Você está na página 1de 51

UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA

CENTRO DE CIÊNCIAS BOLÓGICAS E DA SAÚDE–CCBS


CURSO DE ENFERMAGEM

JESSICA LIZANDRA SOUZA DOS SANTOS


LARISSA DE OLIVEIRA DINIZ
SORAIA DOS SANTOS SILVA

O PROTAGONISMO DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA ÀS VÍTIMAS DE


ESCALPELAMENTO: uma revisão da literatura

BELÉM
2022
JESSICA LIZANDRA SOUZA DOS SANTOS
LARISSA DE OLIVEIRA DINIZ
SORAIA DOS SANTOS SILVA

O PROTAGONISMO DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA ÀS VÍTIMAS DE


ESCALPELAMENTO: uma revisão da literatura

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


ao Curso de Enfermagem, do Centro de
Ciências Biológicas e da Saúde da Unama,
como requisito parcial para obtenção do grau de
Enfermeiro, orientado pelo Prof. Octávio
Augusto Barbosa Mendonça.

BELÉM
2022
JESSICA LIZANDRA SOUZA DOS SANTOS
LARISSA DE OLIVEIRA DINIZ
SORAIA DOS SANTOS SILVA

O PROTAGONISMO DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA ÀS VÍTIMAS DE


ESCALPELAMENTO: uma revisão da literatura

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


ao Curso de Enfermagem, do Centro de
Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da
Universidade da Amazônia (UNAMA), como
requisito para obtenção do título de Bacharel em
Enfermagem, orientado pelo profº Octávio
Augusto Barbosa Mendonça.

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________
Prof. Octávio Augusto Barbosa Mendonça - Presidente
UNAMA

______________________________________
Karina de Souza Gama Pantoja - Enfermeira

______________________________________
Leidiane de Jesus da Costa Santos - Enfermeira

Data: 20 /12/2022

BELÉM
2022
AGRADECIMENTOS

Agradeço e dedico o sucesso dessa vitória a Deus que foi meu alicerce e sempre
renovou minhas esperanças principalmente nos momentos mais difíceis.
Agradeço aos meus pais, Heliana e Ronaldo, que foram os maiores incentivadores
para que esse sonho se tornasse realidade, que acreditaram em mim até mesmo quando eu
não acreditava.
Agradeço às minhas irmãs, Anne e Thifanny e ao meu namorado, Felipe, que
estiveram ao meu lado apoiando-me e incentivando-me em diversos momentos desta
jornada, e aos meus familiares e amigos que sempre torceram por mim.
Agradeço a todos os mestres que fizeram parte da minha trajetória e aos que
contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho, em especial o professor Octávio
Augusto Barbosa Mendonça e a professora Rita do Socorro Ribeiro Quaresma Oliveira,
que tornaram possível a finalização deste TCC, nos dando suporte e nos orientando nas
correções, e as minhas colegas de curso Larissa e Soraia que estiveram comigo nesta
caminhada.
Por fim, agradeço a todos aqueles que compartilharam meus ideais e encorajaram-
me a prosseguir diante dos obstáculos.

Jessica Lizandra Souza dos Santos


AGRADECIMENTOS

Não tenho como falar em agradecer sem pensar em Deus, ele foi meu alicerce e
minha força para nunca desistir, meu coração transborda de gratidão à ele.
Agradeço à minha amada filha, Rafaela Diniz, pois ela foi o meu maior motivo de
tudo, por ela e minha família fui até o fim.
Ao meu esposo, Rafael Diniz, que viveu esse sonho comigo, sempre ao meu lado,
foi meu companheiro em todos os sentidos e nunca desistiu de mim.
À minha mãe, Mônica Rodrigues, por sempre me apoiar, confiar e acreditar em
mim. Seu amor e seus ensinamentos me fizeram ser quem sou.
Às minhas colegas de equipe deste trabalho, por toda dedicação e parceria que
tiveram para que pudéssemos concluí-lo.
Aos familiares e amigos que torceram tanto para que eu conquistasse
mais esse objetivo em minha vida.
A todos vocês, minha eterna gratidão!

Larissa de Oliveira Diniz


AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ser meu refúgio e amparo nos momentos difíceis.

A minha mãe em especial por ser a minha motivação e incentivo diário para
continuar em busca dos meus sonhos.

A minha família por todo apoio prestado durante esse processo.

Agradeço também as minhas colegas de curso Jessica e Larissa pela parceria e


comprometimento com este trabalho.

Soraia dos Santos Silva


“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana,
seja apenas outra alma humana.”.

Carl G. Jung.
RESUMO

Este estudo teve como objetivo analisar a importância da assistência do enfermeiro nos
casos de pacientes vítimas de escalpelamento. Foi do tipo descritivo, com abordagem
qualitativa e foi efetuado por meio de uma pesquisa integrativa de literatura, na Base de
Dados de Enfermagem (BDEnf) e posteriormente nas plataformas de dados Scientific
Electronic Library Online (SciELO), Google Schoolar e da Literatura Latino-Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). A busca se realizou com base em eixos e
palavras-chaves. Para a pesquisa nos bancos de dados, foram utilizados operadores
booleanos OR para relacionar as palavras-chave de cada eixo; operadores AND para
interligar os eixos. Foram incluídos trabalhos que relacionam o protagonismo do
enfermeiro na assistência às vítimas de escalpelamento; artigos e monografias publicados
entre 2012 e 2022 em português; livros ou capítulos de livros. A coleta de dados foi
realizada por meio de um formulário, com objetivo de reunir o maior número expressivo
de estudos acerca do cuidado do enfermeiro nos casos de escalpelamento. Trouxe como
benefício a contribuição para a literatura de enfermagem, bem como, um maior número
de informações acerca do escalpelamento e das ações implementadas pelos enfermeiros.
Os resultados foram encaminhados para apreciação de comissões científicas de eventos
científicos, assim como de publicações científicas para divulgação.
ABSTRACT
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Eixos e palavras-chaves


Quadro 2 Critério de inclusão e exclusão
Quadro 3 Análise de conteúdo dos artigos estudados
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Representação de escalpelamento por eixo de motor


Figura 2 Representação de escalpelamento parcial
Figura 3 Representação de escalpelamento total
Figura 4 Representação de embarcação com eixo do motor sem proteção
Figura 5 Fluxograma de análise de Bardin
Figura 6 Diagrama de fluxo de seleção método PRISMA
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5
1.1 TEMA DO ESTUDO ................................................................................................. 5
1.2 JUSTIFICATIVA E PROBLEMA DA PESQUISA .................................................. 8
1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 10
1.3.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 10
1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 10
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................... 11
3 MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................... 18
3.1 TIPO E ABORDAGEM DA PESQUISA.................................................................... 18
3.2 FONTE E PERÍODO................................................................................................... 19
3.3 AMOSTRAGEM.......................................................................................................... 19
3.3.1 Critérios de inclusão................................................................................................ 19
3.3.2 Critérios de exclusão............................................................................................... 20
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS........................................................ 20
3.4.1 Instrumentos............................................................................................................ 21
3.5 ASPECTOS ÉTICOS................................................................................................... 22
3.6 ANÁLISE DE DADOS............................................................................................... 22
4 RESULTADOS ............................................................................................................. 24
4.1 Análise de conteúdo .................................................................................................... 24
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................................... 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 35
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 36
APÊNDICE A - Orçamento ............................................................................................ 40
APÊNDICE B - Cronograma........................................................................................... 41
APÊNDICE C – Formulário URSI.................................................................................. 42
5

1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA DO ESTUDO


 
Para melhor compreender o objeto desta pesquisa, é necessário esclarecer a origem da
palavra escalpelamento, visto que, ela é que norteia todo o estudo em questão e que deriva do
inglês SCALP, que pode ser associado as palavras “Skin (pele), tecido subcutâneo, camada de
músculo aponeurótico e pericrânio” (MAGNO, et al, 2012, p. 1). Apreende-se, a partir desse
primeiro conceito, que o “escalp” está ligado à camada mais interna do crânio, suscitando
maior atenção aos assuntos relacionados a ele. De acordo com Magno, et al, (2012), a lesão
que envolve o crânio é considerada grave porque abarca fatores vitais e deixa diversas marcas
na vida de quem é acometido por acidentes como o escalpelamento, que é uma:

[...] lesão traumática decorrente de uma brusca tração seguida da avulsão do couro
cabeludo (escalpe), a força de tensão e a firme aderência à pele fazem com que o
couro cabeludo seja arrancado ao nível da camada sub-aponeurótica (tecido areolar
frouxo), que é bastante vascularizada, gerando hemorragia intensa e que pode levar
ao estado de choque além de acarretar para as vítimas diversas sequelas físicas,
psicológicas e sociais (MAGNO, et al, 2012, p. 1).

Figura 1: Escalpelamento por eixo de motor

Fonte: Moraes et al., 2015.

Na região amazônica, especialmente nas comunidades ribeirinhas, esse acidente


costuma acontecer com certa frequência, pois, a maioria dos habitantes destas localidades
utilizam o rio como principal via de locomoção. Para realizar essa mobilidade, é utilizada uma
embarcação motorizada denominada, popularmente, como “rabeta”, cuja mecânica é feita de
forma rudimentar, uma vez que, permite com que o motor esteja amostra na parte central do
barco como estratégia de estabilização dele nos rios, a distância que separa o motor da hélice
6

é feita através de um eixo longitudinal que fica totalmente exposto, girando com velocidade
de 2.500 rotações por minuto com força de tração elevada (ALMEIDA, 2016).
Há duas classificações para esse tipo de acidente, escalpelamento parcial quando
atinge somente os tecidos moles (localizados entre a epiderme e as vísceras, como: os vasos
sanguíneos, os vasos linfáticos, músculos, tendões, revestimentos das articulações e
tecidos gordurosos) e o total quando há exposição dos ossos da calota craniana e onde uma
parte ou um todo da abóbada se separa do couro cabeludo. Quando se trata de escalpelamento
total, envolverá outras estruturas, dado o grau do acidente, como: pálpebras, orelhas e pele da
testa (MAGNO, et al., 2012).

Figura 2: Escalpelamento parcial Figura 3: Escalpelamento total

Fonte: Marinha do Brasil, 2015. Fonte: Marinha do Brasil, 2015.

Para que a tragédia se materialize, basta o contato dos fios capilares com o eixo que
pode ocorrer, “quando a pessoa que está com os cabelos soltos ou de forma presa inadequada
abaixa-se para retirar a água acumulada dentro da embarcação ou para pegar algum objeto no
assoalho do barco localizado perto do eixo do motor” (BRAGA, et al, 2016, p.3).
A velocidade com a qual o eixo funciona e sua forte rotação ininterrupta, garantem a
violência do acidente, pois, quando os cabelos se entrelaçam a ele, o resultado imediato é a
extração brusca de toda ou parte do couro cabeludo, envolvendo desde as orelhas até as áreas
do pescoço, culminando com deformações graves e até mesmo a morte (SILVA, et al, 2017).
Muitas dessas embarcações não possuem e/ou não propiciam aos usuários, segurança e
qualidade no transporte. Isso porque, a maioria delas são construídas pelos próprios
ribeirinhos de maneira artesanal, ou seja, não há a preocupação de, no momento da
construção, pensar em dispositivos que viabilizem a segurança e o conforto do passageiro,
seja por falta de recursos financeiros ou de conhecimento técnico naval.
7

Deste modo, o escalpelamento é definido como “um trauma causado por avulsão
parcial ou total do couro cabeludo, decorrente, principalmente, de contato acidental dos
cabelos longos com motor de eixo rotativo (CUNHA et al., 2012 apud MARTINS; SILVA,
2013, p. 341). Como já mencionado, esse tipo de acidente acontece, majoritariamente, com
ribeirinhos, uma vez que, são eles os que mais se utilizam desse meio de transporte para
transitar entre os rios amazônicos. Essa ocorrência começou a ganhar destaque em meados da
década de 70, “quando os barcos à vela foram sendo substituídos por barcos com eixo de
motor rotativo” (MAGNO, et al, 2012, p. 1).

Figura 4: Embarcação com eixo do motor sem proteção

Fonte: Castro, 2008.

A partir de então, as incidências passaram a ser mais frequentes, o que fez com que o
Hospital Santa Casa de Misericórdia do Pará (HSCMP) traçasse um perfil epidemiológico das
vítimas atendidas pela referida instituição entre os anos de 2001 a 2010, de onde se constatou
que a maioria das vítimas desenvolveu outros problemas de saúde, como o comprometimento
hemodinâmico, dor intensa, surgimento secundário de mialgias, edema e hematomas na
região facial, bem como, limitação dos movimentos na citada região, além de dores intensas
no pescoço e cinturas escapulares (CUNHA, et al, 2012).
As vítimas desse tipo de tragédia enfrentam adversas sequelas pelo resto da vida,
danos neurológicos como a possível perda da visão e da audição, podem ser irreversíveis e
algumas delas também tendem a sofrer de cefaléias constantes. Adiciona-se a isso as sequelas
psicológicas, resultado de uma rotina de agravos psíquicos e sociais, o que contribui para o
prejuízo de sua autoestima e consequentemente à sua autoimagem, ao humor e às relações
afetivas, além de contribuir para alterar o ambiente e a economia familiar (FERREIRA, et al,
2014).
Considerando as sequelas deixadas pelo acidente, cabe buscar analisar o papel do
enfermeiro diante da assistência à vítima, quais são os procedimentos utilizados por ele, posto
8

que, os procedimentos cirúrgicos são diversos e envolvem para a correção dos defeitos no
escalpo:
[...] a perfuração da tábua externa, enxertos de pele, retalhos locais de couro
cabeludo, sendo que o melhor método para reconstrução deve ser considerado com
base na etiologia, localização e período de tratamento. Para uma melhor obtenção do
resultado no tratamento, podem ser utilizados expansores teciduais, que fornece pele
local para melhor cobertura da área de alopecia (FRANCIOSI et al., 2010, p. 1,
apud SILVA, 2013, p. 342).

As formas de tratamento envolvem a aplicação medicamentosa de analgésicos e


antibióticos, bem como, acompanhamento com outros profissionais como terapeutas,
psicólogos, fisioterapeutas, dentre outros. O acompanhamento com o enfermeiro culmina com
a administração de cuidados que perpassam ao cuidado da dor.
As maiores vítimas deste tipo de acidente são mulheres e crianças, que se sentam
próximo ao eixo do motor durante a viagem. Ao menor descuido, elas têm seus cabelos
enroscados ao mecanismo e, posteriormente, arrancados pela violência com que o motor
trabalha, causando sérias deformações e até a morte. As meninas e mulheres são as que mais
sofrem com esse desastre, pois, os aspectos psicológicos, físicos e emocionais são fortemente
atingidos, o que influencia diretamente na sua qualidade de vida.

1.2 JUSTIFICATIVA E PROBLEMA DA PESQUISA

De acordo com a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR), 93% das
ocorrências de escalpelamento da região amazônica atingem principalmente as mulheres.
Sendo 65% crianças, 30% adultos e 5% idosos.
Muitas vítimas têm o quadro considerado grave, devido à grande perda de sangue
sofrem choque hipovolêmico e ficam inconscientes. Dessa forma, necessitam de cuidados
intensivos, como assistência hospitalar de média e alta complexidade. Esse trajeto é muito
difícil e, muitas vezes, inexistente, dependendo de onde houve o acidente, o que acarreta a
subnotificação dos casos; e dos óbitos por escalpelamento nos rios da Amazônia, onde as
distâncias são continentais, como no caso do estado do Pará. (GUIMARÃES, 2012.p 70).
Portanto, o objetivo deste trabalho é o de proporcionar à literatura, a reunião de
estudos acerca do escalpelamento na Amazônia e a atuação do enfermeiro frente a essa
ocorrência traumática. Por ser um acidente de grandes proporções que envolve diferentes
dores, devido, na maioria das vezes, ter como primeira consequência a exposição da calota
craniana que desencadeia outros diferentes tipos de problemas, como a necrose isquêmica,
9

sequestração óssea, cefaleia tensional, hemorragia intensa e outros, a assistência da


enfermagem se faz imprescindível no desenvolvimento dos diferentes tipos de tratamento.
Esse questionamento e investigação se faz necessário, devido a importância desse
profissional no processo do cuidado e assistência médica diante da complexidade dos
ferimentos que requerem um tratamento minucioso e longo, com uma sequência de cirurgias
também diversificadas, que necessitam de maior atenção e especialidade, como é o caso “dos
curativos, que é de extrema competência e responsabilidade do enfermeiro” (ANBAR, 2010).
Os procedimentos cirúrgicos utilizados para o caso em questão, envolvem a
“trepanação, quando há a exposição da calota craniana; a enxertia, quando o couro cabeludo é
arrancado; colocação de expansor nos casos de escalpelamento parcial ou necessidade de
restruturação de pele do rosto, pescoço, ombros ou perna” (MATOS, et al, 2013, p. 219).
Estes são considerados os principais, há outros que também fazem parte do processo, no
entanto, esses são os mais realizados na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará
(FSCMPA).
Em consideração aos outros procedimentos, deve-se observar fatores como a idade,
necessidade de cada ocorrência, condições econômicas, pois, devido aos custos elevados em
comparecer a cada consulta e/ou realizar exames em Belém, muitos familiares desistem do
tratamento e apenas optam por realizar os procedimentos que envolvam a cicatrização do
couro cabeludo, não dando prosseguimento aos outros que envolvem a estética, o psicológico
e etc.
Nesse sentido, o tratamento para esse acidente específico, contém uma certa
complicação, pois, a exigência de uma equipe multiprofissional é indispensável devido à alta
complexidade das marcas trazidas pela violência com a qual ocorreu o desastre, sendo que
aspectos psicológicos, emocionais, funcionais, socioeconômicos e culturais estão inseridos na
teia que forma a terapêutica. Além de também exigir do hospital, base de apoio com recursos
técnicos, profissionais e de aparelhamento que possa atender o paciente de acordo com o grau
de complexidade que apresenta quando der entrada para ser atendido.
Sendo por isso e considerando os aspectos regionais, socioeconômicos e culturais do
Estado do Pará, uma vez que, a maioria das vítimas desse tipo de acidentes são ribeirinhos,
com poucas condições econômicas e por vezes, com baixo grau de escolaridade, a Santa Casa
de Misericórdia passou, em 2002, a ser considerada referência no atendimento hospitalar e
tratamento às vítimas, constituindo assim, em 2006, um projeto denominado “Programa de
Atenção Integral às Vítimas de Escalpelamento (PAIVES)” que funciona em parceria com a
Universidade do Estado do Pará e tem suas ações baseadas no atendimento interdisciplinar,
10

onde vários outros ramos profissionais, como a Enfermagem, Serviço Social, Psicologia,
Medicina, entre outros, estão inseridos para melhor atender, cuidar e acompanhar os pacientes
no processo pós-traumático (FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ,
2008).

Além da PAIVES, a Santa Casa também disponibiliza o “Espaço Acolher”, ambiente


destinado às vítimas e seus familiares, que os abriga provisoriamente durante o período de
tratamento na capital, disponibilizando apoio social integral e equipe multiprofissional.
É preciso o avançar dos estudos científicos, para aprimorar o conhecimento dos
profissionais de saúde que irão cuidar e dar assistência à essas vítimas, visando a melhora na
qualidade de vida dessas pessoas, proporcionando além do cuidado, a conscientização da
sociedade, o respeito e a compreensão. Ainda que o escalpelamento seja uma tragédia muito
incidente na região Amazônica e que medidas preventivas sejam adotadas, o restante da
população brasileira desconhece tal problema, portanto fica claro a necessidade de
conhecimento e estudos acerca do tema em questão.
Diante do exposto, surge o seguinte questionamento: como se dá o protagonismo do
enfermeiro na assistência às pacientes vítimas de escalpelamento?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Conhecer o protagonismo do enfermeiro nos casos de mulheres e crianças vítimas de


escalpelamento a partir das evidencias científicas.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Verificar as ações adotadas pelos enfermeiros na assistência às vítimas de


escalpelamento;
b) Compreender as implicações dos cuidados para a qualidade de vida das pacientes
pós-trauma;
c) Identificar as formas de prevenção para evitar as ocorrências de escalpelamento.
11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 MULHERES E CRIANÇAS RIBEIRINHAS DA AMAZÔNIA

O escalpelamento na região amazônica é um acontecimento que passou a ganhar


notoriedade a partir dos diversos acidentes envolvendo a “rabeta”, que é o principal meio de
transporte dos rios que cortam os diferentes estados e os municípios desta região. Essas
embarcações são construídas de maneira rudimentar e contam com o auxílio de um motor
(posicionado ao centro da canoa, como forma de equilibrá-la) para diminuir o tempo de
deslocamento entre locais diferentes, porém, o perigo reside na posição na qual esse artefato é
colocado (SANTOS, 2017).
No Estado do Pará, as ocorrências envolvendo acidente com motor são recorrentes,
pois, a maioria das pessoas residentes às margens dos rios ou em localidades distantes,
utilizam essa embarcação como fonte de renda e sobrevivência. De acordo com Magno, et al,
(2012), esses acontecimentos passaram a fazer parte da realidade paraense (amazônica), a
partir do momento em que as velas dos barcos passaram a ser substituídas pelos motores
rotativos em meados da década de 70.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), 16 casos
ocorreram em 2021, o maior número registrado em uma década. Em janeiro deste ano foram
duas ocorrências. Nos últimos dez anos foram 103 casos registrados no Estado e um óbito no
ano de 2015 (G1 PARÁ, 2022). 
O acidente se consolida em embarcações que não possuem qualquer tipo de proteção do
eixo dos motores e das hélices, somados às condições do mar e/ou rio que acabam, quase
sempre, alagando o interior das canoas, fazendo com que os passageiros retirem o excesso da
água e “ao se aproximar do eixo, jovens e crianças do Pará são sugadas e tem o couro
cabeludo arrancado. Isso leva a deformações graves, traumas psicológicos e até a morte”
(SANTOS, 2017, p. 21).
É claro que esses acidentes se tornaram mais frequentes entre os ribeirinhos devido às
necessidades existentes no cotidiano deles e também, a distância de alguns municípios do
centro urbano de Belém, capital do Pará. Nesse sentido, pode-se afirmar que as comunidades
ribeirinhas:

[...] constituem grupos populacionais que ainda hoje preservam características


peculiares de vida. Os ribeirinhos são homens, mulheres e crianças que nascem e
vivem à beira dos rios, estabelecendo uma relação bem particular com a natureza,
12

tendo o rio como meio de satisfação de suas necessidades materiais, e ao mesmo


tempo, de construção de simbologias de vida e cultura (MATOS, 2013 p. 27717
apud MATOS, 2008).

Como já explicitado, a maioria das vítimas do escalpelamento são residentes de


comunidades distantes e só encontram tratamento apropriado e satisfatório na capital
paraense, especificamente no Hospital Santa Casa de Misericórdia do Pará. Os ferimentos
provocados pelo acidente, envolvem a extração no “todo ou parte do escalpo, orelhas,
sobrancelhas, uma enorme parte da pele do rosto e do pescoço” (SANTOS, 2017, p. 21).
Os ferimentos podem evoluir e/ou desencadear outros problemas de saúde que tornam a
vida do doente muito mais complicada, posto que, os tratamentos passam a ser longos e a
terapêutica quase sempre acontece distante da casa do paciente. De acordo com Cunha e Rosa
(2016), os problemas causados pelo escalpelamento envolvem três esferas, as quais são: a
física, emocional e social, cuja especificidade é:

[...] Físicas: alopecia, perda da visão, pálpebras e pavilhão auricular; Emocionais: a


baixa autoestima, medo da morte, saudade da família; Sociais: o afastamento da
escola e do convívio familiar devido ao longo período de internação (CUNHA;
ROSA, 2016, p.15).

No âmbito social, de acordo com Cunha e Rosa (2016), as vítimas costumam se afastar
de familiares, amigos e demais pessoas próximas, além de deixar de frequentar lugares
públicos como a escola por exemplo. Esse afastamento acaba repercutindo na saúde mental do
paciente, que desenvolve, entre outras doenças, ansiedade, depressão e outros medos que o
rodeiam constantemente.
A prática da enfermagem está em cuidar, ela se realiza no preocupar-se com o outro e
adotar os meios necessários para deixá-lo melhor, através da comunicação que pode ser verbal
ou não-verbal “através da conversa, do toque, com a intenção de transmitir tranquilidade,
carinho, conforto, segurança, atenção e bem-estar [...] para prestar uma assistência de
qualidade (BAGGIO; FORMAGGIO, 2007 apud CUNHA; ROSA, 2016, p.19).
Nesse sentido, o que se busca compreender é como e qual a importância da enfermagem
no processo de cuidado das pacientes vítimas de escalpelamento, uma vez que, os quadros
clínicos e emocionais do doente são extremamente delicados e necessitam de cuidados
específicos, além de técnicas e instrumentos profissionais direcionados à diminuição da dor.
13

2.2 TRAUMAS E SEQUELAS

O escalpelamento é visto como uma tragédia de grandes proporções, pois afeta a


pessoa de várias formas, não só física, mas psicológica, social e economicamente, quando
esse tipo de acidente ocorre afeta não somente a vítima, mas também os familiares e amigos.
Os procedimentos pós-trauma são árduos, a internação dura meses e os pacientes são
submetidos a procedimentos muito dolorosos. As sequelas causadas vão além da perda do
couro cabeludo, alguns pacientes podem apresentar, hemorragia grave, possível exposição da
calota craniana, cefaléias constantes, infecção, perda das sobrancelhas, pálpebras, pavilhão
auricular, cegueira e em casos severos pode levar ao óbito (BECKMAN; SANTOS, 2004;
CUNHA et al., MAGNO et al., 2012).
Em razão da seriedade do acidente, o tratamento é rigoroso e pode durar meses e em
muitos casos pode durar anos, são várias etapas que necessitam de curativos e cirurgias
constantes (ANBAR, 2010).
As sequelas provocadas pós-trauma podem perdurar pelo resto da vida dessas
pacientes, gerando mudanças que ultrapassam o limite da dor física e geram principalmente
problemas emocionais, pois, a percepção corporal muda, visto que lhes é tirado o cabelo e
assim, o retrato da feminilidade acaba sendo deixado de lado e dá lugar a baixa autoestima
(CARDOSO; ARAUJO 2020).
Devido à duração e ao estresse do tratamento, ao distanciamento do lar e ao abandono
das atividades diárias, as vítimas ficam fragilizadas e inseguras, o que contribui para o quadro
de depressão, comprometendo a socialização e a inclusão social, além de enfrentar também o
preconceito (BECKMAN; SANTOS, 2004; CUNHA et al., MAGNO et al., 2012).
O processo de internação acaba interferindo na renda econômica familiar, uma vez
que, somente na capital do estado é possível a recuperação e o tratamento, e como muitas
vezes as vítimas são crianças, devem ser acompanhadas dos pais, que se ausentam dos locais
de trabalho, e acabam dependendo da ajuda financeira de outras pessoas (BECKMAN;
SANTOS, 2004).

2.3 TRATAMENTO E IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM

Por conta das gravidades das lesões e o tempo de tratamento que pode levar de quatro
meses a um ano, o escalpelamento requer cuidados específicos que demandam além de
curativos constantes e medicamentos, cirurgias periódicas que são feitas ao longo de anos
14

dependendo do quadro clínico apresentado. O tratamento medicamentoso consiste em


antibioticoterapia, junto a analgésicos e a vacina antitetânica. Os antibióticos mais utilizados
são as penicilinas e cefalosporinas de primeira e segunda geração, e se, em alguns casos
podem ser necessário a transfusão sanguínea (BECKMAN; SANTOS, 2004; CUNHA et al.,
2012).
Em relação aos procedimentos cirúrgicos que podem ser necessários, há o curativo
cirúrgico que consiste na limpeza das feridas e evita infecções; trepanação que é um método
onde são realizados pequenos furos no crânio, preciso quando o osso é exposto, necessários
para o início do processo de cicatrização; enxertia que é a retirada da pele de um local do
corpo para cobrir a lesão; expansores que são balões de silicone composto por soro fisiológico
preenchidos em determinados espaços de tempos, aumentando a pele da região para serem
usadas para cobrir as áreas lesionadas; retalhos que é o processo no qual são retirados pedaços
do próprio couro cabeludo para o local que sofreu a lesão (ANBAR, 2010).
É imprescindível a capacitação de uma equipe multiprofissional no acolhimento e
assistência à essas vítimas, o profissional de enfermagem tem influência direta nesse apoio e
deve possuir as habilidades e competências necessárias, uma vez que, tem grande relevância,
agindo na prevenção, organizando palestras sobre os riscos do acidente e os cuidados
necessários diante do mesmo, bem como, na assistência direta aos pacientes, com o intuito de
minimizar os possíveis transtornos causados pelo ocorrido e as complicações oriundas pelo
mesmo. Para que a equipe esteja preparada para oferecer uma assistência de qualidade por ser
o suporte na sistematização, é indispensável seguir protocolos de atendimento com os
cuidados fundamentais a serem desenvolvidos às pacientes por se tratar de um problema de
grandes proporções.
Diante dos cuidados necessários que a tragédia necessita, o enfermeiro exerce um
cuidado integral durante a recuperação das pacientes, criando um vínculo com intuito de
auxiliar na evolução e aceitação de sua condição atual, para isso, deve estar pautado em uma
perspectiva interdisciplinar e humanizada.

2.4 MEDIDAS PREVENTIVAS

As ocorrências podem ser evitadas com uma medida preventiva simples, a Lei
11.970/2009 determina a instalação de uma cobertura nas partes móveis dos motores
marítimos. A Marinha do Brasil fornece e instala gratuitamente a proteção do motor através
das Capitanias dos Portos. No entanto, são necessárias inspeções mais rigorosas para cumprir
15

a lei, bem como ações mais intensas de conscientização da população para a prevenção dos
acidentes (OESTADONET, 2021).
Em 2021, nos rios paraenses, foram registrados 11 casos. Três a mais que no ano
anterior, quando a Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESPA), registrou 8 casos. A
coordenadora estadual de Saúde Indígena e Populações Tradicionais, Tatiany Peralta, explica
que embora a SESPA tenha realizado ações educativas em parceria com a Comissão Estadual
de Enfrentamento aos Acidentes com Escalpelamento (CEEAE), formada por diversos
órgãos, incluindo a Marinha do Brasil, os incidentes continuam a ocorrer (OESTADONET,
2021).
Além da carenagem oferecida para cobrir os eixos dos motores há a realização de
campanhas e demais ações públicas que visam conscientizar os proprietários das embarcações
a adotarem os métodos de proteção. Geralmente, os municípios que têm um número
expressivo desse acidente, realiza parceria com a Marinha do Brasil e a Capitania dos Portos
para realizar as campanhas de conscientização. Assim, o que se percebe é que há, direta ou
indiretamente, parceria entre ações governamentais para que se possa atingir um objetivo
maior (PINHEIRO, 2021).
Outras ações que são divulgadas como forma de evitar a tragédia, é manter os cabelos
totalmente presos, não sentar próximo ao eixo da embarcação (mesmo ele estando coberto),
ter um cuidado maior com a utilização de colares e demais adereços que possam se prender ao
motor e não armar rede nas proximidades do eixo (AGÊNCIA PARÁ, 2015).

2.5 MOTIVOS QUE CONTRIBUEM PARA A OCORRÊNCIA DOS ACIDENTES

Desinformação, falta de conscientização e fiscalização, são fortes razões que


despontam para a prevalência de escalpelamento. A falta de conscientização dos donos das
embarcações é um fator predominante que tem acarretado para a ocorrência de acidentes com
escalpelamento, pois, a Marinha do Brasil oferece e instala o dispositivo de segurança de
proteção dos motores através das capitanias dos portos sem custo algum para os barqueiros,
ainda sim, muitas embarcações continuam a navegar sem eles (MAGALHÃES, 2021).
Por outro lado, alguns barqueiros justificam que, um problema que eles enfrentam é a
invasão de piratas dos rios, que são um ameaça direta ao seu meio de locomoção e
subsistência, visto que, quando o barco não possui o dispositivo de segurança, assim que
terminam de utilizá-los eles retiram o eixo e o motor, impossibilitando que os piratas os
roubem, e uma vez que os barcos possuam a carenagem a retirada do eixo e do motor é
16

impossível, dessa forma os piratas levam o barco, lhes causando grande prejuízo
(MAGALHÃES, 2021).
Ainda que A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (SEGUP)
disponibilize as viaturas aquáticas para evitar os crimes ocorridos nos meios fluviais, uma boa
alternativa para evitar esses roubos seria o investimento dos estados em locais onde os donos
das embarcações pudessem guardar seus barcos com segurança e sem preocupações.
A carência de divulgação acerca da temática através dos meios de comunicação, como
forma de prevenção, também é condição favorável para a ocorrência dos acidentes, se
tornando um assunto pouco debatido pela população em geral e nos cursos de graduação,
principalmente no de enfermagem (CUNHA et al., 2012).
Assim como exposto por Motizuki, L. e Motizuki, C., (2015), ainda que haja políticas
direcionadas à prevenção do escalpelamento, é possível observar o considerável número de
casos existentes e, além disso, a falta de estudos voltados para essa temática é pequeno,
consequentemente, insuficiente na utilização como ferramenta de conhecimento dos
profissionais de saúde, o que torna um problema distante de ter uma solução efetiva.

2.6 ATENÇÃO DO ENFERMEIRO AOS ASPECTOS EMOCIONAIS DAS VÍTIMAS DE


ESCALPELAMENTO

Para quem sofreu o acidente o processo de recuperação se torna um percurso infinito,


diante dos riscos provocados pelo escalpelamento, as sequelas deixadas são motivos de
imensa dor física que sensibiliza evidentemente a sua autoestima. As marcas consequentes de
grandes avulsões resultam em deformações estéticas irreparáveis, com repercussões
psicológicas, funcionais e sociais importantes, trazendo sofrimento exorbitante com efeito a
curto, médio e longo prazo (GUIMARÃES, 2012 apud MOTA, 2000).
As alterações psicossociais e físicas que as vítimas do escalpelamento sofrem são
muitas, é uma nova realidade que requer adaptação. Um novo cotidiano ao qual são
submetidas, necessita de alguns cuidados específicos e pouco esforço físico. Muitas se sentem
pressionadas a largar suas atividades diárias, devido às restrições médicas e pela
discriminação em torno das marcas desencadeadas pelo acidente, evitando assim locais
públicos (SILVA; BARROSO, 2013).
Em certos casos o receio da exposição e discriminação é tão grande, que muitas optam
por se isolar da convivência social. A falta de incentivo é uma das causas indicadas por essas
vítimas para o isolamento (SILVA; BARROSO, 2013).
17

De acordo com Carvalho (2013), todas as modificações sofridas pelas vítimas diante
das dificuldades impostas por essa nova realidade, comprometem claramente a sua qualidade
de vida. Sentimentos como rejeição, tristeza, abandono, medo e vergonha são constantemente
evidenciados.
O escalpelamento provoca ainda inúmeras sequelas psíquicas que advêm durante o
tratamento e persistem por toda a vida, dentre elas, a autoestima e a deturpação da imagem
corporal que se apresenta devido às cicatrizes e perda do cabelo provocado pelo acidente.
Demonstram ainda medo, principalmente da morte, e saudade familiar, pois se afastam do
meio social por um extenso período (GOMES et al., 2018).
A assistência voltada à essas pacientes requer demandas específicas e adequadas, o
profissional de enfermagem deve subsidiar quanto as necessidades de cada paciente de forma
humanizada, atentando-se para as sequelas funcionais e estéticas e as mudanças relacionados
aos diversos tipos de incapacidades e alterações da identidade pessoal, das condições físicas e
psicológicas e do âmbito social (TEIXEIRA et al., 2017).
A atenção do enfermeiro exige um cuidado integral e de maneira singular, cada
paciente demanda um atendimento específico diante da sua história de vida e particularidades,
apesar de cada uma compartilhar dos mesmos sentimentos. Mais do que orientações sobre o
tratamento e o autocuidado, essas pacientes necessitam de acompanhamento especial em
razão de todas as sequelas oriundas do trauma, os sentimentos manifestados por elas são
vastos e preocupantes, portando, o enfermeiro se torna um profissional indispensável no
tratamento das vítimas de escalpelamento, tanto individualmente bem como integrante da
equipe multiprofissional, deve estar atento as especificidades de cada paciente e possuir um
olhar sensível para lidar com essas pacientes e ajuda-las a enfrentar a realidade (TEIXEIRA et
al., 2017).
18

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1. TIPO E ABORDAGEM DA PESQUISA


 
Este estudo foi do tipo descritivo, com abordagem qualitativa e se classifica como
sendo uma revisão integrativa da literatura, que objetivou apresentar uma revisão de literatura
acerca da atuação da enfermagem na assistência às vítimas de escalpelamento. Esse método
tem como finalidade reunir e sintetizar estudos sobre a temática em questão ou que versam, de
maneira geral, sobre o assunto principal.
De acordo com Souza, Silva e Carvalho (2010) esse tipo de revisão de literatura é
dividido em seis etapas:
3.1.1 1ª fase: definição das questões norteadoras, que determinarão quais estudos
serão incluídos, os métodos adotados para identificação e as informações coletadas;
3.1.2 2ª fase: busca na base de dados, onde os estudos escolhidos devem ter dados
amplos e variados para fornecer um cruzamento de dados mais minucioso. Essa fase inclui
pesquisas em várias bases de dados que garantam a confiabilidade da pesquisa;
3.1.3 3ª fase: corresponde a coleta de dados, realizada por meio de um instrumento que
assegure a totalidade dos dados relevantes para eliminar possíveis falhas na transcrição. Esse
instrumento deve auxiliar para a precisão na checagem das informações e servir como
registro;
3.1.4 4ª fase: consiste na análise rigorosa dos estudos incluídos, demanda uma
abordagem organizada para ponderar as características de cada estudo. É imprescindível fazer
uma classificação das evidências, de acordo com o planejamento da pesquisa, que é um dos
itens a serem considerados. É classificada em nível 1, meta-análise de múltiplos estudos
controlados; nível 2, evidências obtidas em estudos individuais com delineamento
experimental; nível 3, estudos quase-experimentais; nível 4, estudos descritivos não
experimentais ou com abordagem qualitativa; nível 5 estudos provenientes de relatos de casos
ou de experiência e nível 6 evidências baseadas em opiniões de especialistas;
19

3.1.5 5ª fase: nessa etapa há a discussão dos resultados e ocorre após a interpretação e
síntese dos mesmos. Nela comparam-se os dados dos artigos estudados ao referencial teórico,
e é possível identificar através dessa etapa as lacunas que podem embasar futuras pesquisas;
3.1.6 6ª fase: essa fase contempla a apresentação da revisão integrativa, que possa
possibilitar ao leitor uma avaliação crítica dos resultados, deve conter informações claras e
detalhadas.
  
3.2 FONTE E PERÍODO

A busca dos textos aconteceu nas plataformas de pesquisa, primeiramente na Base de


Dados de Enfermagem (BDEnf) e posteriormente nas plataformas de dados Scientific
Electronic Library Online (SciELO), Google Schoolar e da Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), entre os meses de agosto a novembro de 2022.
  
3.3 AMOSTRAGEM 
 
Foi realizada uma revisão integrativa da literatura sobre o protagonismo do enfermeiro
na assistência às vítimas de escalpelamento nos últimos 10 anos nas bases de dados
supracitadas no subcapítulo anterior.

Quadro 1 – Eixos e palavras-chaves

Atenção do enfermeiro
a aspectos emocionais Ocorrência de Tratamento e Importância do
Eixos
dos pacientes vítimas acidentes sequelas enfermeiro
de escalpelamento
Saúde Mental escalpelamento Tratamento Cuidados
Palavras- Integralidade
Acidentes em Assistência
chaves Atenção
embarcações Enfermagem
Sequelas
Fonte: elaboração própria.

Após serem determinados os eixos e as palavras-chaves, foi estruturada as 18


combinações possíveis, através de análise combinatória, em uma planilha no software Excel.
Para a pesquisa nos bancos de dados, foram utilizados operadores booleanos OR para
relacionar as palavras-chave de cada eixo; operadores AND para interligar os 4 eixos. Como
exemplo de uma combinação, tem-se: (“saúde mental” e “escalpelamento” ou “tratamento” e
20

“Cuidados”). Para pesquisar no banco de dados da SciELO, BDEnf, Google Schoolar e


LILACS, foram selecionados: “título, resumo e palavras-chave”. Após, realizou-se o
download de cada uma das listagens de retornos no formato Bib Tex e importados no Software
Mendeley Desktop.

 3.3.1 Critérios de Inclusão

Os critérios de inclusão foram: 1) trabalhos que relacionam o protagonismo do


enfermeiro na assistência às vítimas de escalpelamento; 2) artigos originais e monografias,
disponibilizados nas plataformas de dados estipuladas, cuja busca se realizou com os eixos e
palavras-chaves do quadro 1; 3) artigos e monografias publicados no período temporal
compreendido entre 2012 e 2022; 4) artigos e monografias na língua portuguesa; 5) livros ou
capítulos de livros;

3.3.2 Critérios de Exclusão

Critérios de exclusão foram: 1) revisões narrativas assistemáticas; 2) obras publicadas


em idioma diferente da língua portuguesa; 4) não discutiam nenhum dos assuntos
relacionados ao tema principal;

3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 


 
Com os critérios acima estabelecidos, e as combinações, a busca totalizou 24.212
artigos na BDEnf; 18.356 artigos na LILACS, 46.340 artigos na SciELO e 1612 no Google
Schoolar. As importações das combinações no Mendeley Desktop ocorreram individualmente
e com anotações dos registros importados, totalizando 23.698 publicações na base de dados
BDEnf, 18.122 publicações na base de dados LILACS, 45.117 na SciELO e 1.546 estudos na
Google Schoolar.
Posteriormente à importação dos arquivos, foi realizada uma revisão a fim de eliminar
os artigos duplicados; tipos de documentos diversos a artigos científicos publicados em
periódicos, observando os critérios estabelecidos de inclusão e exclusão na busca, totalizando
assim 817 artigos remanescentes no portfólio bibliográfico, para as etapas seguintes de
filtragem.
21

A terceira etapa consistiu inicialmente na leitura direta do total de 817 títulos, realizada
pelos pesquisadores, para selecionar os artigos. Os que não tinham relação direta ou indireta
com a proposta deste atual estudo, eram excluídos. Após as leituras dos títulos, restaram 1
artigo na SciELO, 1 artigo na BDEnf, 6 artigos na LILACS e 13 artigos no Google Schoolar,
o que totalizou 21 artigos.
Para finalizar a seleção dos artigos, foi realizada uma leitura completa dos 21 estudos,
observando os termos de busca e os critérios de inclusão e exclusão apresentados no Quadro
2. Esses novos critérios, estabelecidos, qualitativamente, a partir de uma exploração inicial
dos títulos, serviram para refinar as etapas de filtragem por leitura, parametrizando as decisões
por inclusão ou exclusão de documentos que, embora abarcados pela busca realizada na etapa
de Identificação, efetivamente não apresentassem aderência temática ou metodológica aos
interesses desta pesquisa. Após essa análise, 18 artigos foram selecionados para a leitura do
resumo e prosseguimento rumo à escolha final dos artigos do portfólio bibliográfico.

Quadro 2: critério de inclusão e exclusão

Critérios de inclusão Critérios de exclusão

Atuação da enfermagem com vítimas de Assistência médica ao escalpelamento


escalpelamento

Saúde mental de pessoas acometidas por Trabalhos que não detalham o trabalho com
escalpelamento vítimas de escalpelamento

Sequelas por escalpelamento Questões sociológicas

Tratamento ao escalpelamento Tecnologias


Fonte: elaboração própria.

Excluíram-se as publicações em que o resumo explicitava tratar-se de processos ou


tecnologias não direcionadas ao papel da enfermagem, a aspectos de saúde mental e ao
tratamento frente às vítimas de escalpelamento. A análise detalhada dos resumos auxiliou na
escolha dos artigos, formando as referências de acordo com cada critério, no que tange o
protagonismo do enfermeiro em relação às mulheres vítimas de escalpelamento, totalizando
18 artigos, que foram considerados elegíveis para a presente revisão integrativa. As
discordâncias sobre a inclusão ou não de uma determinada referência foram resolvidas por
meio da discussão de todos os autores da presente revisão.

 
22

3.4.1 Instrumento 
 
O registro da coleta de dados dos estudos foi realizado por meio de um formulário
(Apêndice C), baseado no instrumento validado por Ursi (2005), adaptado às prioridades
deste estudo.
O objetivo do instrumento foi analisar as ações adotadas pelos enfermeiros na
assistência às vítimas, compreender as implicações dos cuidados e evidenciar as formas de
prevenção para evitar as ocorrências de escalpelamento.

3.5 ASPECTOS ÉTICOS 

Este estudo respeitou os direitos autorais dos autores consultados, utilizando as normas
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para citações e referências. Foi
também objetivo deste estudo, contribuir com os conhecimentos técnicos e teóricos sobre a
atuação do profissional de enfermagem acerca dos cuidados direcionados às vítimas de
escalpelamento e assim, acrescentar à literatura essa contribuição.
Essa pesquisa trouxe como benefício a contribuição para a literatura de enfermagem, a
ampliação do conhecimento acerca do escalpelamento e os desdobramentos pelos quais as
vítimas sofrem para obter cuidado e atenção de forma ética e dedicada e a colaboração para o
meio acadêmico na área da enfermagem. As informações extraídas dos textos base, foram
fielmente retratadas neste estudo, pois, respeita-se os fundamentos éticos da pesquisa,
fundamentada pelas normas da ABNT.
Os resultados foram encaminhados para apreciação de comissões científicas de eventos
científicos, assim como de publicações para divulgações científicas e ficaram à disposição no
Repositorivm do site da Universidade da Amazônia.

3.6 ANÁLISE DE DADOS 

Após coletados, os dados qualitativos foram analisados pelo método de análise de


conteúdo (BARDIN, 2016). foram, então, analisados e confrontados com as informações
obtidas na literatura.
23

Figura 5: Fluxograma de análise de Bardin

ANÁLISE DE BARDIN

PRÉ ANÁLISE EXPLORAÇÃO DO MATERIAL TRATAMENTO

A análise das 18 publicações foi realizada lendo-se a introdução, a metodologia e a


conclusão, a fim de identificar se os artigos estavam alinhados com o objetivo de pesquisa.
Assim, o portfólio bibliográfico final contou com 18 artigos para posteriores análises.

Figura 6 - Diagrama de fluxo de seleção método PRISMA

Fonte: Adaptado de Ortiz-Martínez et al. (2019).


24

4 RESULTADOS

4.1 Análise de conteúdo

A síntese dos resultados da pesquisa foi comparada ao referencial teórico,


onde foi possível identificar as evidências sobre o objeto de estudo. Foi realizada
uma pesquisa nas bases de dados por meio de eixos e palavras-chaves.
A análise do conteúdo buscou categorizar os eixos e critérios utilizados para
a tabulação dos artigos usados para futura discussão dos resultados. Acerca dos
resultados da pesquisa, o Quadro 3 apresenta detalhadamente as tecnologias.

QUADRO 3 – ANÁLISE DE CONTEÚDO DOS ARTIGOS ESTUDADOS


Autores e
Eixos teóricos  Título  Resumo 
data 
Atenção do Estudo pautado na revisão bibliográfica tradicional de
enfermeiro a bibliografia publicada no período de 1992 a 2012, guiado
 Possibilidades de
aspectos pela pergunta: quais as possibilidades de atuação da
 Martins & atuação da
emocionais dos enfermagem em situações de escalpelamento? Apesar do
Silva. enfermagem em
pacientes pouco material localizado para análise nesse período, foi
2013. situações de
vítimas de possível conhecer e mostrar as diversas formas de
escalpelamento
escalpelamento  tratamento, o que consideramos suficiente para sugestão
de um protocolo de atendimento às vítimas escalpeladas 
Margotti, A importância da Objetivo: relatar a experiência vivenciada por acadêmicos
Costa & prevenção de acidentes de enfermagem na realização de ações educativas do
Corrêa na infância: um relato projeto de extensão “Acidentes domésticos na infância não
2018. de experiência é brincadeira” realizado nas enfermarias pediátricas da
Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA)
e do Hospital Universitário João de Barros Barreto.
Método: relato de experiência, vivenciado por acadêmicos
de enfermagem, do sexto período, na realização do projeto
de extensão apoiado pela Universidade Federal do Pará,
executando ações educativas para orientar crianças, pais
ou cuidadores, sobre prevenção de acidentes domésticos
na infância, utilizando-se do lúdico, em especial do teatro
25

de fantoches. Resultados: foram realizados oito encontros,


balizados acerca dos temas: afogamento, intoxicação por
produtos de limpeza, objetos no nariz e ouvido,
queimaduras, quedas, escalpelamento, choque elétrico e
atropelamento. Os encontros proporcionaram momentos
de bem-estar, valorização da vida e saúde da criança,
satisfação, relaxamento e interação. Conclusão: a
experiência vivenciada pelos acadêmicos de enfermagem
foi de que as ações educativas realizadas pelo projeto,
através da atividade lúdica (teatro de fantoches), foram
importantes na promoção da saúde e na prevenção de
acidentes domésticos na infância.
Continua.
Cont. Quadro 3.
Ocorrência O objetivo do presente trabalho é apresentar a incidência do
de escalpelamento em mulheres transportadas em embarcações
acidentes  ribeirinhas. Estudo de caso. Os resultados apontam para a
  necessidade de adoção de políticas públicas normativas, sobre
Escalpelamento: a aquisição e proteção mecânica de motores; (b) custeio da
Oliveira
política pública para aquisição motores e de equipamentos de proteção, pelo
2016. 
a população invisível financiamento público; (c) adoção de políticas públicas de
 
  saúde na prevenção de acidentes, socorro a acidentados,
cirurgia estética reparatória e apoio psicológico; e (d) adoção
de políticas públicas de educação na prevenção de acidentes,
por parte dos governos estaduais.

Escalpelamento é trauma causado por avulsão parcial ou total


do couro cabeludo, decorrente, principalmente, de contato
acidental dos cabelos longos com motor de eixo rotativo. A
alta rotação desses motores gera uma força que suga os cabelos
da vítima, tracionando e arrancando o couro cabeludo de forma
Perfil epidemiológico abrupta. Método: Foi realizado um estudo observacional
de pacientes vítimas transversal, retrospectivo, descritivo, incluindo 62 pacientes
Cunha et de escalpelamentos vítimas de escalpelamentos tratados na Fundação Santa Casa
al. tratados na Fundação de Misericórdia do Pará. Resultados: Os pacientes mais
2012. Santa Casa acometidos foram crianças de 7 anos a 16 anos (56,4%), do
de Misericórdia do gênero feminino (93,5%), sendo 59,7% estudantes e que,
Pará predominantemente, praticavam a religião católica (43,5%).
Conclusões: Campanhas profiláticas sobre os riscos de se
viajar e manter uma embarcação sem proteção no eixo do
motor é fundamental, uma vez que a tragédia do
escalpelamento é causada principalmente pelos cabelos que se
enrolam no eixo do motor
Melo et al Aspectos O escalpelamento é trauma que causa ferimentos e lesões por
2020. epidemiológicos de avulsão parcial ou total do couro cabeludo, provocado,
pacientes vitimados principalmente, pelo contato acidental dos cabelos
de escalpelamento compridos com o eixo do motor comumente utilizado em
assistidos em um embarcações da Região Amazônica. Objetivo: Analisar o perfil
hospital referência na epidemiológico de pacientes internados vítimas de
Região Amazônica escalpelamento assistidos em um hospital de referência
materno infantil da Região Amazônica. Métodos: Tratase de
um estudo epidemiológico, transversal, retrospectivo,
documental, quantitativo realizado em hospital de referência às
vítimas de escalpelamento, atendidos no período de janeiro de
2016 a dezembro de 2018. Após triagem inicial dos
prontuários, 40 se enquadraram nos critérios de
inclusão. Resultados: Em relação aos dados
sociodemográficos, constatou-se no total de prontuários a
prevalência do sexo feminino (97,5%), sendo sua maioria
proveniente da mesorregião do Marajó (47,5%), tendo como
26

principal característica o escalpelamento total (65,0%) por eixo


de motor (95,0%). Em relação aos procedimentos cirúrgicos,
com 17,5%, a reconstrução do pavilhão auricular e trepanação
apresentaram maior relevância (<0,001). Conclusão: Pode-se
observar que as vítimas de escalpelamento passam longos
períodos em tratamento e acompanhamento, implicando em um
longo processo de hospitalização sendo submetidas a diversas
intervenções cirúrgicas operatórias reparadoras e plásticas.
Além disso, a extensividade do tratamento pode causar traumas
devido às alterações anatomofisiológicas craniofacial.
Continua.
Conti. Quadro 3.
A partir da necessidade de fornecer um apoio psicossocial de
readaptação das vítimas do escalpelamento à sociedade, foi
criada em 2010 a Organização dos Ribeirinhos Vítimas de
Acidentes de Motor (ORVAM). O objetivo do artigo foi
descrever o papel da Organização dos Ribeirinhos Vítimas de
O papel de uma Acidentes de Motor (ORVAM) na divulgação e atendimento
organização não de vítimas de escalpelamento na Amazônia. Como resultados
Hamad-
governamental no foi descrito o início da ONG em 2010 com o acolhimento das
Couto, H.
Atendimento de escalpeladas e a partir de 2011 ocorreu a confecção das
M. S. F.
vítimas de primeiras perucas na instituição que são doadas a elas, surgiu
2016.
escalpelamento na no mesmo ano a necessidade de arrecadação de cabelos como
Amazônia matéria prima para sua confecção, e fomentou as campanhas
de conscientização sobre o escalpelamento e luta contra o
Ocorrência
preconceito, por meio de um evento intitulado “Minha vida
de
por um fio”, que teve como objetivo divulgar e arrecadar
acidentes 
matéria prima (cabelos) e alimentos para a instituição, tendo
continuidade até o ano investigado.
O estudo discorre acerca dos discursos produzidos por alunos
do Ensino Fundamental da Escola Municipal Tia Erica
Strasser, em Moju - PA, a partir da realização de atividades
de escrita e leitura de campanhas publicitárias oficiais sobre
Propagandas de
violência física a simbólico-regional contra a mulher, a
violência simbólico-
Nery exemplo do escalpelamento, comum na Amazônia paraense.
regional contra a
2019. Portanto, ao estabelecer a relação entre propaganda,
mulher: discurso e
violência, identidade, gênero, discurso e ensino, o objetivo
identidade na escola
principal da pesquisa é ampliar a visão crítica do estudante a
respeito da temática e incentivar o protagonismo estudantil
no que concerne às mudanças das relações sociais de cunho
violento e discriminatório.
O escalpelamento é um trauma que consiste na avulsão ou
perda parcial ou total do couro cabeludo (cabelos, peles e
outras partes do corpo que revestem o crânio e regiões com
sobrancelhas e orelhas), sendo muito frequente na região
amazônica. O tratamento do escalpelamento demanda um
tempo considerável de internação, representando uma ruptura
do contexto sociocultural e familiar da criança. Essas
A terapia ocupacional rupturas afetam não só a criança, mas também seus familiares
Tratamento Santos &
nas condições de que, por sua vez, têm sua rotina alterada, precisando se
e sequelas Ferreira
escalpelamento e afastar do lar, se dividindo entre os cuidados com a criança
2014.
hospitalização hospitalizada e as demandas da família. O profissional de
saúde percebe que, para a criança, é difícil entender e aceitar
que além de tamanho sofrimento físico, imposto pelos
ferimentos e mutilações, ela ainda tenha que ser privada da
convivência com sua família; de se alimentar das comidas
que gosta e com quais está acostumada; a brincar com seus
brinquedos pessoais e habituais, enfim, de se ver distante de
todo seu cotidiano.
Continua.
27

Conti. Quadro 3.
Introdução: O escalpelamento, ato de remover uma parte do
escalpo, pode ser facilmente causado por diversos mecanismos
como trauma, queimadura, infecção, ablação cirúrgica de
tumores e lesões congênitas. Há diversas opções de
reconstruções relatadas na literatura. Objetivo: Relatar dois
Reconstrução total de casos de escalpelamentos atendidos e tratados em um Hospital
Uliano et couro cabeludo: Universitário. Métodos: Os dois casos de escalpelamento
al. 2018. relato e experiência foram tratados com enxerto autólogo em diversos tempos
de dois casos cirúrgicos até a total cobertura da área lesionada. Resultados:
Obteve-se resultado satisfatório após as cirurgias de enxertia de
pele nas áreas lesionadas de ambos os casos tratados.
Conclusão: O enxerto autólogo mostrou-se uma opção viável
na reconstrução do couro cabeludo.
O objetivo deste estudo foi descrever a vida de mulheres
ribeirinhas da Amazônia e verificar a ocorrência de um
possível indício do transtorno de estresse pós-traumático em
mulheres vítimas de escalpelamento. A metodologia utilizada
foi a pesquisa bibliográfica e exploratória. Os materiais foram
livros, monografias, dissertações, teses e artigos científicos
disponíveis em bases de dados da Scielo, PepSic, BVS,
Periódicos CAPES publicados no período de 2010 a 2019. Os
Estresse pós- resultados indicam que a ocorrência do escalpelamento vem
traumático em aumentando na região amazônica; as mulheres acometidas por
Evangelista mulheres vítimas de esses acidentes têm sua vida afetada em muitos aspectos a
et al. Escalpelamento: nível físico, mental e social; as vítimas podem apresentar
2021. atuação do psicólogo indícios do TEPT com sofrimento intenso e prolongado,
Tratamento na assistência perturbações do sono etc. Conclui-se, que o preconceito, medo,
e sequelas psicológica. vergonha, ansiedade e outros fatores sociais, ambientais e
psicológicos se fazem presente no dia a dia da vítima de
escalpelamento. A atuação do psicólogo é importante na
prevenção e tratamento. A psicologia contribui com
abordagens psicológicas objetivando redução do sofrimento
psicológico, alívio dos sintomas e melhoria da qualidade de
vida. Esse fenômeno requer pauta de discussões em
seguimentos como saúde, política, políticas públicas e
comunidade.
Objetivo: Relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem
na criação e aplicação de uma tecnologia
educacional para a prevenção de acidentes causados por eixo
de motor descoberto em transportes fluviais. Relato de
experiência: Inicialmente foram identificados os principais
Aplicação de uma determinantes que envolvem o acidente com o eixo de motor
tecnologia descoberto, o escalpelamento, e a partir de então, pensado no
educacional para a desenvolvimento de uma ação educativa com o uso de uma
prevenção de tecnologia que levasse de forma clara e eficiente informações
Aguiar et
acidentes causados de promoção e prevenção de saúde. A segunda etapa foi à
al.
por eixo de motor aplicação da ação educativa nos transportes fluviais no Porto
2020
descoberto em um Municipal de Icoaraci – PA que utilizou de duas tecnologias: a
porto municipal de tecnologia leve, que foi uma sala de espera flutuante e
Belém-PA: Relato de tecnologia leve-dura em forma de cartazes e adesivos colados
experiência nas embarcações. Considerações finais: Evidenciou-se que é
escolha da tecnologia educacional aplicada proporcionou um
melhor aprendizado ao público alvo. Destaca-se também a
compreensão da necessidade de mais ações educativas para
combater o escalpelamento, que infelizmente é um acidente
ainda muito comum na região amazônica.
Continua.
Conti. Quadro 3.
28

O escalpelamento é um acidente típico da Região Norte do


Brasil com demanda de estudo. O objetivo deste trabalho foi
relatar a atuação terapêutica ocupacional na minimização de
comprometimentos no desempenho ocupacional de duas
crianças ribeirinhas vítimas de escalpelamento por eixo de
motor de barco desprotegido, através da avaliação do
desempenho ocupacional e exposição da intervenção
realizada. Trata-se de um estudo de caso com duas crianças
ribeirinhas escalpeladas do sexo feminino, com atendimentos
no período de abril a junho de 2013. A partir da aplicação
Terapia Ocupacional e dos instrumentos de avaliação foram verificadas alterações
a criança ribeirinha nas áreas de desempenho ocupacional, onde se encontram as
amazônica vítima de atividades de vida diária (AVD), como dependência para o
escalpelamento por banho e deambulação, alteração no contexto de desempenho,
eixo de motor de barco com ansiedade pela alta hospitalar e alteração no componente
de desempenho, com diminuição da autoestima em função de
mudança na autoimagem. Nas reavaliações, após as
intervenções, houve melhoras quanto à realização das AVD
de cada paciente e da percepção de cada uma com relação à
autoimagem. Desse modo, acredita-se que a realização da
pesquisa permitiu o contato com uma temática característica
da região Norte do Brasil, destacando a importância da
Tratamento
assistência terapêutica ocupacional, proporcionando maior
e sequelas
independência na realização das AVD significativas para
cada criança.
Esta pesquisa objetivou compreender os processos de perda,
luto e a assistência do terapeuta ocupacional junto a uma
criança em situação de escalpelamento e hospitalização.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso.
Participou da pesquisa uma criança de 8 anos de idade, do
sexo feminino e vítima de escalpelamento. Os resultados
revelaram que o escalpelamento repercutiu em inúmeras
mudanças e rupturas no cotidiano da criança participante,
Processos de perda, gerando alterações significativas, como a perda dos cabelos e
Lopes & luto e a assistência da partes da pele da face. A criança foi internada, ficando
Corrêa. Terapia Ocupacional afastada das atividades ocupacionais, como estudar, brincar,
2013. nas situações de entre outras. Foi observada a expressão de sentimentos como
escalpelamento medo, vergonha, ansiedade, tristeza, gerados pela perda dos
cabelos. Desse modo, acredita-se que a realização da
intervenção apresentou grande relevância, pois permitiu o
contato com a temática tão característica da região Norte do
Brasil, assim como a percepção e o esclarecimento sobre a
importância da assistência da Terapia Ocupacional
proporcionando um espaço de expressão e a ressignificação
dos fazeres, oportunizando o retorno dessa criança às suas
atividades ocupacionais significativas.
Continua.
Conti. Quadro 3.
Objetivo: Avaliar o impacto da cefaleia sobre a qualidade de
vida de
mulheres vítimas de escalpelamento. Material e Métodos:
Estudo descritivo, transversal e quantitativo aprovado pelo
Avaliação da cefaleia e Comitê de ética e Pesquisa da Universidade Federal do
Tratamento qualidade de vida em Amapá. Participaram 37 mulheres vítimas de escalpelamento,
Feio
e sequelas mulheres vítimas de total ou parcial, cadastradas na
2017.
escalpelamento na Defensoria Pública da União do Estado do Amapá e que
Amazônia apresentassem cefaleias. Utilizou-se como instrumentos da
pesquisa a ficha de identificação sócio demográfica, manual
da classificação internacional da cefaleia para diagnóstico do
sintoma e o questionário The World Health Organization
29

Quality of Life de forma abreviada (WHOQOL-bref) para


mensurar a qualidade de vida. Para análise estatística foi
utilizado o programa Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS) com os testes: Shapiro-Wilk, Mann Whitney
e teste de Kruskal-Wallis além da correlação de Sperman.
Considerou-se p <0.05 como significância. Resultados: A
amostra incluiu 37 mulheres de 18-71 anos. Destas, 64.9%
apresentam a cefaleia como principal sintoma; 35.1%
classificam a dor como pulsátil e 29.7% em toda a cabeça;
56.8% afirmam que surgiu após acidente. Pelo diagnóstico,
37.8% tem a migrânea associada ao trauma 29.7%. Em
relação a qualidade de vida os domínios mais afetados foram
o do meio ambiente e a percepção geral da saúde. Conclusão:
A cefaleia é um sintoma prevalente nas vítimas de
escalpelamento e se relaciona com a interferência em uma
boa qualidade de vida.
O Escalpelamento é um trauma que consiste na perda total ou
parcial do couro cabeludo, por questões culturais, sociais e
ambientais, sendo muito comum a ocorrência desse tipo de
acidente na região norte do Brasil, principalmente,
relacionado com mulheres e o transporte fluvial por meio de
barcos. Objetivou-se neste estudo descrever a percepção das
mulheres vítimas de Escalpelamento no Estado do Amapá.
Metodologia: tratou-se de um estudo com abordagem
qualitativo na perspectiva da fenomenologia. Foram
entrevistadas 117 mulheres, das quais 10 foram selecionadas
para participar desta pesquisa. Resultados: A partir dos dados
Importância Texeira et A Percepção das constatou-se que a idade dos sujeitos da pesquisa variou de
do al. Mulheres Vítimas de 30 a 60 anos, predominando a faixa etária entre 14 a 40 anos.
enfermeiro 2017. Escalpelamento no A maioria das entrevistadas moram em Macapá, capital do
Amapá Estado, ou em regiões ribeirinhas. A partir desses dados
emergiram algumas categorias de análise, de modo a
aprofundar a análise de acordo com a percepção acerca dos
sentimentos gerados, da culpa pelo acidente, do olhar no
espelho e a da vida após o acidente. Conclusão: espera-se que
essa pesquisa contribua para uma maior discussão dos
direitos das vítimas de Escalpelamento e que, através disso,
possa-se evidenciar a percepção das mulheres vítimas de
Escalpelamento e se espera contribuir para diálogo sobre a
temática que envolva políticas de prevenção, para que
acidentes como esses possam ser evitados com medidas
simples de segurança.
Continua.
Conti. Quadro 3.

Importância Santos & Intervenção O escalpelamento é um acidente comum na região Norte do


do Ferreira Terapêutica Brasil, que consiste em avulsão do couro cabeludo, podendo
enfermeiro 2014. Ocupacional em caso ocasionar diversas sequelas. O objetivo desse estudo de caso
de escalpelamento: foi o de analisar a atuação do terapeuta ocupacional junto a
vivências de uma uma criança ribeirinha vítima de escalpelamento atendida no
criança admitida no Espaço Acolher. A criança apresentou como problemáticas
Espaço Acolher principais a dificuldade na realização do banho, deambulação
comprometida, alteração da autoimagem, ansiedade e
agitação psicomotora. As intervenções ocorreram no período
de março a junho de 2013 e foram norteadas pelo modelo
lúdico, com o objetivo de minimizar as problemáticas
identificadas nas avaliações e observações. Como resultados
das intervenções, foram verificadas melhora no quadro
30

psicoemocional e motor da cliente, resultando em melhora no


desempenho das atividades de vida diária, minimização da
ansiedade e agitação psicomotora durante afastamento de
casa e melhora em sua autoimagem.
O estado do Pará possui 144 municípios, uma população
estimada de 8.690.745 habitantes, onde 79 das sedes de
municípios são ribeirinhas ou marítimas. Nesse contexto,
surge o escalpelamento. Um tipo de acidente que se tornou
comum na região Norte do Brasil. O objetivo deste trabalho é
analisar os registros de escalpelamento no oeste do Pará
Análise dos registros
ocorridos no período de 2010 a 2020. Observou-se um total
Zambrano de escalpelamento
de 95 registros em todo o Estado do Pará; 29 municípios
& Batista envolvendo
foram afetados, a Mesorregião do Marajó a que apresentou
2022. embarcações no oeste
maior incidência. As crianças são as mais afetadas; 100% das
do Pará
vítimas são do sexo feminino; os acidentes ocorrem em
embarcações registradas ou não nas capitanias; a proteção do
eixo de rotação do motor precisa ser eficaz; apesar da
identificação dos tipos de embarcação onde ocorrem a maior
parte dos acidentes ser importante, não elimina o fato de que
este possa ocorrer em outros tipos de embarcação.
Objetivo: revisar as publicações sobre escalpelamento na
Amazônia e os impactos em suas vítimas. Resultados: a
revisão evidenciou um número reduzido de estudos sobre a
problemática, apesar de acidentes com escalpelamento serem
comuns na Amazônia, o que indica ser necessário pesquisar e
publicar nessa área de conhecimento. Considerações finais: é
necessário um programa com ações de políticas públicas
integradas como forma de reduzir os escalpelamentos e dar
Escalpelamento nos
Magno et qualidade de vida às suas vítimas, envolvendo legislação e
rios da Amazônia: um
al. fiscalização dos meios de pequenos transportes fluviais;
problema de saúde
2012. intensificação das campanhas de esclarecimentos junto a
pública
população ribeirinha da Amazônia, sobretudo quanto a
importância da proteção do motor das embarcações, cuidados
com as crianças e uso de cabelos presos; informar aos
profissionais as medidas a serem tomadas de imediato nos
acidentes com escalpelamento; garantir assistência integral
aos pacientes escalpelados com atendimento gratuito na rede
do SUS, cirurgias reparadoras, tratamento biopsicossocial,
inclusão social, além de outros.
Fonte: elaboração própria.

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Dos 18 artigos encontrados acerca da temática proposta, identificou-se nestes a


ocorrência de 95 registros de escalpelamentos no estado do Pará nos anos de 2010 a 2020, de
maior ocorrência no Marajó, verificou-se que ocorre majoritariamente no sexo feminino em
menores de 20 anos, predominantemente na infância. O escalpelamento pode causar algumas
complicações e o tratamento é cirúrgico com uso de enxertos e curativos cirúrgicos. Dentre as
sequelas causadas pelo acidente nas embarcações a saúde mental é a mais afetada e o
31

enfermeiro tem um papel importante frente ao cuidado das vítimas e a prevenção do


escalpelamento.
Quando analisadas as ocorrências dos acidentes, os mesmos ocorreram em 29
municípios paraenses. Na abordagem por mesorregiões, a de maior incidência foi na
mesorregião do Marajó, com 63 acidentes em 12 municípios. Os municípios de Portel,
Curralinho, Melgaço e São Sebastião da Boa vista apresentam os maiores números de
acidente, entretanto, Portel é o mais em número de incidentes muito à frente dos outros
municípios com 13 escalpelamentos, estes municípios são ribeirinhos (ZAMBRANO,
BATISTA, 2022). Este dado corrobora com o estudo de Melo e colaboradores (2021) que
apresenta 47,5% das ocorrências na região do Marajó. Quando relacionado com o estudo de
Cunha et al., os municípios com maior ocorrência é o de Abaetetuba seguido de Altamira e
Muaná, sendo apenas o último da mesorregião do Marajó.
No estudo de Melo e colaboradores (2021), foi elaborado o perfil das vítimas no qual
das 40 estudadas 39 vítimas eram do sexo feminino, em sua maioria estudantes de 0 a 19 anos
e com o maior número de acidentados de 10 aos 19 anos (46,3%), 75% dos registros dos
acidentes eram em áreas rurais, em suma, centradas na região do Marajó. No estudo feito em
2012 de Cunha et al., 93,5% das vítimas eram do sexo feminino com maior incidência dos 7
aos 16 anos, logo, eram estudantes (59,7%) correlacionando com o outro estudo supracitado.
Ainda é possível relacionar com Zambrano e Batista (2022), que afirma que ocorre,
pincipalmente, na infância dos 6 aos 10 anos todas do sexo feminino associado aos fatores
culturais da região marajoara do uso de cabelos longos. Os acidentes se dão pela falta de
proteção do motor, como associado a infância, geralmente, as vítimas estão brincando ou
pegando objetos próximos ao motor.
O estudo de Cunha et al. (2012) corrobora acerca das complicações com 33,3% de
ocorrência de infecção seguido de avulsão de pálpebra e orelha (30,2%) e saúde mental. Nos
estudos de caso de Uliano et al. (2018), percebe-se a exposição craniana e a utilização do
enxerto no procedimento e em um dos casos a ocorrência de infecção.
Dentre as sequelas do acidente a saúde mental é a mais afetada. De fato, um acidente
traumático traz danos a diversas áreas da vida como na saúde física, mental e na vida social
causando um sofrimento significativo na vítima apresentando alguns sintomas relacionados ao
Transtorno de Estresse Pós-traumático podendo vivenciar novamente a experiência, privação
de sono pela dor física, vergonha relacionada a estética (EVANGELISTA et al.,
2021),corroborando com Santos e Ferreira (2014) que fala da privação de sono pela algia
sentida nas áreas afetadas (lesão e lugar de enxertia). Martins e Silva (2013), ainda discorrem
32

acerca da distorção de imagem causa pelo acidente além da baixa autoestima devido a perda
do cabelo que faz parte da identidade, isso causa danos a socialização e nas relações sociais
ligados ao preconceito.
No estudo de Teixeira e colaboradores (2017), os pacientes esclarecem seus
sentimentos a partir do acidente como “rejeição”, “tristeza” e “abandono”, o outro sentimento
predominante é o de culpa sendo atribuído a vítima ou a terceiros. O enfrentamento do trauma
é necessário pra a saúde mental, entretanto com a autoestima afetada pelo acidente muitas
mulheres não conseguem olhar-se no espelho afetando a confiança e relações sociais como
citado por Martins e Silva (2013), as mulheres referem-se a importância do apoio familiar
para recuperação da saúde.
Outra sequela importante é a incidência de cefaléia, com fotofobia, fonofobia e
náuseas, considerada moderada pelos pacientes, essa dor pode ser agravada pela exposição
excessiva ao sol, alimentação inadequada ou sintomas ansiosos que passa após a utilização de
analgésicos. A cefaléia influencia diretamente na qualidade de vida da vítima pois incapacita,
mesmo por alguns momentos, suas atividades (FEIO, 2017).
Nas crianças a adaptação ocorre de modo lento, observa-se que há dificuldade de
realizar atividades ocupacionais. A dor impede de dormir adequadamente, o fato de estar
institucionalizada a criança não estuda e não pode brincar ao ar livre, além da mobilidade
reduzida (SANTOS; FERREIRA, 2014). Devido ao escalpelamento há a necessidade de um
tempo de internação da criança que passa por uma mudança brusca de vida com alterações na
alimentação, sendo submetida a procedimentos e exames, diferença de horários para
realização de atividades, relação com a equipe de saúde, desta forma, influenciando a
percepção, humor, animo, processo de cura da criança fazendo-se necessário que haja a
ressignificação do espaço hospitalar. Sendo assim, o enfermeiro atua na complexidade do
paciente, não só nos cuidados de curativos, mas com a significância de humanização, como
um todo. (CORRÊA et al., 2014).
É possível observar nos estudos de caso de Santos e Ferreira (2015) que o prejuízo da
privação do lazer e educação é minimizado pelo “Espaço Acolher” que é a extensão de um
hospital de referência materno-infantil para vítimas de escalpelamento. O espaço conta com
atendimento multiprofissional e realiza atividades para as crianças. No estudo de caso de
Lopes e Corrêa (2013), destaca-se a importância do processo de brincar e como este processor
ajuda a criança a passar pelo luto causado pelo trauma do escalpelamento, dando a
oportunidade do lazer e facilitando a adaptação.
33

No Pará existe uma organização não-governamental de atenção às vítimas de


escalpelamento com a proposta de atendimento psicossocial, oficina de perucas e artesanato.
Esta organização objetiva defender os diretos das vítimas através de luta contra o preconceito
e discriminação, com isso a ONG conta com o atendimento multiprofissional tendo em sua
equipe o profissional de enfermagem, as oficinas e atendimentos visam tratar da valorização
da vida e recuperar a autoestima (HAMAD-COUTO, 2016).
Zambrano e Batista (2022) ainda abordam acerca da importância da educação em
saúde nas escolas na prevenção do escalpelamento por acidente com motor de embarcações.
Assim, podemos relacionar com o papel do enfermeiro frente a prevenção de acidentes na
infância abordando a Educação em Saúde. A abordagem deve acontecer de forma lúdica
como demonstrado por Margotti e colaboradores (2018), onde, na situação descrita em seu
estudo, se utilizou teatro de fantoches para estimular a participação e o interesse das crianças
que estavam hospitalizadas. Os pais e responsáveis também tinham carência de informação e
puderam aprender e retirar dúvidas na atividade com os profissionais, principalmente o
enfermeiro.
Nery (2019) tratou da temática de violência contra a mulher com ênfase no
escalpelamento apontando ser uma violência física sem agressores diretos, mas que
compromete e integridade da vítima, apresenta o tema sobre o que as mulheres vítimas
enfrentam com a perda da feminilidade, baixa autoestima, dificuldade de socialização que
deixam marcas permanentes enfatizando a importância da prevenção por meios educacionais
sem estereotipar ou inferiorizar.
A responsabilidade do enfermeiro frente à prevenção com abordagem educacional,
levou à criação de ferramentas tecnológicas, como relatado por Aguiar e colaboradores
(2020). O produto foi aplicado em um porto municipal, onde, no primeiro momento, foi uma
sala de espera que visava sensibilizar acerca do escalpelamento com uso de cartazes ou
adesivos informativos. Oliveira (2016) reafirma a necessidade de políticas públicas para a
erradicação do escalpelamento, o governo adotou medidas de prevenção com uso de adesivos
informativos como no estudo de Aguiar e colaboradores (2020) e a construção, pela Marinha,
de proteções metálicas para o eixo motor.
O enfermeiro deve ser guiado em um protocolo próprio e adequado para o
atendimento as vítimas de escalpelamento, sua atuação se inicia com a urgência e emergência
pré-hospitalar como escala de Glasgow e reanimação cardiorrespiratória, coma a chegada no
hospital o enfermeiro pode fazer o diagnóstico e cuidado de enfermagem para a melhoria do
cuidado a vítima. O enfermeiro é o profissional mais capacitado para atuar nas emergências
34

que a população ribeirinha necessita, sendo o Suporte Básico de Vida (SBV) e o Suporte
Avançado de Vida (SAV) duas áreas de conhecimentos que este profissional deve dominar
com maestria desde sua graduação e em suas especializações, para poder dar suporte às
vítimas de escalpelamento (MARTINS; SILVA, 2013).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O escalpelamento é um evento traumático que ocorrem em suma em mulheres e na


infância, causando danos na saúde física, no meio social da vítima e na saúde mental. O
35

escalpelamento traz, na infância, a privação do lazer, da educação e da socialização. Na fase


adulta, traz a perda da feminilidade, baixa autoestima e medo de rejeição.
Este estudo demonstrou, à luz da literatura, evidenciar as ações que o enfermeiro
exerce na assistência aos pacientes que são vítimas de escalpelamento. Nisto, evidenciou-se
um papel imprescindível do enfermeiro quanto às questões de prevenção em saúde e
tratamento, com medidas de Educação em Saúde, tanto aos pacientes quanto aos familiares
(ES).
Quanto à pontuação da qualidade de vida, os pacientes, após o acidente de
escalpelamento, passam por privações. Devido ao escalpelamento há a necessidade de um
tempo de internação da criança que passa por uma mudança brusca de vida com alterações na
alimentação, sendo submetida a procedimentos e exames, diferença de horários para
realização de atividades. Desta forma, a relação com a equipe de saúde, influencia
diretamente a percepção, humor, animo, processo de cura da criança fazendo-se necessário
que haja a ressignificação do espaço hospitalar. Nesta visão, o enfermeiro pode influenciar na
questão mental do paciente, considerando o nível de complexidade que um paciente exige,
com um tratamento humanizado. O enfermeiro, juntamente da equipe multiprofissional em
saúde, atua diretamente nos cuidados dos pacientes que são acometidos de escalpelamento,
pois estes pacientes exigem não somente cuidados físicos, mas também, mentais, necessitando
de acompanhamentos especializados desta equipe em saúde.
É possível que a enfermagem tenha, de fato, um papel ainda mais robusto frente a
prevenção dentro de escolas e na comunidade ribeirinha (local mais suscetível a ocorrência de
escalpelamento por eixo motor). Podendo lidar diretamente coma população vulnerável e
informando acerca dos cuidados necessários. Quanto às questões de atuação, o enfermeiro é o
profissional mais capacitado para atuar nas emergências que a população ribeirinha necessita,
sendo o Suporte Básico de Vida (SBV) e o Suporte Avançado de Vida (SAV) duas áreas de
conhecimentos que este profissional deve dominar com maestria desde sua graduação e em
suas especializações, para poder dar suporte às vítimas de escalpelamento.
Este trabalho contribui na identificação da população afetada, tratamento e sequelas a
que estão expostas as vítimas, logo, auxiliando outros profissionais a compreenderem os
fatores relacionados e como podem atuar frente ao cuidado a vítima ou na prevenção do
acidente.
Neste estudo, há a limitação de que a literatura ainda é muito escassa quanto ao
assunto “escalpelamento” como um todo, pois, este tema é considerado um tema amplamente
regional, e a literatura nacional e interacional pouco estuda esta temática. Por isto,
36

recomenda-se outros estudos com abordagens qualitativas e/ou quantitativas, com outras
metodologias, para que haja mais elucidações quanto à referência do enfermeiro e as vítimas
de escalpelamento.
5

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA PARÁ. Ações de conscientização reforçam a prevenção de acidentes com


escalpelamento. 2015. Disponível em: https://agenciapara.com.br/noticia/6398/. Acesso em:
16 jun. 2022.

AGUIAR, A. K. O.; CORVELLO, C. M.; CARDOSO, E. S.; OLIVEIRA, K. C.; AA. AMBÉ,
M.; LIMA, B. J. M.; MIRANDA, S. A.; MONTEIRO, B. C.; FERREIRA, J. N. S.; SOUZA,
E. C.; SILVA, K. B.; DUARTE, M. G. D.; AIRES, N. O.; FRANÇA, R. P.; SANTOS, Y. L.
M. Aplicação de uma tecnologia educacional para a prevenção de acidentes causados
por eixo de motor descoberto em um porto municipal de Belém-PA: Relato de
experiência. Revista Eletrônica Acervo Saúde, [s. l.], n. 39, p. 1–6, 2020.

ALMEIDA, E. N. O corpo escalpelado: possibilidades e desafios docentes no cotidiano de


meninas ribeirinhas na Amazônia Paraense. 208 f. 2016. Dissertação de Mestrado –
Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências da Educação, Belém, 2016.

ANBAR, R. A.; ALMEIDA, K. G.; NUKARIYA, P. Y.; ANBAR, R. A.; COUTINHO, B. B.


A. Métodos de reconstrução do couro cabeludo. Campo Grande, Revista Brasileira de
Cirurgia Plástica, Ed. RBCP, 2010.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: ed. 70, 2016.

BATISTA, B. B.; ZAMBRANO, T. F. A. ANÁLISE DOS REGISTROS DE


ESCALPELAMENTO ENVOLVENDO EMBARCAÇÕES NO OESTE DO PARÁ. Em:
ENGENHARIA DE PESCA: ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS - VOLUME 3. [S. l.]:
Editora Científica Digital, 2022. v. 3, p. 23–40.

BECKMAN, K. A. F.; SANTOS, N. C. M. Terapia Ocupacional: Relato de caso com


vítima de escalpelamento por eixo de motor de barco. Caderno de Terapia Ocupacional da
UFSCar, São Carlos, v. 12, n. 1, p. 20-43, 2004.

BRAGA, C.; CABRAL, D.; SILVA, E.; OLIVEIRA, E. Entre fios, redes e outras
tessituras: Mulheres escalpeladas, sentidos e reconstruções. EAVAAM, Belém, 2016.
Disponível em: http://www.eavaam.com.br/anais/anais/2016/34.pdf. Acesso em 16 de abr.
2022.

BRASIL, Marinha do Brasil. Capitania dos Portos da Amazônia Oriental. Palestra de


Prevenção ao Escalpelamento. Belém, 2015. Disponível em:
https://docplayer.com.br/9203987-Marinha-do-brasil-capitania-dos-portos-da-amazonia-
oriental.html. Acesso em: 16 jun. 2022.

CAMPELO, L. Bordalo propõe a criação do Programa de Incentivo a doação capilar no Pará.


Belém, 08 fev. 2022. Disponível em: https://www.alepa.pa.gov.br/noticiadep/6983/106.
Acesso em: 18 ago. 2022.

CARDOSO, J. S. S.; ARAUJO, M. S. Um olhar subjetivo como instrumento de superação


de mulheres vítimas do escalpelamento: um estudo de revisão. In: I CONGRESSO
NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS. Anais do II simpósio de multiprofissional em
cuidados paliativos. 01., 2020, Teresina. Temas livres.
6

CARVALHO, E. S. S.; PAIVA, M. S.; APARÍCIO, E.C. Corpos estranhos, mas não
esquecidos: representações de mulheres e homens sobre seus corpos feridos. Revista
Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 66, n. 1, p. 90- 96, 2013.

CORRÊA, V. A. C.; MORAES, A. S.; CORREA, C. L.; FOLHA, O. A. A. C.; SILVA, M. S.


A TERAPIA OCUPACIONAL NAS CONDIÇÕES DE ESCALPELAMENTO E
HOSPITALIZAÇÃO. Revista Paraense de Medicina, [s. l.], v. 28, n. 2, p. 85–89, 2014.

CUNHA, C. B.; SACRAMENTO, R. M. M.; MAIA, B. P.; MARINHO, R. P.; FERREIRA,


H. L.; GOLDENBERG, D. C.; MENEZES, M. L. C. P. Perfil epidemiológico de pacientes
vítimas de escalpelamento tratados na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará.
Rev Bras Cir Plást. 2012;27(1):3-8. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbcp/a/xpR3jd46fNZBPGTdkSgGPMH/?lang=pt&format=pdf.
Acesso em 20 de abr. 2022.

EVANGELISTA, D. M.; OLIVEIRA, E. R.; COSTA, F. E. S.; MARTINS, M. G. T.


ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO EM MULHERES VÍTIMAS DE ESCALPELAMENTO:
atuação do psicólogo na assistência psicológica. Rev. Estação Científica, [s. l.], v. 25, p. 1–
19, 2021.

FEIO, S. C. AVALIAÇÃO DA CEFALEIA E QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES


VÍTIMAS DE ESCALPELAMENTO NA AMAZÔNIA. 2017. 1–116 f. Mestrado -
Universidade Federal do Amapá, Macapá, 2017.

FERREIRA, C. S.; PAULA, T. B.; ARAUJO, P. A. G.; FERREIRA, L. S.; SAMPAIO, E. C.


Saúde mental das vítimas de escalpelamento por eixo de motor de barco na região
Amazônica. In: III CONGRESSO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DA AMAZÔNIA
(COESA), 2014, Belém. Universidade Federal do Pará, 2014. ISSN 2359-084X

FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ. Guia técnico do Programa


de atendimento integral às vítimas de escalpelamento-PAIVES. Belém. FSCMP. 2008.

GOMES, A. P.; SOARES, G. G. A.; SANTOS, M. F.; RUIVO, M. S. S. Avaliação da


qualidade de vida de vítima de escalpelamento com perda de pavilhão auricular a partir do
WHOQOL-BREF. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03,
Ed. 05, Vol. 05, pp. 312-358, Mai 2018.

GUIMARAES, A. G. M. Mulheres da Amazônia: O drama do escalpelamento. Fortaleza:


Ed. UECE; ED. META, 2012

HAMAD-COUTO, M. H. S. F. O papel de uma organização não governamental no


atendimento de vítimas de escalpelamento na Amazônia. Amazônia, Organizações e
Sustentabilidade, [s. l.], v. 5, n. 2, p. 91–100, 2016.

LOPES, A. M.; CORRÊA, V. A. C. Processos de perda, luto e a assistência da Terapia


Ocupacional nas situações de escalpelamento. Cadernos de Terapia Ocupacional da
UFSCar, [s. l.], v. 21, n. 2, p. 313–324, 2013.
7

MAGALHÃES, C. Escalpelamento ainda é ameaça a meninas e mulheres ribeirinhas. O


Liberal, Belém, 01 mar. 2021.

MAGNO, L. D. P.; PEREIRA, A. J. F.; GONÇALVES, B. M.; ALMEIDA, R. M. V. R.;


GUIMARÃES, A. G. M.; BICHARA, C. N. C. Escalpelamento nos rios da amazônia: um
problema de saúde pública. Rev. par. med = Rev. Pará. Med. (Impr.) ;26(1), jan.-mar. 2012.
Disponível em: http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/
iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=652220&indexS
earch=ID. Acesso em 23 de abr. 2022.

MARGOTTI, E.; COSTA, P. S.; CORRÊA, M. C. A. A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO


DE ACIDENTES NA INFÂNCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. Revista de
Enfermagem e Atenção à Saúde, [s. l.], v. 7, n. 1, 2018.

MARTÍNEZ, V. M. O.; MARTÍNEZ, P. A.; MARTÍNEZ, N. G.; RÍOS, A. P. L.;


FERNÁNDEZ, F. J. H.; MEDINA, J. Q.; Approach to biodiesel production from microalgae
under supercritical conditions by the PRISMA method. Fuel Processing Technology, [s. l.],
v. 191, p. 211–222, 2019.

MARTINS, M. M.; SILVA, M. A. Possibilidades de atuação da Enfermagem em situações


de escalpelamento. Estudos, Goiânia, v. 40, nº 4, p. 341 – 365, 2013.

MATOS, M. L.; SALDANHA, G. M. M. M.; MOTA, D. C. S.; FIGUEIREDO, R. C. R. R.


Atenção Integral às Vítimas de Escalpelamento no Estado do Pará. XI Congresso
Nacional de Educação – EDUCERE, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba,
2013.

MELO, A. A.; RODRIGUES, A. O.; TORRES, D. C.; ÁVILA, P. E. S. Aspectos


epidemiológicos de pacientes vitimados de escalpelamento assistidos em um hospital
referência na Região Amazônica. Fisioterapia Brasil, [s. l.], v. 21, n. 6, p. 571–578, 2021.

MORAES, L.C.; COSTA, L. M.; ALMEIDA, E. N.; HAGE, S. M. Meninas escalpeladas


nos rios da Amazônia Paraense: o papel da mídia na prevenção de acidentes. In: IV
COLÓQUIO SEMIÓTICA DAS MÍDIAS (Centro Internacional de Semiótica e Comunicação
– CISECO), 2015, Alagoas. ISSN 2317-9147

MOTIZUKI, L.Y.R.; MOTIZUKI, C.Y.R. Escalpelamento: uma realidade na região


Amazônica. In: V CONGRESSO BRASILEIRO DE PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE
FERIDAS, 75., 2015, Florianópolis. Anais do v congresso brasileiro de prevenção e
tratamento de feridas. Maceió: Revista enfermagem atual in derme, 2015. p. 12.

NERY, T. F. PROPAGANDAS DE VIOLÊNCIA SIMBÓLICO-REGIONAL CONTRA


A MULHER: DISCURSO E IDENTIDADE NA ESCOLA. 2019. 1–178 f. Mestrado -
Universidade Federal do Pará, Belém, 2019.

OESTADONET. Escalpelamento: promotora de justiça defende lei estadual para proibir


barcos sem cobertura de eixo do motor em rios paraenses. Portal OESTADONET, Santarém-
Pará, 18 de agosto de 2021. Edição Digital nº 4187. Disponível em:
https://www.oestadonet.com.br/noticia/20409/escalpelamento-promotora-de-justica-defende-
8

lei-estadual-para-proibir-barcos-sem-cobertura-de-eixo-do-motor-em-rios-paraenses/. Acesso
em: 18, mar 2022.

OLIVEIRA, L. S. ESCALPELAMENTO: POLÍTICA PÚBLICA PARA A POPULAÇÃO


INVISÍVEL. v. 9, p.1–154, 2016.
PARÁ já tem dois casos de escalpelamento em 2022; foram 16 no ano anterior. G1 Pará,
Belém, 28 jan. 2022

PINHEIRO, D. A. J. P. “Minha vida por um fio” mobilização social e os itinerários das


mulheres ribeirinhas vítimas de escalpelamento na Amazônia. 272 f. 2021. Tese de
Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Humanas,
Letras e artes. Natal, RN – 2021. Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/45695/1/Minhavidaporfio_Pinheiro_2021.pdf.
Acesso em 16 jun. 2022.

SANTOS, M. C. J. Mulheres amazonidas escalpeladas: uma proposta de orientação ao


acesso à rede socioassistencial. Orientadora: Rosilene Ferreira Gonçalves Silva. 2017. 91 f.
Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão e Serviços em Saúde) – Diretoria de Ensino e
Pesquisa da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Belém, 2017.

SANTOS, P. D. B.; FERREIRA, L. S. Terapia Ocupacional e a criança ribeirinha amazônica


vítima de escalpelamento por eixo de motor de barco. Cadernos de Terapia Ocupacional da
UFSCar, [s. l.], v. 23, n. 1, p. 117–130, 2015.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 1. ed. -- São Paulo: Cortez, 2013.

SILVA, S. P.; BARROSO, I. C. O padrão estético como fator estigmatizante de mulheres


vítimas de escalpelamento em áreas ribeirinhas de Macapá e Santana. Revista Eletrônica de
Humanidades do Curso de Ciências Sociais da UNIFAP, Macapá, n. 6, p. 89-101, 2013.

SILVA, T. B. P.; MATOS, E. S.; MOREIRA, K. C. S. O escalpelamento nos rios da região


Amazônica: uma revisão bibliográfica. VI Jornada acadêmica UFOPA, 2017.

SOUZA, M. T.; SILVA, M. D.; CARVALHO, L. Revisão integrativa: o que é e como fazer.
Einstein, São Paulo, v. 8, n. 1; p. 102-106; 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/eins/a/ZQTBkVJZqcWrTT34cXLjtBx/?format=pdf&lang=pt. Acesso
em: 16 jun. 2022.

TEIXEIRA, M. B.; SOUZA, A. S.; SILVA, L. B.; FARIAS, C. V. C.; SILVA, C. L, V.;
SILVA, M. P. A Percepção das Mulheres Vítimas de Escalpelamento no Amapá.
Universidade Federal do Amapá. UNICIÊNCIAS, v. 21, n. 2, p. 81-85, 2017.
ULIANO, E. J. M. et al. Reconstrução total de couro cabeludo: relato e experiência de dois
casos. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (RBCP) – Brazilian Journal of Plastic
Sugery, [s. l.], v. 33, p. 53–55, 2018.

VALE, J. C. C. A compreensão do sofrimento no escalpelamento: um estudo utilizando o


grafismo e o teste das fábulas. Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Social
da UFPA, 2
40

APÊNDICE A - Orçamento

Esta pesquisa consta como requisito parcial obrigatório para obtenção do título de
Graduação em Enfermagem, da Universidade da Amazônia. Desta forma, os pesquisadores,
não receberão nenhuma remuneração e os honorários do orientador estão previstos no Projeto
Pedagógico do Curso de Fonoaudiologia. Não haverá nenhum ônus para as pessoas que
aceitarem participar da pesquisa.
O quadro abaixo demonstra os materiais e os custos, que serão arcados pelos alunos que
estão realizando este estudo:

Quadro 1 – Materiais e custo previstos


MATERIAL CUSTO
Impressão R$ 100,00
Encadernação R$ 20,00
Transporte R$ 500,00
Pen drive R$ 30,00
Envelope tipo ofício R$ 12,00

Total R$
41

APÊNDICE B - Cronograma

2022
ATIVIDADES FEV MAR ABR MAI JUN AGO SET OUT NOV DEZ

Elaboração X X X
do Projeto
Pesquisa X X X X X X X
Bibliográfica
Qualificação X

Coleta de X X X
Dados
Análise X X X
dos dados
Elaboração do X
Relatório
Revisão X
Ortográfica
Defesa X

Depósito no X
Repositorivm

APÊNDICE C - FORMULÁRIO
42

(baseado no instrumento validado por URSI, 2005)

Número: (numerar de acordo com a ordem em que forem retirados os dados)

1 Título do artigo: ____________________________________________________________


___________________________________________________________________________

1 Periódico: _______________________________________________________________

3 Autor(es): _________________________________________________________________

4 País: _______________ - Idioma: _________________ - Ano de publicação: ___________

5 Área: ______________________

6 Tipo: ( ) exploratória ( ) descritiva ( ) experimental

7 Abordagem: ( ) quantitativa ( ) qualitativa ( ) quanti-qualitativa

8 Objetivo Geral: ____________________________________________________________

9 Objetivo específico A

10 Objetivo específico B

11 Objetivo específico C

Você também pode gostar