Você está na página 1de 16

01.

MODELAGEM

A modelagem é considerada pelo empresários a etapa mais importante de uma


linha de produção, porque é nesse momento que o calçado é desenvolvido, o setor
de modelagem é o local em que os modelos que serão produzidos são concebidos
por meio de criação própria da empresa.
Também é na modelagem do calçado que é observadas as medida, conforto e o
calce do calçado, a modelagem utiliza o sistema de CAD/CAM e o desenho manual
como auxílio para as confecções de amostras, no momento de desenhar, a equipe
de estilo e design, deve estar voltada apenas para a criatividade sem se prender a
detalhes de produção. Com o modelo desenhado, o estilista responsável deve
auxiliar os técnicos nas soluções dos possíveis problemas, para que a amostra possa
se tornar viável para produzir. Na modelagem a função de modelista é muito
importante, ele é o responsável por desenvolver projetos e protótipos de calçados,
seguindo sempre normas e procedimentos técnicos, ambientais, de qualidade e
saúde e segurança do trabalho.

1.1 FERRAMENTAS UTILIZADAS NA MODELAGEM


No processo de modelagem, você irá precisar basicamente de 8 ferramentas listadas
na imagem abaixo, que são: a faca de corte, utilizada para fazer cortes necessários
no processo, transferido de ângulos, que será necessário para encontrar alguns
pontos na fôrma, cravador, borracha, fita métrica de sapateiro, utilizada para medir
os pontos na fôrma, a fita crepe necessária para encapar a fôrma, régua metálica de
30 cm e por último uma lapiseira.
1.2 SISTEMA NACIONAL DE MEDIDAS

O sistema de medidas do calçado pode ser definido como todo o complexo de


valores e padrões utilizados no mundo, dando características próprias aos diferentes
sistemas utilizadas em países diferentes para encontrar o número técnico e
comercial dos calçados. Os valores são determinados pela diferença de dimensões
( largura e comprimento) de um número a outro, o princípio fundamental para
encontrar esses valores é a referência ao pé e não á fôrma, isso quer dizer que a
identificação do calçado deverá indicar, a numeração média( comprimento e largura
do pé) que você poderá utilizar em condições normais de conforto.
No Brasil o sistema de medidas de calçados é baseado no Ponto Francês , onde
nacionalmente essa medida equivale a 2/3 de 1 cm ou seja 6,66 mm, sendo assim a
variação de um número a outro equivalente a 6,66 mm. A numeração de fôrmas
confeccionadas no ponto francês parte do número 15 completando a série oficial no
número 50. Uma dúvida frequente entre a população sobre a numeração do
calçados é que, a que se refere aquela àquela numeração, por exemplo 40 no seu
calçado, tirando suas dúvidas, aquele número refere- se á 40 pontos franceses, e se
você quiser tiver a curiosidade de saber quantos centímetros esse número equivale,
basta você pegar o número 40 e multiplicar por 0,666 cm.

1.3 TIPOS DE PÉS E SUAS ESPECIFICIDADES


Os tipos de pés são analisados de acordo com o formato dos dedos e quanto a seu
arco longitudinal. Quanto ao tipo de pés de acordo com o alinhamento das
extremidades dos dedos, temos três tipos .
● Pé grego: onde o 1° dedo < 2° > 3° > 4° >5°
● Pé quadrado: onde o 1° dedo = 2° > 3° > 4° > 5°
● Pé egípcio: onde o 1° dedo =>2° > 3° > 4° >5°

O pé egípcio , que tem o primeiro dedo mais longo que os demais, esse primeiro
dedo e o menor são os mais propensos a problemas como: joanete, como desvio do
grande dedo para fora, e degeneração e rigidez da primeira articulação metatarso-
falângica.
Para encontrar o comprimento do pé é necessário levantar as coordenadas de dois
pontos para obter uma dimensão precisa, o ponto de partida está localizado na
parte mais proeminente do calcanhar. Para encontrar a largura do pé, são
necessárias 5 medidas, partindo de uma coordenada proeminente do calcanhar e
lado interno .Já para calcular o perímetro do pé, essas medidas são obtidas pelo
método tradicional, usando a fita métrica no total são 7 medidas, e para descobrir
essas medidas será preciso medir esses 7 pontos de acordo com a imagem abaixo.
Figura 7 - Perímetro do pé .

2. ETAPAS DO PROCESSO DE MODELAGEM.


As etapas do processo de modelagem podem ser divididas em 8 partes, sendo elas:
1° confecção do croqui
2° Análise do modelo
3° Modelagem técnica
4° Modelagem de ajuste
5° Corte e Chanfro
6° Pesponto
7° Montagem
8° Acabamento

2.1 Croqui
A primeira etapa da modelagem, seria a criação de um desenhos do modelo do
calçado escolhido, sendo ele masculino ou feminino .
2.2 Corpo da fôrma
A finalidade da confecção do corpo da fôrma consiste em passar para um plano
regular as dimensões de uma forma que apresenta volume. Nessa etapa será
preciso a utilização da fôrma com referência ao tipo de calçado que será
confeccionado, por exemplo :um tênis masculino, será usado uma fôrma de
sapatênis com número de referência H 5907, em um calçado feminino como uma
rasteirinha, será usará uma forma de rasteirinha com número de referência SO
8208.
Para a confecção do corpo da fôrma, a primeira parte deste processo será encapar a
fôrma, e para isso será necessário a utilização de papel contact ou fita crepe,
encapar a fôrma significa fixar nela o material, para obter a área dimensional
externa e interna da fôrma.

2.3.2 Sistema de encapar fôrma por meio de fita crepe.


O sistema de fita possibilita cobrir a forma dos dois lados juntos, e para isso são
usadas fitas entre 12,20,32 mm que facilitam o processo. Para encapar a fôrma,
deve- se iniciar o processo posicionando uma fita na região do bico, acompanhando
a quina inferior da fôrma, cobrindo sempre a região interna e externa da fôrma. A
próxima fita irá correr sobre a fôrma acompanhando a largura da mesma e
posicionando a próxima fita sempre sobre a metade da largura anterior. Fazer esse
processo ate as fitas atingirem o topo da fôrma.
Depois de chegado ao topo, altera-se a posição das fitas, levando as pelo perfil da
chave da forma e indo descendo normalmente ao lado oposto , conforme inclinação
da linha do calcanhar, repetir esse processo até encapar toda a fôrma, finalizado,
deve-se colocar reforços nas quinas, emendas e linhas do meio do calcanhar e da
gáspea.
2.4 Corpo de forma médio
A finalidade de um corpo de corpo médio é possibilitar uma padronização de
medidas em todos os modelos que ser irá desenvolver sobre determinada fôrma.
Com a fôrma encapada , destacam-se os dois lados do corpo de forma e faz-se um
médio para então encapar apenas o lado externo em cada nova modelagem ,e
utiliza-se o médio para as correções necessárias. Para isso é necessário a marcação
de dois pontos de referência no lado externo da fôrma e em cada corpo de fôrma
destacado.

2.5 Confecção do corpo de fôrma médio


Tornar os dois pontos de referência do lado externo comuns para o lado interno,
ajustando a região do bico e do calcanhar. Feito isso deve-se posicionar o lado
externo sobre uma cartolina e marcar os pontos de referência e riscar o contorno
do corpo. Posicionar o lado interno pelos pontos de referência, repetindo o
processo do externo.

2.6 Linhas auxiliares


Essas linhas determinam no corpo de fôrma planificado as linhas definidas do kio da
gáspea, assim como determinam o ponto de giro, são necessárias para destacar
peças inteiras que ficam sobre o peito do pé, subindo no médio e alto dorsos.

2.6.1 Definições das linhas e ponto de giro


Riscar em uma cartolina o corpo de forma médio, medir na fôrma o comprimento
da gáspea e depois transferir essa medida para o corpo da fôrma a partir do bico
para trás. No ponto A baixar uma reta perpendicular que ultrapasse a linha de
montagem e ainda neste ponto A marcar um ponto a 1 mm acima, marcar ainda no
alto dorso do pé outro ponto 2-3 mm para cima. Traçar uma linha que corte os
pontos 1 e 2 mm, linha do comprimento da gáspea e prolongar para baixo, depois
deve-se medir a distância entre o ponto 1 e 2 e colocar na linha traçada
anteriormente. No ponto 3 traçar uma perpendicular a essa linha e no encontro
dessas duas retas teremos o ponto de giro.

2.7 método de transferência da fôrma.

2.8 Desenho do calçado na forma


O método utilizado pelos modelistas para o desenho dos calçados varia muito pela
sua formação técnica, habilidades e conhecimento prático adquirido, mas apesar
disso sempre terá que haver uma orientação técnica de certos pontos fundamentais
para um bom calce, e é por isso que foram desenvolvidas estudos para a
determinação de algumas linhas básicas, que orientassem os modelistas no desenho
do modelo.
2.8.1 Determinação da linha das gáspea
Antes de iniciar a marcação dos pontos e das linhas básicas, e necessário a
execução destes passos preliminares.
O primeiro passo seria determinação da linha do meio da gáspea, para isso deverá
ser feito um ponto do meio do bico, baseado no eixo da palmilha, e depois marcar
um ponto na região da chave da fôrma , feito isso deve- se traçar uma linha no meio
da gáspea unindo esses dois pontos.

2.8.2 Determinação da linha do meio do calcanhar


Para encontrar essa linha deve-se marcar um ponto no meio do calcanhar , entre os
eixos da palmilha e do salto, depois marca- se um ponto na região da chave da
fôrma, e por final traça- se uma reta ligando esses dois pontos.
2.8.3 Determinação do ponto 30
Refere-se à parte mais recuada da fôrma em que , para o número da fôrma 35, o
valor é 30 mm sobre a linha do meio do calcanhar , então para encontrar essa
medida, deve- se medir 30 mm da quina da fôrma para o meio da chave.

2.8.4 Determinação do comprimento real da palmilha.


Para encontrar esse comprimento deve-se marcar um ponto do meio do bico do
calcanhar, depois devera medir a distância entre o ponto marcado no calcanhar ate
o bico da fôrma.

2.9 Linhas básicas


2.9.1 Ponto de elevada “Ponto A”
Mede-se pela lateral externa da fôrma, do ponto 30 até o ponto R, e marca-se um
ponto 2/3 desta medida , e depois posicionar a fita métrica em um ângulo de 90° em
relação à linha do meio da gáspea, fazendo coincidir com o ponto X.

2.9.2 Ponto de elevação do alto dorso do pé “Ponto B”


Partindo do ponto A para cima, aumentar 60 mm para o n° 35, e nos números acima
de 35 aumentar 2 mm para cada número e nos números abaixo de 35 diminuir 2
mm.

2.9.3 “Ponto C” ponto de costado


É marcada na região de maior largura da planta da fôrma, esse ponto é marcado no
lado externo na região central de encosto da forma, para encontrar esse ponto
deve-se posicionar a fôrma numa superfície plana vertical.
2.9.4 “Ponto D” Ponto da boca da gáspea
Trata-se de uma linha passando pelos pontos A e C, sobre a linha AC marca-se o
ponto D na medida central entre A e C.

2.9.5 Ponto auxiliar “Ponto E”


Partindo do ponto C para trás, colocar a mesma medida paralela entre os pontos A e
B.
e B, como mostra a figura abaixo

2.9.6 altura do calcanhar “Ponto F”


É marcada sobre a linha do meio do calcanhar, da quina da forma para a região da
chave. Para determinar a altura do calçado masculino deve-se somar o número da
fôrma mais o numeral 20, exemplo: n° 40 + 20 mm= 60 mm de altura.
Já para o calçado feminino soma-se o número da fôrma com o numeral 18, exemplo:
n° 35 + 18 mm= 53 mm .

2.9.7 Comprimento do Salto “Ponto G”


Para definir o tamanho do salto, é preciso que se conheça ou meça sua altura, uma
maneira praticar de fazer a leitura do salto, é um instrumento chamado escadinha.
Após encontrada a altura do salto , pode se calcular seu comprimento , para saltos
de 40 mm , o comprimento é de ¼ do comprimento real, já nos calçados femininos
com saltos acima de 40 mm, o comprimento diminui até 8 mm.
Exemplo de definição do comprimento do salto :
Comprimento do salto= comprimento real – 4 mm
4
Comprimento do salto= 35x 6,66 – 4 mm
4
Comprimento do salto= 54,27 mm

2.9.8 Topo da fôrma “ Ponto H”


É o ponto na parte mais alta da forma na região da chave, marcado no terminal da
linha do meio da gáspea

2.9.10 Ponto do meio do bico “Ponto I”


É a parte mais avançada do bico da fôrma, marcado na terminal do eixo da palmilha.
2.9.11 Ponto da altura lateral da fôrma “Ponto J”
É o ponto da altura máxima indicada no talão, na lateral da fôrma, esse ponto é
marcado no cruzamento da linhas BL com DL.

2.9.12 Ponto L
É o ponto mais recuado na quina da fôrma ( calcanhar)

2.10 Planificação do corpo na fôrma


Vários tipo de materiais podem ser usados no processo de extração e planificação
do corpo de fôrma, atualmente a fita crepe é o material mais usado nesse processo ,
por conta de algumas vantagens como a agilidade no processo, a praticidade e uma
boa qualidade na transferência das dimensões para o plano.

3.0 Tipos de formas


Para todos os tipos de calçados, existem formas adequadas, existem as formas sem
cunha que podem ser usadas na confecção de calçados que favoreça a liberação da
fôrma após a montagem, e as formas com cunhas que são usadas na confecção de
calçados que ofereçam dificuldades na desenformagem pela altura do talão ou da
gáspea, também há as formas articuladas que variam as articulações de acordo com
o calçado que ira ser fabricado.
As fôrmas utilizadas na modelagem são em vários modelos e dividem-se em
masculinas, femininas e infantis além de que cada uma ser específica para modelos
diferentes de calçados. Nas imagens abaixo irei apresentar alguns tipos de fôrmas e
suas referências:
Rasteirinha feminina (8208)

Sapatênis (5907)

Scarpin (S 3028)

Salto (1107)
Assandalhados masculinos (3919)

Chuteira (3045)

Você também pode gostar