios, os poros se abrem e o suor baixa a temperatura. Quando o corpo
está muito frio devido à exposição, os músculos tremem para gerar calor.
Inter-transformação do Yin e Yang: Yin e Yang não são estágios, mas se
transformam um no outro: Yin pode se transformar-se em Yang e vice-versa.
Na terapêutica chinesa todas as estruturas do organismo se encontram em
equilíbrio pela atuação das energias Yin e Yang. Nossa saúde depende da perfeita
27

interação dessas energias. Quando o equilíbrio se desfaz, surge a doença


(SANTOS, 2010, p.19). O desequilíbrio entre eles constitui a causa fundamental do
desenvolvimento de uma doença; se as energias Yin e Yang estiverem em perfeita
harmonia, o organismo estará com saúde, por outro lado, um desequilíbrio gerará a
doença (YAMAMURA, 2001, p. XLVI).

4.1.2 Teoria dos Cinco Elementos

A Teoria dos Cinco Elementos, ou Cinco Fases, integra a base da teoria da


Medicina Tradicional Chinesa, e considera que o Universo é formado pelo
movimento e transformação de cinco princípios básicos da natureza: Madeira, Fogo,
Terra, Metal e Água (AUTEROCHE e NAVAILH, 1992, p, 23).
O desenvolvimento e as mudanças de todos os fenômenos da natureza são
resultados do movimento contínuo, da inter-geração e da dominância entre os cinco
elementos sendo que cada um destes elementos possuem suas próprias
características. Assim (SANTOS, 2010, p. 25):
Madeira: tem como característica o crescimento, o desenvolvimento, a
expansão.
Fogo: significa calor, “fluir para cima”.
Terra: por analogia significa produzir, transformar.
Metal: purificar, ser sólido e forte.
Água: fria, úmida, “fluir para baixo”.

Na concepção chinesa, os cinco elementos se apresentam em todas as


manifestações do Cosmo: nas direções do céu, nas estações do ano, no clima, em
cada sentido, órgão e tecido humano, nas emoções e qualidades espirituais e
mentais (YAMAMURA, 2001, p. L).
O quadro 1 ilustra alguns dos fenômenos naturais de acordo com a
característica energética dos Cinco Elementos:
28

Quadro 1: Classificação dos Cinco Elementos na natureza

ELEMENTO MADEIRA FOGO TERRA METAL ÁGUA


Órgão (Zang) Fígado Coração Baço Pulmão Rim
Yin (Gan) (Xin) (Pi) (Fei) (Shen)
Vísceras (Fu) Vesícula Intestino Estômago Intestino Bexiga
Yang Biliar Delgado (Wei) Grosso (Pangguang)
(Dan) (Xiaochang) (Dachang)
Estação Primavera Verão Final estação Outono Inverno
Clima Vento Calor Umidade Secura Frio
Sabor Azedo Amargo Doce Picante Salgado
Órgão sentido Olhos Língua Boca Nariz Ouvido
visão fala paladar olfato audição
Alimenta Tendão Vasos Músculos Pele e pêlos Cabelos
sanguíneos
Expande-se Unhas Face Lábios Narinas Cabelos

Lesões de uso Caminhar Marchar Sentar-se Reclinar-se Posição de pé


excessivo
Líquido Lágrimas Suor Saliva Muco Urina
emitido
Odor corporal Rançoso Queimado Perfumado Poder Pútrido
Emoção Raiva Alegria Preocupação Tristeza Ansiedade

Cor Verde Vermelho Amarelo Branco Preto


Som Grito Riso Canto Choro Gemido
Cereais Trigo Milho Centeio Arroz Feijão
Direção Leste Sul Centro Oeste Norte
Capacidade Hun Shen Yi Po Zhi
espiritual (Alma (Espírito) (Pensamen- (Alma (Vontade)
Etérea) to) Coprpórea)

Fonte: WEN, 2006, p. 22.


29

A teoria dos cinco elementos explica que para que nenhum dos movimentos
se torne excessivo há a necessidade de um controle, que é feita através de dois
ciclos: o de geração o de dominância (CHONGHUO,1993, p. 8):
O ciclo de Geração forma uma seqüência em que cada Elemento dá origem
ou gera o seguinte, assim como é gerado da mesma forma. Deste modo teremos:
Madeira gera Fogo; Fogo gera Terra; Terra gera Metal; Metal gera Água;
Água gera Madeira.
A este tipo de relacionamento, onde cada elemento gerado dá existência a
outro elemento, os chineses denominaram relação Mãe-Filho (Figura 1a), onde a
mãe é o elemento que gera e o filho é o elemento gerado. Ex: Água é mãe de
Madeira, e esta é filha de Água (WEN, 2006, p. 23).
No ciclo de Dominância cada elemento controla o outro, ao passo em que é
controlado também, formando uma relação de controle e restrição mútua entre as
fases. Aqui teremos:
Madeira controla Terra; Terra controla Água; Água controla Fogo; Fogo
controla Metal; Metal controla Madeira.
Este ciclo é também conhecido como Avô-Neto (Figura 1b), onde avô é o
elemento que domina e neto o que é dominado. Ex: Fogo domina Metal, Fogo é avô
e Metal é o neto. (YAMAMURA, 2001, p.XLVII)

Figura 1a: Ciclos fisiológicos Figura 1b: ciclos biológicos

Fonte: www.google.com.br/imagens.
30

As relações de geração e dominância asseguram o equilíbrio entre os


elementos e a normalidade de seus processos, no caso do corpo humano, de seu
funcionamento fisiológico saudável. Como a lei que os Cinco Elementos seguem
demonstra interdependência entre eles, o desequilíbrio em uma das fases ou na
relação entre alguma delas irá repercutir no sistema inteiro (MACIOCIA, 2007, p.19)
Em condições anormais ou de desarmonia energética entre o Yin e o Yang as
relações entre os cinco elementos passam a ser controlada por outros princípios:
Ciclo de geração excessiva e inibição: O ciclo de geração excessiva e de
inibição é caracterizado pela hiperatividade de um elemento e a conseqüente
inibição do outro (Figura 2a), ou seja, o elemento hiperativo volta-se contra aquele
que o gera. Ex: o filho (madeira ) volta-se contra a mãe (Água) (MACIOCIA, 2007,
p.21)
Ciclo de dominância excessiva e contra-dominância: ocorre quando um
elemento torna-se excessivo e volta-se contra aquele que o domina (Figura 2b), ou
seja, “o neto volta-se contra o avô”. Ex: hiperatividade de Madeira contradominando
Metal (YAMAMURA, 2001, p.15).

Terra

fogo
Fogo Metal

Água
Água
Madeira

Ciclo de Dominância excessiva

Figura 2a: Ciclos patológicos Figura 2b: Ciclos Patológicos


Fonte: www.google.com.br/imagens
31

4.1.3 Teoria dos Zang Fu

O conceito de Zang Fu na MTC é diferente da concepção da medicina


ocidental acerca dos órgãos e vísceras. Para os chineses os Zang Fu formam um
sistema interligado que engloba tanto as funções fisiológicas do organismo, suas
partes, sentidos, emoções e relação com o ambiente externo, como também a
produção, armazenamento e distribuição das substâncias vitais (JACQUES, 2005, p.
58).
Os Zang (órgãos) possuem características mais Yin, são mais sólidos e
internos, correspondem à estrutura e são responsáveis pela formação, transporte,
armazenamento, liberação e regulação das Substancias Vitais. São representados
pelo Coração, Pulmão, Fígado, Baço-Pâncreas e Rins (YAMAMURA, 2001, p. LIII).
Os Fu (Vísceras) possuem aspectos mais Yang, são mais ocos e externos, e
responsáveis pela recepção e armazenamento dos alimentos e bebidas. São: a
Vesícula Biliar, Intestino Delgado, Intestino Grosso, Bexiga, Triplo Aquecedor e
Estômago (YAMAMURA, 2001, p. LIII).
Cada um dos Órgãos e Vísceras tem as suas funções fisiológicas distintas e
relacionam-se entre si promovendo a harmonia e integração das atividades
fisiológicas do organismo e a parte exterior. Se ocorrer alguma alteração patológica
em um deles, os outros sistemas serão afetados, fazendo com que a evolução da
enfermidade de um dos órgãos possa atingir outros (CHONGHUO, 1993, p. 14):

FEI (Pulmão): O Pulmão (Fei) pertence à fase Metal, a emoção relacionada a


ele é a tristeza e sua estação o outono. Possui uma importante relação com o
Coração (Xin) devido ao fato de que o Pulmão (Fei) governa o Qi, o que auxilia a
circulação sanguínea. Funções do Pulmão (Fei): governa o Qi e a Respiração;
controla Dispersão e Descendência; regula e move as "Passagens das Águas";
abriga a Alma corpórea (Po); governa a voz; abre no nariz, manifesta-se na pele e
pêlos (AUTEROCHE e NAVAILH, 1992, p.73-75).

DACHANG (Intestino Grosso): O Intestino Grosso (Dachang) pertence a


fase Metal, juntamente com seu órgão acoplado, o Pulmão (Fei). Tem a função de
receber alimentos e líquidos do Intestino Delgado (Xiaochang), constituindo a última
32

parte do tubo digestivo. Suas principais funções são: recepção da parte impura dos
alimentos e absorção de água e excreção das fezes (MACIOCIA, 2007, p.161).

WEI (Estômago): Está situado abaixo do diafragma e sua fase é a Terra.


Estômago juntamente com Baço forma a raiz do Qi pós-natal, pois a transformação
dos alimentos inicia-se no Estômago. Principais funções: controlar a recepção,
maceração e decomposição dos alimentos; controlar o transporte da essência dos
alimentos; controlar a descendência do Qi e originar os fluídos corpóreos (Jin Ye)
(CHONGHUO, 1993, p. 23).

Pi (Baço): O Baço (Pi) corresponde à fase Terra, este órgão extrai a essência
dos alimentos e bebidas, que é transformada em Qi e Xue. Por ocupar papel central
neste processo de transformação ele é chamado de Raiz do Qi Pós-Celestial. Suas
principais funções: comanda a transformação e o transporte; governa o Sangue
(Xue); sustenta os Órgãos; comanda os músculos e membros; controla a
ascendência do Qi; abre-se na boca e manifesta-se nos lábios (ROSS, 1994, p.80).

XIN (Coração): O Coração (Xin) pertence à fase Fogo, localiza-se no tórax,


seu canal acoplado é o do Intestino Delgado (Xiao Chang). É responsável pelo fluxo
necessário de sangue para todo o organismo. O Shen (Mente, Consciência) reside
no Coração, e a saúde so sistema Coração assegura equilíbrio mental, boa memória
sono e pensamentos saudáveis. Suas principais funções: governar o Sangue (Xue);
controlar os Vasos Sanguíneos (Xue Mai); armazena o Shen; controlar a sudorese;
abre-se na língua e manifesta-se na face (CHONGHUO, 1993, p. 14).

XIAOCHANG (Intestino Delgado): O Intestino Delgado (Xiao Chang) pertence


à fase Fogo, ligando-se ao Coração (Xin), com quem mantém uma relação tênue em
termos de Canais acoplados. Recebe do Estômago (Wei) os alimentos e bebidas ali
transformados e continua o processo separando o “puro” do “impuro”, encaminhando
as frações ao Baço (Pi) (fração pura), ao Intestino Grosso (Dachang) (fração
impura), e quanto aos líquidos encaminha as partes puras aos Rins (Shen) e
impuras à Bexiga (Pangguang). Principais funções: recepção e transformação dos
alimentos e bebidas; separa o “puro” do “impuro”; separa os Líquidos Corpóreos (Jin
Ye) (MACIOCIA, 2007, p.159).
33

PANGGUANG (Bexiga): A fase da Bexiga (Pangguang) é a Água. Conecta-


se energeticamente com os Rins (Shen). A Bexiga armazena e excreta a urina, além
de participar de seu processo de produção, através da transformação dos Líquidos
Orgânicos (JinYe). Sua função, portanto, é remover a água através da
transformação do Qi (MACIOCIA, 2007, p.169).

SHEN (Rim): Os Rins (Shen) pertencem à Água, estão localizados na região


lombar, ao lado da coluna vertebral, são frequentemente chamados de “Raiz da
Vida” ou “Raiz do Qi Pré-Celestial”, pois guardam a Essência (Jing) inata do
indivíduo, sendo responsáveis também pelas funções vitais e formando a base do
Yin e do Yang de todo o organismo. Funções principais: armazenar o Jing e
governar o nascimento, crescimento, reprodução e desenvolvimento; produzir a
medula óssea; abastecer o cérebro e controlar os ossos, alicerçar o Yin e o Yang;
controlar a recepção de Qi; controlar os orifícios inferiores; abrigar a força de
vontade e abrir-se nos ouvidos e manifestar-se no cabelo (ROSS, 1994, p. 63).

GAN (Fígado): O Fígado pertence à Madeira, a emoção a ele relacionada é a


raiva. Ele assegura o fluxo de Qi no organismo, o que auxilia as funções de todos os
sistemas orgânicos, devido a esta função, geralmente é associado à idéia de general
do corpo. Suas principais funções: comandar o livre fluxo de Qi; harmonizando as
emoções; harmonizando a digestão; harmonizando a menstruação; regulando a
água; armazenar o Sangue (Xue); comandar os tendões, ligamentos e nervos; abre-
se nos olhos e manifesta-se nas unhas; abrigar a Alma Etérea (MARTINS e
LEONELLI, 2004, p. 172).

DAN (Vesícula Biliar: A Vesícula Biliar (Dan) pertence à fase Madeira e está
vinculada ao Fígado (Gan), seu órgão acoplado, com o qual mantém relação
bastante estreita, recebendo a bile e estocando-a para auxiliar a digestão, além de
sua ligação emocional e intelectual. É o único sistema Yang que desempenha a
função de armazenar um líquido “puro” (bile). Principais funções: armazenar e
excretar a bile; relaciona-se à tomada de decisões e julgamentos; controlar os
tendões (MARTINS e LEONELLI, 2004, p. 172).
34

4.1.4 Substâncias Vitais

A filosofia e Medicina chinesas consideram a função do Corpo e da Mente


como resultado da inter-relação de determinadas Substancias Fundamentais, que se
manifestam, me nosso organismo em diferentes níveis de substancialidade, sendo
em alguns momentos rarefeitas e em outros imateriais. Todas elas constituem a
visão Taoísta Corpo-Mente, sendo o corpo e a mente um círculo onde as
Substâncias Vitais interagem para formar o organismo material e o Qi (MACIOCIA,
2007, p. 35). Para a Medicina Tradicional Chinesa as Substancias Vitais são
(AUTEROCHE e NAVAILH, 1992, p.33):
a) Qi: é a base de todos os fenômenos do Universo, e tudo no mundo é resultado de
seus movimentos e transformações. Embora seja único, o Qi possui diferentes
características nas áreas por onde se distribui:
Qi Original: está intimamente relacionado com a Essência, sendo considerado uma
força motriz que desperta e movimenta a atividade funcional de todos os órgãos e
que apresenta sua origem no Rim
Gu Qi: é a essência dos Grãos, alimentos e bebidas. É formado pela da ação do
Baço-Pâncreas e do Estomago na transformação dos alimentos combinado com o ar
do Pulmão.
Zong Qi: é a Energia máxima do Tórax e está intimamente relacionado com as
funções do Coração e do Pulmão na circulação de Xue (sangue) e Qi pelo corpo.
Deriva da transformação dos alimentos pelo Baço-Pâncreas e Estômago mais o ar
absorvido pelo Pulmão.
Zhen Qi: também chamado de Qi Verdadeiro, formado através da ação do Baço-
Pâncreas e Estomago, na transformação dos alimentos, juntamente com o ar do
Pulmão. É o estágio final do processo de refinamento e transformação do Qi.
Assume duas formas diferentes: YIN QI (Qi nutritivo) com função de nutrir os órgãos
internos e todo o organismo; e o WEI QI (Qi defensivo) com função de proteger o
organismo de ataques de fatores patogênicos externos como Frio, Calor, Secura,
Vento e Umidade (AUTEROCHE e NAVAILH, 1992, p.34).

b) Xue (Sangue): é produzido a partir da transformação dos alimentos e bebidas


pelo Baço-Pâncreas e Estomago e tem a função de nutrir e de umedecer os órgãos
e tecidos de todo o corpo (CHONGHUO, 1993, p.33).
35

c) Jin Ye (Fluídos Corpóreos): englobam as diferentes secreções do corpo como


os líquidos do estomago, do intestino das articulações e também as excreções
ligadas aos órgãos como saliva, suor e urina, que são formadas a partir da
transformação e separação dos líquidos e alimentos pelo Baço e Estômago.
(MACIOCIA, 2007, p. 53).

d) Jing (Essência): é a matéria fundamental, da qual constitui o corpo, considerada


pelos chineses como uma substância muito preciosa que deve ser cuidada e
guardada. É dividida em Essência pré-celestial derivada dos pais no momento da
concepção e que determina a constituição básica de cada pessoa, sua força e
vitalidade; e Essência pós-celestial, refinada e extraída dos alimentos e bebidas do
Estômago e Baço (MACIOCIA, 2007, p. 38).

e) Shen (Mente): manifesta-se pelo pensamento e tudo que afeta a consciência. É


um termo abstrato. Como a vida, o Shen nasce da união dos Jing sexuais da mãe e
do pai e se edifica em função do desenvolvimento do feto (NGUYEN, 2010, p. 62).

4.2 ETIOLOGIA DOS DISTÚRBIOS DE PELE NA MTC

Para a MTC há na natureza seis fatores climáticos que podem, quando sob
condições anormais causarem doenças. São eles (FORNAZIERI, p. 50-56, 2007):
Vento: a predominância de Vento pode danificar o Yin, Sangue e Fluídos
Corpóreos, resultando em manifestações como pele seca, coceira e descamações.
O Vento tende a associar-se com outros fatores para invadir o corpo, sendo
considerado o fator que lidera os seis excessos. Há dois tipos de vento:

Vento externo: pode invadir o corpo sozinho ou associado com Vento-Frio, Vento-
Calor, Vento-Umidade, Vento-Secura ou Vento-Fogo, causando sintomas como
urticária, prurido, eczema do couro cabeludo etc.

Vento Interno: é resultado de: Deficiência de Sangue, que fica danificado e falha ao
nutrir o Fígado; Toxinas de Calor, que afetam o Yin; Falha de Água (nos Rins) e este
36

falha em nutrir Madeira(Fígado). Os sintomas de pele encontrados por Vento Interno


são: eczema seborreico por Vento-Secura, doenças de unha por insuficiência de
sangue do Fígado, prurido por Deficiência de Qi e Sangue;

Frio: tem característica Yin e pode ser dividido em: Frio externo, causado pelo
tempo frio e invadindo o corpo causando Estagnação de Qi e Sangue. A pele fica fria
com lesões de cor branca, vermelha escura e roxo-azulada; o Frio interno ocorre
como resultado de Deficiência de Yang do Baço e dos Rins. Entre os sintomas e
sinais encontrados temos: pele dura e inchada e ulcerações;

Calor de Verão: é um fator patogênico Yang, só ocorre no verão, é causado pela


exposição ao sol forte, produz calor para cima, consome o Yin e danifica os Fluídos
Corpóreos. Sintomas: vermelhidão, furúnculos, brotoeja, e queimaduras de pele;

Umidade: é um fator patogênico Yin, e pode ser dividida em: externa e interna. A
Umidade Externa é causada por tempo úmido, pessoas que moram ou trabalham
em condições de umidade, irregularidades na alimentação ou roupas encharcadas.
A Umidade interna é resultado de deficiência do Baço em sua função de transportar
e transformar, o Fogo transformando-se em Calor-Umidade e a água transformando-
se em Umidade. Lesões típicas de pele por Umidade são: edema, bolhas, erosão,
maceração, ulceração exsudação e infiltração;

Secura: tem característica Yang e pode ser dividido em: Secura externa, resultante
do tempo seco ou ambientes extremamente secos, com ar condicionado ou
aquecedores, deixando a pele seca com rachaduras e fissuras ou seca com prurido;
Secura interna originada pelo consumo de Yin e Sangue devido a doenças crônicas
e apresentando pele seca, áspera e subnutrida acompanhada de escamação seca;

Fogo: pode ser interno ou externo. O Fogo externo ocorre geralmente em condições
extremamente quentes, enquanto que interno é causado por distúrbios dos órgãos
Zang Fu, Qi ou Sangue. Doenças causadas pelo Fogo se instalam rapidamente e a
pele fica avermelhada, brilhante e com sensação de quentura; lesões típicas que
tendem a aparecer e desaparecer rapidamente incluem eritema, pápulas vermelhas,
púrpuras e pústulas (FORNAZIERI, p. 50-56, 2007).
37

Para a filosofia chinesa, existem ainda outros fatores causadores de doenças


que são (FORNAZIERI, 2007, p.50-56):
Irregularidade na dieta: alimento cru, rico em pimenta, gordura, fritura e
doce podem levar ao acúmulo de Calor-Umidade no Baço e no Estômago e Toxinas
de Fogo no interior, resultando em furúnculos, eczema, herpes zoster e eritema
tóxico; frutos do mar em excesso causam disfunções na pele como eritema, pápulas
e bolhas.
Atividade sexual e trabalho físico excessivo: muitos partos danificam os
vasos Chong e Ren Mai, levando à deficiência do Yin do Fígado e Rins e depleção
dos Fluídos Corpóreos e manifestando–se com boca, olhos e pele seca. Excesso de
atividade física ou trabalho leva a Deficiência de Baço e o Sangue não circula como
deve. Se isso é acompanhado por ficar em pé por muito tempo pode resultar em
varizes na perna ou úlceras crônicas em casos mais graves.
Fatores emocionais: associados às mudanças repentinas de humor podem
levar a um desequilíbrio entre Yin e Yang, com desarmonia entre Qi e Sangue e a
conseqüente disfunção dos órgãos Zang Fu. Tensão emocional e raiva em excesso
danificam o Fígado; pensamento e preocupação em excesso prejudicam Baço.
Quando estes distúrbios emocionais persistem por longo tempo, o Qi e o Sangue
podem estagnar nos canais resultando em doenças como alopecia, psoríase e
neurodermatites.

4.3 CONCEITO DE PSORÍASE NA MEDICINA TRADICIONAL


CHINESA

De acordo com a teoria do Yin e Yang, a psoríase pode ser considerada como
uma doença de característica Yang por ser uma lesão expansiva, mais externa,
eritematosa e seca, de crescimento acelerado e que acomete as regiões mais Yang
do corpo como couro cabeludo e parte posterior do tronco (YAMAMURA e NAKANO,
2005, p. 136).
38

4.4 ETIOLOGIA DA PSORIASE NA MTC

De acordo com Niu Yu-Shi (2004), a psoríase é causada por Calor e Secura
no Sangue, que dão origem ao Vento–toxinas que deságuam na pele e quando
associados à Umidade agravam a doença.
Zhou Zhi-Yong e Yang Chen-bo (2003), determinam que as causas da
psoríase são a combinação de fatores patógenos externos (Vento, Umidade e Calor)
que obstruem a circulação do Sangue. Estes autores afirmam que quando a doença
evolui para a cronicidade o Sangue não é nutrido e este fato provoca a Deficiência
do Sangue e a má nutrição dos canais e colaterais.
Já para Garcia et al (2004), do ponto de vista da Acupuntura, a psoríase pode
ser causada por Deficiência de Qi de Pulmão e excesso ou hiperatividade de Calor
ou de Yang de Fígado, Baço e Rins.
Por fim, Liao e Liao (1992) apontam que a psoríase é uma doença de pele
causada pelo acúmulo e Estagnação de Qi associada aos patógenos Vento e Calor
que prejudicam a circulação local de Sangue e Qi causando lesões puntiformes e
irregulares comumente encontradas em pacientes com psoríase.
Para Maciocia (2005, p. 148), os padrões que causam a psoríase são:
Calor no Sangue: caracterizada por pápulas e escamas vermelhas que aumentam
rapidamente e que, quando raspadas desprendem-se com facilidade;
Deficiência de Sangue e Secura: apresentam placas pálidas e secas recobertas
por escamas brancas, evolução lenta e surtos esporádicos;
Estase de Sangue: são formadas por placas roxo-escuras com escamas grossas;
Umidade-Calor: apresentam máculas vermelho-escuras cobertas por escamas
oleosas ou grossas; a pele fica úmida, por vezes com púsulas. As áreas mais
afetadas são palma das mãos e planta dos pés;
Calor tóxico: com lesões eritematosas ou pustulares que se espalham rapidamente,
associadas à prurido, sensação de queimação e dor;
Deficiência de Yin de Fígado e do Rim: apresenta máculas vermelho-pálida
coberta por fina camada de escamas. Usualmente encontrada em idosos (condição
crônica).
Assim, podemos observar que, conforme os autores supra citados, os fatores
patógenos externos envolvidos na psoríase são Vento, Calor, Umidade e Secura; as
39

Substâncias Fundamentais são Sangue e Qi e os Zang Fu acometidos são,


principalmente, o Pulmão, o Fígado, o Baço e os Rins.
Segundo Auteroche e Navailh (1992, p. 46) o Qi e o Sangue são substâncias
básicas da constituição do nosso corpo. Se o Qi e o Sangue estão em harmonia o
corpo é saudável; se há desarmonia surge a doença. Isto porque o Qi tem a função
de nutrir e aquecer o corpo, promovendo a produção e o movimento do Sangue,
aquecendo os Zang Fu, os canais e as redes de vasos do corpo. Já o Sangue tem a
função de nutrir e umidificar tendões, carne e pele.
A insuficiência de Qi na pele ocasiona a estagnação de Sangue e desnutrição
e secura da pele. Estagnação de Qi acarretará em inibição de suas atividades
funcionais ocorrendo acúmulo de água e formação de vesículas, pele áspera e
manchas vermelhas, sinais comuns na psoríase (NGUYEN, 2010, p.61).
O mesmo ocorre com o Sangue, pois ele só pode circular e produzir graças
ao Qi. Se o sangue é abundante a face é corada e a pele é hidratada; Se o Sangue
é insuficiente a pele e os cabelos estarão secos, surgindo escamosidade, secura e
coceira na pele. Estagnação de Sangue causará aspereza e coceira com pele
descamada e com crostas, como na psoríase (YAMAMURA e NAKANO, 2005, p 54).
Isto significa que a desarmonia entre o Sangue e o Qi ocasiona o
desequilíbrio Yin/Yang, responsável pelas perturbações de circulação e perda de
função, levando ao aparecimento de doenças (NGUYEN, 2010, p.62).
Em relação aos fatores patógenos, os autores acima mencionados citaram o
Vento, o Calor, a Umidade e a Secura como fatores desencadeantes da psoríase.
Segundo Huang Di Nei Jing (o Clássico do Imperador Amarelo): “o Vento é o
principal causador de várias doenças; têm característica Yang, aparece de repente e
pode danificar o Yin e o Sangue, causando manifestações como pele seca, prurido e
descamações.
O Vento pode associar-se ao Calor, que é de natureza Yang e, em excesso,
pode consumir o Yin e danificar os Fluídos Corpóreos, causando pápulas, pruridos e
vermelhidões, frequentemente encontrados entre os sinais e sintomas da psoríase
(MACIOCIA, 2007, p 567).
O Vento-Umidade é uma associação de energias perversas, que se
transformam em Calor, aquecendo o Sangue (Xue) e provocando sinais clínicos
como descamações em placas da pele (YAMAMURA e NAKANO, 2005, p.137).
40

Além disso, o Vento externo pode indiretamente afetar o Fígado, pois ataca o
Qi defensivo do Pulmão gerando alterações em Vento interior do Fígado. Este fato
resulta em agitação de Sangue estocado no Fígado e manifestando-se em forma de
erupções de pele (FORNAZIERI, 2007, p. 48).
Por último temos o Vento-Secura, que também é de origem Yang e resultado
do consumo excessivo do Yin e Sangue e Fluídos Corpóreos, resultando em pele
seca, áspera e subnutrida com partes de escamação seca (FORNAZIERI, 2007, p.
52).
Outro fator etiológico relacionado com o aparecimento ou exacerbação dos
sinais e sintomas da psoríase é a irregularidade na dieta. Alimentos crus, ricos em
pimenta, gordura, fritura e doce podem levar ao acúmulo de Calor-Umidade no Baço
e no Estomago e Toxinas de Fogo no interior, resultando em furúnculos, eczema,
herpes zoster e eritema tóxico; frutos do mar em excesso causam disfunções na
pele como eritema, pápulas e bolhas (FORNAZIERI, 2007, p.55).
Neste sentido destaca-se o estudo de Niu Yu-Shi (2004) que determinou aos
pacientes que durante o curso do tratamento evitassem comer alimentos oleosos,
fritos, apimentados ou derivados de frutos do mar. Foram incentivados a comer
mais frutas e vegetais e beber muita água.
A hereditariedade também é apontada, tanto na Medicina Ocidental quanto na
Oriental como fator etiológico da psoríase.
Na filosofia chinesa o Rim é responsável por armazenar a Essência
Ancestral, que é herdada dos pais, nutre o feto e após o nascimento determina a
base constitucional e a vitalidade do indivíduo. Se essa Essência herdada estiver
debilitada pela idade avançada dos pais ou exaustão à época da concepção o Rim
pode ficar afetado. Se o Rim estiver deficiente não realizará sua função de
metabolismo dos Fluídos Corpóreos para hidratar a pele e esta ficará seca,
desidratada e descamada (YAMAMURA e NAKANO, 2005, p.26; FORNAZIERI,
2007, p. 48).
Por fim, autores tanto da medicina ocidental como oriental apontam as
emoções como fator de surgimento ou exacerbação da psoríase. Os fatores
emocionais são encontrados em 70% dos casos relatados como fator
desencadeante ou de exacerbação da doença e são representados por estresse
físico ou emocional, pelas perdas ou modificações nos diferentes âmbitos da vida
como casamento, viuvez, separações (SAMPAIO e RIVITTI, 2001 p. 170-171).
41

Nesse sentido, Rodríguez, Celis e Soza-Sarritiello (2002) referem em seus


estudos que o estresse emocional pode exacerbar alguns eventos na psoríase.
Lipp (1991), Dias et al. (1996) e Dias e Lipp (2001) ressaltam a importância do
controle de stress e técnicas cognitivas no tratamento adjuvante da psoríase. As
técnicas cognitivas e comportamentais contribuem para uma adaptação à doença,
ajudam a desenvolver estratégias psicológicas de enfrentamento e colaboram para a
melhora na qualidade de vida.
E Rodrigues (1997) acrescenta que o paciente com psoríase tem dificuldade
em expressar suas emoções, principalmente as agressivas e hostis. Para
Mingorance (2001), a psoríase poderia ser uma forma não verbal de expressar os
sentimentos.
Do ponto de vista dos Cinco Elementos o Fígado (Gan) está relacionado de
forma direta com a estabilidade emocional, e a emoção que o afeta é a raiva. Na
Medicina Oriental a raiva deve ser interpretada de forma bastante ampla, pois inclui
vários outros estados emocionais como ressentimento, raiva reprimida, fúria,
indignação sensação de mágoa, irritação, frustração e amargura. Qualquer um
destes estados emocionais pode afetar o Fígado e, se persistirem por período
prolongado, causarem Estagnação do Qi e Xue, acarretando em manifestações
clínicas como dores de cabeça, tonturas, manchas grandes e vermelhas na pele e
face vermelha (MACIOCIA, 2009, p. 236).
Isto porque o Fígado tem como função principal o fluxo suave do Qi por todo o
organismo e apresenta uma grande influência no aspecto emocional do indivíduo, ou
seja, o fluxo livre do Qi garante o fluxo livre das nossas emoções. Se o Qi do Fígado
estagnar por longo período, nossa vida emocional estará afetada gerando
frustrações, depressão irritabilidade e estresse.
A tristeza, por sua vez, atinge O Pulmão, que é o órgão responsável pela
circulação do Qi e controle da pele e pêlos. A deficiência de Qi do Pulmão torna a
pele fina, seca e os pêlos caem. A tristeza geralmente está associada a colapsos de
relacionamento, perda de um ente querido, perda de emprego etc (MACIOCIA,
2007, p.101, MACIOCIA, 2009, p. 238).
Temos ainda que citar o sentimento de vergonha. A vergonha está associada
ao lugar do indivíduo na sociedade, no que as pessoas pensam dele, como ele é
percebido e aceito pelos outros membros da comunidade; o indivíduo, muitas vezes
sente-se julgado por não estar nos modelos aceitos pela sociedade. Isto afeta a
42

auto-estima e o amor próprio, levando a pessoa a um estado de estresse profundo


(MACIOCIA, 2009, p. 252).
E, segundo Fornazieri (2007, p.56) o primeiro efeito do estresse no corpo é
abalar a direção adequada do Qi do Pulmão, levando à estagnação do Qi, Calor e
Fogo.
Yamamura e Nakano (2005, p. 137) afirmam que pacientes com psoríase são
pessoas que apresentam personalidade que levam ao sofrimento, pois são
perfeccionistas, obsessivos, que sofrem por não estar tudo perfeito, não delegando
funções e sobrecarregando-se, acarretando quadros de estresse e ansiedade, além
de raiva reprimida. E, estas mudanças emocionais acarretam em erupções na pele
que surgem repentinamente.
Assim, podemos observar que as emoções constituem fator primordial no
processo de adoecimento, podendo ter efeito rápido sobre os órgãos
correspondentes, lesando-os.
Em relação aos Zang Fu que são mais afetados pela psoríase podemos
observar que os autores citam o Pulmão, o Fígado, o Baço-Pâncreas e os Rins.
Segundo a Teoria dos Zang Fu, o Pulmão (Fei) tem a função de dispersar ou
difundir o Qi Defensivo para todo o corpo e todo o espaço entre a pele e os
músculos, protegendo o corpo contra o ataque de fatores patógenos externos. Se o
Pulmão está funcionando normalmente a pele e o cabelo podem ser nutridos
fazendo com que a pele fique forte e não permita a entrada de fatores externos
patógenos (MACIOCIA, 2007, p.107)
Porém, se o Qi do Pulmão estiver debilitado sua função dispersora estará
prejudicada e o Qi Defensivo não alcançará a pele e o organismo poderá facilmente
ser invadido pelos fatores patógenos externos que irá resultar em doenças de pele
como a psoríase e a urticária, pois a alteração de defesa é observada na maioria
das doenças de pele. (FORNAZIERI, 2007, p. 46; YAMAMURA e NAKANO, 2005,
p.55).
O Baço-Pâncreas, está diretamente relacionado com as alterações da pele
pois este rege a derme, a nutrição e a sustentação. Quando o Qi do Baço-Pâncreas
está exuberante, a função de transporte e transformação é normal e o suprimento de
nutrientes é suficiente para gerar Qi, Sangue e Fluídos Corpóreos. Mas, se o Qi
deste órgão está deficiente ou fraco pode ocasionar má nutrição da derme levando à
secura de pele. (FORNAZIERI, 2007, p. 47).
43

O Rim, por sua vez, tem a função de armazenar, transformar e transmitir a


Essência da Água dos alimentos para o Sangue e os Zang Fu, a pele e o cabelo
nutrindo-os. A hidratação da pele depende, portanto do metabolismo normal dos
Fluídos Corpóreos nos Rins. Se o Qi do Fígado está deficiente os Fluídos Corpóreos
são insuficientes levando a pele a ficar seca como na psoríase (FORNAZIERI, 2007,
p. 48).

4.5 PADRÕES DESARMÔNICOS DA PSORIASE

Segundo Maciocia (2007), os padrões de desarmonias associados à psoríase


são:
4.5.1 Estagnação de Qi no Fígado: dentre as manifestações clínicas deste tipo
de desarmonia temos: sensação de distensão no tórax, melancolia, tristeza,
depressão (instabilidade emocional, unhas finas, secas, deformadas, sem vida,
rachadas). A etiologia envolve as alterações na vida emocional, onde o estado de
frustração, fúria reprimida ou ressentimento por longo período pode afetar a livre
circulação do Qi, resultando em Estagnação do Qi do Fígado. O princípio de
tratamento é dispersar o Fígado e regularizar o Qi

4.5.2 Fogo do Fígado afetando Pulmão: As principais manifestações clínicas


são: dispnéia, asma, tosse, cefaléia, tontura, rubor malar, gosto amargo na boca,
constipação, erupções na pele que surgem rapidamente. Na etiologia temos a fúria
que causa a formação de Fogo de Fígado, normalmente após um prolongado
período de estagnação do Qi do Fígado e consumo excessivo de alimentos quentes
e gordurosos que geram calor. O tratamento consiste em eliminar o Fogo do Fígado,
harmonizar o Fígado, fazer a descendência do Qi do Pulmão

4.5.3 Deficiência de Qi do Pulmão: são elencadas como manifestações


clínicas: dispnéia, tosse, voz debilitada, indisposição ao frio, propensão a gripes,
pele áspera e seca, cabelos debilitados, suor espontâneo A etiologia está
relacionada com a debilidade hereditária, ataque de Vento – Vento ou Frio – Calor.
O tratamento é tonificar o Qi do Pulmão, aquecer o Yang
44

4.5.4 Secura de Pulmão: as manifestações clínicas são: tosse, pele, garganta e


boca secas, sede. Etiologia: pode ser tanto de interior como de exterior. Pode ser
causada pela secura exterior durante longos períodos de tempo seco e quente ou
pode ser produzida por fatores internos como refeições feitas em períodos
irregulares, tarde da noite, preocupação com o trabalho durante as refeições etc.
Princípio de tratamento: umedecer o Pulmão e nutrir os fluídos corpóreos.

4.5.5 Deficiência de Qi de Baço: os sintomas clínicos encontrados na literatura


são: anorexia, distensão abdominal após ingestão de alimentos, cansaço, lassitude,
debilidade de membros, pele desidratada. A etiologia está vinculada ao consumo
excessivo de alimentos crus e frios; tensão mental, com excesso de pensamentos;
exposição prolongada à umidade, patologias crônicas. O princípio de tratamento é
tonificar Qi do Baço.

4.5.6 Deficiência de Yin de Rim: apresenta as seguintes manifestações


clínicas: tontura, zumbido, vertigem, memória debilitada, boca seca à noite, sede,
lombalgia, dor nos ossos, constipação, cabelo seco e com queda, pele seca e
desidratada. Etiologia: patologia crônica persistente, transmitida pelo Fígado ou
Pulmão; excesso de trabalho, excesso de atividade sexual, redução dos fluídos
corpóreos, que podem ser consumidos pelo calor. Princípio de tratamento: nutrir o
Yin do Rim (MACIOCIA ,2007)

4.6 TRATAMENTO DA PSORÍASE PELA ACUPUNTURA

O tratamento da psoríase pela acupuntura deve levar em consideração os


padrões de desarmonias energéticas existentes, sendo, que o principal padrão, de
acordo com Yamamura e Nakano (2005, p.138) é a estagnação de Qi e de Xue
(Sangue). Além disso, os autores acrescentam que as lesões da psoríase podem ser
tratadas individualmente, cercando-as.
Os princípios básicos de tratamento envolvem dispersar o Vento e o Vento-
Calor, dissipar a Umidade, umedecer a Secura e diminuir o Calor do Sangue (ZHOU
ZHI e CHENG- BO, 2003; LIAO e LIAO, 1992, NIU YU-SHI, 2004, YAMAMURA e
NAKANO, 2005).
45

Niu Yu-Shi (2004) em seu estudo selecionou 16 homens e 24 mulheres com


psoríase, com lesões em membros superiores e cabeça. Utilizou os pontos: Zhigou
(TA 6), Quchi (G11) e Hegu (IG 4); pontos auxiliares: XueHai (BP 10) e SanYinJiao
(BP 6). Se as lesões fossem somente na cabeça os pontos auxiliares eram: Ying
Xiang (IG20) e SuLiao (VG25).
Se as lesões fossem em MMII: Xue Hai (BP 10), San Yin Jiao (BP6) e Zu
Sanli (E 36). Se as lesões afetassem o corpo inteiro: Da Zhui (gv140, QuChi (IG 11),
HeGu (IG 4), XueHai (BP 10) e San Yin Jiao (BP6). Inseriu as agulhas uma vez por
dia durante 20 dias, por meia hora (durante este tempo a agulha foi estimulada 1-2
vezes). O resultado foi o desaparecimento das lesões em 19 pacientes (47,5%) e
melhora da escamação e da coceira em 21 (52,5%).
Zhou Zhi-Yong e Yang Chen-bo (2003) estudaram 12 pacientes (9 homens e
3 mulheres, entre 21-63 anos que sofriam de psoríase de 25 dias a 20 anos. Os
pontos escolhidos no protocolo consistiam em: Fengchi (VB20), Fengmen (B 12),
Sanyinjiao (BP6), Yinlingquan (BP 9), Quchi (IG11), Xuehai (BP10), Tianjing (TA10)
e Shaohai (C3). Após a inserção da agulha estes pontos foram estimulados e
ficaram inseridos por 10 minutos. O tratamento foi realizado cinco vezes por
semana, por 1 mês. O resultado foi 67% de melhora em grande parte dos sinais e
sintomas, 25% com melhora parcial e 8% sem melhora alguma em seu quadro.
Comparativamente, Garcia et al (2004) realizou um estudo experimental com
41 pacientes diagnosticados com psoríase, de ambos os sexos e com lesões em
diferentes partes do corpo, maiores de 15 anos. Foram realizadas 10 sessões em
dias alternados, num total de seis ciclos, com descanso de 10 dias entre cada ciclo.
Os pontos usados foram Quchi (IG11), Zusanli (E36), Chengguang (B 6), Baihui (Du
20), Zhigou (TA6), Shuiquan (R5), Zhongfu (P1) e Lieque (P7). O resultado
terapêutico foi satisfatório, pois em 72% dos casos os sinais e sintomas foram
eliminados, de maneira que só 28% persistiram com as lesões, demonstrando
eficácia no tratamento com acupuntura segundo estes autores, independente do
sexo, idade e local das lesões.
Lopes e Belkis (2009) aplicaram um estudo aberto em 110 pacientes com
diagnóstico clínico e histopatológico de psoríase. Os pacientes foram divididos
aleatoriamente em dois grupos (n=55). Um grupo foi tratado com fototerapia (grupo
A) e outro com Acupuntura Sistêmica (grupo B). Ambos receberam tratamentos
semanais durante quatro semanas. Os pontos usados foram: Shenmen (C7), Hegu
46

(IG4), Quchi (IG11), Zusanli (E36), Lieque (P7), Sanyinjiao (BP6) e Xuehai (BP10).
Ambos os grupos evoluíram satisfatoriamente, pois os pacientes tanto do grupo A
(54%) quanto do grupo B (46%) apresentaram branqueamento das lesões e
desaparecimento do prurido na segunda semana de tratamento.
Liao e Liao (p.195-208, 1992) realizaram um estudo em 61 pacientes com
psoríase onde 25 eram do sexo masculino e 36 do sexo feminino, a maioria deles
tinha lesões bastante extensas por todo o corpo e não tinham respondido bem ao
tratamento ocidental convencional. Eles receberam, em média, cerca de 9 a 13
sessões de Acupuntura, de acordo com a severidade de suas lesões. Os principais
pontos utilizados foram Quchi (IG11), Xuehai (BP10) e Zusanli (E36).
Os autores utilizaram apenas estes três pontos nos membros superiores e
inferiores, bilateralmente, afirmando serem os mais eficazes para doenças de pele
em geral. A agulha foi aplicada na periferia ou no centro das lesões. Com o
tratamento de acupuntura, cerca de metade (50%) dos 61 pacientes tiveram quase
completo desaparecimento das lesões; cerca 14 pacientes (23%) tiveram uma folga
de cerca de dois terços das lesões, oito (13%) deles tiveram folga de um terço das
lesões e nove (14%) pacientes mínimas ou nenhuma melhora com o tratamento.
Assim, podemos observar que, de acordo com os relatos dos trabalhos acima
apresentados a acupuntura é considerada um método efetivo de tratamento para
pacientes com psoríase, especialmente quando o tratamento convencional é
ineficaz.
47

5 CONCLUSÃO

Constatou-se neste estudo que a Acupuntura é um método complementar de


terapia com ótimos resultados nos tratamentos da psoríase, sendo considerada uma
forma natural e cada vez mais popular de cuidar da saúde que utiliza instrumentos
simples e de fácil domínio, oferece auxílio em todas as faixas etárias, independe de
sexo ou idade, pode ser facilmente associada a outras técnicas terapêuticas, possui
baixo custo econômico, é acessível economicamente a todas as classes sociais, é
praticamente isenta de efeitos colaterais, complementa as lacunas da medicina
moderna e dos tratamentos convencionais, sendo considerada como um tratamento
complementar para reduzir ou eliminar os efeitos da psoríase, melhorando a auto
estima e a qualidade de vida dos pacientes .
Entretanto, ao analisar os estudos experimentais desenvolvidos em relação à
psoríase e aplicação da Acupuntura é possível observar certa fragilidade nos
resultados obtidos, devido principalmente à qualidade metodológica dos trabalhos,
normalmente evidenciada pela carência de informações a respeito do tipo de agulha
usada, sua profundidade, o tempo da aplicação, o modo de manipulação (se
sedação ou tonificação), e a duração do tratamento.
A constatação de tais fatos, longe de ser um obstáculo intransponível, deve
ser encarado como um desafio para nós pesquisadores, na busca de um novo
paradigma que permita o estudo da Acupuntura de maneira que seus achados
possam ter credibilidade junto à comunidade acadêmica e científica. Assim, é
imprescindível a realização de pesquisas ricas em detalhes, com metodologia
adequada, amostragem adequada, para que tenhamos um crescimento na evolução
dos terapeutas acupunturistas e respeito como profissionais da saúde que somos.
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