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CAMILA NUNES IBANEZ

DEPRESSÃO PÓS-PARTO: UMA REVISÃO DE LITERATURA

CAMPO GRANDE
2018
CAMILA NUNES IBANEZ

DEPRESSÃO PÓS-PARTO: UMA REVISÃO DE LITERATURA


Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de graduação em
Enfermagem da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul – UFMS, como requisito
parcial para obtenção de título de Bacharel
em Enfermagem.
Orientadora Dra. Ana Paula de Assis Sales

CAMPO GRANDE
2018
IBANEZ, C. N. DEPRESSÃO PÓS-PARTO: UMA REVISÃO DE LITERATURA.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em
Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, como requisito
parcial para obtenção de título de Bacharel em Enfermagem.

Aprovado em: Campo Grande, MS 03 de Dezembro de 2018.

Resultado:.......................

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________
Profª Dra. Ana Paula de Assis Sales – UFMS (Presidente)

_________________________________________________________
Profª Ma. Luciana Virginia de Paula e Silva Santana – UFMS (Coorientadora)

_________________________________________________________
Profª Ma. Eunice Delgado Cameron (Membro efetivo)

________________________________________________________
Profª Dra. Arminda Rezende de Pádua Del Corona
Coordenadora do Curso de Enfermagem
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, ao altíssimo Deus, Pai poderoso e Santo, na minha crença


criador do céu e da terra e de toda criatura que nela existe, com sua misericórdia e
em nome do senhor Jesus seu santo e amado filho, nosso intercessor, tem iluminado
meu caminho, me sustentado e dando força.

Minha amada mãe Rosany que me ensinou ser uma pessoa limpa de mãos e
pura de coração, e por assim ser, e ser exemplo de vida e de incentivo em tudo aquilo
que eu preciso ser, por partilhar todas as conquistas, momentos de tristeza e felicidade
com muito amor e carinho e dedicação.

À minha filha Isabela, por todos os dias me trazer um ensinamento novo, pela
transformação que Deus fez na minha vida através dela, por me tornar mulher,
pois, nem sempre, me importei se o tempo passava depressa ou vagarosamente. E
nossas madrugadas em claro juntas, eu tentando consolar, e amar, e fotografar, e
viver, e lembrar. Orando para que a madrugada acabe, mas implorando para que o
tempo passe mais devagar. E quem eu era, isso não importa mais. Hoje, sou mãe da
Isabela e isso me basta.

Minha amada irmã Patrícia que sempre compartilhamos trocas de cuidados em


uma relação de mãe e filha. Me orientando, me corrigindo, me apoiando e vibra a cada
conquista e idealizou o melhor para mim.

Às minhas sobrinhas Maria Eduarda e Ana Clara, Ana Clara por trazer alegria,
a magia e a maravilha da inocência do coração de uma criança aos meus dias, e Maria
Eduarda desde que nasceu, é minha companheira, pessoa a qual jamais conseguirei
definir meu amor e carinho.

Ao meu pai, pela cumplicidade, apoio e incentivo. Por ter me passado seus
ensinamentos e valores, me criando com amor e carinho. Por ser um pai querido, que
espera o melhor e idealiza o melhor para mim, e do qual eu sinto muita falta por perto.

Ao meu marido Lucas, pelo apoio, incentivo e compreensão em todos os


momentos nessa nossa história que acabamos de começar. E que vibra a cada
conquista que sempre idealizou o melhor para mim.
Ao meu cunhado Leandro, que me viu crescer, considerado um irmão, que
torce e ora por mim, com ele também compartilho todos os momentos da minha vida.

Ao meu padrasto Cláudio que eu considero um segundo pai, pelo carinho e


amor, sempre presente e preocupado em estabelecer a ordem de tudo.

Aos meus sogros Josimar e Alice que carinhosamente me acolheram, me


apoiam e incentivam.

Às minhas amigas Aloma e Laura Roveri e Laura Rezende, em especial Aloma,


pela cumplicidade, apoio e incentivo nos momentos em que precisei de um ombro a
amigo.

À coordenadora Prof.ª Ma. Luciana Virginia de Paula e Silva Santana pelo


carinho, paciência, incentivo, orientações que tornaram possível concretizar esse
estudo.

À orientadora deste trabalho Prof.ª Dr ª Ana Paula de Assis Sales pela


orientação e confiança depositada em mim, e pelo exemplo de conduta pessoal e
profissional.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7

2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................... 9

3 OBJETIVO ............................................................................................................. 13

4 MATERIAL E MÉTODO ......................................................................................... 14

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 15

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 19

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 23

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 24


RESUMO

Introdução: A depressão pós-parto ocorre geralmente a partir da quarta a oitava


semana após o parto, podendo persistir por mais de um ano. Seus sintomas incluem
irritabilidade, choro frequente, sentimentos de desamparo e desesperança, falta de
energia e motivação, desinteresse sexual, alterações alimentares e do sono,
sensação de incapacidade frente as novas situações e queixas psicossomáticas.
Objetivo: Descrever a depressão pós-parto e suas implicações no puerpério. Material
e método: Revisão de literatura, partindo da questão norteadora: Qual produção
científica na literatura atual acerca da depressão pós-parto? As bases de dados
utilizada foram: LILACS, MEDLINE E BDENF, utilizando os descritores: depressão
pós-parto; puerpério; e enfermagem obstétrica, com os seguintes cruzamentos:
“Depressão pós-parto AND puerpério”, Depressão pós-parto AND puerpério AND
enfermagem obstétrica”. As buscas foram realizas no mês de outubro de 2018, e
contemplou artigos publicados entre 2013 e 2018 em língua portuguesa. Resultado
e discussão: A busca resultaram em 24 artigos científicos, dos quais 11 foram
selecionados, após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Verificou-se que
puérperas com baixo apoio social possuem maior tendência a ter sintomas
depressivos, ou seja, quanto maior o apoio, menor a probabilidade de depressão pós-
parto. Existe uma combinação significativa, com efeito protetor, entre o apoio ofertado
à gestante pela equipe de saúde e a depressão. Sintomas depressivos afetam
negativamente tanto o tipo, como a duração da amamentação. A depressão e a
ansiedade em puérperas dificultam a manutenção do aleitamento materno devido à
medicações e sintomas relacionados. Considerações finais: A depressão pós-parto
é um grave problema de saúde devido ao seu alto índice de incidência, apesar de
geralmente se manifestar de forma leve, é importante que se faça a detecção e
tratamento precoce a fim de evitar danos à puérpera e ao bebê. Foi possível verificar
que a maioria dos artigos encontrados se embasa em instrumentos para diagnosticar
sintomas depressivos e de humor. Os artigos mostraram ainda os fatores de risco para
o desenvolvimento de depressão pós-parto, tais como multiparidade, depressão
prévia, falta de planejamento, entre outros.

Palavras-chave: “depressão pós-parto”, “puerpério”, e “enfermagem obstétrica”.


ABSTRACT

Introduction: The feeling of death usually after the eighth week after birth may persist
for more than a year. Symptoms include irritability, frequent crying, feelings of
helplessness and hopelessness, lack of energy and motivation, sexual disinterest,
eating disorders and sleep, lack of attention as new situations and psychosomatic
complaints. Objective: Describe your opinion as postpartum and its implications in the
puerperium. Material and method: Literature review, based on the guiding question:
Scientific qualification in the current literature about the postpartum sentence? The
following databases were used: LILACS, MEDLINE and BDENF, using the descriptors:
postpartum depression; puerperium; and obstetric nursing, with the following
crossings: Postpartum, puerperium depression, Postpartum, puerperium depression,
and obstetric nursing. As searches were conducted in the month of October 2018, and
was contemplated between the years of 2013 and 2018 in Portuguese language.
Results and discussion: The search resulted in 24 scientific articles, of which 11
were selected, after applying the inclusion and exclusion criteria. What is it that children
with support disabilities are more likely to have depressive symptoms, that is, the
higher the support, the lower the probability of postpartum depression. All rights
reserved, is one compress density, with reflective control, between a support of a
gestated by the health team and the depression. Depressive symptoms negatively
affect the type, such as duration of breastfeeding. Depression and anxiety in women
make it difficult to maintain breastfeeding due to medications and related tests. Final
Thoughts: Postpartum depression is a serious health problem due to its high
incidence rate, although it is a serious health problem, it is important to make an early
detection and treatment and serious baby. You can see which are the main tools for
diagnosing depressive and mood symptoms. The data are still the risk factors for the
development of postpartum, such as multiparity, previous anxiety, lack of planning,
among others.

Key words: "postpartum depression", "puerperium" and "obstetric nursing".


7

1 INTRODUÇÃO

A depressão pós-parto é considerada um grave problema tanto para as


famílias, como para os sistemas de saúde. Cerca de 85% das mulheres apresentam
sintomas de depressão pós-parto. A ocorrência dessa enfermidade pode afetar o
relacionamento entre mãe-filho, pois a instabilidade emocional da mãe torna difícil
uma maior e melhor interação com seu filho (HOLLIST et al., 2016).

A ocorrência dessa doença impacta nos relacionamentos familiares, seja no


bebê, na mulher, ou na família em geral. Além disso, pode estar associada com o
vínculo entre pai-filho e mãe-filho. Sendo assim, existe uma preocupação entre
pesquisadores, psiquiatras e terapeutas na procura de meios que possam ajudar no
tratamento dos sintomas da depressão pós-parto minimizando assim seu impacto nas
famílias e indivíduos (GOMES et al., 2013).

Basicamente os sintomas da depressão pós-parto são iguais aos da depressão


maior, sendo: humor deprimido, anedonia, labilidade emocional, alteração do sono e
apetite, agitação ou retardo psicomotor e sentimentos de inutilidade e culpa. Porém,
existem algumas peculiaridades como a associação com sintomas obsessivo-
compulsivos e ansiosos, a baixa incidência de suicídio, resposta mais demorada ao
tratamento e uso de múltiplas medicações (ZACONETTA et al., 2013).

Atualmente há instrumentos que possibilitam o rastreamento da depressão de


forma eficaz e prática, como a Escala de Depressão de Edimburgo e de Humor
Brasileira (ANDRADE et al., 2017).

Existem diversos fatores considerados de risco para o surgimento de sintomas


depressivos no puerpério, mostrando a importância no diagnóstico precoce e no
planejamento de ações preventivas. Para que isso ocorra é necessário capacitar a
equipe multiprofissional, para realização de uma triagem adequada e identificação
precoce de sintomas depressivos, para que as intervenções possam ocorrer em
tempo hábil, diminuindo as consequências negativas do transtorno mental vivenciadas
durante o período puerperal (MENEZES et al., 2012).

Sendo assim a realização de estudos que envolvam puérperas são necessários


para levantar informações e possíveis fatores de risco para a ocorrência de
transtornos de humor comuns nesse período, o que possibilita, portanto, planejar
8

ações de prevenção precocemente dessas alterações, buscando a diminuição dos


danos ao binômio mãe-filho. Tais atitudes podem fortalecer a importância e
necessidade de cuidados com a saúde mental da mulher no período gestacional e
puerperal, pois são períodos de vulnerabilidade e transformação (ANDRADE et al.,
2017).

Assim, este estudo objetivou identificar na literatura a produção científica


acerca da depressão pós-parto, buscando responder à seguinte pergunta: Qual
produção científica na literatura atual acerca da depressão pós-parto?
9

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Geralmente a depressão pós-parto ocorre a partir da quarta a oitava semana


após o parto, podendo persistir por mais de um ano. Seus sintomas incluem
irritabilidade, choro frequente, sentimentos de desamparo e desesperança, falta de
energia e motivação, desinteresse sexual, alterações alimentares e do sono,
sensação de incapacidade frente as novas situações e queixas psicossomáticas.
Mães com depressão pós-parto podem referir ainda cefaleia, dores nas costas,
erupções vaginais e dor abdominal, sem causa orgânica aparente (SCHIMIDT;
PICCOLOTO; MULLER, 2005).

É considerada um quadro clínico de grande severidade e agudo, requerendo


acompanhamento tanto de psicólogo, como de psiquiatra, devido à gravidade dos
sintomas em alguns casos considera-se o uso de medicações. Tanto a gestação como
o puerpério são períodos de risco para o psiquismo devido a experiência intensa vivida
pela mulher, podendo suceder psiquismos mais ou menos estruturados. Mesmo
mulheres mais organizadas psiquicamente podem se deparar com situações em que
há falha da rede social (IACONELLI, 2005).

Existem alguns fatores de risco que estão associados à ocorrência da


depressão pós-parto tais como: sintomas depressivos durante ou anterior a gestação,
com história de transtornos afetivos, mulheres que sofrem de Tensão pré-menstrual
(TPM), problemas de infertilidade, dificuldades durante a gestação, cesarianas,
primigestas, vítimas de carência social, mães solteiras, perda de filho anterior, perda
de pessoa importante anterior, bebê com anomalias, problemas conjugais e
casamento devido a gestação (ROJAS et al. 2010).

Uma das formas atualmente utilizadas para a detecção da depressão pós-parto


é Escore de Edimburgo (Quadro 1), onde um escore maior ou igual a 12 indica
depressão pós-parto, contudo esse diagnóstico deve ser confirmado por profissional
qualificado para tal. O ideal é que o rastreio ocorra entre duas semanas e seis meses
após o parto.
10

Quadro 1 – Escore de Edinburgo


Edinburgh Postnatal Depression Scale (EPDS)
Nome___________________________________Endereço: _______________________________
Data de nascimento (mãe): _______________Data de nascimento (bebê): ____________________
Como você teve recentemente um bebê, 6. Eu tenho me sentido sobrecarregada pelas
gostaríamos de saber como você está se tarefas e acontecimentos do meu dia-a-dia
sentindo. Por favor marque a resposta que mais
se aproxima de como você tem se sentido nos  Sim, na maioria das vezes eu não consigo
últimos 7 dias, não apenas hoje. controlar a situação
 Sim, algumas vezes eu não consigo
Aqui está um exemplo. controlar a situação
Eu tenho me sentido feliz:  Não, na maioria das vezes eu controlo
bem a situação
 ( ) Sim, o tempo todo  Não, sempre eu tenho controlado a
 (X) Sim a maior parte do tempo situação
 ( ) Não, não muito frequentemente
7. Tenho estado tão triste que tenho dificuldade
 ( ) Não, de maneira alguma
para dormir
Isto significaria: “Eu me senti feliz a maior parte
 Sim, na maioria das vezes
do tempo durante a última semana”. Complete o
restante do questionário da mesma forma.  Sim, algumas vezes
 Não muito frequentemente
Nos últimos 7 dias:  Não, nunca
1. Eu tenho rido e visto o lado engraçado das 8. Eu tenho estado triste ou arrasada
coisas:
 Sim, na maioria das vezes
 Não tanto quanto eu sempre fiz  Sim, frequentemente
 Não tanto quanto antes  Não muito frequente
 Sem dúvida, menos que antes  Não, de jeito algum
 De jeito nenhum
9. Tenho estado tão triste que choro
2. Eu tenho encarado o futuro com alegria
 Sim, na maior parte do tempo
 Tanto quanto sempre fiz  Sim, frequentemente
 Menos do que o de costume  Ocasionalmente, apenas
 Muito menos do que o de costume  Nunca
 Praticamente não
10. Tenho pensado em me machucar (ferir)
3. Eu tenho me culpado quando as coisas dão
errado  Sim, frequentemente
 Às vezes
 Sim, a maior parte do tempo  Raramente
 Sim, parte do tempo  Nunca
 Não muito frequentemente
 Não, nunca
4. Eu tenho estado ansiosa ou preocupada sem QUESTÕES 1, 2, e 4: Pontuação de 0 a 3, de cima
uma boa razão para baixo

 De jeito nenhum QUESTÕES 3, 5 a 10: Pontuação de 0 a 3, de


 Raramente baixo para cima
 Sim, algumas vezes Pontuação máxima: 30
 Sim, frequentemente
Possível depressão: 10 ou mais
5. Tenho tido medo ou pânico sem uma boa
Sempre ficar atento ao item 10 (pensamentos
razão
suicidas)
 Sim, muito
 Sim, algumas vezes
 Não, não muito
 Não, de jeito algum
Fonte: Cox; Holden, Sagovski (1987).
11

A Síndrome psiquiátrica pós-parto mais frequente é a melancolia ou tristeza


materna (baby blues), podendo atingir entre 50 a 80% das puérperas; a psicose pós-
parto mais rara, ocorre em 1 a 2 casos por 1.000; e a depressão pós-parto (DPP), que
varia entre 18 a 39,4% (SHENG; LE; PERRY, 2010).

Quando ocorre a Baby blues, a puérpera alguns dias após o parto pode se
sentir alegre e em seguida muito sentimental e chateada, chorando sem motivos
específicos. Isso pode ocorrer em parte devido as mudanças dos níveis hormonais
femininos após o parto, pelo choque emocional do parto em si, pois a partir de então
a responsabilidade dos cuidados começa a pesar sobre a mãe, além de todas as
mudanças na rotina da família. Geralmente cessa espontaneamente (ROJAS et al.
2010).

No caso das psicoses puerperais, seus sintomas são mais intensos e incluem
ruminações graves, pensamentos de delírios sobre o bebê, representando risco
significativo para danos ao mesmo. Casos de infanticídio frequentemente associam-
se a episódios psicóticos pós-parto, com alucinações de comando ou delírios de posse
que envolvem o bebê, e requer tratamento intensivo incluindo hospitalização em
alguns casos (SCHIMIDT; PICCOLOTO; MULLER, 2005).

Não é recomendado o aleitamento por mulheres com psicose puerperal. É uma


situação de risco para a ocorrência de infanticídio. Além disso, é preciso alertar a
família em relação os riscos de vida para a mãe e para o bebê. Grande parte das
gestantes apresentam fantasias em relação ao roubo do bebê, ou medos em
fundamento, isso é esperado e não é considerado quadro de psicose, sendo
meramente projeção de fantasias. Já na psicose a angústia torna-se insuportável,
podendo surgir rituais obsessivos e pensamento desconexo. Histórico psiquiátrico
com surtos anteriores traz fortes indícios de risco nestes casos (IACONELLI, 2005).

A realização de acompanhamento pré-natal é extremamente importante, pois,


visa assegurar o desenvolvimento gestacional de forma saudável beneficiando a mãe
e o bebê, proporcionando nascimento saudável e sem transtornos para a mãe em
todos os quesitos. O cuidado de forma holística do enfermeiro para com a gestante,
incluindo medidas e ações que voltadas a essa fase de mudanças e transições, pode
contribuir para a prevenção de complicações diversas oriundas da depressão pós-
parto (GONÇALVES et al., 2018).
12

Sendo assim, a prática do pré-natal psicológico pode proporcionar uma


assistência integral, no processo de gestação e parto, onde vários aspectos de suma
importância como mudanças, confiança, estabelecimento de vínculo com o neonato,
cuidados e preparo para a amamentação, e escuta qualificada visando a expressão
de medos e anseios. Nesse sentido, poder contar com visitas domiciliares de
qualidade realizadas pelos agentes comunitárias de saúde é indispensável para
melhor compreensão do cotidiano da gestante, e observar possíveis alterações,
comunicando a equipe tão logo as identifique. O conhecimento de uma determinada
área/comunidade, embasa ações adequadas para cada mãe, promovendo proteção,
prevenção, recuperação e reabilitação (VALENÇA; GERMANO, 2015).
13

3 OBJETIVO

Identificar na literatura a produção acerca da depressão pós-parto.


14

4 MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de uma revisão de literatura, a qual buscou responder à seguinte


questão: “Qual produção científica na literatura atual acerca da depressão pós-
parto?”.

Foram incluídos: artigos publicados na íntegra eletronicamente e de forma


gratuita, em língua portuguesa, indexados na LILACS, BDENF e MEDLINE, no
período de 2013 a 2018, que abordassem a depressão pós-parto. Foram excluídos:
teses, dissertações e monografias, resumos, artigos repetidos, e que não
responderam à questão norteadora.

Os artigos foram acessados na íntegra pelo portal Biblioteca Virtual em Saúde


(BVS), utilizando o site: www.brasil.bvs.br, durante o mês de outubro de 2018,
utilizando os seguintes descritores: “depressão pós-parto”, “puerpério” e “enfermagem
obstétrica”. Para a realização das buscas na base de dados supracitada, foram
utilizadas diferentes combinações entre os descritores, utilizando o operador booleano
AND (Quadro 2), que apresenta as bases de dados utilizadas, o cruzamento dos
descritores selecionados, a quantidade de artigos encontrados e a quantidade de
artigos selecionados em cada busca.

Quadro 2 – Relação de bases de dados com os cruzamentos dos descritores, número


de artigos encontrados e selecionados. Campo Grande-MS, 2018.
Base de Artigos Artigos
Descritores
Dados encontrados selecionados
LILACS “Depressão pós-parto” AND “puerpério” 39 8
“Depressão pós-parto” AND “puerpério”
LILACS 3 0
AND “Enfermagem Obstétrica”
BDENF “Depressão pós-parto” AND “puerpério” 12 3
“Depressão pós-parto” AND “puerpério”
BDENF 0 0
AND “Enfermagem Obstétrica”
MEDLINE “Depressão pós-parto” AND “puerpério” 6 0
“Depressão pós-parto” AND “puerpério”
MEDLINE 0 0
AND “Enfermagem Obstétrica”
Fonte: BVS (2018).
15

5 RESULTADOS

A partir das buscas realizadas na base de dados da BVS, utilizando a


associação dos descritores depressão pós-parto OR Depressão puerperal foram
encontrados 75.952 artigos que, após a aplicação dos filtros: texto completo, idioma
português, período 2013 a 2018, assunto da revista enfermagem, restaram 24 artigos,
dos quais 12 foram excluídos por não retratarem a temática e 1 por estar repetido na
base de dados, restando, portanto, 11 artigos que compuseram esta revisão.

Sendo assim, apesar da relevância do assunto, pode-se inferir que, deve-se


realizar mais estudos que sobre o tema, devido a sua complexidade por se tratar de
uma doença com sintomas não mensuráveis, e sua importância por ser um grave
problema de saúde pública, que reflete não só na puérpera, mas no bebê e familiares.

A maioria dos artigos utilizaram instrumentos para a verificação de sintomas


depressivos e de humor. Os principais resultados demonstram que existem fatores
que podem ser considerados de risco para o surgimento da depressão pós-parto,
como multiparidade, depressão prévia, falta de planejamento, entre outros.

Para melhor visualização os artigos foram distribuídos em um quadro (Quadro


3), de acordo com o ano de publicação, título do artigo, autores, objetivos e síntese
dos resultados.
16

Quadro 3 – Artigos científicos sobre depressão pós-parto, segundo o ano de publicação, título do artigo, autores, objetivos e síntese dos
resultados. Campo Grande MS, 2018.
Ano de Título do Artigo Autores Objetivos Síntese dos Resultados

publicação
Sintomas depressivos na LIMA, M. O. P.; Identificar a frequência de sintomas Mostrou que maior escolaridade e
gestação e fatores TSUNECHIRO, M. depressivos no decorrer da planejamento familiar são fatores protetores
associados: um estudo A.; BONADIO, I. D.; gestação e verificar sua associação para a ocorrência da depressão pós-parto, e
1 2017 longitudinal MURATTA, M. com variáveis sociodemográficas, que mulheres que sofreram violência
obstétricas e de saúde psicológica é fator de risco para o
desenvolvimento da doença

Acurácia das JORDÃO, R. R. R.; Verificar a acurácia das Pontuou que em mais de metade das
características definidoras CAVALCANTI, B. M. características definidoras do gestantes foi possível aplicar o Diagnóstico
do diagnóstico de C.; MARQUES, D. C. diagnóstico de enfermagem de Enfermagem Desempenho de Papel
2 2017 enfermagem R. et al. Desempenho do Papel Ineficaz em Ineficaz, caracterizados por adaptação
Desempenho do Papel puérperas inadequada a mudança, e autocontrole
Ineficaz insuficiente e percepção do papel alterada

Depressão pós-parto e ABUCHAIM, E. S. V.; Identificar a prevalência de Sugeriu que a Depressão pós-parto interfere
autoeficácia materna para CALDEIRA, N. T.; DI sintomas de depressão pós-parto e na autoeficácia para a amamentação, sendo
amamentar: prevalência e LUCCA, M. M. et al. o nível de autoeficácia para que os níveis de autoeficácia moderado ou
associação amamentar, entre puérperas alto diminuem em 27,4% ou 38,8%
3 2016
atendidas num Centro de Incentivo respectivamente
ao Aleitamento Materno, e analisar
possíveis associações

Identificação de sintomas CARDILLO, V. A.; Determinar a prevalência de Inferiu que mães adolescentes, geralmente
depressivos no período OLIVEIRA, L. C. Q., sintomas depressivos em mães possuem baixa condição social e
4 2017 pós-parto em mães MONTEIRO, J. C. S.; adolescentes e caracterizá-las escolaridade, têm tendência aumentara para
adolescentes GOMES- quanto aos aspectos o desenvolvimento da depressão pós-parto,
SPONHOLZ, F. A.
17

sociodemográficos, sendo a culpa e a ansiedade os sintomas


comportamentais e de saúde mental mais presentes nessa população.

Identificação dos fatores GOMES, L. A.; Identificar os fatores de risco que Sugeriu que os fatores socioeconômicos
de risco para depressão TORQUATO, V. S.; podem contribuir para a Depressão influenciam no desenvolvimento da
pós-parto: importância do FEITOZA, A. R. et al. Pós-parto (DPP), bem como depressão pós-parto, e que a doença é pouco
5 2013 diagnóstico precoce identificar os sintomas que podem diagnosticada.
caracterizá-la no período puerperal
imediato

Alojamento conjunto em FREITAS, D. R.; Conhecer o entendimento dos Mostrou que muitos enfermeiros deixam de
um hospital universitário: VIEIRA, B. D. G, enfermeiros do alojamento conjunto prestar uma assistência específica e de
depressão pós-parto na ALVES, V. H.; et al. sobre depressão pós-parto; e qualidade à puérpera por terem
perspectiva do enfermeiro identificar a percepção desses conhecimento deficiente sobre o tema
6 2014
enfermeiros relativa à importância
das orientações sobre depressão
pós-parto às puérperas

Produção de enfermagem DAANDELS, N.; Caracterizar estudos elaborados Mostrou que tem havido um aumento no
sobre depressão pós- ARBOIT, E. L.; por enfermeiros sobre depressão interesse dos enfermeiros em realizarem
parto SAND, I. C. V. pós-parto. pesquisas principalmente quantitativas para
7 2013 estudar a doença, e que a maioria desses
estudos são voltados a detecção precoce dos
sintomas

Escalas de rastreamento SCHARDOSIM, J. Realizar uma revisão sistemática Inferiu que a escala de detecção da
para depressão pós-parto: M.; HELDT, E. sobre as escalas de rastreamento depressão pós-parto mais utilizada foi a
Uma revisão sistemática de Depressão Pós-parto EDPS.
8 2014 (DPP) aplicadas até 16 semanas
após o parto em puérperas acima de
15 anos
18

Investigação dos fatores FONSECA, M. O.; Identificar a ocorrência da Ressaltou que a depressão pós-parto é um
indicativos de depressão TAVARES, D. M. S.; depressão pós-parto em puérperas grave problema de saúde pública, e
Pós-parto em dois grupos RODRIGUES, L. R. de um hospital universitário e profissionais de saúde que atuam com
de puérperas comparar as puérperas com gestantes devem estar preparados para
9 2013 indicativo de depressão pós-parto prestarem atendimento a essas mulheres
com aquelas sem este indicativo, através da detecção precoce dos sintomas
segundo as variáveis
sociodemográficas e obstétricas

Depressão pós-parto em SILVA, F. C. S.; Conhecer a interação de puérperas, Concluiu que os sintomas mais frequentes
puérperas: conhecendo ARAÚJO, T. M.; que apresentam depressão pós- foram choro e nervosismo, frustração e
interações entre mãe, filho ARAÚJO, M. F. M. et parto, com seus filhos e insegurança quanto a maternidade, verificou-
e família al. compreender a percepção de se ainda conhecimento deficiente da família
10 2014
familiares sobre a doença e sobre a doença
cuidados maternos prestados por
essas puérperas

Prevenindo a depressão VALENÇA, C. N.; Compreender as ações do Verificou que a forma como o pré-natal é
puerperal na estratégia GERMANO, R. M. enfermeiro no pré-natal da conduzido na ESF, não facilita a realização
11 2015 saúde da família: ações estratégia saúde da família (ESF) de uma abordagem integral à paciente.
do enfermeiro no pré-natal na prevenção da depressão
puerperal (DPP).
Fonte: BVS, 2018.
19

6 DISCUSSÃO

O estudo realizado por Lima et al. (2017), com 272 gestantes buscou identificar
sintomas depressivos em gestantes e verificar sua associação com variáveis
sociodemográficas, obstétricas e de saúde, indicou a importância do rastreamento de
sintomas depressivos no início da gestação. Além disso, evidenciou que o
planejamento gestacional é fator de proteção contra a depressão pós-parto e que a
ocorrência de violência psicológica e doméstica são fatores de risco para o
desenvolvimento da doença

Nesse estudo, os sintomas mais comuns apresentados foram: diminuição do


desempenho e culpa, que embora sejam relativamente habituais durante a gestação,
é preciso que os profissionais de saúde se atentem para reações emocionais
exacerbadas e agir para amenizar os sentimentos negativos. O estudo mostrou ainda
uma alta frequência de sintomas depressivo em gestantes, especialmente naquelas
com idade gestacional precoce, o que pode estar relacionado com as mudanças que
ocorrem no organismo no início da gestação e à aceitação da nova condição.
Ressalta-se ainda que muitas vezes os sintomas depressivos não são valorizados
pelo fato de que algumas mulheres consideram que estes fazem parte do processo
gestacional e pela visão negativa que se tem da atenção à saúde mental (LIMA et al.,
2017).

De acordo com a pesquisa realizada por Abuchaim et al. (2016), os dados


nacionais sobre depressão pós-parto são preocupantes, portanto, é preciso que sejam
criadas políticas públicas de saúde mental perinatal, e que compreendam o quanto a
depressão pós-parto influencia na vida da puérpera, da criança, da família e da
sociedade, buscando assim identificar os fatores de risco e proteção para tratar os
transtornos mentais perinatais e seus graves efeitos.

Os autores salientam ainda, que filhos de mães com transtornos mentais são
mais susceptíveis a apresentarem doenças diarreicas, distúrbios de nutrição e
alterações no desenvolvimento físico, emocional e de cognição. É importante destacar
que quanto mais autoconfiante e segura a mulher se sente em relação ao seu papel
de mãe, maior a possibilidade de estabelecimento e manutenção do aleitamento
materno (ABUCHAIM, 2016).
20

Verifica-se ainda, que, um dos fatores que contribuem para a melhora no


desempenho de papel de mãe, é o apoio do companheiro, pois proporciona melhor
percepção, maior conhecimento em relação a parentalidade e atenuação do estresse
e eventos depressivos. No entanto, mulheres com baixa escolaridade, tendem a ter
menos resiliência, autoestima e confiança para desempenhar seu papel (JORDÃO et
al., 2017).

Sabe-se que, tanto a gestação, como o puerpério são períodos marcados por
modificações emocionais, resultantes de fatores sociais e psicológicos, que podem
tanto ter influência no desenvolvimento gestacional, como no bem-estar da puérpera
e do bebê. No caso de adolescentes, essas são consideradas mais vulneráveis do
que as adultas, pois estão em uma fase de transformações fisiológicas,
comportamentais e sociais. Deve-se considerar ainda que mães adolescentes, são no
geral caracterizadas por baixa situação econômica, não possuir parceiro, e baixo nível
de escolaridade, sendo assim, esses fatores associados a depressão durante a
gestação, é fator predisponente para a depressão pós-parto (75%) (CARDILLO et al.,
2017).

Jordão (2017), destaca que o desenvolvimento de sentimentos ambivalentes


como choro, baixa autoestima, e insatisfação com os relacionamentos são mais
frequentes em gestantes mais jovens.

Existem vários fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da depressão


pós-parto, tais como: gestação na adolescência (abaixo de 16 anos), histórico de
doença mental prévio, eventos estressores nos últimos 12 meses, conflitos conjugais,
ser solteira ou divorciada, desemprego (da puérpera ou do cônjuge), falta ou baixo
suporte social. Deve-se considerar também personalidade desorganizada, sexo do
bebê oposto ao desejado, problemas afetivos, deficiência de suporte emocional e
histórico de abortamentos espontâneos ou de repetição (GOMES et al., 2013).

O estudo realizado por Gomes et al. (2013), com 95 pacientes buscando


identificar os fatores de risco para a ocorrência da depressão pós-parto em uma
maternidade em Fortaleza – Ceará, enfatizou ainda que, além dos já citados fatores
emocionais e sociais, a ausência de moradia ou moradia precária, falta de estrutura,
alimentação, de recursos de higiene e acolhimento familiar, também são fatores que
podem contribuir para a depressão pós-parto.
21

Vale lembrar que o diagnóstico da depressão pós-parto não é simples, visto


que há uma dificuldade em se delimitar o fisiológico do patológico. A depressão pós-
parto é um problema de saúde pública, pois afeta não somente a mãe, mas também
a família e o desenvolvimento do bebê, pelo fato de dificultar uma interação saudável
entre os envolvidos (FREITAS et al., 2014).

Para Valença e Germano (2015), crianças com problemas de saúde,


contratempos relacionados ao retorno ao trabalho da mãe e problemas
socioeconômicos também podem ajudar a desenvolver a depressão pós-parto.

É importante ressaltar que o conhecimento acerca dos fatores de risco para a


depressão pós-parto, são importantes, visto que proporcionam aos enfermeiros e
demais profissionais de saúde subsídios para a detecção precoce, realização de
ações preventivas, incentivo ao apoio familiar, do companheiro e de amigos, fazendo
com que a puérpera se sinta mais segura. Em casos de risco elevado, o enfermeiro
pode realizar aconselhamento e se necessário encaminhar a paciente à psicoterapia,
constituindo um valioso instrumento de prevenção destes transtornos (GOMES et al.,
2013).

Freitas et al. (2018), realizaram um estudo qualitativo com 5 enfermeiros que


trabalhavam em um hospital universitário em Niterói – RJ, o qual buscou conhecer o
entendimento dos enfermeiros do alojamento conjunto sobre depressão pós-parto e
identificar suas percepções, inferiu que, para os enfermeiros a depressão pós-parto é
uma desorganização psicológica da puérpera, ou um transtorno de humor. O estudo
mostrou ainda que os enfermeiros têm dificuldades para lidar com a depressão pós-
parto devido à falta de conhecimento e experiência com o tema, mostrando a
necessidade de haver suporte de outros profissionais da saúde mental.

O conhecimento acerca do tema é de grande importância para os enfermeiros,


pois o profissional poderá prestar uma assistência qualificada, contribuindo assim para
que a puérpera possa exercer de forma saudável a maternidade junto aos seus
(FREITAS et al., 2014).

Os autores ressaltam ainda que, dentre as atribuições da enfermagem para o


manejo da depressão pós-parto, pode-se incluir: a detecção precoce dos casos,
cuidados ao binômio mãe-filho e na dinâmica da família, o incentivo a amamentação,
o cuidado transcultural, incentivo a busca de serviços de saúde e atividades de
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educação em saúde voltadas a esse tipo de transtorno. Sendo assim, o enfermeiro


deve estar capacitado para lidar com esse quadro, e proporcionar a sai equipe
educação continuada sobre a temática, e consequentemente uma assistência
qualificada à puérpera, ao bebê e a família (FREITAS et al., 2014).

A revisão integrativa de literatura realizada por Daandels, Arboit e Sand (2013),


que visou caracterizar estudos realizados por enfermeiros sobre depressão pós-parto,
evidenciou que aos poucos está havendo mais interesse dos pesquisadores acerca
do assunto, e que grande parte dos estudos estão voltados à detecção precoce dos
sintomas. Revelou ainda que os enfermeiros, por serem os profissionais de saúde
com contato mais frequente com as puérperas, estão dispostos a darem
aconselhamento às mães e aos demais envolvidos, ressaltando ainda que, grande
parte das mulheres estão predispostas a receberem esse aconselhamento por parte
da enfermagem.

No que se refere a detecção precoce da depressão pós-parto, a revisão


sistemática feita por Schardosim e Heldt (2014), sobre escalas de depressão pós-
parto, evidenciou que tais escalas são úteis na detecção precoce da doença, contudo,
são pouco utilizadas nas rotinas assistenciais.

Para Fonseca, Tavares e Rodrigues (2013), outro fator importante a ser


investigado pelo enfermeiro é o desejo da gestante em interromper a gestação,
através de relatos ou expressões das gestantes durante cuidados realizados, visitas
domiciliares e atendimento pré-natal, pois assim, o enfermeiro poderá verificar
compreender quais os motivos que as levou a pensar em tal coisa, podendo assim
realizar orientações e encaminhamentos a profissionais especializados

Além disso, é de fundamental importância que os enfermeiros tenham


compreensão as modalidades de estresse e os fatores culturais que podem influenciar
no bem-estar emocional das puérperas, pois assim, poderá qualificar o cuidado
prestado, auxiliando na mediação na mediação de aspectos culturais referentes às
experiências de parto de primíparas e multíparas (SILVA et al., 2014).
23

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A depressão pós-parto é um grave problema de saúde devido ao seu alto índice


de incidência, apesar de geralmente se manifestar de forma leve, é importante que se
faça a detecção e tratamento precoce a fim de evitar danos à puérpera e ao bebê.

No que se refere aos artigos encontrados, foi possível verificar que a maioria
se embasa em instrumentos para diagnosticar sintomas depressivos e de humor. Os
artigos mostraram ainda os fatores de risco para o desenvolvimento de depressão
pós-parto, tais como multiparidade, depressão prévia, falta de planejamento, entre
outros.

A enfermagem tem papel de grande importância no manejo da depressão pós-


parto, seu trabalho inicia-se ainda no período pré-natal, ajudando no estabelecimento
de vínculo e verificação de fatores de risco para sua ocorrência. Os cuidados incluem
ainda, inclusão da família, ajuda para a amamentação e aplicação de questionários
que permitem a detecção da doença, além do aconselhamento para a procura do
tratamento ideal de acordo com a sua necessidade individual.

Sugere-se a realização de mais estudos sobre a temática que busque integrar


a prevenção e tratamento da depressão pós-parto ainda durante o pré-natal,
buscando verificar a possibilidade de integrar toda a rede de atenção à saúde da
gestante e ao neonato.
24

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