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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL

PRÓ REITORIA ACADÊMICA


CURSO DE TEOLOGIA

JOSSEMAR SCHULZ DOS SANTOS

CUIDADO PASTORAL A ENFERMOS:


CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS SOBRE A
DOENÇA, O DOENTE E O ACONSELHAMENTO

Canoas
2019
UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE TEOLOGIA

JOSSEMAR SCHULZ DOS SANTOS

CUIDADO PASTORAL A ENFERMOS:


CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS SOBRE A
DOENÇA, O DOENTE E O ACONSELHAMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso a ser


apresentado no Curso de Teologia como
requisito obrigatório para obtenção do título
de Bacharel em Teologia.

Orientador: Prof. Dr. Anselmo Ernesto Graff

Canoas
2019
JOSSEMAR SCHULZ DOS SANTOS

CUIDADO PASTORAL: CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS SOBRE A


DOENÇA O DOENTE E O ACONSELHAMENTO.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


elaborado e apresentado como requisito
parcial para obtenção do título de bacharel
em Teologia pela Universidade Luterana do
Brasil.

Orientador: Dr. Anselmo Ernesto Graff

Aprovado em: 19/11/2019

Banca examinadora:

Canoas
2019
À minha esposa Jociéli e minha filha Alice pela paciência
e compreensão ao escrever este trabalho.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por em Cristo ter me dado a salvação de presente e por ter
guiado os meus passos por toda a minha vida.
Agradeço a minha família, Roseli, Renato e Juliano. Agradeço em especial minha
querida esposa Jociéli que esteve lado a lado comigo em todo esse tempo, me apoiando e
auxiliando em tudo. Agradeço à minha filha Alice, que é fonte e inspiração para mim,
que suportou minha ausência, a fim de escrever esse trabalho. Agradeço aos meus
professores, e em especial o meu orientador Anselmo Ernesto Graff, que me estimulou e
me guiou na construção desse trabalho, com compreensão e paciência.
Agradeço aos meus amigos, àqueles que em meio às dificuldades, nos ajudaram a
seguir em frente. Grato também pelos momentos de descontração. Afinal, a todos que nos
ajudaram de alguma forma ou outra.
“Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem
sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das
Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo que
preciso conhecer tanto para esta vida quanto para o que há de
vir.”

Martinho Lutero

“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da


vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na
prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento, perdemos também a felicidade.”

Carlos Drummond de Andrade

“Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu


coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se
confessa a respeito da salvação.”

Romanos 10.9-10

“Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse
viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus,
que me amou e a si mesmo se entregou por mim.”

Gálatas 2.20
RESUMO

O presente trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem como principal tópico de estudo
a enfermidade e saberes necessários para a prática pastoral de visita a enfermos e
acompanhamento de familiares. Sabe-se que doenças causam impactos socioemocionais
na vida do próprio enfermo bem como na vida de seus familiares. Neste sentido, a
presente pesquisa se dispôs a encontrar elementos que possam servir de auxílio ao
ministro religioso envolvido, seja na capelania hospitalar ou em visitas esporádicas, para
um acompanhamento pastoral eficaz. Esta investigação é de cunho qualitativo e de
natureza exploratória. Como procedimento técnico de investigação foi usada a pesquisa
bibliográfica. Os resultados da investigação apontam para o fato de que a doença é
inevitável na vida do ser humano e são diversas as visões e perspectivas a respeito da
enfermidade. A partir dos conhecimentos necessários a respeito da doença, é importante
perceber os sentimentos que o paciente transmite no momento da enfermidade e o seu
clamor pela cura e alívio da dor. O apoio da família do enfermo é fundamental nesse
momento de cuidado e o visitador pode intervir para ajudar essa família a encarar a
situação do paciente. Para um cuidado pastoral eficiente na visitação, é importante o
visitador manter algumas qualidades essenciais como ouvir, ser humilde, ser empático e
manter um bom relacionamento com o paciente, família e a equipe hospitalar.

Palavras-chave: Cuidado pastoral. Doença. Doente. Família. Aconselhamento.


ABSTRACT

This Final Paper of Course Conclusion (TCC) has as its main topic of study the disease
and knowledge necessary for the pastoral practice of visiting the sick and accompanying
family members. It is known that diseases cause socioemotional impacts on the patient’s
own life as well as on the lives of their families. In this sense, the present research aims
to find elements that can serve as an assistance to the religious minister involved, whether
in hospital chaplaincy or in sporadic visits, for an effective pastoral care. This research is
of a qualitative design and of an exploratory nature. Bibliographic research was used as
a technical procedure of investigation. The results of the investigation point to the fact
that the disease is inevitable in the life of the human being and that there are different
visions and perspectives regarding the disease. Based on the necessary knowledge about
the disease, it is important to realize the feelings that the patient transmits at the time of
the disease and his cry for healing and pain relief. The support of the patient’s family is
essential in this moment of care and the visitor can intercede to help this family face the
patient’s situation. For efficient pastoral care during visitation, it is important for the
visitor to maintain some essential qualities such as listening, being humble, being
empathetic and maintaining a good relationship with the patient, family and hospital staff.

Keywords: Pastoral care. Illness. Sick. Family. Counseling.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10
2 ENFERMIDADE COMO REALIDADE UNIVERSAL E INEVITÁVEL ...................... 12
2.1 A ENFERMIDADE NA PERSPECTIVA TEOLÓGICA ................................................. 12
2.2 A ENFERMIDADE DE ACORDO COM PENSAMENTOS FILOSÓFICOS ................. 15
2.3 A ENFERMIDADE DE ACORDO COM RELIGIÕES NÃO-CRISTÃS ........................ 16
2.4 A DOENÇA NA PERSPECTIVA NEOPENTECOSTAL ................................................ 17
3 O ENFERMO ......................................................................................................................... 21
3.1 SENTIMENTOS ................................................................................................................ 21
3.2 EM BUSCA DE AJUDA ................................................................................................... 24
3.3 A FAMÍLIA COMO CO-ENFERMA .............................................................................. 27
4 CUIDADO PASTORAL A ENFERMOS E AS COMPETÊNCIAS BÁSICAS DESTA
MISSÃO ..................................................................................................................................... 30
4.1 PERFIL DO CONSELHEIRO ........................................................................................... 30
4.1.1 Ouvir............................................................................................................................ 30
4.1.2 Humildade ................................................................................................................... 32
4.1.3 Empatia ...................................................................................................................... 33
4.1.4 Relacionamentos ......................................................................................................... 34
4.2 RESULTADOS DAS VISITAÇÕES................................................................................. 34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 36
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 37
10

1. INTRODUÇÃO

O tema abordado neste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é o cuidado


pastoral a enfermos. O foco principal está na busca de conhecimentos necessários sobre
a doença, o doente e a prática do aconselhamento, bem como elementos que possam
colaborar na abordagem pastoral ao doente e à família envolvida com a enfermidade. A
pergunta que norteia a presente pesquisa consiste em quais são os elementos fundamentais
para a prática poimênica e de aconselhamento a enfermos no ambiente hospitalar, que
sirvam como efetiva fonte de apoio e consolo ao doente e seus familiares.
A doença afeta o ser humano tanto no aspecto físico, quanto no psicológico e no
espiritual. Isso muitas vezes traz mudanças para a família do enfermo também. O
sofrimento e as diversas doenças que estão diariamente na vida das pessoas modificam o
coração, bem como a maneira de pensar e de agir dos que sofrem (BALDESSIN, 2008,
p.21-22).
O presente trabalho visa atender às necessidades de pesquisa nessa área, com
implicações práticas ao ministério eclesiástico, especificamente em seu chamado para
estar ao lado de pessoas em situações de enfermidades e lhes prover consolo. Para o
enfermo e sua família, é importante a atenção do ministro religioso em sua ação pastoral.
Diante disso, os objetivos da pesquisa são investigar elementos para que a
abordagem pastoral ao enfermo seja realizada de forma mais eficaz. A ideia é examinar
elementos sobre ações, posturas e falas que podem auxiliar na comunicação da mensagem
evangélica de consolo para enfermos e familiares.
Já existem trabalhos referentes à abordagem a doentes terminais. No entanto, neste
TCC se pretende pesquisar como aconselhar enfermos que em princípio voltarão para os
seus lares e continuarão suas vidas normalmente, fortalecidos no amor de Deus, na certeza
que Ele nunca os abandonou, que mesmo diante da dor, doença ou morte, Deus está
presente com sua misericórdia e graça (LINDBERG apud HEIMANN; TOMM, 2006,
p.246).
A pesquisa é de cunho qualitativo e quanto aos seus objetivos ela é de natureza
exploratória. Para a coleta de dados, foi usado como procedimento técnico de
investigação a pesquisa bibliográfica. Este TCC está estruturado em três capítulos.
No primeiro capítulo o assunto pesquisado é a enfermidade, sua realidade
universal e inevitável e o que diferentes correntes filosóficas e religiosas dizem a respeito
dela.
11

O segundo capítulo aborda o enfermo. No quadro e na situação de enfermidade,


quais são os possíveis ou prováveis sentimentos que o doente pode estar vivendo, pelo
menos da perspectiva bibliográfica. Também se investigará a respeito da ajuda, isto é,
quando alguém no leito de enfermidade procura um ministro religioso para manter
diálogo. Também nesse capítulo será examinado algo sobre a família do enfermo, e a
importância do amparo pastoral do qual ela também necessita.
O terceiro capítulo investiga o cuidado pastoral a enfermos e as competências
dessa missão, começando pelo perfil do conselheiro na forma de agir diante do enfermo
e de sua família.
12

2. ENFERMIDADE COMO REALIDADE UNIVERSAL E INEVITÁVEL

Neste capítulo do TCC o objetivo é fazer um levantamento bibliográfico sobre a


realidade universal e inevitável da enfermidade, a começar pelo significado teológico da
doença, passando também pela perspectiva da filosofia, de algumas religiões não cristãs
e na perspectiva neopentecostal.

2.1 A ENFERMIDADE NA PERSPECTIVA TEOLÓGICA

É certo, do ponto de vista teológico, que a doença tenha entrado na raça humana
como resultado da queda em pecado, e desde então, os homens ficaram sabendo o que é
não ter saúde. A causa em última análise é espiritual. Contudo, está implícito que cada
uma das doenças, seja qual for, causa tensão psicológica e física. A doença é a realidade
individual e social mais próxima dos dois momentos essenciais da vida humana (o
nascimento e a morte) (AUGÉ apud BORGES, 2009, p.2). Doença de forma alguma,
pertence às condições naturais da criação, mas é consequência de culpa e atesta uma
ruptura na ordem da criação (WIESE, 2008, p.15-16).
A doença faz parte da vida neste mundo e causa impacto na vida das pessoas
(COLLINS, 1995, p.330), e junto com o sofrimento, modificam o coração, bem como a
maneira de agir e de pensar das pessoas que sofrem (BALDESSIN, 2008, p.21-22).
A doença, quando se abate sobre o ser humano, abala e transtorna toda a sua
existência, chegando mesmo a perturbar seu relacionamento com Deus. A sensação de
abandono se apodera dele. Sente-se só e impotente (MUNARO apud BALDESSIN, 2008,
p.48). Diante dessa situação, muitas vezes solitário em seu leito, o paciente sofre ao
pensar na possível causa de estar doente: será castigo de Deus? De onde vem tudo isso?
Para que tudo isso? Porque comigo? (MENDONÇA, 2010, p.12). A partir de tantas
perguntas desse tipo, nem sempre as pessoas estão querendo uma resposta. Em geral, isso
é apenas um desabafo (BALDESSIN, 2012, p.59).
A doença frequentemente causa sofrimento e desencadeia a procura de
significados, na tentativa de compreender uma experiência tão avassaladora (BOUSSO;
POLES; SERAFIM; MIRANDA, 2011, p.398). Doenças podem agravar as perguntas em
torno do sentido da vida e causar profundas angústias, principalmente quando a cura tarda
ou, o que é pior, quando as perspectivas de cura são mínimas ou até nulas (WIESE, 2008,
p.9).
13

Apesar de todos os avanços da ciência na área da saúde em favor do bem-estar


humano, a enfermidade continua sendo um problema tão sério hoje como o era
nos tempos bíblicos; talvez mais sério ainda. A doença não respeita idade.
Pessoas cada vez mais jovens são afligidas por doenças gravíssimas, sem
perspectiva de êxito no tratamento. Pessoas molestadas por todo tipo de
enfermidades estão presas aos leitos de hospitais, de clínicas especializadas ou
estão acamadas em casa. Ela não poupa agnósticos nem religiosos ou místicos,
como se diz popularmente. Conformar-se com ela seria doentio - uma
agravante da própria doença. No entanto, muitos têm de conformar-se a ela.
Em tese: doença gera aflições ou angústias e reclama “soluções” (WIESE,
2008, p.22).

O medo de adoecer e de morrer é universal e atinge todos os seres humanos,


independentemente de idade, sexo, nível socioeconômico ou credo religioso. Nenhum ser
humano está livre dessa dura realidade (KOVÁCS apud FELTZ, 2018, p.100-101). A
doença é representada por uma visão negativa; assim é enfrentada muitas vezes como um
atraso da atualidade (SANTANA; ERDMAM, 2000, p.10).
As Escrituras nunca apresentam todas as doenças como causadas pelo pecado ou
de pecaminosos modos de viver. O livro de Jó protesta contra toda e qualquer noção dessa
espécie. Adams (1980, p.113) diz que a Bíblia ensina que a existência de toda
enfermidade está ligada ao pecado de Adão, e, nesse sentido, pode-se dizer que toda
doença decorre do pecado.
Baldessin (2012, p.34) afirma que a doença é um fenômeno intimamente ligado à
natureza, cujas causas devem ser procuradas nelas e resolvidas em seu âmbito. Ainda que
haja esta controvérsia sobre a origem da doença, é certo que do ponto de vista
bíblico/teológico, a causa última da doença está na condição pecadora do ser humano. A
enfermidade nos é apresentada na Bíblia como um estado de debilidade e fraqueza, sendo
o pior de todos os males (DESTRI apud BALDESSIN, 2008, p.10).
Também da perspectiva teológica, muitas vezes a doença pode ser uma
oportunidade na vida do enfermo. Isso se explica da seguinte forma:

A doença muitas vezes transforma-se na oportunidade que muitos precisam a


fim de deixar de correr o suficiente para descobrir uma vida mais feliz e
proveitosa. Há ocasiões em que o indivíduo necessita ficar doente para
melhorar, pelo menos emocional e espiritualmente, caso não fisicamente”
(BITTNER apud COLLINS, 1995, p.340).

Ao encontro disso, Kübler-Ross que é uma referência e pioneira no tratamento de


pacientes em estado terminal, afirma que todas as dificuldades, tribulações e pesadelos
que passamos na vida, todas as coisas que vemos como castigo de Deus, são na realidade
14

dádivas. São uma oportunidade para crescer, que é a única finalidade da vida (KÜBLER-
ROSS, 1998, p.297).
Na Idade Média, também percebemos o domínio de várias doenças na Europa que
assolaram a população, principalmente no contexto de Lutero. As pessoas acreditavam
que Deus estava as punindo por causa de seus pecados:

Lutero está inserido dentro do contexto da Idade Média, notadamente um


século em que a doença e a morte estavam sempre à espreita de todos. Doenças
como peste bubônica ou peste negra assolavam a Europa desde o século XIII,
causando mortes horríveis em meio ao abandono e à solidão de entes queridos,
amedrontados pelo alto grau de contágio. Tais epidemias – aí também incluída
a sífilis – eram vistas como uma punição de Deus pelos pecados do povo ou
como um grande teste de fé (LINDBERG apud HEIMANN; TOMM, 2006,
p.244).

No final da Idade Média, com o crescente número de epidemias que assolava a


Europa, passou-se à percepção de que a causa das doenças dava-se por fatores externos
ao indivíduo, que atingiam o organismo humano causando-lhe doenças. Com isso, a
medicina começou a desvincular-se da Igreja, voltando a ser exercida por leigos
(BALESTRIN E BARROS, 2009, p.20). A representação renascentista da doença era tida
como uma mal externo ao homem, que invade seu organismo para destruí-lo
(BALESTRIN E BARROS, 2009, p.21). Em fins do século XVIII, com a revolução
francesa e a consolidação do sistema industrial, a concepção de causa social das doenças
relacionando-as com as condições de vida e de trabalho, deixou de ser uma causa natural
para tornar-se também social (BALESTRIN E BARROS, 2009, p.23). No século XX, os
conhecimentos epidemiológicos estão mais próximos dos interesses populares.
Percebemos então que:

[...] no início do século [XX], uma outra ordem de fatores causais passa a ser
agregada ao conceito de multicausalidade: os fatores psíquicos. O Movimento
da Medicina integral, nos Estados Unidos, na década de 40, vai definir o
homem como ‘ser bio-psico-social’ [...]. O homem que tem um corpo biológico
também tem funções psíquicas e atributos sociais, tais como a ocupação, renda,
instrução e outros (BARATA apud BALESTRIN E BARROS, 2009, p.27).

Assim do ponto de vista teológico, a doença é causada pelo pecado. No entanto,


as condições de vida levam o ser humano a não cuidar tão bem do seu corpo, atraindo
doenças para este.
15

2.2 A ENFERMIDADE DE ACORDO COM PENSAMENTOS FILOSÓFICOS

A associação entre fatores relativos à religiosidade, principalmente doença e


saúde, possui raízes histórico-culturais muito antigas. Está presente em mitos gregos, em
rituais indígenas e nas inscrições bíblicas, que influenciaram e ainda vêm influenciando
a cultura ocidental nos tempos atuais (BOTELHO apud FARIA; SEIDL, 2005, p.382).
Agostinho de Hipona (354-430) teólogo e filósofo, conhecido universalmente
como Santo Agostinho, dizia que o mal físico pode advir como consequência das leis da
natureza ou em virtude de faltas morais. Tal tipo de mal pode conter em si as doenças ou
os castigos e sofrimentos. No caso dos sofrimentos e castigos, estes podem ser
consequência do mau uso de nossa vontade livre. Cada ser humano, quando não usa
corretamente a sua livre vontade, corre o risco de contrair ou propagar males físicos
(STRIEDER apud NUNES, 2009, p.40).
O filósofo Renê Descartes (1596-1650) entende que conhecer a natureza é
explicar os elementos que a compõem, as relações entre eles e desses com o ser humano.
Diz ele que os sábios ainda conhecem muito pouco sobre as doenças do corpo e do espírito
e também sobre o como minimizar os efeitos da velhice, por ignorarem suas causas e tudo
que a natureza pode oferecer-lhes, sobretudo como remédios, para as doenças do corpo e
do espírito (CHIAROTTINO; FREIRE, 2013, p.161).
Blaise Pascal (1623-1662), filósofo francês, entendeu que a doença serve para
aproximar os incrédulos de Deus (CALÇADO, 2009, p.78). Para Pascal, a doença é vista
como um ato justo de Deus ao pecador, ou seja, é uma dádiva a todos que participam da
redenção de Jesus (CALÇADO, 2009, p.87). A doença é um instrumento eficaz, pois
conduz a pessoa à solidão necessária ao encontro com Deus na intimidade (CALÇADO,
2009, p.88). Para Pascal, a doença pode ser positiva na medida em que faz o ser humano
perceber a sua real condição espiritual pós-queda (CALÇADO, 2009, p.104).
Para o filósofo Soren Kierkegaard (1813-1855), saúde e doença dependem da
natureza do eu. A saúde depende do fato de ser inteiramente o eu que foi determinado por
Deus e repousar assim no silêncio e clareza de seu poder. A doença surge de um
posicionamento do eu contrário (em contraposição) para com a realidade originária
(AMORIM, 2014, p.13).
O filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900), diz que assim como o prazer, a dor
também é fonte de sabedoria ao ser humano. Por isso, a doença não pode ser considerada
indesejável. Ela é fundamental na busca por mais vida. A doença é o estimulante para a
16

grande saúde (CALÇADO, 2009, p.50). A doença faz parte da totalidade da saúde e está
ligada à vida como um todo. O bem-estar deixa de simbolizar saúde (CALÇADO, 2009,
p.68). A doença faz parte de uma vida entendida em sua totalidade. Negar isso é negar a
realidade e vida com todas as suas possibilidades (CALÇADO, 2009, p.69).
Assim, da perspectiva filosófica, o tema da doença é entendido como o mau uso
do corpo, o qual atrai males físicos. A partir disso há um desconhecimento do que a
natureza pode oferecer para tratar as doenças. Nessa perspectiva também a doença é vista
como uma maneira de aproximar os incrédulos de Deus, e também por busca de saúde e
mais vida.

2.3 A ENFERMIDADE DE ACORDO COM RELIGIÕES NÃO CRISTÃS

Nesta parte do TCC serão expostas algumas ideias de religiões consideradas não-
cristãs. Com a expressão “não-cristãs”, está se referindo àquelas religiões que não têm
como fundamento de sua doutrina Jesus Cristo como Senhor e Salvador, de acordo com
as Escrituras Sagradas.
Para o Budismo, o nascimento do ser humano dá origem ao sofrimento da doença
(GYATSO, 2016, p.47). Se descobrirmos que a nossa doença é incurável e não tivermos
experiência espiritual, sofreremos de ansiedade, medo e arrependimento. Podemos ficar
deprimidos e perder a esperança, ou podemos ficar com raiva da nossa doença, sentindo
que ela é um inimigo que maldosamente nos privou de toda a alegria (GYATSO, 2016,
p.49).
Para o Islamismo, a ausência de baraka1 se manifesta no advento de doenças, de
possessão, de loucura, miséria entre outros males. A força se eximiria de frequentar
ambientes tocados pelo trauma, pela tragédia, pelo luto, pela maldição (FERREIRA,
2012, p.202). Este polo negativo seria: “Sinal de benção, ela se retira de uma casa tocada
pela desgraça, ou maculada pela maldição. Ignora-se a causa, mas é certamente atribuída

1
Baraka, segundo a definição de Chelhod seria uma força de caráter sagrado presente na natureza e que se
manifesta nos seres e nas coisas. Habitando a ramificação do polo positivo do sagrado, baraka seria a
bênção, a graça. Porém esta é, segundo ele, uma noção “racionalizada” pelo islã, que a desloca de suas
primícias calcadas difusamente no nomadismo árabe pré-islâmico e a instala no coração do dogma, fazendo
da baraka um dom dado apenas por Deus, excluindo suas potencialidades naturais que o paganismo lhe
atribui (FERREIRA, 2012, p.201-202).
17

a esta força misteriosa que está tanto na origem de toda felicidade como de toda
infelicidade” (CHELHOD apud FERREIRA, 2012, p.202).
Para o Espiritismo, doença e saúde se referem ao estado em que se encontram as
pessoas e não ao estado de órgãos ou partes do corpo que nunca está só doente ou só
saudável, já que nele se expressam realmente as informações da consciência. O corpo de
um ser humano vivo deve seu funcionamento ao espírito que o habita. Quando as várias
doenças corporais se desenvolvem em conjunto dentro de uma harmonia, ele se encontra
num estado que denominamos de saúde (JOTZ, 2019).
Para o Hinduísmo, a doença e o sofrimento fazem parte da missão do indivíduo, a
qual ele precisa cumprir como formas de reações acumuladas nas vidas anteriores ou
como consequência de uma ação na vida presente (BRASIL apud BORGES, 2012, p.29-
30). A partir disso, a medicina hindu entende que

[...] para uma pessoa estar bem de saúde tem que existir um equilíbrio numa
tríplice dimensão: psique, corpo e espírito. Por exemplo, uma pessoa pode estar
bem fisicamente, mas se está doente espiritual ou mentalmente não pode ser
considerada uma pessoa com saúde. Uma mente feliz é capaz de produzir
efeitos positivos sobre o corpo; ao contrário, uma mente infeliz ou em conflito,
pode ser potencialmente fonte de doenças (BORGES, 2012, p.30).

2.4 A DOENÇA NA PERSPECTIVA NEO-PENTECOSTAL

Nesta seção serão expostas algumas ideias sobre a doença na visão neopentecostal.
Por neopentecostal, se tem em vista instituições como a Igreja Universal do Reino de
Deus (IURD), a Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) e a Igreja Mundial do Poder
de Deus (IMPD). Alguns líderes dessas igrejas e de outras denominações neopentecostais
proclamam ao povo a imagem de que quem crê em Jesus não adoece, não passa por
sofrimentos e tribulações, não se cansa, não conhece limitações. Mesmo crendo em Jesus
e salvo por ele, o homem continua passível de doenças e da morte (MENDONÇA, 2010,
p.3). Santana e Erdman, falam sobre as visões gerais da doença, segundo a teologia
neopentecostal:

Muitas são as analogias estabelecendo a doença como castigo do céu, maus


espíritos, coisa do diabo, etc. Essas visões certamente representam símbolos
culturais, suposições baseadas em crenças populares. Fica, portanto, a presença
de forte conteúdo religioso, onde o temor, o medo e o castigo estão sempre
presentes, quando surge qualquer situação de descompensação na vida do ser
(SANTANA; ERDMAM, 2000, p.12).
18

Segundo pensamentos neopentecostais, a ideia e concepção da doença como um


castigo do pecado está ligada também ao Antigo Testamento: “Porém a mão do Senhor
castigou duramente os de Asdode, e os assolou, e os feriu de tumores, tanto em Asdode
como no seu território” (1 Samuel 5.6)2. Também: “O Senhor fará que a pestilência te
pegue a ti, até que te consuma a terra a que passas para possuí-la” (Deuteronômio 28.21).
Essa ideia retributiva ainda transparece muito forte em nossos dias (DESTRI apud
BALDESSIN, 2008, p.11). Veremos o que algumas denominações neopentecostais dizem
a respeito da doença.
Em entrevista ao site Gospel Mais, o “apóstolo” Valdemiro Santiago, líder da
Igreja Mundial do Poder de Deus, respondendo a respeito da pergunta sobre a doença,
disse:

Se fosse um problema exclusivamente de ordem espiritual, então as pessoas


que estão afinadas com Deus não correriam o risco de ficar doentes. O próprio
Isaac morreu cego. Então algumas doenças são de ordem espiritual e precisam
ser tratadas espiritualmente – ou seja, através da oração avivando e
fortalecendo a fé das pessoas. E há doenças que a ciência consegue tratar. Eu
e minha família precisamos dos médicos, também. Há enfermidades que são
para a ciência e outras que são para serem tratadas espiritualmente. Embora
Deus possa curar todas elas (MARTINS, 2012, n.p.).

Alguns membros da IMPD que foram entrevistados, em narrações pessoais,


percebem a doença apenas como uma questão espiritual, ou seja, é vista como um mal
que tem origem no diabo (LEITE, 2015, p.56). Poucas pessoas revelaram que a doença
poderia ser uma questão fisiológica e socioeconômica (LEITE, 2015, p.55). A narrativa
da IMPD resume o doente como um ser ambíguo, pecador, castigado ou abandonado pela
graça divina (ROCHA, 2014, p.60). A partir disso, costuma se dizer que nos cultos
neopentecostais, quando se trata de doenças que acometem o homem, elas são atribuídas
aos demônios (LOPES, 2014, p.25). Uma prática oriunda da IMPD é a utilização do suor
para a cura de enfermos. Valdemiro enxuga o seu suor com uma toalhinha, e entrega aos
fiéis (ROCHA, 2014, p.18).
Também na IURD, liderada pelo “bispo” Edir Macedo, a doença ou qualquer
outro problema na vida de alguém é visto como sendo causado por um encosto3 (FARIA,

2
As passagens bíblicas utilizadas nesse trabalho de conclusão de curso, são da versão Almeida Revista e
Atualizada, 2013, SBB.

3
Segundo o bispo Marcus Vinícius do Programa Ponto de luz, encosto é um espírito opressor que se
apodera da vida das pessoas, causando sofrimento, transtornos, confusões, virando a vida das pessoas ao
19

2005, p.41). Para Edir Macedo, tudo o que existe de ruim nesse mundo tem sua origem
em Satanás e seus demônios. São eles os causadores de todos os infortúnios que atingem
o ser humano de forma direta ou indiretamente (..). Toda pessoa endemoniada possui
doenças que não encontram explicações médicas ou naturais (MACEDO apud SANTOS,
2010, p.69).
Macedo acredita que estamos vivendo na “era do demonismo”, fazendo do diabo
o motivo até da presença do vírus da gripe, da AIDS ou de uma doença qualquer no corpo
humano (SANTOS, 2010, p.99). A doença pode ser considerada um sinal de possessão
demoníaca ou interferência de espíritos malignos na vida da pessoa (SANTOS, 2010,
p.116).
Na visão da IURD, a procura por outras religiões, deixa o “corpo aberto”, para
doenças.

No confronto com o fato de que, naquela cidade, há muitas encruzilhadas e


centros espíritas, temos a resposta de que é por isso que há muita gente doente.
A causa das doenças também pode ser atribuída à submissão aos prazeres
carnais, mas, principalmente, à procura por outras religiões, o que está
diretamente ligado à noção de corpo aberto (SANTOS; KOLLER; PEREIRA,
2004, p.86).

Assim, na IURD, o doente é visto como um ser ambíguo, pecador-crente,


castigado ou abandonado pela graça divina (NEVES apud SANTOS; KOLLER;
PEREIRA, 2004, p.86).
A Igreja Internacional da Graça de Deus, liderada por RR Soares, também tem
uma definição de doença. A partir do livro Curai enfermos e expulsai os demônios de
Thomas Lee Osborn4, é possível concluir que as doenças espirituais são causadas por
demônios ou pelo próprio Diabo.
Essas enfermidades são causadas por frestas abertas na fé dos indivíduos e que
são a porta de entrada para esses espíritos malignos. Eles são os causadores de grande

avesso do dia para a noite, como em um piscar de olhos. A inveja, o olho grande e a praga são os meios
mais comuns de se lançar um encosto em alguém. Se você tem doenças que a medicina não consegue
diagnosticar ou qualquer outro problema que você não consegue resolver, há um encosto em sua vida
(FARIA, 2005, p.39-41).

4
Thomas Lee Osborn, mais conhecido como T.L. Osborn, foi um pastor norte americano nascido em 1923
no estado de Oklahoma, vindo a falecer em 2013 aos 89 anos. O foco do seu trabalho missionário iniciado
em 1948, é a cura de doenças e a libertação de entidades malignas. Durante mais de 60 anos de atividades,
Osborn e sua esposa Daisy viajaram em mais de 90 países reunindo em algumas reuniões públicas mais de
300 mil pessoas (ROCHA; ARAGÃO apud SILVA, 2017, p.39).
20

parte das doenças dos homens e a cura delas se dá única e exclusivamente pela expulsão
desses demônios, o chamado exorcismo (SILVA, 2017, p.43).
Para o entendimento neopentecostal, a doença só existe em quem não acredita em
Deus e sua origem é o demônio. Seus cultos são sempre emotivos objetivando uma
libertação do mundo satânico (ROCHA, 2014, p.28). Em muitos pontos, pode-se dizer
que suas doutrinas são bem parecidas com as doutrinas das religiões orientais, tais como
o Hinduísmo e o Budismo (ROCHA, 2014, p.28-29).
Existem inúmeras crenças que tendem a satisfazer a vontade humana. Muitas
pessoas tendem a associar o otimismo com pensamento positivo, se baseando que de uma
vontade combinada com fé, pode-se superar qualquer dificuldade (BALDESSIN, 2015,
p.67). Para muitos pacientes, o que mais consideram importante para vencer a doença é a
força de vontade e o pensamento positivo (BORGES, 2009, p.5).
Muitos se baseiam na afirmação bíblica feita por Jesus: “Por isso, vos digo que
tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco” (Marcos
11.24). No entanto, outros textos e a própria experiência cristã mostram que, às vezes,
mesmo não havendo fé, Deus cura. É uma manifestação da sua imensa graça. Outras
vezes, mesmo havendo fé, ele não cura. É uma manifestação da sua vontade. Mas, diante
de doenças incuráveis e outras situações irreversíveis, as pessoas tentam, através do
pensamento positivo misturado com a fé, acreditar que tudo vai dar certo. Quando “essa
mistura” não surte os efeitos desejados, além de decepcionar aqueles que creem, pode
aumentar ainda mais a incredulidade dos incrédulos e atiçar a zombaria deles
(BALDESSIN, 2015, p.68).
Este capítulo tratou da visão da enfermidade em diferentes perspectivas. Do ponto
de vista teológico, a doença é uma consequência que afeta todas as pessoas de alguma
forma por causa do pecado. Do ponto de vista filosófico, e de algumas religiões “não-
cristãs” de certa forma o homem é responsável pelas causas das enfermidades. Do ponto
de vista neopentecostal, a causa das doenças é o próprio Diabo e a falta de fé do ser
humano.
21

3. O ENFERMO

Neste capítulo do TCC, o objetivo é falar sobre os sentimentos que o doente pode
sentir e/ou emitir no momento da enfermidade. Também será abordado o momento em
que o enfermo busca ajuda – com vistas ao alívio da dor e à busca de respostas – e como
o conselheiro pode agir frente a essas situações. Ainda se falará da presença ou ausência
da família – como a companhia pode ou não ajudar o doente. Por fim, diante da ausência
dos familiares e amigos, como o conselheiro pode intervir.

3.1 SENTIMENTOS

A doença envolve muito mais do que o mau funcionamento físico; antes, ela está
associada a uma grande variedade de reações psicológicas e espirituais que preocupam
tanto aos médicos quanto aos conselheiros leigos. Muitas dessas influências psicológicas
e espirituais agravam a moléstia física e atrasam ou impedem a recuperação (COLLINS,
1995, p.331).
Os enfermos normalmente sentem medo quando ficam doentes. O medo deve ser
expresso, discutido, avaliado, entregue a Deus em oração e não ignorado, mesmo quando
o conselheiro o considera irracional (COLLINS, 1995, p.337). O autor do livro de Gênesis
afirma: “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste
formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gênesis 3.19). Portanto, mais cedo ou mais
tarde viraremos pó. E isso nos assusta (BALDESSIN, 2015, p.56). É importante quando
o enfermo expressar sentimentos de medo, o confortar na certeza que esse sentimento não
é falta de coragem. Nas palavras de Feltz:

O objetivo principal é ajudar o paciente a entender que ele pode ter medo e que
isso não é o contrário de ter coragem. É ajudá-lo a entender que essa
necessidade de poder manifestar seus medos diante do sofrimento e da morte
não significa que ele não tenha coragem de encará-los (FELTZ, 2018, p.101).

Diante disso, Baldessin (2012, p.26) também diz que se faz muito necessário: “[...]
o apoio médico, porque justamente os doentes crônicos encontram-se muitas vezes num
clima de abatimento tal que só com ‘boas palavras’ não é possível ajudá-los. São
necessárias ações que facilitem a situação do doente”.
22

Também cada pessoa reage de uma forma diferente a dor. Muitas pessoas com
uma pequena dor tornam-se irritadiças e melindrosas. Outras têm capacidade para
suportar terríveis dores sem reclamar. O conselheiro deve ser sensível com essa situação.
Deve respeitar a pessoa em suas necessidades e condições próprias (YANCEY apud
MENDONÇA, 2010, p.11). O conselheiro deve reconhecer e aceitar essas diferenças
individuais. Elas influenciam as emoções da pessoa doente, as reações e o prognóstico de
recuperação (COLLINS, 1995, p.331).
O médico Paul Brand chegou à conclusão de que deveríamos ser agradecidos a
Deus pela invenção da dor, pois ele a vê como um sistema de proteção e sinal de alerta
que exige uma reação imediata. A dor avisa ao organismo a respeito de uma grande
enfermidade que necessita ser examinada para se tomar as devidas providências a fim de
saná-la (LANGE, 2000, p.53).
O fato é que diante de uma enfermidade, muitas mudanças podem ocorrer na vida
do enfermo e de sua família, pois:

A doença arranca a pessoa de sua rotina de vida e traz medo por uma série de
fatores. Ao adoecer, o paciente entrega a estranhos o cuidado de seu corpo,
precisa obedecer a horários de alimentação, medicação, sono e até mesmo de
banheiro. Suas vontades passam a ser ignoradas e submetidas a regulamentos
e tratamentos (MENDONÇA, 2010, p.11).

Nesse sentido, é importante infundir esperança ao enfermo; não uma esperança


em alguma fantasia emocional do que possa acontecer, mas uma esperança solidamente
fundamentada nos ensinamentos bíblicos sobre Deus e o universo (COLLINS, 1995,
p.339). Se uma doença maligna é apresentada como uma doença sem esperança,
provocando algo como “o que adianta, nada mais se pode fazer”, começa um período
difícil para o paciente e para quantos o rodeiam. O enfermo sentirá um crescente
isolamento, uma perda de interesse por parte do médico e uma falta de esperança cada
vez maior. Pode piorar a olhos vistos, ou mergulhar numa depressão profunda de onde
será difícil emergir, a menos que alguém lhe incuta um sentimento de esperança
(KÜBLER-ROSS, 1996, p.47). Nessas condições, a esperança pode ser de valor maior e
enorme para o enfermo (LANGE, 2000, p.74).
Diante da doença e enfraquecimento, o enfermo muitas vezes tem dificuldades em
saber o que é, ou quem se tornou, perdendo assim a sua própria identidade
(MENDONÇA, 2010, p.11). Alguns aconselhados têm o desejo consciente ou
inconsciente de manipular, frustrar, ou não colaborar. “Ao decidirmos ajudar, estamos
23

necessariamente aceitando a possibilidade de luta pelo poder, exploração e fracasso”


(COLLINS, 1995, p.32). Nesses momentos, não é conveniente fugir da realidade e sim
acolher os sentimentos daqueles que sofrem deixando-os agir como eles se sentem. Isto
porque não são os doentes que devem entender os sentimentos da família e daqueles que
o cercam, mas sim, o contrário (BALDESSIN, 2015, p.48).

Quando um paciente está gravemente enfermo, em geral é tratado como


alguém sem direito a opinar. Quase sempre é outra pessoa quem decide sobre
se, quando e onde um paciente deverá ser hospitalizado. Custaria tão pouco
lembrar-se de que o doente também tem sentimentos, desejos, opiniões e,
acima de tudo, o direito de ser ouvido... (KÜBLER-ROSS, 1996, p.20).

Outra tentação para o conselheiro é que ele venha a projetar suas próprias ideias
para dentro do processo de aconselhamento e tentar arranjar as coisas do modo como ele
gostaria de vê-las. Tal atitude, muitas vezes praticada inconscientemente, rouba do
orientando o direito de pensar e resolver livremente (FLOR, 1970, p.113).
Quando estamos doentes, precisamos deixar que outros nos ajudem e nos amem.
Para muitos isso não é fácil. Eles se sentem ameaçados pela sua dependência de outros,
fracos e incompreendidos. Como resultado, algumas vezes retraem-se numa atitude de
autopiedade e subsequente solidão (COLLINS, 1995, p.334). É importante que o
conselheiro ajude o aconselhado a pensar nas coisas positivas e negativas da vida,
encorajando-o a perguntar se a doença tem algum resultado positivo e, também, guiando-
o a orar e confessar sua amargura a Deus pedindo perdão e orientação divina (COLLINS,
1995, p.337).

A ira e o ressentimento suprimidos ou negados não podem ser resolvidos, o


conselheiro deve buscar a orientação do Espírito Santo, a fim de ajudar o
aconselhado irado. Encoraje-o, então, a enfrentar francamente a sua ira e
reconhecer sua presença, falar sobre ela, confessá-la a Deus e pedir o auxílio dele
para que possa controlá-la, não permitindo que ela o domine (COLLINS, 1995,
p.338).

Muitas pessoas não querem admitir que estão desanimadas e evitam falar coisas
que as deixam para baixo. No entanto, o conselheiro também pode mostrar que “não é
errado desanimar por algum tempo”. O conselheiro pode ajudar os aconselhados a orar e
fazer o possível para enfrentarem corajosamente as causas do desânimo (COLLINS,
1995, p.338). Clinebell (1987, p.151) diz que o conselheiro deve ajudar a pessoa a
satisfazer suas necessidades de formas socialmente construtivas, orientadas para a
realidade. Também examinar as aspirações da pessoa e ajudar a fazer e a executar planos
24

realistas e satisfatórios para o futuro. Os pacientes devem ser encorajados a expressar sua
culpa, a confessar seus pecados e falhas a Deus e a outros: “Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (1
João 1.9). Com isso, experimentar a alegria de saber que Deus perdoa (COLLINS, 1995,
p.338). O conselheiro deve mostrar compreensão quanto ao desconforto, mas tentar
descobrir as ansiedades subjacentes e procurar fazer com que o aconselhado as enfrente
(COLLINS, 1995, p.339).
Pacientes costumam ter sentimentos de culpa por algum “pecado”, real ou
imaginário, e se sentiam bastante aliviados quando lhes era oferecida a oportunidade de
confessá-lo, sobretudo na presença de um capelão (KÜBLER-ROSS, 1996, p.293).
As pessoas algumas vezes buscam ajuda por desejarem alívio imediato da dor.
Entretanto, quando descobrem que o alívio permanente pode exigir tempo, esforço e
maior sofrimento ainda, elas resistem ao aconselhamento (COLLINS, 1995, p.33).
Alguns pacientes "lutam". Como não é fácil combater a doença, eles dirigem sua ira
contra os médicos, enfermeiras, família e outros, inclusive contra o conselheiro. Críticas,
queixas, protestos ruidosos e exigência de alívio caracterizam no geral tais pacientes,
criando frustração na vida de outros (COLLINS, 1995, p.334). Para Collins, alguns usam
da doença para tirar vantagens e proveito de conselheiros, família, etc. Ele diz que
“Algumas pessoas vivem tentando controlar e manipular outros através de meios
engenhosos ou "à força". Quando essas pessoas ficam doentes, não é surpresa que façam
uso da doença para controlar ou obter simpatia, atenção e favores de outros (COLLINS,
1995, p.335).
Para alguns, a doença se torna um meio de vida. Isto pode ser desagradável para
o paciente, mas ele acha isso mais fácil do que viver sem queixas físicas (COLLINS,
1995, p.335). Outro problema é que o conselheiro encontrará indivíduos carregados de
autossuficiência. Não sentem necessidade de Deus, muito menos de religião e dos outros.
São deuses de si próprios e pensam que conseguem se levantar sozinhos (BALDESSIN,
2008, p.41).

3.2 EM BUSCA DE AJUDA

Sobre a ajuda a enfermos, encontramos diversas passagens bíblicas em que


personagens pedem alívio para suas dores. Vários salmos são orações de enfermos
pedindo a cura. Aliás, a Bíblia não proíbe buscar a cura por meio das práticas médicas:
25

“Acaso, não há bálsamo em Gileade? Ou não há lá médico? Por que, pois, não se realizou
a cura da filha do meu povo?” (Jeremias 8.22) (DESTRI apud BALDESSIN, 2008, p.11-
12).
Com relação à doença de Madalena, filha de Lutero, percebendo a gravidade e a
pouca possibilidade de cura, Lutero expressou a sua fé na seguinte oração: “Eu a amo
muito, Senhor, e gostaria imensamente de ficar com ela entre nós; mas, Senhor Deus,
como é da tua vontade leva-la desta vida, então me sentirei feliz sabendo que estará junto
de ti no céu” (HEIMANN; TOMM, 2006, p.252). Lutero desejava muito a cura de sua
filha; no entanto, entregou-a nas mãos de Deus deixando conforme fosse a Sua vontade.
A busca da cura, através de símbolos religiosos, sinaliza a interpelação da criatura
ao Criador a respeito de sua presente condição. Esse diálogo pode incluir o protesto e o
lamento. Jó, em sua enfermidade, orava: “Por isso não posso ficar calado. Estou aflito,
tenho de falar, preciso me queixar, pois o meu coração está cheio de amargura” (Jó 7.11)
(SATHLER-ROSA, 2004, p.119). Jó estava aflito, e buscava a cura tanto física quanto
espiritual. Nos hospitais; principalmente, percebemos inúmeras pessoas pedindo a cura,
alívio da dor e do sofrimento.

[...] cura não necessariamente significa a eliminação da doença. A cura pode


ser o ganho de uma atitude nova, ou de outra perspectiva sobre determinada
condição. Paulo, o Apóstolo, testemunha que "para que eu não ficasse
orgulhoso demais por causa das coisas maravilhosas que vi, foi-me dada uma
doença dolorosa, como se fosse um espinho na carne (...) três vezes orei ao
Senhor e lhe pedi que tirasse isso de mim. Então ele me respondeu: 'A minha
graça é o suficiente para você (...)''' (2 Coríntios 12.7-9). A cura se deu não
pela eliminação do "espinho" e sim pela concessão da Graça (SATHLER-
ROSA, 2004, p.120).

A prática da oração pelos enfermos é parte integrante da dinâmica tradição


litúrgica do cristianismo. Há diversos textos das Escrituras que mostram a legitimidade
dessa prática: “E tudo quanto pedirdes em oração, crendo, recebereis” (Mateus 21.22).
“Ora, aconteceu que, num daqueles dias, estava ele ensinando, e achavam-se ali
assentados fariseus e mestres da Lei, vindos de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e
de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com ele para curar” (Lucas 5.17). “Está alguém
entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-
o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o
levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tiago 5.14-15). Essa
prática salutar, no entanto, não sanciona os abusos que são cometidos principalmente em
nossos dias (SATHLER-ROSA, 2004, p.120-121). Lembremos, nas palavras de Sathler-
26

Rosa, que Deus deixou as ciências e meios terapêuticos em função de cuidados a


enfermos:

É importante também salientar que a função da fé e da oração não exclui o


cuidado pessoal e o uso de recursos naturais providos pelo Criador para o bem
de todas as criaturas. As Escrituras fazem referências ao uso de outros meios
preventivos ou terapêuticos: “Desde a planta do pé até à cabeça não há nele
coisa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não
espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo (Isaías 1.6). “E, chegando-
se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre
o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele” (Lucas
10.34). “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por
causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades” (1 Timóteo 5.23)
(SATHLER-ROSA, 2004, p.122).

Além disso, a fé do enfermo, que pode ser traduzida aqui como dom de Deus e
determinação humana de encontrar um caminho melhor para sua existência, contém
potencial curador reconhecido por profissionais de outras áreas do conhecimento
humano. Os milagres, entendidos como sinais do reino, são, portanto, decorrentes da
Graça que extrapola os limites da compreensão humana e que confere ao indivíduo
capacidades compatíveis com sua natureza de ser criado à imagem e semelhança de Deus
(SATHLER-ROSA, 2004, p.122).
Portanto, é um grande consolo ao que sofre ter a certeza de que Deus estará sempre
presente em meio ao sofrimento, dando ao sofredor, ou o alívio de suas dores, ou a força
para suportá-la. Cabe aos cristãos, não só não abandonar os que sofrem, mas também
maximizar o cuidado a eles enquanto vivem a história de sua vida (VASSÃO apud
MENDONÇA, 2010, p.8). Cabe também ao conselheiro saber e ter a certeza que Deus
está no controle de tudo, apesar da dor e do sofrimento.

A Bíblia jamais ensina que os crentes estão livres de doenças ou que o


sofrimento será mais fácil para o cristão. Também não ensina que é necessário
carregar esse fardo sozinho. Por isso, o homem deve carregar os fardos uns dos
outros e lançar seus problemas aos pés de Deus em oração; assim estará melhor
preparado para enfrentar a doença e a morte, quando elas vierem. A dor física
e psicológica continuará presente, mas, por trás dela, está a segurança de que
Deus tem o controle de tudo (MENDONÇA, 2010, p.19-20).

É necessário que em meio às suas dores, lutas, frustrações e mesmo raiva, o


enfermo possa ser levado a sentir o amor e a aceitação de Deus, e, consequentemente, a
partir daí participar plenamente da reconciliação através de Jesus Cristo (LANGE, 2000,
p.73). O conselheiro deve ajudar o enfermo a desenvolver um relacionamento com Deus
independente das circunstâncias de sua vida para poder ser capaz de ficar firme quando a
27

saúde física desmoronar mais ainda. É necessário aprender a confiar em Deus apesar das
injustiças da vida (MENDONÇA, 2010, p.3).
Quando se pede a cura para Deus, isso deveria ocorrer com base em João 16.23
(Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai, ele vo-la concederá
em meu nome); Mateus 7.7s (Pedi, e dar-se-vos-á) e no Salmo 50.15 (Invoca-me no dia
da angústia, eu te livrarei e tu me glorificarás). O teor da intercessão deveria ser o
seguinte:
Em razão disso, nós, indignos pecadores, com base em tua Palavra e no
mandamento de teu Filho, pedimos por tua misericórdia, tanto quanto a nossa
fé nos permite, que te disponhas a libertar essa pessoa de todo mal e a
exterminar nela a obra de Satanás. Faça-o para tua glória e para o aumento da
fé e dos santos por meio de teu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, que habita
contigo e governa por toda a eternidade. Amém (LUTERO apud RIETH, 2003,
p.16).

3.3 A FAMÍLIA COMO CO-ENFERMA

É bem típica a realidade hospitalar: o paciente chega ao hospital, que é um


ambiente desconhecido, assim como são desconhecidas as pessoas e a família, muitas
vezes, está longe. Os amigos, não raro, acabam abandonando-o (BALDESSIN, 2015,
p.72). Esse é o dilema de muitos pacientes que estão longe das pessoas que gostariam que
estivessem por perto. Sofrer, estar doente, com dor, já é difícil e, então sofrer longe da
família, dos amigos e de Deus é quase desesperador. Aqui, cabe ao visitador ser o porta-
voz, intermediário, agente de transformação e mostrar vida nova onde tudo parece
perdido, à primeira vista (BALDESSIN, 2008, p.41).
A presença da família no hospital traz felicidade ao doente (BALDESSIN, 2010,
p.28). É importante para o bem-estar do paciente a presença da família e dos amigos
(BALDESSIN, 2012, p.68). Tanto o paciente que vai dar alta ou aquele com pouca
esperança de sair vivo do hospital, necessita de pessoas, principalmente da família.

O paciente necessita ter pessoas – família e cuidadores – sempre por perto;


necessita perdoar e ser perdoado por elas; necessita manter até o final da vida
certo nível de autonomia e de controle sobre si mesmo e sobre sua situação;
necessita ser amado apesar da sua aparência física; necessita ser lembrado
pelas pessoas, especialmente depois que partir (FELTZ, 2018, p.84-85).

Levando em conta o cuidado multiprofissional, entende-se aqui não apenas a


presença de uma equipe de cuidados paliativos constituída de diversos profissionais da
saúde e o assistente espiritual, mas também, e principalmente, a presença de pessoas das
28

mais diferentes relações do paciente: familiares, amigos, membros da comunidade


religiosa, o líder religioso dessa comunidade, grupos de visitação, capelanias e ainda
outros. É tarefa coletiva (FELTZ, 2018, p.87). O trabalho em conjunto da equipe em prol
do paciente, o ajudam nesse aspecto. Não basta que vários especialistas atendam um
paciente separadamente, é importante que o ajudem conjuntamente (FRIESEN, 2012,
n.p).
Algumas famílias de tais pacientes podem transmitir sentimentos de pesar e
inutilidade, de desespero e desânimo, nada acrescentando ao bem-estar do paciente
(KÜBLER-ROSS, 1996, p.48). A família pode associar a doença a algo negativo baseada
nas suas crenças e esse tipo de associação pode determinar o grau de aceitação da doença
e direcionar o modo que a família lida com a situação. Acreditar que a doença é
consequência das atitudes da própria pessoa pode gerar um sentimento de culpa e até
atrapalhar o tratamento.
O aspecto moral também surge quando a explicação é da doença como uma
conotação punitiva (BOUSSO; POLES; SERAFIM; MIRANDA, 2011, p.400). Assim, o
trabalho de visitação hospitalar fará com que o visitador crie vínculos de apoio ao enfermo
e à família, permitindo a conexão deles também com Deus (ALVES, 2017, n.p.). Em
razão disso, as famílias também precisam de aconselhamento, e isso pode ajudar o
paciente a enfrentar melhor a doença (COLLINS, 1995, p.339).

[...] ajudar também a família do paciente a lidar com seus sentimentos, de modo
a trazer consolo a ele e aos parentes. Muito importante é o apoio pessoal e
sentimental aos familiares mais próximos, bem como ajuda e apoio pessoal nas
limitações dos doentes como fazer compras, ajudar na alimentação, escrever
cartas, ler, ou seja, promover ajudas práticas (MENDONÇA, 2010, p.12).

Baldessin (2015, p.25) diz que em casos de final de vida, em vez de alta tecnologia
e medicamentos de alto custo, que trazem mais sofrimento do que bem-estar, é mais
conveniente oferecer cuidados básicos e uma “alta” dose de amor, carinho e conforto ao
doente. Ou seja, proporcionar um final de vida sem dor, sem sofrimento, e o que é melhor:
próximo dos seus familiares e amigos. Na maioria das vezes, a família não quer perder o
seu familiar enfermo, e com isso força um prolongamento de vida. Sem levar em conta o
sofrimento do outro, o autor entende que essa é uma atitude egoísta, mas muitas vezes é
difícil para a família. Nessas circunstâncias, não devemos pensar o que é melhor para nós,
os familiares, e sim o que é melhor para aqueles que estão sofrendo. Assim sendo, nessas
29

horas é imprescindível ouvir e levar em consideração a vontade do paciente


(BALDESSIN, 2015, p.26).
A maioria dos enfermos que se encontram num leito de hospital, querem voltar
para sua vida normal rotineira.

Para o doente, a “terra prometida” está muito ligada à esperança de melhorar e


de novamente gozar de saúde, voltar para junto dos seus familiares e amigos e
continuar a vida trabalhando. Também pode ser a conquista da unidade
interior, esfacelada perante tanto corre-corre. O ficar inativo numa cama
proporciona uma parada, um tempo de reflexão, de reavaliação de vida...de
busca de novas metas (PESSINI apud BALDESSIN, 2008, p.56).

Este capítulo tratou do enfermo, e quais sentimentos ele transmite no momento da


enfermidade. Também no momento de doença, quando pede ajuda à um ministro religioso
ou a equipe médica para aliviar a sua dor e sofrimento. Também como a família pode ser
uma boa companhia estando junto ao doente, ou não.
30

4. CUIDADO PASTORAL A ENFERMOS E AS COMPETÊNCIAS BÁSICAS


DESTA MISSÃO

Neste capítulo do TCC o objetivo é investigar aspectos do perfil do conselheiro e


suas competências para cumprir sua missão. O segundo ponto a ser analisado é como
proclamar a mensagem de conforto para o enfermo e sua família.

4.1 PERFIL DO CONSELHEIRO

Num estudo de quatro anos conduzido com pacientes hospitalizados e vários


conselheiros, foi descoberto que os pacientes melhoravam quando seus terapeutas
mostravam um nível elevado de cordialidade, sinceridade e compreensão empática
correta. Quando faltavam essas qualidades ao conselheiro, os pacientes pioravam
(ROGERS apud COLLINS, 1995, p.20).
Serão destacadas algumas competências primordiais do visitador, sendo o “ouvir”
uma das qualidades principais no cuidado a enfermos.

4.1.1 Ouvir

Para saber ouvir melhor, o conselheiro deve seguir alguns princípios, como: não
interromper uma conversação; não desviar o olhar da outra pessoa; valorizar os
sentimentos dos outros; não competir com a história da outra pessoa; não criticar; fazer
perguntas apropriadas e animá-la a continuar e não discutir transformando a conversa em
debate (VASSÃO apud MENDONÇA, 2010, p.5-6). Dessa maneira aprendemos a escutar
nossos próprios sentimentos e os sentimentos do paciente. Aprendemos a sentir sua dor e
suas ansiedades, e aprendemos o significado de escutar com o coração (WARD, 2011,
p.336). Em suma, o conselheiro deve se colocar em atitude de escuta.

[...] escutar pressupõe um trabalho intelectual, pois após ter ouvido é preciso
interpretar, avaliar e reagir à mensagem. Escutar é do campo da significação,
implica um processo intelectual e emocional. A escuta é muitas vezes
silenciosa, escuta-se o não verbal, a entrelinha, o gesto, a atuação” (POLITO
apud BALDESSIN, 2010, p.35).

Escutar empaticamente é colocar-se no lugar do outro, compreender a história da


pessoa, caminhando com ela através do ontem da vida (passado), nos desafios do hoje
31

angustiante (presente), em direção de um amanhã (futuro) promissor. Isso é o que


deveríamos fazer quando estamos visitando os doentes (BALDESSIN, 2010, p.36). Para
melhorar a capacidade de escutar é preciso aceitar as pessoas como elas são e não como
gostaríamos que elas fossem (BALDESSIN, 2010, p.37).

O escutar ativo permite aos pacientes expressar seus sentimentos. Sentindo-se


compreendidos, os pacientes estão mais propensos a compartilhar suas
preocupações e receios. É nesses momentos preciosos que o visitador pastoral
pode precisar seguir o ministério da presença. Em certos estágios de uma
conversa difícil e pessoal, quando o paciente está lutando para expressar em
palavras o que está sentindo, é aconselhável que o visitador ouça com seu
coração. Talvez tudo que seja necessário é estar presente (WARD, 2011,
p.339).

No contato com o doente há sempre algo novo que o agente pode descobrir. Por
isso, precisa estar atento àquilo que o doente fala e ao que não expressa (BALDESSIN,
2008, p.21). Um bom ouvinte se interessa pelo que o outro tem a dizer (ADAMS, 1980,
p.95). Ouvir empaticamente é ouvir ativamente, exigindo um investimento emocional na
outra pessoa e uma relativa abertura para nossos próprios sentimentos (CLINEBELL,
1987, p.74-75). Para obtermos bons resultados em nosso relacionamento humano e
pastoral, também é preciso que sejamos, antes de tudo, bons ouvintes. Se não tivermos
alguns critérios como: ouvir, evitar as perguntas excessivas, dar atenção, respeitar, ser
autêntico, acabaremos desperdiçando tempo e também o dom que Deus nos deu
(BALDESSIN, 2008, p.27). Há muitas pessoas, principalmente enfermos, que querem
alguém apenas para ouvir.

São muitas as pessoas à procura de um ouvido que as ouça. Elas não o


encontram entre os cristãos, porque eles falam quando deveriam ouvir. Quem
não mais ouve a seu irmão [ou irmã], em breve também não ouvirá a Deus. (...)
Quem não consegue ouvir demorada e pacientemente, estará apenas
conversando à toa e nunca estará realmente falando com os outros, embora não
esteja consciente disso (BONHOEFFER apud CLINEBELL, 1987, p.69).

Collins diz que ouvir é um modo de dizer "Eu me interesso" (COLLINS, 1995,
p.22). Ouvir é um dos primeiros e melhores passos para ajudar uma pessoa a vencer suas
lutas emocionais, mentais e espirituais que sempre acompanham as doenças; ouvir um
doente é enfrentar, ao seu lado, seus conflitos íntimos, é ajudar a levar o fardo, é transmitir
energia para a pessoa lutar pela vida (MENDONÇA, 2010, p.6). A indisposição para ouvir
pode muitas vezes ser um grande obstáculo à ajuda (COLLINS, 2002, p.37).
32

Se, todavia, o ministro religioso tiver o dom de ouvir ao invés de falar e der ampla
oportunidade ao enfermo falar da profundidade de suas angústias e, no caso de sentimento
de culpa, souber transmitir ao outro a sensação de que ele é aceito em todas as esferas de
seu ser, então ele estará testemunhando a mensagem da justificação, talvez na sua forma
mais eficiente (HOCH, 1980, p.94).
Ao ouvir, o conselheiro também deve saber ficar em silêncio. “[...] o silêncio é tão
importante em nossas vidas que nós só deveríamos falar quando as palavras fossem mais
importantes do que o silêncio” (BALDESSIN, 2012, p.111). É possível ajudar alguém
sem ações práticas e muitas vezes também sem palavras. Somente com uma presença
consoladora (BALDESSIN, 2015, p.54). Em situações em que não sabemos o que falar,
é melhor ficar em silêncio.

Os amigos de Jó usaram a técnica muito atual do silêncio: “Sentaram-se com


ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, pois
viam que a dor era muito grande” (Jó 2.13). Esta atitude teria dado origem ao
costume judaico, em caso de luto, de que o consolador nunca devia ser o
primeiro a falar. Que lição para o pastor de muita verbosidade! Os amigos de
Jó revelaram-se incapazes de consolá-lo, e do ponto de vista da moderna
psiquiatria, o valor mais positivo de sua participação foi darem a Jó a
oportunidade de expressar-se a si mesmo e dar versão às suas emoções e
melancolia (FLOR, 1970, p.99-100).

[...] “o seu silêncio pode significar muito. Há horas em que o próprio Deus se cala
em nossa vida. Cala, mas está presente” (MUNARO apud BALDESSIN, 2008, p.49). O
silêncio é reconfortante, proporcionando esperança e paz ao paciente, mesmo sem
palavras [...] o melhor é permanecer calado e estar presente para o paciente, que pode não
estar necessitando de palavras, mas de alguém que esteja escutando com o coração
(WARD, 2011, p.337). Não são somente as palavras que consolam. Um abraço, o estar
ao lado, a compreensão dos sentimentos é muito mais importante (BALDESSIN, 2012,
p.113). O alívio nesses momentos de crise não vem das palavras que são ditas, mas da
presença ativa de um visitador pastoral capaz de ficar sentado calado e estar presente ao
lado da cama do paciente (WARD, 2011, p.341).

4.1.2 Humildade

O segredo para bem desenvolver esse trabalho é ter humildade. “[...] só


conseguiremos ser agentes, testemunhas vivas de Deus, se colocarmos tudo nas mãos
Dele, deixando que Ele seja nosso orientador” (BALDESSIN, 2008, p.42).
33

É preciso que saiba que a solução vem de Deus, que ao aconselhar ele é apenas
um instrumento nas mãos de Deus para solucionar um determinado problema.
Assim, não deposita a confiança em si próprio, nem nas técnicas que emprega,
mas nas mãos de Deus, seu Senhor. Isto também fará com que ele não vacile,
mas, confiante, siga em frente depositando em Deus a sua confiança e levando
a Deus o problema em oração, esperando dele orientação e solução (JAGNOW,
1980, p.6).

O cristão que se dispõe a aconselhar algum enfermo em estágio avançado de


enfermidade, deve pedir a Deus que aumente seu amor pelo doente, e que renove a cada
momento a humildade para saber que não é melhor do que ninguém e não inicie esse
acompanhamento com julgamentos, pois todo julgamento é destruidor (VASSÃO apud
MENDONÇA, 2010, p.5).
O conselheiro deve manter a humildade, e reconhecer que precisa da ajuda de
outras pessoas. Pois todos aqueles que se dispõem a ajudar enfermos e enlutados,
precisam deixar-se ajudar por outras pessoas, pois no momento em que um cuidador
rechaçar a ajuda para seu trabalho como cuidador, ele começa a deixar de ser um autêntico
cuidador (SPORKEN apud HEIMANN; TOMM, 2006, p.257). Embora tenhamos algo a
oferecer, também somos pessoas necessitadas [...] colocar-se como necessitado é
oferecer-se como pessoa, eliminando preconceitos e a suposta superioridade do agente
em relação ao doente (BALDESSIN, 2008, p.15). Na Bíblia vemos que Deus também
opera mediante outros seres humanos. Ele ajuda os conselheiros por meio de outras
pessoas com quem ele pode partilhar suas opiniões, manter perspectiva, relaxar — e
ocasionalmente chorar. Sem o apoio, o encorajamento e opinião de um amigo cristão
confiável, o trabalho do conselheiro será provavelmente mais árduo e menos eficiente
(COLLINS, 1995, p.38). O conselheiro precisa de um lugar ou alguém para dividir as
suas dores.

Aqueles que se relacionam com muitas pessoas angustiadas, precisam de um


lugar realmente seguro para si mesmos. Precisam de um lugar onde possam
compartilhar suas dores e lutas profundas com pessoas que não precisam deles,
mas que possam guia-los cada vez mais adiante no profundo mistério do amor
de Deus (J.M. NOUWEN apud HEIMANN; TOMM, 2006, p.257).

4.1.3 Empatia

Outro fator importante para o conselheiro é a empatia.


34

[...] não é nenhum poder mágico, um conhecimento intuitivo, ou um aparelho


de raio-x que habilita o psicólogo a ver o mais interior da natureza de uma
pessoa. Empatia é simplesmente compreender clara e completamente o que o
cliente quer dizer (TYLLER apud JAGNOW, 1980, p.7).

“Empatia” pode ser definida como “tendência para sentir o que você sentiria se
estivesse na situação de outra pessoa. Ou ainda: colocar-se em sintonia com o outro”
(BALDESSIN, 2012, p.68). Empatia é a capacidade de "sentir com" o aconselhado
(COLLINS, 1995, p.21).
A empatia é necessária no aconselhamento. Sem empatia não há aconselhamento.
Mas convém alertar sobre o perigo de uma empatia em excesso, uma empatia total [...] O
conselheiro não deve perder o seu "eu" para assumir completamente o "eu" do consulente.
O assumir completamente o "eu" do consulente é jogar-se dentro do problema dele sem
poder resolvê-lo (JAGNOW, 1980, p.8).

4.1.4 Relacionamentos

O conselheiro deve ter um bom relacionamento com os funcionários do hospital,


que esteja aberto ao diálogo com essas pessoas tentando ganhar a simpatia delas,
inserindo-se neste contexto (BALDESSIN, 2008, p.38). O conselheiro deve atuar como
um verdadeiro facilitador. Facilitar o relacionamento do doente com seu próprio mundo,
com Deus, com seus familiares, com os profissionais da saúde e com sua comunidade
(BALDESSIN, 2012, p.26). Facilitador é aquele que tenta “curar” os relacionamentos
quebrados. Do doente com ele mesmo, do doente com Deus, do doente com a família e/ou
a comunidade, do doente com outros doentes e principalmente do doente com a equipe
de profissionais (BALDESSIN, 2012, p.67-68).

O conselheiro eficiente é também compassivo, interessado nas pessoas, alerta


em relação aos seus próprios sentimentos e motivos, revelando-se mais do que
ocultando-se, e bem informado no setor de aconselhamento. O cristão poderia
resumir tudo isto afirmando que o conselheiro deve ter amor [...] O ajudador
cristão eficiente mostra amor. Isto é básico, fundamental. Mas ele ou ela
também busca desenvolver qualificações terapêuticas e tenta tornar-se perito
no conhecimento e uso das técnicas fundamentais de aconselhamento
(COLLINS, 1995, p.21).

4.2 RESULTADOS DAS VISITAÇÕES


35

Outro aspecto importante da atividade pastoral com enfermos é não esperar


nenhum reconhecimento da parte dos que atendemos, muito menos das pessoas que nos
cercam, mas servir gratuitamente: “De graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10.8)
(BALDESSIN, 2008, p.42). Socorro e auxílio que prestamos às pessoas num leito de dor
podem, muitas vezes, não mudar em nada nossa sorte. Esses sofredores podem não ter
forças nem palavras para nos agradecer verbalmente. O agradecimento pode vir na forma
de um sorriso, um aperto de mão, um olhar, entre outros gestos. E nós, muitas vezes,
somos incapazes de perceber esses gestos (BALDESSIN, 2015, p.71).
É evidente que todos nós, como pessoas humanas que somos, gostamos de ver o
agradecimento as nossas ações. No entanto, no hospital, muitos não voltam para
agradecer. Alguns não conseguem atravessar o calvário do sofrimento e acabam
morrendo pelo caminho. Para outros, essa experiência foi tão dolorida, que não encontram
coragem para voltar e rever esse caminho (BALDESSIN, 2015, p.73).
Muitos conselheiros ficam desanimados e até ansiosos quando não veem
progresso imediato em seus aconselhados. Os problemas geralmente levam muito tempo
para se desenvolverem e, presumir que eles desaparecerão rapidamente por causa das
intervenções do conselheiro não é uma postura muito realista (COLLINS, 2004, p.31).
Kübler-Ross diz que é bom lembrar àqueles que estão tentando realizar este tipo de
trabalho que uma “rejeição” por parte de um destes pacientes não implica que ele esteja
dizendo que não quer falar. Significa apenas que não está preparado ainda para se abrir e
partilhar algumas de suas preocupações (KÜBLER-ROSS, 1996, p.280).
Nesse capítulo foram tratadas as competências para essa missão de visitação,
sendo as principais qualidades do visitador: ouvir, ser humilde, empático e manter um
bom relacionamento com todos ao seu redor. Também por fim, quais são os resultados
desse trabalho, e o que o conselheiro espera a partir das visitas.
36

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste TCC foi investigar aspectos relacionados à enfermidade, ao


doente e elementos relacionados a competências necessárias para visitas pastorais a
enfermos. A pergunta principal que se procurou responder foi como levar consolo para o
enfermo e sua família no momento da enfermidade. Todo o ser humano está sujeito a ficar
doente, independentemente de sua crença. Com base nisto e a partir disto, como o
conselheiro pode intervir nesse momento de sofrimento, ajudando o doente e a família a
encarar essa situação.
Neste sentido, a pesquisa indicou primeiramente que a enfermidade é vista de
formas diferentes por diferentes segmentos religiosos. Para o cristianismo por exemplo,
a doença afeta o ser humano por causa do pecado. De acordo com pensamentos filosóficos
e religiões não cristãs, o homem é responsável pelo seu corpo e sua saúde. Para algumas
denominações neopentecostais, por sua vez, a doença é vista como um mal causado pelo
diabo e seus demônios, a partir da falta de fé da pessoa.
Porém, independente disto, o certo é que pessoas enfermas precisam de cuidados
integrais e este trabalho procurou examinar também quais competências seriam
importantes na visitação a enfermos. Dentre as várias competências indicadas, vale
salientar que o “ouvir” é importante para essa missão, pois o conselheiro poderá entrar
em sintonia com os sentimentos do enfermo, e conseguirá a partir disso, demonstrar
humildade, criar empatia e ter uma boa relação com o próprio doente, a família e toda a
equipe que trabalha no ambiente hospitalar.
37

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