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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

CAMILA DE LIMA PEGADO

USO DO INSTRUMENTO TUG-ABS PORTUGUÊS-BRASIL PARA AVALIAÇÃO


FUNCIONAL DE INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON COM DISTINTOS
NÍVEIS DE MOBILIDADE: UM ESTUDO TRANSVERSAL

Natal/RN
2019
CAMILA DE LIMA PEGADO

USO DO INSTRUMENTO TUG-ABS PORTUGUÊS-BRASIL PARA AVALIAÇÃO


FUNCIONAL DE INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON COM DISTINTOS
NÍVEIS DE MOBILIDADE: UM ESTUDO TRANSVERSAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


coordenação do curso de Fisioterapia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito para obtenção de grau de
Bacharel em Fisioterapia.

Orientadora: Prof. Dra. Tatiana Souza Ribeiro

Co-orientadora: Liliane Santos de Vasconcellos

Natal/RN
2019
AVALIAÇÃO DA BANCA EXAMINADORA

Trabalho de conclusão de curso apresentado por Camila de Lima Pegado em 11 de


Junho de 2019.

1ª Examinadora ORIENTADORA

Prof. Dra. Tatiana Souza Ribeiro

Nota atribuída: _______________

2ª Examinadora:

Lorenna Marques de Melo Santiago

Nota atribuída: _______________

3ª Examinadora:

Luciana Protásio de Melo

Nota atribuída: _______________

APROVADA COM MÉDIA: _______________


AGRADECIMENTOS

Finalmente o esperado tópico de “agradecimentos” chegou com a ideia de


encerramento, de ciclos sendo concluídos e há tanto para agradecer que não me atrevo a
esquecer das pessoas que me ajudaram a chegar até aqui. Então já adianto as desculpas pela
longa leitura e provavelmente pelas lágrimas que virão em breve.
Ainda hoje lembro-me da felicidade que senti ao abrir o SIGAA e ver ANATOMIA
como primeira disciplina. Foi uma felicidade ímpar e bem parecida coma que sinto agora.
Então olho para o céu e agradeço a Deus, Ele cultivou meu sonho de entrar nesta
universidade, me preparou e nunca saiu do meu lado durante a caminhada. Obrigada meu Pai
por essa conquista, nela eu aprendi que tudo é no seu tempo e conforme seus planos. Quando
vi minha aprovação, corri para contar a aquela pessoa que mais torceu por mim: minha mãe.
Eu sei do seu esforço para me dar uma boa educação, eu sei que seu coração apertou quando
me viu cansada ou desanimada, mas nunca lhe faltaram palavras de incentivo.
Definitivamente essa conquista é nossa. Obrigada, mãe!
Agradeço ao meu pai pela paciência nos momentos que fui ausente e por me falar de
Deus. Agradeço aos meus irmãos por serem essas duas crianças lindas que trazem tanta leveza
para minha vida. Espero sempre servir de exemplo para vocês e que esse país ande para
frente, siga, e entenda o poder que a educação tem na vida de todos nós, para que vocês
tenham a oportunidade que eu tive. Estendo minha gratidão a toda a minha imensa família,
avós, tios e primos e amigos. Vocês são pessoas incríveis, meu alicerce, e eu não teria
chegado até aqui sem vocês.
Expresso minha gratidão ao meu amigo, noivo, aquele que foi revisor, conselheiro e
encorajador, Lucas. Mesmo distante você se fez presente com sua sabedoria idosa de um
jovem de vinte e poucos anos. Das vezes que escutei “vai dar certo”, nesses últimos meses, os
seus foram os que eu mais acreditei. Sua ajuda foi fundamental em mais essa etapa da minha
vida, me senti amparada mesmo naqueles dias corridos em que a gente mal tinha tempo para
se falar, obrigada!
Volto a falar do tempo de Deus, pois em minha ingenuidade jamais acreditaria que
esperar para entrar no curso em 2014.2 seria a melhor coisa que ia me acontecer. Sou grata
pela turma que tive e com quem compartilhei esses 5 anos. Crescemos juntos e, quando olho
para os colegas, vejo profissionais incríveis. Mas não posso deixar de falar de 4 criaturas que
inesperadamente tornaram-se minha família aqui dentro: Aline, Gilvanete, Fernanda e
Nailton. Meus queridos, nossos caminhos são incertos, mas sempre guardarei vocês em meu
coração. Serei grata pelas risadas, pelos abraços e pela força nos momentos difíceis. Meu
agradecimento especial vai para a irmã que a UFRN me deu: Aline.
Amiga, tem gente que confundi ou até junta nossos nomes (tipo Chris e Greg, tico e
teco). Chegou ao ponto em que só respondemos “não tem problema não, deu pra entender”;
não vamos julgá-los. Contigo eu dividi os medos, as pequenas conquistas e os lanches para
furar o “projeto formatura”. Muito obrigada por suportar minhas “choradeiras” e me
acompanhar até nas filas dos bancos. Você foi uma parceria que deu certo e espero que a vida
nos permita muitas outras.
Gostaria de agradecer também a Lorenna e Isaíra, dois anjos que entraram na minha
vida e abriram portas para oportunidades incríveis. Uma delas foi conhecer minha
orientadora. Professora Tatiana, Tati, ou “prof”, muito obrigada pelos ensinamentos valiosos,
pelo carinho e pelas oportunidades. Feliz é aquele aluno que tem a chance de passar por suas
mãos em sala de aula, na pesquisa ou extensão. Nesse quesito fui muito privilegiada, pois eu
tive a sorte de passar pelos três. Acredito que ter quatro orientandas em uma turma não seja
tarefa fácil, mas a senhora realizou com maestria.
Liliane, minha co-orientadora, obrigada pelas correções, pela paciência e por sempre
manter a “porta aberta” quando precisávamos. Sua tranquilidade e incentivo foram
fundamentais para essa caminhada. Te desejo sucesso na espreitada pela vida acadêmica.
Também não posso deixar de agradecer a Emília, o ícone do TUG-ABS que sempre esteve à
disposição para nos ajudar. Agradeço a banca pelas contribuições a esse estudo e a toda minha
formação, pois tive a felicidade de encontrar com Luciana e Lorenna que são exemplos de
profissionais para mim e com certeza ver atuação de vocês só fez com que eu me apaixonasse
ainda mais pela profissão que escolhi. Muito obrigada.
Aos meus queridos pacientes também deixo meus agradecimentos, em especial aos da
extensão a qual tive a felicidade de participar desde o 5º período. Vocês também foram meus
professores e tornaram-se amigos. Obrigada pelos ensinamentos, pelo carinho e pela paciência
com essa “menina fisio”. Agradeço a cada colega com quem dividi os atendimentos da
extensão. Foi muito bonito ver o projeto crescer e espero que ele continue a colher frutos.
Agradeço ao LIAM, o laboratório que foi minha segunda casa durante a graduação e
que é recheado de pessoas inspiradoras. Desejo sucesso e realizações para todos
Obrigada!
RESUMO

Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é uma desordem neurodegenerativa, cujos


principais sinais motores – instabilidade postural, bradicinesia, tremor de repouso e rigidez –
progridem diminuindo a mobilidade funcional. Para a avaliação da mobilidade funcional, o
teste Timed Up and Go (TUG) e também o teste Short Physical Performance Battery (SPPB)
têm sido bastante utilizados. Recentemente, o teste Timed Up and Go Assessment of
Biomechanical Strategies (TUG-ABS) foi desenvolvido para complementar informações
trazidas pelo teste TUG; porém, ainda tem sido pouco utilizado em indivíduos com DP.
Objetivos: Analisar as atividades de mobilidade funcional desempenhadas por indivíduos
com DP, por meio do teste TUG-ABS. Métodos: Participaram desse estudo 27 voluntários,
de ambos os sexos, com média de idade de 61,1 anos, na fase leve a moderada da doença. Os
participantes foram solicitados a realizar o teste TUG, tendo seu desempenho registrado em
filmagem convencional. As gravações serviram para pontuação do teste TUG-ABS, feita por
examinador experiente. Os participantes foram também avaliados com o teste SPPB. Para
análise quanto aos níveis de mobilidade, os participantes foram divididos em dois grupos:
mobilidade mais comprometida (mais de 10 segundos para concluir o teste TUG) e
mobilidade menos comprometida (realizou o teste TUG em até 10 segundos). Os grupos
foram comparados quanto aos escores de cada subitem (sentado para de pé, marcha, giro,
transferência de pé para sentado) e quanto ao escore total do TUG-ABS. Também foi feita
uma análise de correlação entre o escore total do TUG-ABS e o escore total do teste SPPB.
Resultados: Ao comparar o escore total do TUG-ABS entre os grupos, foram verificadas
diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05), bem como ao comparar os escores de
cada item, exceto na atividade de sentado para de pé, em que os grupos obtiveram as
pontuações semelhantes (p > 0,05). A marcha e o giro foram os itens que apresentaram maior
discrepância entre os grupos. Foi verificada ainda uma correlação moderada e positiva entre o
escore total do teste TUG-ABS com o SPPB (p < 0,001; r = 0,66). Conclusão: O teste TUG-
ABS parece ser de fato, um instrumento válido para avaliar a mobilidade funcional de
indivíduos com DP, capaz de fornecer informações sobre as estratégias biomecânicas usadas
nas atividades de mobilidade funcional, permitindo ainda a identificação das atividades que
estão mais afetadas nesses indivíduos e que repercutem no tempo de realização do teste TUG.

Palavras chave: Transtornos de movimento, fisioterapia, marcha.


ABSTRACT

Introduction: Parkinson's disease (PD) is a neurodegenerative disorder, whose main motor


signals - postural instability, bradykinesia, rest tremor and stiffness - progress decreasing
functional mobility. For the evaluation of functional mobility, the Timed Up and Go (TUG)
test and also the Short Physical Performance Battery (SPPB) test have been widely used.
Recently, the Timed Up and Go Assessment of Biomechanical Strategies (TUG-ABS) test
was developed to complement information brought by the TUG test; however, it has still been
rarely used in individuals with PD. Objectives: To analyze the functional mobility activities
performed by individuals with PD, through the TUG-ABS test. Methods: Twenty-seven
volunteers of both sexes, mean age of 61.1 years, in the mild to moderate phase of the disease
participated in this study. Participants were asked to perform the TUG test, and their
performance was recorded in conventional filming. The recordings served to score the TUG-
ABS test, made by an experienced examiner. Participants were also evaluated with the SPPB
test. For mobility analysis, participants were divided into two groups: more impaired mobility
(more than 10 seconds to complete the TUG test) and less compromised mobility (TUG test
in up to 10 seconds). The groups were compared as to the scores of each sub-item (sitting to
standing, walking, turning, transfer from standing to sitting) and the total TUG-ABS score. A
correlation analysis was also performed between the total TUG-ABS score and the total score
of the SPPB test. Results: When comparing the total TUG-ABS score between the groups,
statistically significant differences (p <0.05) were observed, as well as when comparing the
scores of each item, except in the sitting-to-standing activity, in which the groups scored
similar scores (p> 0.05). The gait and the spin were the items that presented the greatest
discrepancy between the groups. There was also a moderate and positive correlation between
the TUG-ABS total score and SPPB (p <0.001; r = 0.66). Conclusion: The TUG-ABS test
seems to be a valid instrument to evaluate the functional mobility of individuals with PD,
capable of providing information about the biomechanical strategies used in functional
mobility activities, also allowing identification of the activities that are most affected in these
individuals and that have repercussions in the time of the TUG test.

Key words: Movement disorders, physiotherapy, gait.


LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

DP - Doença de Parkinson

H&Y – Escala de Hoehn&Yahr

HUOL – Hospital Universitário Onofre Lopes

MEEM – Mini-Exame do Estado Mental

SPPB – Short Physical Performance Battery

TUG - Timed Up and Go test

TUG - ABS: Timed Up and Go Assessment of Biomechanical Strategies

UPDRS - Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1
2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................... 3
3 OBJETIVOS ....................................................................................................................................... 3
3.1 Objetivogeral ..................................................................................................................................... 3
3.2 Objetivos específicos......................................................................................................................... 4
4 MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................................................. 4
4.1 Delineamento e local do estudo ........................................................................................................ 4
4.2 Amostragem ...................................................................................................................................... 4
4.3 Critérios de elegibilidade .................................................................................................................. 4
4.4 Considerações éticas ......................................................................................................................... 5
5 AVALIAÇÃO ..................................................................................................................................... 5
5.1 Instrumentos de avaliação: ................................................................................................................ 5
5.1.1 Medidas de caracterização da amostra ........................................................................................... 5
o Ficha de avaliação ........................................................................................................................... 5
o Escala de Hoehn&Yahr (H&Y) ...................................................................................................... 5
5.1.2 Medidas de desfecho ...................................................................................................................... 6
o Timed Up and Go (TUG) ............................................................................................................... 6
o Timed Up and Go-Assessment of Biomechanical Strategies (TUG-ABS) ..................................... 6
o Short Physical Performance Battery (SPPB)................................................................................... 6
5.2 Procedimentos de avaliação .............................................................................................................. 7
6 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................................................... 8
7 RESULTADOS ................................................................................................................................... 9
8 DISCUSSÃO ..................................................................................................................................... 12
9 CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 16
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 17
APÊNDICES ........................................................................................................................................ 20
APÊNDICE 1 ....................................................................................................................................... 20
APÊNDICE 2 ....................................................................................................................................... 23
ANEXO1 .............................................................................................................................................. 24
ANEXO 2 ............................................................................................................................................. 25
ANEXO 3 ............................................................................................................................................. 26
1

1 INTRODUÇÃO

As patologias crônico-degenerativas são assim denominadas devido à ausência de


intervalos/períodos de alívio dos sintomas (PETERNELLA; MARCON, 2009). Dentre essas,
a DP é a segunda desordem neurodegenerativa mais comum, afetando aproximadamente de
0,4% da população mundial, que deverá duplicar até 2040. Para Pringsheim e colaboradores
(2014) a prevalência da DP aumenta de acordo com a idade, sendo 40 casos a cada 100.000
habitantes com 49 anos de idade e 1087 casos a cada 100.000 habitantes com mais de 80 anos.
Embora tenha etiologia idiopática, acredita-se que fatores ambientais e genéticos,
como exposição a toxinas, hábitos de vida, anormalidades mitocondriais e estresse oxidativo
possam contribuir para a progressão da doença (SOUZA et al., 2011; LAU; BRETELER,
2006). A fisiopatologia da DP estar relacionada à degeneração dos neurônios dopaminérgicos
localizados nos núcleos da base, prejudicando a transmissão do impulso nervoso mediada pela
dopamina (ZESIEWICZ; SULLIVAN; HAUSER, 2007)), além de déficits nos sistemas
colinérgicos, serotoninérgicos e noradrenérgicos (SOUZA et al., 2011). Em seu estudo, Teive
(2005) pressupõe que o distúrbio de marcha, o freezing e os distúrbios posturais presentes na
DP sejam decorrentes de disfunção do núcleo pedúnculo-pontino.
As alterações neurofisiológicas desencadeiam os sinais cardinais da doença, que são:
bradicinesia, rigidez, tremor de repouso e instabilidade postural (BEKRIS, 2010). No entanto,
outros sinais e sintomas são comuns para os pacientes com DP, como alterações sensoriais e
autonômicas, perturbações da marcha (BAYULKEM, 2011), mudanças cognitivas e
comportamentais, dificuldades na fala e deglutição (REID, 2011), distúrbios gastrointestinais,
alterações no sono, diminuição da capacidade cardiopulmonar (IRANZO, 2011) e déficit
olfatório (BEKRIS, 2010). Herman e colaboradores (2009) afirmam que a diminuição da
dopamina nos núcleos da base gera importantes alterações na marcha, tornando-se o sintoma
mais incapacitante. Essas alterações progridem, atribuindo ao paciente uma marcha festinada,
com diminuição na velocidade da marcha, passos curtos, com dificuldades para retirar os pés
do solo e redução no balanço dos membros superiores (SIDEROWF, 2000).
Para Souza e colaboradores (2011), o padrão de marcha decorre da postura adotada
por esses indivíduos, os quais tendem a anteriorizar a cabeça e flexionar os joelhos,
deslocando o centro de gravidade para frente. Essa postura prejudica também a mobilidade
funcional e o equilíbrio. A mobilidade funcional é definida como a capacidade do inivíduo se
movimentar independentemente, de forma segura, em diversos ambientes e realizar atividades
2

cotidianas, como locomoção e transferências posturais. A progressão da DP causa alterações


biomecânicas que contribuem para o declínio da mobilidade funcional (SILVA et al., 2017).
Dentre os instrumentos utilizados para avaliar a mobilidade funcional na DP, têm-se
utilizado o Short Physical Performance Battery (SPPB), o qual inclui testes para avaliação do
equilíbrio estático, da velocidade da marcha e da força muscular dos membros inferiores. O
escore é dado com base no tempo gasto na realização dos testes (NAKANO, 2007). Outro
instrumento comumente utilizado com esse fim é o teste Timed Up and Go (TUG), sendo de
fácil realização e baixo custo. Proposto por Podsiadlo e Richardson (1991), o teste TUG
também avalia a mobilidade funcional analisando o tempo gasto na realização total do teste,
que envolve o equilíbrio postural na posição sentada, as transferências de sentado para de pé e
de pé para sentado, a estabilidade da marcha em linha reta e as mudanças de direção durante a
marcha (FIGUEIREDO; LIMA; GUERRA, 2007).
Faria e colaboradores (2015) afirmam que o teste TUG contempla categorias da
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), além de
apresentar grande aplicabilidade clínica. No entanto, a única variável observada durante o
teste é o tempo, não oferecendo informações sobre quais as características podem ser
determinantes para o desempenho dos indivíduos nas atividades de mobilidade funcional
desempenhadas. Diante disso, foi desenvolvido recentemente um instrumento de avaliação
para complementar o teste TUG, denominado de Timed Up and Go Assessment of
Biomechanical Strategies (TUG-ABS).
O TUG-ABS foi desenvolvido para possibilitar a identificação de estratégias
biomecânicas adotadas durante o teste TUG, a priori, por indivíduos hemiparéticos pós-AVC.
Dessa forma, com esse instrumento, é possível avaliar qualitativamente e quantitativamente o
indivíduo em quatro momentos: a transferência da posição sentada para de pé; a marcha por 3
metros; o giro/mudança de direção da marcha e o retorno da posição de pé para sentado
(FARIA, 2015).
Em recente estudo, foram comparados os dados do teste TUG com o TUG-ABS,
analisando a fidelidade de sua reprodução em indivíduos com DP, verificando que o
instrumento apresentou boa confiabilidade inter-examinador e intra-examinador, além de se
mostrar válido para avaliação da mobilidade funcional dessa população (SILVA et al., 2017).
O estudo supracitado foi o único até o momento a avaliar a mobilidade funcional utilizando o
teste TUG-ABS em indivíduos com DP. Dessa forma, há a necessidade de se investigar
melhor esse novo instrumento, comparando os resultados obtidos a outros testes válidos e
3

confiáveis de mobilidade funcional, bem como analisar as atividades que podem estar mais
comprometidas em indivíduos com DP com diferentes graus de mobilidade funcional.

2 JUSTIFICATIVA

A DP se apresenta com sintomas motores e não motores, sendo a alteração no padrão


da marcha um dos mais incapacitantes. Esse quadro repercute diretamente na mobilidade e
capacidade funcional desses indivíduos, levando a transtornos na vida pessoal e profissional.
Pensando na DP como a segunda desordem neurodegenerativa mais comum no mundo, se faz
necessária a adoção de estratégias eficazes e mais ágeis no acompanhamento desses pacientes.
Além da terapia farmacológica, estudos mostram que a fisioterapia é uma grande
aliada para preservar e melhorar a funcionalidade, principalmente quando a proposta
terapêutica é baseada em uma boa avaliação. O teste TUG–ABS permite uma nova
observação do paciente durante a execução do teste TUG, em que pode-se observar as
possíveis dificuldades ou estratégias adotadas pelo paciente ao realizar atividades como
transferências de sentado para em pé, e de pé para sentado, além da marcha e giro.
Considerando que se trata de um instrumento recente, a literatura ainda é escassa
quanto à utilização do teste TUG-ABS, especialmente na população de indivíduos com DP. O
único estudo que propôs essa utilização não considerou os diferentes níveis de mobilidade
funcional dos indivíduos avaliados, o que está sendo proposto no estudo atual. Além disso, o
presente estudo propõe uma correlação entre o teste TUG-ABS e outro instrumento
comumente utilizado na avaliação de indivíduos com DP (SPPB), buscando verificar a
similaridade entre tais instrumentos e contribuindo, assim, para reforçar o corpo da evidência
científica sobre a avaliação funcional com o teste TUG-ABS.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

 Observar se há influência do nível de mobilidade no desempenho de atividades de


mobilidade funcional (transferências, marcha e giro) em indivíduos com DP;
4

3.2 Objetivos específicos

 Verificar quais as estratégias biomecânicas realizadas em atividades de mobilidade


funcional (transferências, marcha e giro) por indivíduos com DP;

● Identificar se os resultados do teste TUG – ABS estão relacionados aos resultados


obtidos com instrumento válido de avaliação da mobilidade funcional.

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Delineamento e local do estudo

O presente estudo é caracterizado como observacional analítico, de caráter transversal,


realizado no Laboratório de Intervenção e Análise do Movimento (LIAM) do Departamento
de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na cidade de Natal,
Rio Grande do Norte.

4.2 Amostragem

Os voluntários foram recrutados a partir de uma população de indivíduos com Doença


de Parkinson residentes no município de Natal - Rio Grande do Norte (RN) e proximidades,
advindos do ambulatório de Neurologia do HUOL, centros de referência em reabilitação
públicos e privados das cidades de Natal e Macaíba - RN. A amostragem foi feita de forma
não probabilística, por conveniência, utilizando-se de listas de espera e de atendimento nos
locais supracitados.

4.3 Critérios de elegibilidade

Para participar da pesquisa foram considerados os seguintes critérios: (1) Ter


diagnóstico de DP com laudo emitido por médico neurologista; (2) ter idade entre 40 e 75
anos; (3) estar na fase leve a moderada doença, nos estágios 1 a 4 segundo a escala
Hoehn&Yahr (HOEHN, YAHR, 1967); (4) fazer uso regular da medicação antiparkinsoniana,
sob prescrição médica;
Seriam excluídos do estudo os indivíduos que apresentassem: (1) instabilidade
hemodinâmica antes da realização do teste, sendo a pressão arterial sistólica e diastólica
acima, respectivamente, de 190mmHg e 110mmHg (BALADY et al., 1998); (2)
5

incompreensão quanto às orientações e solicitações realizadas para execução do teste TUG;


(3) diagnóstico de outras doenças neurológicas associadas ou outras condições que
interferissem na marcha e/ou equilíbrio; (4) dor ou desconforto acentuado durante a realização
do teste, impossibilitando-o.

4.4 Considerações éticas

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de Ética em Pesquisa da Universidade


Federal do Rio Grande do Norte (sob o parecer 2.057.658). Os voluntários, antes do início da
avaliação, foram conscientizados sobre a pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) para participar do estudo (APÊNDICE 1).

5 AVALIAÇÃO

5.1 Instrumentos de avaliação:

5.1.1 Medidas de caracterização da amostra

o Ficha de avaliação

Uma ficha de avaliação (APÊNDICE 2) foi utilizada para colher dados clínicos e
sociodemográficos dos voluntários, mediante as seguintes informações: Dados pessoais;
Dados clínicos pregressos; Exame físico atual. Para obtenção dos dados do exame físico, foi
utilizado um esfigmomanômetro digital (Omron®) para verificar a pressão arterial sistêmica; a
massa corporal foi mensurada por meio de uma balança digital (Beurer®) e a estatura por uma
trena (Vonder®).

o Escala de Hoehn&Yahr (H&Y)

A Escala de Hoehn&Yahr (H&Y) foi elaborada em 1967 e ainda hoje é comumente


utilizada para avaliar o comprometimento causado pela DP e o nível de incapacidade física. A
escala oferece cinco estágios para classificação, variando do 1, quando a doença ainda se
apresenta de forma unilateral até 5, que caracteriza o paciente como acamado ou dependente
de cadeira de rodas. Para os estágios 1, 2 e 3 os pacientes são classificados com incapacidade
6

leve a moderada, para aqueles nos estágios 4 e 5 a incapacidade física é tida como grave
(HOEHN, YAHR, 1967) (ANEXO 01).

5.1.2 Medidas de desfecho

o Timed Up and Go (TUG)

O Timed Up and Go é um teste de fácil aplicação utilizado para avaliar, equilíbrio,


mobilidade, transferência de sentado para em pé e mudança de direção. O paciente é orientado
a levantar-se da cadeira, percorrer 3 metros, contornar um obstáculo e voltar para posição
inicial em sua velocidade máxima, mas sem evoluir para uma corrida. Adultos independentes
e sem alterações de equilíbrio realizam o teste em até 10 segundos; em indivíduos mais
dependentes nas transferências básicas, o teste é realizado em até 20 segundos e para aqueles
indivíduos que são mais dependentes nas atividades diárias e na mobilidade, precisam mais
que 20 segundos para concluir o teste (FIGUEIREDO; LIMA; GUERRA, 2007).

o Timed Up and Go-Assessment of Biomechanical Strategies (TUG-


ABS)

O TUG-ABS avalia as estratégias biomecânicas utilizadas para realizar o teste Timed


Up and Go. Sua versão final possui 4 itens e 15 subitens, foi recentemente validada para
indivíduos com DP, se mostrando também confiável para avaliação dessa população. As
atividades de mobilidade funcional avaliadas pelo instrumento são: transferência de sentado
para de pé (com 3 subitens de avaliação), marcha (com 5 subitens), giro (envolvendo 4
subitens) e a transferência de pé para sentado. O escore máximo desse instrumento é de 45
pontos e em cada subitem a pontuação é decrescente de 3 a 1. Quando o indivíduo apresenta
melhor desempenho, sua pontuação será 3, um médio desempenho, 2 e para um baixo
desempenho, 1 (FARIA, 2015) (ANEXO 02).

o Short Physical Performance Battery (SPPB)

O instrumento Short Physical Performance Battery (SPPB) trata-se de uma bateria de


testes para avaliar a capacidade funcional, incluindo equilíbrio estático, velocidade da marcha
e força muscular de membros inferiores. Foi desenvolvido nos Estados Unidos, mas em 2007
ganhou uma adaptação cultural e avaliação da confiabilidade no Brasil (NAKANO, 2007).
7

Os escores são dados com base no tempo de realização de cada teste, chegando a pontuação
total, recebendo a seguinte graduação: 0 a 3 pontos (incapacidade ou desempenho muito
ruim); 4 a 6 pontos (baixo desempenho); 7 a 9 pontos (moderado desempenho); 10 a 12
pontos (bom desempenho) (NAKANO, 2007) (ANEXO 03).

Na SPPB, a avaliação do equilíbrio é realizada em três posições durante 10 segundos:


em pé com os pés juntos, com um pé parcialmente à frente e em seguida com um pé
totalmente à frente do outro. Para a prova de velocidade da marcha, o participante sai do
ponto inicial percorrendo uma distância de 4 metros em sua velocidade habitual. Para o teste
de sentar-levantar, solicita-se ao indivíduo que repita o movimento 5 vezes consecutivas, sem
apoio e o mais rápido que conseguir. É importante demonstrar ao paciente e pedir que execute
repetições de teste para em seguida iniciar a avaliação (NAKANO, 2007).

5.2 Procedimentos de avaliação

Após contato pessoal ou telefônico, os participantes foram agendados para avaliação


no LIAM/UFRN, sendo esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa e em seguida foram
assinadas duas vias do TCLE, concordando com a participação no estudo. As avaliações
foram realizadas na “fase on” da medicação, com intervalo de 4 horas após a última
administração. No primeiro momento, foram colhidos dados de identificação pessoais e
referentes à patologia, demais medidas de caracterização da amostra e as medidas de
desfecho. Os procedimentos de avaliação foram realizados por dois examinadores,
previamente treinados para a aplicação da ficha de avaliação clínica e dos testes TUG e SPPB.

Foi esclarecido aos pacientes que eles seriam filmados durante a realização do TUG,
apenas para permitir a avaliação posterior, sem divulgação das imagens e que a execução do
teste deveria ser feita duas vezes. Foram instruídos a levantar de uma cadeira padronizada, de
42 centímetros de altura (do chão ao assento), com encosto e sem apoios laterais e ao
comando do avaliador, deambular em solo plano por 3 metros, circundar um cone simples
com 50 centímetros altura e 24 centímetros diâmetro (posicionado a 3 metros da cadeira),
retornar para cadeira e sentar-se novamente. Para mensurar a distância percorrida, foi
utilizada uma trena simples Vonder®. Os voluntários realizaram o teste em sua velocidade
máxima, mas de forma segura e sem correr.
8

Em seguida foi feita a avaliação com o SPPB. A avaliação do equilíbrio foi realizada
em três posições (com pés juntos, com um pé parcialmente à frente e com um pé à frente do
outro) sem apoio e por pelo menos 10 segundos. O teste foi encerrado quando o paciente não
conseguiu completar o tempo, passando para a próxima etapa. O segundo teste tratava-se da
velocidade da marcha e foi realizado duas vezes. O paciente percorreu uma distância de 4
metros em uma velocidade habitual e sua pontuação foi dada de acordo com o menor tempo
de prova. Na última etapa do SPPB, avaliou-se força de membros inferiores através de cinco
repetições de sentar e levantar. O avaliador permaneceu atrás da cadeira cronometrando e
numerando em voz alta quantas repetições foram realizadas. O teste foi interrompido quando
o paciente não executou as cinco repetições dentro de um intervalo de 60 segundos.
As gravações do teste TUG foram realizadas com um smartphone (iPhone SE, modelo
A1723) e transferidas para um noteboook, onde foi contabilizado o tempo para completa
execução do teste, sendo considerado apenas o vídeo da segunda execução do teste. A partir
desse vídeo, foi também preenchido cada subitem do teste TUG – ABS, por um examinador
previamente treinado e experiente na aplicação do teste TUG-ABS. Para e pontuação do TUG
– ABS, o examinador escolheu aleatoriamente os vídeos de cada paciente, assistindo cinco
vezes cada um, sem pausas e diminuição de velocidade.

6 ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados foi realizada através do programa Statistical Package for the
Social Sciences (SPSS) em sua versão 22.0, atribuindo um nível de significância de 5% para
todos os testes aplicados.

Os voluntários foram divididos em dois grupos, de acordo com o tempo de realização


do teste TUG: grupo com mobilidade menos comprometida (aqueles que concluíram o teste
em menos de 10 segundos) e grupo com mobilidade mais comprometida (aqueles que
concluíram o teste com mais de 10 segundos), para que os dados fossem analisados de acordo
com os distintos níveis de mobilidade.

Estatísticas descritivas foram fornecidas para as medidas de caracterização da amostra,


valores do teste TUG, bem como para cada item dos testes SPPB e TUG-ABS, utilizando
frequências absolutas, mediana e valores mínimos e máximos. Foi também realizada a
estatística descritiva dos subitens do TUG-ABS, utilizando a moda como medida de tendência
central e exibindo os dados de acordo com os grupos do estudo.
9

Para a análise inferencial, foi verificada a normalidade dos dados pelo teste Shapiro-
Wilk. Uma vez que os dados não apresentaram distribuição normal, o teste de Mann-Whitney
foi aplicado para comparar os escores totais e os escores de cada item do teste TUG-ABS
(sentado para de pé, marcha, giro e de pé para sentado) entre os grupos com mobilidade mais
e menos comprometida. Em seguida, foi realizada a correlação de Spearman para verificar a
relação entre os escores totais do teste TUG-ABS e do teste SPPB.

7 RESULTADOS
Participaram desse estudo 27 voluntários, cujos dados demográficos e clínicos estão
expressos na tabela 1, de acordo com a divisão dos grupos.

Tabela 1: Medidas de caracterização da amostra (n=27).


Mobilidade menos Mobilidade mais comprometida
Variável
comprometida (n=15) (n=12)
Homens/Mulheres* 2/13 6/6
Idade (anos)** 65,0 (41,0 – 78,0) 67,0 (49,0 – 76,0)
Tempo de diagnóstico (anos)** 5,0 (0,40 – 9,0) 6,50 (2,0 – 19,0)
Escala de Hoenh&Yahr (escore)** 2,0 (1,0 – 3,0) 3,0 (2,0 - 4,0)
*Dados expressos como frequência de casos.
**Dados expressos em mediana (mínimo - máximo).

No teste TUG, os pacientes que caracterizam o grupo de mobilidade menos


comprometida obtiveram a mediana de tempo de execução do teste de 8,33 segundos
(6,10 - 9,83 [mínimo e máximo]) e aqueles pacientes com a mobilidade mais
comprometida apresentaram a mediana de 13,66 segundos (10,50 - 60,01 [mínimo e
máximo]).
No TUG-ABS, ao comparar o escore total entre os grupos, foram verificadas
diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05), bem como ao comparar os escores
de cada item, exceto na atividade de sentado para de pé, em que os grupos obtiveram as
pontuações semelhantes (p > 0,05) (Tabela 2).
10

Tabela 2: Escores das atividades (itens) do teste Timed Up and Go Assessment of Biomechanical
Strategies (TUG-ABS) dos grupos com mobilidade mais e menos comprometida (n=27).
Mobilidade menos Mobilidade mais
Variável (escore) P U z
comprometida(n=15) comprometida(n=12)
TUG ABS - Sentado para de pé** 9,0 (8,0 – 9,0) 9,0 (3,0 – 9,0) 0,06 64,5 -1,8
TUG ABS - Marcha** 15 (15,0 – 15,0) 11,0 (5,0 – 15,0) 0,00 30,0 -3,6
TUG ABS - Giro** 12 (12,0 – 12,0) 9,0 (4,0 – 12,0) 0,001 37,5 -3,3
TUG ABS - De pé para sentado** 9,0 (8,0 – 9,0) 7,50 (3,0 – 9,0) 0,003 34,5 -2,9
TUG ABS - total** 45,0 (43,0 – 45,0) 36,50 (20,0 – 44,0) 0,00 3,0 -4,4
**Dados expressos em mediana (mínimo - máximo).
Valores de P, U e z encontrados pelo teste Mann Whitney.
Abreviações: TUG-ABS, Timed Up and Go Assessment of Biomechanical Strategies.

Quanto ao escore total do teste SPPB, foi verificada uma relação


estatisticamente significante com o escore total do teste TUG-ABS (p <0,001; r =
0,66), indicando uma correlação moderada e positiva entre os dois instrumentos. Os
dados de cada item do teste SPPB estão dispostos de forma descritiva entre os grupos
do estudo, na tabela 3.

Tabela 3: Escores das atividades do teste Short Physical Performance Battery(SPPB) dos grupos com
mobilidade mais e menos comprometida (n=27).
Mobilidade menos Mobilidade mais
Variável (escore)
comprometida (n=15) comprometida (n=12)
SPPB – equilíbrio** 4,0 (0,0 – 4,0) 1,0 (0,0 – 4,0)
SPPB – velocidade da marcha** 4,0 (4,0 – 4,0) 3,0 (1,0 – 4,0)
SPPB – sentar e levantar** 3,0 (1,0 – 4,0) 1,0 (0,0 – 3,0)
SPPB – total** 11,0 (8,0 – 12,0) 6,50 (2,0 – 10,0)
**Dados expressos em mediana (mínimo - máximo).
Abreviações: SPPB, Short Physical Performance Battery.

Quanto ao teste TUG-ABS, a tabela 4 exibe os valores mais prevalentes de cada


um dos subitens do teste, dentro de cada grupo do estudo.
11

Tabela 4. Descrição do desempenho nos subitens do teste Timed Up and Go Assessment of


Biomechanical Strategies (TUG-ABS) dos grupos com mobilidade mais e menos comprometida
(n=27).

TRANFERÊNCIA SENTADO PARA DE Mobilidade menos Mobilidade mais


PÉ comprometida (n= 15) comprometida (n= 12)
Apoio do (s) membro (s) superior (es)
associado à flexão lateral e/ou rotação de Melhor desempenho Melhor desempenho
troco

Tentativas para passar de sentado para de pé


Melhor desempenho Melhor desempenho
e uso de estratégia de se sentar mais próximo
à extremidade do assento

Momentum gerado pela primeira flexão


Melhor desempenho Melhor desempenho
anterior de tronco e pela extensão do tronco
e dos membros inferiores
Mobilidade menos Mobilidade mais
MARCHA
comprometida (n= 15) comprometida (n= 12)
Simetria e comprimento dos passos Melhor desempenho Melhor desempenho
Melhor desempenho Baixo desempenho
Contato inicial dos pés com calcanhar

Extensão de quadril na fase de apoio: Melhor desempenho Melhor desempenho


posteriorização da coxa em relação à pelve

Fase de balanço - ausência de contato dos Melhor desempenho Baixo desempenho


pés com o solo

Progressão anterior dos membros inferiores Melhor desempenho Melhor desempenho


(MMII) sem movimento atípico do tronco
Mobilidade menos Mobilidade mais
GIRO
comprometida (n= 15) comprometida (n= 12)
Relação entre o pé externo e interno à
Melhor desempenho Melhor desempenho
circunferência do giro
Melhor desempenho Baixo desempenho
Passos para a realização do giro

Rotação do corpo para a completa mudança Melhor desempenho Baixo desempenho


de direção no giro
Melhor desempenho Melhor desempenho
Sequência marcha-giro-marcha
TRANSFERÊNCIA DE PÉ PARA Mobilidade menos Mobilidade mais
SENTADO comprometida (n= 15) comprometida (n= 12)
Sequência entre a marcha, o giro para sentar
Melhor desempenho Melhor desempenho
e o de pé para sentado

Sequência e controle ao aproximar a pelve e Melhor desempenho Melhor desempenho


o controle à cadeira

Posicionamento de membros inferiores e


Melhor desempenho Melhor desempenho
flexão ativa de joelhos ao sentar-se na
cadeira
12

8 DISCUSSÃO

Esse estudo buscou analisar as estratégias biomecânicas utilizadas por


indivíduos com DP, durante a realização de atividades de mobilidade funcional. Para
isso, foi utilizado o teste TUG-ABS, que permitiu identificar quais as atividades de
mobilidade funcional avaliadas encontram-se prejudicadas nos pacientes com DP
classificados com mobilidade mais comprometida (segundo o teste TUG). O TUG-ABS
também pareceu ser um instrumento válido para avaliar a mobilidade funcional,
apresentando moderada correlação com o teste SPPB.
Os resultados encontrados a partir do TUG-ABS corroboram com o tempo de
realização do teste TUG; ou seja, o grupo com a mobilidade menos comprometida
(menos de 10 segundos para realização do TUG) obteve um desempenho melhor em
todos os itens do TUG-ABS, repercutindo no escore final deste teste. Ao analisar o
desempenho de cada item do TUG-ABS, observa-se que, no primeiro item -
transferência de sentado para em pé, os dois grupos apresentaram resultados
semelhantes, com bom desempenho nessa atividade. No entanto, os demais itens se
apresentaram de forma diferente entre os grupos, sendo o segundo item (marcha) e o
terceiro (giro) os que apresentam maior disparidade entre grupos, com uma diferença 4
pontos e 3 pontos, respectivamente, no escore.
Para Monteiro e colaboradores (2017), as deficiências na marcha de um
indivíduo com DP são observadas com frequência, devido à dificuldade de regulação
espaço-temporal, como diminuição no comprimento da passada e aumento na
frequência da passada. Além disso, a bradicinesia e o freezing - sensação de “pés
colados” ao solo - no momento de iniciar a marcha são fatores que afetam a dinâmica da
locomoção. Essas alterações se apresentam predominantemente no grupo com
mobilidade mais comprometida ao realizar o TUG, de modo que esses indivíduos
ultrapassam os 10 segundos para concluir o teste.
No TUG-ABS, a avaliação da marcha é dividida em quatro subitens; no
primeiro, os dois grupos apresentaram um melhor desempenho na avaliação da simetria
e no comprimento adequado do passo. No segundo item, o grupo com a mobilidade
mais comprometida não conseguiu realizar o contato inicial ao solo utilizando o
calcanhar, obtendo um baixo desempenho para essa atividade. O mesmo aconteceu
durante a fase de balanço, pois, para ambos os membros, não é possível perceber a
ausência de contato dos pés com o solo; dessa forma, pode-se inferir que esse grupo tem
13

uma maior tendência a apresentar a marcha festinada, caracterizada por passos mais
curtos e pés bem próximos ao solo (SOUZA et al., 2015).
Nos indivíduos com a mobilidade menos comprometida, a fase de balanço com
os dois membros foi bem executada, permitindo a pontuação com escore máximo. Os
grupos voltam a utilizar estratégias biomecânicas semelhantes quando é realizada a
extensão de quadril na fase de apoio, onde é bem percebida a posteriorização do
membro inferior em relação à pelve; logo, os grupos apresentaram o melhor
desempenho para essa atividade. O último subitem avaliou a progressão anterior dos
membros inferiores sem movimentos atípicos de tronco, no qual os dois grupos
realizaram a atividade sem estratégias compensatórias para avançar na marcha, obtendo
o melhor desempenho.
Nesse estudo, o giro foi outra tarefa que o grupo com a mobilidade mais
comprometida demonstrou ter maior dificuldade em executar. No primeiro subitem, que
avalia a relação entre o pé externo e interno durante o giro, os dois grupos concluíram a
atividade com o pé externo completamente à frente do interno, caracterizando o melhor
desempenho. Ao avaliar a quantidade de passos para a realização do giro e para a
rotação do corpo na mudança de direção, foi vista uma disparidade entre as estratégias
utilizadas dos grupos. Os indivíduos com a mobilidade mais comprometida precisaram
de mais de 5 passos para realizar o giro e mais de 3 passos para a mudança de direção,
diferentemente do grupo com mobilidade menos comprometida, que alcança o melhor
desempenho utilizando menos de 4 passos para executar o giro e menos de 3 para
mudança de direção.
O giro é uma atividade desafiadora para o paciente com DP, devido as suas
deficiências no controle postural, de equilíbrio e congelamento durante a marcha
(CHENG et al., 2017), além da diminuição do comprimento do passo quando
comparado com a marcha em linha reta (GUGLIELMETTI et al., 2009). Sendo assim,
essas atividades funcionais mais prejudicadas precisam de uma atenção especial durante
a reabilitação. Para Godi e colaboradores (2019), a marcha e a capacidade de realizar o
giro são fundamentais na manutenção da autonomia e para evitar os episódios de
quedas, possibilitando ao paciente uma melhor qualidade de vida.
Na atividade de transferência de pé para sentado, os dois grupos apresentaram o
melhor desempenho nos três subitens analisados. Ao realizar a sequência entre a
marcha, o giro e sentar-se na cadeira, os movimentos foram contínuos e com boa
14

simultaneidade entre eles. Foi percebido um bom controle de movimento para


aproximar a pelve e o tronco à cadeira e para sentar, os indivíduos mantiveram os
membros inferiores alinhados e paralelos, com flexão de ambos os joelhos e quadril
com pelo menos 90 graus. Os escores mostraram diferença significativa entre os grupos,
visto que o desempenho quantitativo foi ligeiramente menor no grupo com mobilidade
mais comprometida, o que não foi tão percebido em uma análise qualitativa.
Como dissemos anteriormente, os itens que mais diferiram foram a marcha e o
giro, confirmando que os pacientes com DP têm mais dificuldade na realização de
atividades que precisam de estabilidade dinâmica, envolvendo a locomoção e o
deslocamento do centro de gravidade corporal, devido as alterações espaço-temporais
que ocorrem na marcha desses pacientes. Dias e colaboradores (2005) afirmam que a
marcha festinada, com aumento progressivo na velocidade e diminuição no
comprimento do passo, seria uma estratégia adotada pelo paciente de perseguir o
deslocamento do centro de gravidade para frente, como modo de evitar quedas. Para
Monteiro e colaboradores (2017), quanto maior a variabilidade dos parâmetros espaço-
temporais, menor será a estabilidade dinâmica, aumentando o risco de quedas.
Para esse estudo também foi utilizado o teste SPPB, um instrumento que
identifica mudanças na funcionalidade e é preditor de declínio funcional (NAKANO,
2007). O teste SPPB tem sido bastante utilizado em indivíduos com DP como um
instrumento sensível para avaliação da mobilidade funcional (MELLO, 2015). Esse
instrumento apresentou uma correlação moderada com o teste TUG-ABS, o que
demonstra que os resultados de desempenho são semelhantes entre os testes. Embora
tenha sido realizada apenas análise descritiva, verificou-se que, em todos os escores dos
itens do SPPB (equilíbrio estático, velocidade da marcha e força de membros
inferiores), o grupo com mobilidade menos comprometida apresentou maior
desempenho, semelhante ao que ocorreu com o TUG-ABS quando comparado entre os
grupos do estudo. Sendo assim, percebe-se que, assim como o teste SPPB, o teste TUG-
ABS, apesar de recente, se mostra sensível para perceber alterações, dentro de cada
aspecto da mobilidade funcional de indivíduos com DP.
Esse estudo teve como limitação manter a quantidade de voluntários nos dois
grupos semelhantes, devido às dificuldades para participação no estudo de pacientes
com maior comprometimento funcional. Sugere-se maiores estudos, de modo a
promover um maior uso e disseminação do teste TUG-ABS não só no meio da pesquisa,
15

mas também na prática clínica, como meio de melhorar a avaliação e traçar um plano
terapêutico com base nas reais necessidades do paciente.
16

9 CONCLUSÃO

Ao observar os dados, pode-se concluir que o teste TUG-ABS pareceu ser um


instrumento válido para avaliar a mobilidade funcional de indivíduos com DP. O teste
TUG-ABS permitiu ainda a identificação dos aspectos da mobilidade funcional que
estão mais afetados nesses indivíduos, sendo a marcha e o giro os principais fatores que
repercutem no tempo de realização do teste TUG, limitando o desempenho funcional
dos pacientes. Sugere-se a disseminação do uso desse instrumento na prática clínica e na
pesquisa, para avaliação detalhada das estratégias utilizadas nas atividades de
mobilidade funcional na DP.
17

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dyskinesia in Parkinson’s disease: epidemiology, etiology, and treatment. Current neurology
and neuroscience reports, v. 7, n. 4, p. 302-310, 2007.
20

APÊNDICES

APÊNDICE 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO DA PESQUISA: PROTOCOLO DE TREINAMENTO DE PRÁTICA MENTAL


ASSOCIADA À PRÁTICA FÍSICA DA MARCHA PARA INDIVÍDUOS COM DOENÇA
DE PARKINSON: ESTUDO PILOTO E RESULTADOS PRELIMINARES

Este termo de consentimento pode conter palavras ou expressões não comumente


utilizadas pelo(a) sr(a). Caso algum termo não esteja claro, por favor, nos informe, de forma
que possamos esclarecer melhor. Nós estamos solicitando a sua colaboração ou de algum
membro de sua família para desenvolvermos esta pesquisa.
OBJETIVOS:O(a) senhor(a) está sendo convidado(a) a participar, voluntariamente, de uma
pesquisa que tem como objetivo principal testar um protocolo de treinamento de prática
mental associada à prática física da marcha para indivíduos com Doença de Parkinson.Caso
o(a) senhor(a) decida aceitar o convite, será submetido(a) aos seguintes procedimentos:

PROCEDIMENTOS: Através de fichas de avaliação, questionários, filmagem da sua


caminhada e o uso de um “capacete” que será colocado na sua cabeça, será realizada uma
avaliação clínica com duração de 1h e meia a 2h. Em um segundo momento, você terá sua
marcha avaliada por 1h. Após esta etapa, você será submetido a um treinamento
fisioterapêutico podendo fazer parte de um dentre dois grupos de pesquisa. O primeiro grupo
receberá 12 sessões de prática física da marcha por 40 min., durante 4 semanas, 3x/semana. O
segundo grupo receberá este mesmo tratamento e mais um treino de Prática Mental,
totalizando 50 min. de terapia durante as mesmas 4 semanas. A escolha sobre para qual grupo
você irá, ocorrerá através de um sorteio realizado anteriormente.

1 dia e 7 dias após a última sessão de treinamento você será reavaliado por cerca de 1h e meia
a 2h. Tanto as avaliações quanto os treinamentos serão realizados no Departamento de
Fisioterapia da UFRN.
21

Todos deverão participar por livre e espontânea vontade, pois não receberão
pagamento para isto. Entretanto, caso o(a) sr(a) tenha algum gasto que seja devido à sua
participação na pesquisa, o(a) sr(a) será ressarcido, caso solicite. Os procedimentos serão
explicados antes da realização dos procedimentos, e serão feitos com toda a segurança
necessária para reduzir as possibilidades de riscos.

RISCOS: Os riscos serão mínimos, pois todos os testes e tratamentos são de natureza não-
invasiva, ou seja, não serão realizados procedimentos que envolvam corte, introdução de
instrumentos e coletas de sangue. Você poderá se sentir cansado por se tratar de um processo
longo, porém minimizaremos esse desconforto fazendo pausas durante cada um desses
procedimentos caso você necessite. Ainda assim, caso aconteça algum dano
comprovadamente decorrente desta pesquisa, o(a) sr(a) terá o seu tratamento,
acompanhamento e ressarcimento (indenização) assegurado pelas pesquisadoras responsáveis
por este projeto.

CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Os dados que você irá nos fornecer serão


confidenciais e serão divulgados apenas em congressos ou publicações científicas, não
havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar.

Em caso de dúvidas, favor entrar em contato com as pesquisadoras responsáveis através


do endereço ou por telefone/email.

Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em
Pesquisa da UFRN:

Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN:

Endereço: Praça do Campus, Campus Universitário, CP 1666- Natal/RN. CEP: 59078-970-


Brasil

Contato: Telefone: (84) 3215-3135; E-mail: cepufrn@reitoria.ufrn.br

Eu,________________________________________________________________________
_____, CPF______________________, RG:__________________, declaro estar ciente e
informado(a) sobre os procedimentos de realização da pesquisa, conforme explicitados acima,
e aceito participar voluntariamente da mesma.
22

Natal, ______ de __________________ de _______.

_____________________________________________

Assinatura ou impressão datiloscópica do voluntário


23

APÊNDICE 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

FICHA DE AVALIAÇÃO

Data:______________________________
Horário da avaliação:_________________
Avaliador:__________________________

IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

1. Nome:__________________________________________________________
2. Sexo: _____________________________
3. Data de nascimento:_________________
4. Peso: ______________________________
5. Altura: ____________________________
6. Telefone(s):________________________________________
7. Endereço: _________________________
8. Estado civil:______________________
9. Religião:____________________
10. Anos de estudo: ____________________________
11. Ocupação: _____________________________
12. Renda familiar em SM: _______________
13. Diagnóstico médico: _________________________________
14. Data (aproximada) do diagnóstico médico:_______________
15. Médico atual:__________________________________________________
16. Antecedentes pessoais: ____________________________________________
17. Antecedentes familiares:___________________________________________
_______________________________________________________
18. Medicações que faz uso e horários:_____________________________
_____________________________________________________________________
______________________________________________________
19. Dominância:_________________________________________________
20. Lateralidade da doença: _______________________________________

Pressão arterial:__________ Frequência cardíaca:_________


24

ANEXO1

Escala de Hoehn&Yehr

Estágio Sintomas
1 Envolvimento unilateral, com alterações mínimas.
2 Envolvimento bilateral, sem comprometimento de equilíbrio.
3 Envolvimento bilateral, incapacidade leve a moderada, com
comprometimento de equilíbrio, mas independente.
4 Incapacidade grave, mas consegue deambular ou permanecer em pé
sem ajuda.
5 Confinado à cama ou cadeira de rodas a não ser que receba ajuda.
25

ANEXO 2
Timed Up and Go Assessment of Biomechanical Strategies (TUG-ABS)
26

ANEXO 3
Short Physical Performance Battery (SPPB)

1.0 Avaliação do equilíbrio


Mantém 10seg.  1 ponto
1.1 Um pé ao lado do
Não mantém 10 seg.  0 ponto
outro.
Não tentou 0 ponto

(1) Tentou mas não conseguiu


(2) Não conseguiu manter a posição sem ajuda
Se o participante não
(3) Não tentou, o entrevistador se sentiu inseguro
tentou a prova ou falhou,
(4) Não tentou, o participante se sentiu inseguro
marque o porquê:
(5) O participante não entende as instruções
(6) Outros (especificar) _________________
(7) Se negou
SE 0 PONTO, TERMINE A PROVA DE EQUILÍBRIO

Registre o tempo em segundos: ____ss.


(caso o participante não complete os 10 segundos de prova)
Registre o tempo em milissegundos: ____ ms.
(caso o participante não complete os 10 segundos de prova)
1.2 Em pé com um pé Mantém 10seg.  1 ponto
parcialmente à frente. Não mantém 10 seg.  0 ponto
Não tentou  0 ponto
(1) Tentou mas não conseguiu
(2) Não conseguiu manter a posição sem ajuda
Se o participante não
(3) Não tentou, o entrevistador se sentiu inseguro
tentou a prova ou falhou,
(4) Não tentou, o participante se sentiu inseguro
marque o porquê:
(5) O participante não entende as instruções
(6) Outros (especificar) _________________
(7) Se negou
SE 0 PONTO, TERMINE A PROVA DE EQUILÍBRIO

Registre o tempo em segundos: ____ss.


(caso o participante não complete os 10 segundos de prova)
Registre o tempo em milissegundos: ____ ms.
(caso o participante não complete os 10 segundos de prova)
1.3 Em pé com um pé à Mantém 10 seg.  2 pontos
frente. Mantém de 3 a 9.99 seg  1 ponto
Mantém< 3 seg.  0 ponto
Não tentou  0 ponto (especifique a razão abaixo)
Se o participante não (1) Tentou mas não conseguiu
(2) Não conseguiu manter a posição sem ajuda
tentou a prova ou falhou,
(3) Não tentou, o entrevistador se sentiu inseguro
marque o porquê: (4) Não tentou, o participante se sentiu inseguro
(5) O participante não entende as instruções
(6) Outros (especificar) _________________
27

(7) Se negou

Registre o tempo em segundos: ____ss.


(caso o participante não complete os 10 segundos de prova)

Registre o tempo em milissegundos: ____ ms.


(caso o participante não complete os 10 segundos de prova)
PONTUAÇÃO TOTAL DA PROVA DE EQUILIBRIO _____________(SOME OS
PONTOS)
Comentários:
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
____________________________________________________

2.0 PROVA DE VELOCIDADE DA MARCHA

2.1 Tempo da primeira Tempo para caminar os 4 metros ____ss ____ ms.
prova
(1) Tentou mas não conseguiu
Se o participante não (2) Não conseguiu manter a posição sem ajuda
tentou a prova ou não a (3) Não tentou, o entrevistador se sentiu inseguro
completou, marqueo (4) Não tentou, o participante se sentiu inseguro
porquê: (5) O participante não entende as instruções
(6) Outros (especificar) _________________
(7) Se negou
Auxílio para caminar na Nenhuma 
primeira prova Bengala 
Outra 
Comentários:
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
____________________________________________________

2.2 Tempo da segunda Tempo para caminar os 4 metros ____ss ____ ms.
prova

(1) Tentou mas não conseguiu


Se o participante não (2) Não conseguiu manter a posição sem ajuda
tentou a prova ou não a (3) Não tentou, o entrevistador se sentiu inseguro
completou, marqueo (4) Não tentou, o participante se sentiu inseguro
porquê: (5) O participante não entende as instruções
(6) Outros (especificar) _________________
(7) Se negou
Auxílio para caminar na Nenhuma
segunda prova: Bengala 
Outra
28

Comentários:
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
____________________________________________________

Se o participante não foi capaz de caminar ❒ 0 puntos


PONTUAÇÃO > 8,70 seg 1 ponto
VELOVISADE DA 6,21 a 8,70 seg 2 pontos
MARCHA 4,82 a 6,20 seg 3 pontos
< 4,82 seg 4 pontos
3.0 PROVA DE SENTAR E LEVANTAR DA CADEIRA

Seguro para se levantar


SIM 
sem ajuda
NÃO 
(1) Tentou mas não conseguiu
Se o participante não (2) Não conseguiu manter a posição sem ajuda
tentou a prova ou não a (3) Não tentou, o entrevistador se sentiu inseguro
completou, marqueo (4) Não tentou, o participante se sentiu inseguro
porquê: (5) O participante não entende as instruções
(6) Outros (especificar) _________________
(7) Se negou
Se completou a prova
registre o tempo: Tempo para se levantar 5 vezes ____ss ____ ms.

(1) Tentou mas não conseguiu


Se o participante não
(2) Não conseguiu manter a posição sem ajuda
tentou a prova ou não a
(3) Não tentou, o entrevistador se sentiu inseguro
completou, marqueo(4) Não tentou, o participante se sentiu inseguro
porquê: (5) O participante não entende as instruções
(6) Outros (especificar) _________________
(7) Se negou
Incapaz de completar 5 ou completa em >60 seg:  0 ponto
16.70 seg. ou mais:  1 ponto
PONTUAÇÃO PARA
13.70 a 16.69 seg.:  2 pontos
PROVA DE SENTAR E
11.20 a 13.69 seg.:  3 pontos
LEVANTAR
11.19 seg. ou menos:  4 pontos

Pontuação das provas


Equilibrio de pé _____ pontos
Velocidade da marcha _____ pontos
Levantar-se da cadeira _____ pontos
PONTUAÇÃO TOTAL
_____ pontos (some os anteriores)

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