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Vivenciando o poder e a presença de Deus

10 días

Onde Deus está quando você está sofrendo? Como você pode vivenciá-lo quando está em
dificuldades? Como Ele transforma confusão ou medo em clareza e paz? Muitos dos Salmos
começam em meio às adversidades e terminam testemunhando a presença, o poder e a
provisão de Deus. Ao aprender as verdades contidas nos Salmos e ao seguir seus exemplos,
podemos testemunhar o mesmo. Podemos encontrar a Deus quando mais precisamos d’Ele.

Em tempos de crise

Na minha família, levar o lixo para fora sempre coube ao filho mais novo. Esse
era o pior trabalho. Mas, numa família hebraica milenar, cuidar das ovelhas era
a tarefa mais inferior. Um pastor precisava ficar com suas ovelhas, suprir suas
necessidades, protegê-las e liderá-las. Davi, o filho mais novo de Jessé, que se
tornou rei de Israel e escreveu o Salmo 23, sabia por si mesmo muita coisa
sobre pastorear.

Ele sabia que as ovelhas não eram as mais inteligentes das criaturas que Deus
criou. Elas são lentas, assustam-se facilmente, são indefesas e raramente
conseguem encontrar comida ou água por conta própria. As ovelhas precisam
de um pastor para reter o curso de um córrego para que o barulho de seu fluxo
não as assuste, para conduzi-las a novos prados depois de ruminarem grama
até às raízes e para protegê-las de predadores e da sua própria falta de
habilidade para sobreviver. Sem um pastor, o perigo somado às ovelhas
equivale à morte. Com um pastor, as ovelhas podem desfrutar de prados
verdes, beber em águas tranquilas e viver em segurança.

Essa é a imagem que Davi nos oferece no Salmo 23 acerca da relação entre
Deus e Seu povo. É provável que tal imagem tenha sido bastante
surpreendente para seus primeiros leitores – Deus realizando um trabalho
inferior, cuidando de alguns dos animais menos inteligentes da criação. Mas
um pastor cuidando de suas ovelhas indefesas é uma imagem terna e íntima
de compaixão e cuidado. Esse é o tipo de relacionamento que Deus deseja ter
conosco e é exatamente o tipo de relacionamento de que precisamos,
especialmente diante de uma crise.

Observe que Davi não diz: “O Senhor é o pastor”. Ele diz: “O Senhor é o meu
pastor”. Esse Deus é pessoal – não somente o Senhor exaltado, Santo, e a
Sua majestade, mas aquele que está presente e que cuida de cada detalhe de
nossas vidas. Ele cuida, entende, nutre e ama as Suas ovelhas. Ele quer que
dependamos d’Ele para tudo.

Jesus se escalou para esse papel de “bom pastor” (João 10:11) porque quer
que estejamos certos de que Ele está comprometido a atender todas as nossas
necessidades físicas, emocionais e espirituais. Ele se preocupa mais do que
podemos imaginar, conhece cada dor, problema e medo, e quer nos conduzir a
prados seguros. Mesmo em nossas piores crises, podemos confiar-lhe nossas
vidas.

Salmo de David. 23

1 O SENHOR é meu pastor, nada me falta;


2 em pastagens verdes ele me faz descansar.
Ele me conduz até águas calmas;
3 me dá uma nova força.
Ele me guia pelos caminhos da justiça
pelo amor de seu nome.
4 Mesmo se eu passar por vales escuros,
Não tenho medo de nenhum perigo
pois você está ao meu lado;
tu vara de pastor me reconforta.
5 Você prepara um banquete antes de mim
na presença de meus inimigos.
Você ungiu minha cabeça com perfume;
você encheu minha taça até transbordar.
6 Bondade e amor me seguirão
todos os dias da minha vida;
e na casa do SENHOR
Eu vou morar para sempre.
Nos vales sombrios

Durante parte de cada ano, um pastor mantém seus rebanhos nas planícies
onde o pastoreio é bom. Quando o clima muda e o capim verdejante cresce
nas montanhas, o pastor conduz suas ovelhas por desfiladeiros e vales para
chegar a lugares mais altos. Ele sabe que o local de destino será
extraordinário.

Mas a jornada é um pouco perigosa. Predadores estão à espreita nesses vales


sombrios. O rebanho pode pressentir o medo e depende totalmente da
vigilância de seu pastor. O pastor precisa estar ciente das extremidades e das
brechas montanhosas onde lobos e leões se escondem em antecipação à sua
presa. Sem ele, o vale se tornaria um lugar mortal. Com ele, torna-se apenas
parte do percurso para manter-se vivo.

Davi se referiu a esse território desconhecido e perigoso como “o vale da


sombra da morte” (versículo 4). Ele estava bem familiarizado com os tempos
sombrios pelos quais passamos, quando mal conseguimos entender o que está
acontecendo ao nosso redor. A promessa implícita nessa ilustração é de que
Deus irá nos conduzir ao longo de qualquer crise, não importa quão terrível ou
perigosa ela seja. Não precisamos ter medo porque o nosso Pastor está
caminhando conosco o tempo todo.

A confiança de Davi de “não temer perigo algum” é uma declaração radical. Ele
sabe o quanto esse mundo decaído pode ser perigoso, mas se recusa a ceder
ao medo. Ele simples e corajosamente confia em Deus para saber a respeito
de todos os possíveis predadores, desastres naturais e perigos e para se
proteger contra eles. A vara poderosa do Pastor e o cajado de sua correção
irão confortá-lo mesmo nas circunstâncias mais extremas.

Quando a vida é incerta, quando os perigos nos ameaçam, quando estamos


passando por tempos de transição, vamos nos recusar a ceder ao medo.
Vamos aprender com a declaração de Davi. Viver sem medo é uma escolha
legítima, pois o Pastor está nos conduzindo até mesmo pelos vales mais
sombrios. Mas precisamos fazer essa escolha. Quando caminhamos pelos
vales sombrios da vida seguindo o nosso Pastor, Ele honrará a Sua promessa
de nos ajudar a atravessar essa fase.
Quando você está deprimido

Eu admito. Ando deprimido. Diante de todos os personagens bíblicos que


passaram por tempos de desânimo intensos e sombrios – como Davi, Jonas,
Elias, Jó, Jeremias e outros –, a depressão deveria ser um tópico de discussão
comum entre os cristãos. Muitas vezes, infelizmente, a depressão é vista como
uma anomalia. No entanto, a maioria dos seres humanos passa por momentos
de estresse, fadiga, desânimo e falta de motivação que nos levam a um ponto
extremo ou desespero profundo. Passei por um longo período me sentindo
paralisado, exausto e desinteressado até que finalmente dei um passo para
trás, descansei e passei a enxergar sinais de esperança. Essas experiências
não são incomuns num mundo decaído.

A Palavra nos mostra cada estação da alma e os clamores sinceros que


provêm dela. Um desses clamores é o Salmo 77. Ele não revela apenas o
desespero humano, mas também uma maneira de escapar dele. Ele nos
ensina como podemos nos reerguer quando mal temos vontade de nos
levantar. Deus não nos oferece uma cura mágica ou uma solução única para
todos; a depressão é complexa e Ele ajuda as pessoas a saírem dela de
maneiras diferentes. Mas este Salmo apresenta alguns princípios comuns a
todos.

Asafe, o autor, começa clamando a Deus (versículos 1-3). A partir daí, vemos
uma progressão extremamente significante: do clamor à recordação das
bênçãos passadas (versículos 4-6). Em seguida, fazemos perguntas difíceis a
Deus (versículos 7-9), decidimos redirecionar os nossos pensamentos
(versículos 10-12), escolhemos ver Deus como grande e os problemas como
pequenos (versículos 13-18), e então, confiamos em Deus como o nosso
libertador (versículos 19-20). Este processo de mudança de perspectiva
reeduca o nosso cérebro e o nosso espírito para pensarmos e enxergarmos de
maneira diferente. Quando trabalhamos esse processo de pensamento em
nossas vidas, a depressão muitas vezes começa a melhorar.

A depressão pode parecer como um túnel frio e escuro, sem nenhum sinal de
luz no final dele. É fácil para a nossa mente pensar no quanto tudo está ruim e
concluir que o futuro será praticamente o mesmo. Somente uma reeducação
pode nos libertar da depressão: das trevas para a luz, das circunstâncias atuais
para as benevolências passadas, dos problemas para as promessas. Assim
como Asafe, fazemos uma pausa mental e escolhemos pensamentos
diferentes: “Meditarei em todas as tuas obras e considerarei todos os teus
feitos” (versículo 12). Essa escolha intencional de redirecionar os nossos
pensamentos, quer tenhamos vontade ou não, muda a nossa perspectiva. E a
escuridão começa a dar lugar à luz.

Salmo 77

Quando os problemas parecem ser colossais

El Elyon significa, literalmente, “Deus, o Altíssimo”. Refere-se a Deus como


criador e protetor do universo, reconhecendo que Ele está acima de qualquer
pessoa, poder, hierarquia ou problema. Portanto, quando Asafe se refere a
Deus como Elyon no Salmo 77:10, ele estava fazendo uma declaração
poderosa. Ele estava se lembrando de que o seu Deus não era como as
divindades que os cananeus acreditavam que iriam governar as suas cidades e
as forças da natureza. Asafe estava educando a sua mente para ter um novo e
verdadeiro ponto de vista baseado em sua consciência das grandes obras e
dos caminhos de Deus.

Asafe não parou por ali. Ele pensou no “Deus que realiza milagres (versículo
14). Ele imaginou o “braço forte” de Deus (versículo 15). Ele se lembrou de
todas as vezes em que o Seu povo precisou da ajuda d’Ele e de que Ele nunca
falhou – de como as águas se abriram, os céus ressoaram e a terra
estremeceu (versículos 16-18). Ele trouxe seus pensamentos de volta ao
essencial acerca de Deus: Sua santidade, Seu poder, o amor e a compaixão
que o compele a redimir. Nas profundezas de sua depressão, Asafe fixou
absolutamente sua mente no Deus que resgata a todos. Nada é muito demais
para Ele.

Quando você está deprimido, pequenos montes parecem montanhas. Quando


você permanece em adoração, esses pequenos montes voltam ao tamanho
normal e Deus ascende em seu coração e em sua mente. A maneira como
consideramos determinada situação faz uma enorme diferença. Um problema
pequeno mantido bem perto dos olhos bloqueia tudo que está fora do campo
visual. Se você conseguir enxergar qualquer outra coisa, você a verá através
das lentes daquele problema. Asafe nos mostra como retroceder e enxergar
por meio da perspectiva correta. A esperança é um antídoto poderoso contra a
depressão, mas você não tem faculdade para tê-la até redescobrir que Deus é
grande e que os problemas são minúsculos em comparação ao esplendor d’Ele
.

O Salmo 77 começa com grandes problemas e com um pequeno Deus. Ele


termina com um grandioso Deus e com pequenos problemas. É assim que
funciona o ponto de vista. É assim que a nossa esperança se reaviva. E é
assim que a depressão perde seu poder. Tudo, até mesmo os nossos piores
problemas e dores, se curva a Deus quando enxergamos quem Ele é de fato.

Quando você está dominado pelo medo

Nas margens da minha Bíblia, ao lado do Salmo 46, está escrito um lembrete
em verde: “Duke Medical Center, 19/02/92 (mamãe está falecendo)”. Lembro-
me de ter escrito esse lembrete e de como mergulhei desesperadamente nas
palavras deste Salmo. Eu precisava de Deus para ser o meu refúgio e a minha
fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade. Eu precisava me libertar das
garras do medo.

Imagine o oceano se agitando com a ventania violenta de um furacão, suas


águas bradando e espumando. É assim que me sentia e essa é a imagem que
o salmista nos dá a respeito da sua confusão. É uma situação difícil e perigosa
e seu instinto é se voltar para Deus como seu refúgio. Mesmo em tempos tão
turbulentos, Deus está bem ali conosco.

Este Salmo revela três maneiras pelas quais Deus deseja nos apoiar nas
tempestades de nossas vidas: (1) Ele é o nosso refúgio, a nossa proteção
contra as forças externas que nos cercam. Nem sempre Ele remove essas
forças, mas nos envolve em Seus braços e se torna um refúgio maior do que
qualquer fortaleza ou abrigo; (2) Ele é a nossa fortaleza, uma força interna para
que possamos resistir no momento em questão. Ele não guarda essa força
para amanhã; Ele nos concede a graça de que precisamos hoje. Amanhã Ele
nos dará a graça de que precisamos para o amanhã – bem como para todos os
dias em que precisamos dela; (3) Ele é auxílio sempre presente na
adversidade. Não importa o quanto as nossas circunstâncias sejam
inesperadas e angustiantes, Ele está pronto e sem tardar.

Os Evangelhos nos oferecem uma imagem maravilhosa desse Deus sempre


presente, acolhedor e reconfortante. Uma violenta tempestade veio sobre o
Mar da Galileia e os discípulos ficaram apavorados. Eles acordaram Jesus (de
alguma forma Ele conseguiu dormir enquanto as ondas se agitavam ao redor
deles), e Ele acalmou a tempestade. Jesus estava lá no barco com Seus
discípulos oferecendo Sua força e proteção – assim como está conosco hoje.

Deus quer que você saiba que Ele está do seu lado. Ele não está esperando
você cometer algum erro para que Ele possa corrigi-lo. Ele está aqui para
ajudá-lo mesmo quando você está dominado pelo medo – sua única segurança
verdadeira diante de qualquer situação.

Quando você precisa de um defensor

Martinho Lutero, o grande estudioso alemão da Bíblia que provocou grandes


reformas na história do catolicismo, ousou desafiar o corrupto sistema religioso
e político de sua época. Correndo o risco de ser queimado por heresia, Lutero
corajosamente leu e ensinou as Escrituras. Seus escritos exerceram grande
influência e foram até mesmo inflamatórios. Ao desafiar e contradizer
publicamente as práticas corruptas da instituição religiosa, ele se colocou sob
escrutínio que poderia ter resultado em sua pena de morte.

No entanto, em 1521, Lutero se manteve firme e recusou a se retratar de seus


escritos diante do imperador Carlos V na Dieta de Worms. Enquanto era
escoltado pelas autoridades, Lutero foi resgatado por um grupo de seus
seguidores que estavam mascarados e a cavalo. Estes o levaram para um
castelo alemão onde o esconderam e supriram todas as suas necessidades por
dois anos. Durante um dos tempos mais sombrios da vida de Lutero, Deus
literalmente providenciou um refúgio poderoso, provisão contínua, alegria no
meio da adversidade e serenidade durante a tempestade.

Deus nem sempre envia esse tipo de resgate. O Senhor estava com a minha
família quando a minha mãe se encontrava no hospital, mas ela ainda veio a
falecer. Às vezes, Deus concede ao Seu povo coragem diante de perigos
graves, mas não os livra de tais perigos. Esse foi o caso de Estêvão no livro de
Atos. Ele desafiou corajosamente os líderes religiosos sob falsas acusações de
blasfêmia, mas apesar de seu testemunho poderoso, Deus permitiu que as
intenções dos homens maus se cumprissem (Atos 7:59-60). No entanto, Ele
ainda estava lá, oferecendo força e realizando propósitos eternos.

A proteção de Deus não é só para os “super-heróis” espirituais sobre os quais


lemos nas Escrituras e na história. Essas eram pessoas comuns que
aprenderam a confiar e responder a Deus de acordo com a Palavra d’Ele. Na
verdade, a maioria de nós aprende a confiar não por sermos nobres, corajosos,
fiéis e termos tudo sob controle, mas por não termos outra escolha. É bem
provável que você possa vivenciar Deus quando precisar d’Ele
desesperadamente. Em seus momentos mais sombrios, Ele será sua poderosa
fortaleza e sua grandiosa força.
Em tempos de confusão

Vince Lombardi, o ilustre treinador do time profissional de futebol americano


Green Bay Packers, era famoso por seu comprometimento com o básico. Ele
iniciava cada temporada de futebol segurando uma bola e dizendo ao seu time,
todos atletas profissionais: “Isso, meus caros, é uma bola de futebol”. Depois, a
equipe passava as duas primeiras semanas sem fazer nada, exceto
aprendendo novamente a bloquear e a atacar.

Quando passamos por momentos de confusão, às vezes, o melhor remédio é


retornar ao básico. Deus tem usado conselheiros, coaches e consultores em
meu ministério e vida pessoal para trazer clareza a situações que se tornaram
grandes e complicadas demais. Todos nós precisamos de sabedoria e
discernimento diante de situações confusas para sabermos onde estamos,
para onde precisamos ir e como devemos chegar ao nosso destino.

As palavras de Moisés no Salmo 90 nos dão esse tipo de conselho. Ele nos
leva de volta ao básico. Muitas vezes Moisés vivenciou o superprolongamento
e a exaustão enquanto conduzia o povo de Deus do Egito, pelo deserto, até os
limites da Terra Prometida. Aqui, ele resume uma vida de sabedoria em seis
breves princípios: Deus é grande (versículos 1-2), a vida é curta (versículos 3-
6), o pecado é grave (versículos 7-11), a sabedoria é essencial (versículo 12), a
compaixão está disponível (versículos 13-15) e o sucesso é possível
(versículos 16-17). As implicações desses princípios são abrangentes e
transformadoras. Se Deus é grande, relacionar-se com Ele de maneira
adequada é de máxima importância. Se a vida é curta, o mais sensato é viver à
luz da eternidade. Se o pecado é grave, é vital eliminá-lo de nossas vidas. Se
abraçarmos a sabedoria, nossas prioridades mudam – aprendemos a investir
nossas vidas em vez de gastá-las. Se há compaixão, podemos escolher
recebê-la em abundância e viver em liberdade e alegria. E se é realmente
possível ter sucesso, Deus nos dará oportunidades para impactarmos o nosso
mundo para o bem.

Esses princípios breves, mas poderosos, dissipam a confusão. Eles trazem


clareza e nos permitem viver com propósito e riqueza. São os elementos
básicos que nos levam ao entendimento. Eles nos permitem reconhecer onde
estamos e nos equipam para chegarmos ao nosso destino na vida.
Quando você precisa de alegria

Jesus queria que Seus discípulos estivessem cheios de alegria (João 15:11).
Neemias disse a um grupo de israelitas entristecidos que tinham retornado do
exilo que a alegria do Senhor seria a sua força (Neemias 08:10). Paulo encheu
uma de suas cartas com palavras alegres e disse a seus leitores que se
alegrassem sempre no Senhor (Filipenses 4:4). Davi disse que a alegria plena
é encontrada na presença de Deus (Salmo 16:11). E Moisés pediu a Deus que
satisfizesse o seu povo com o amor leal d’Ele para que cantassem felizes todos
os dias (Salmo 90:14). De acordo com as Escrituras, a nossa alegria é muito
importante para Deus.

A alegria é a evidência de que Deus está trabalhando em nossas vidas. Às


vezes, as nossas respostas emocionais ao Senhor variam e nem sempre
sentimos a alegria que Ele nos proporciona. Mas, quando reconhecemos
consistentemente Seu trabalho, abraçamos Suas promessas e recebemos Seu
perdão, a alegria começa a borbulhar – mesmo em meio a circunstâncias
adversas e confusas.

A presença e o poder de Deus em nossas vidas são sempre direcionados para


nos trazer alegria, pelo menos com o passar do tempo. Quando vivenciamos a
alegria do Senhor, nossas circunstâncias podem não mudar, mas o nosso
ponto de vista muda radicalmente. Em vez de nos sentirmos bombardeados
pelos nossos problemas, começamos a enxergá-los por meio da graça e do
poder de Deus.

Com o passar dos anos, aprendi a me perguntar se estou vivenciando a alegria


do Senhor. Não é um método infalível, mas esta pergunta me ajuda a fazer um
diagnóstico e a discernir o grau em que estou permitindo que o Espírito Santo
conduza e direcione a minha vida. Quando a vida cristã se parece com uma
série de obrigações e deveres, sei que algo em meu coração precisa de
atenção.

Acredito que períodos extensos, honestos, íntimos e regulares de oração são


cruciais para mantermos a vivência da alegria de Deus. Não me refiro às
orações feitas às pressas enquanto dirigimos ou tomamos um café. Estou me
referindo à oração sincera em que você se abre, conversa com Deus e esvazia
completamente o seu coração. É nesse momento que Deus fala e Seu amor se
transpõe. É quando absorvemos a realidade de Suas promessas d’Ele ser a
nossa morada e de nos cercar com o Seu favor. Os braços d’Ele nos envolvem
e o nosso coração, mais uma vez, começa a se encher de alegria.

Em tempos de injustiça

Você provavelmente já sentiu as emoções da injustiça. Talvez você tenha


sentido a dor do abandono, a deslealdade de um sócio nos negócios, o choque
ao saber que foi excluído de receber uma herança, a frustração ao trabalhar
mais do que os outros para ver alguém ser promovido antes de você. Pode ser
que você tenha se esforçado para explicar ao seu filho o motivo pelo qual ele
está no banco de reserva enquanto o filho do treinador está no campo jogando.
Ser tratado de forma injusta pode ser emocionalmente perturbador. A injustiça
nos corrói.

Lembro-me de me sentir assim na faculdade depois de sacrificar um


relacionamento duradouro pela causa de Cristo – na esperança de que Deus
pudesse me devolvê-lo –, só para, no final, ver a minha ex-namorada sair com
outro cara. Abri a minha Bíblia no meu quarto e dei um ultimato a Deus. Eu
disse, “Fale comigo ou estou fora”. Eu estava lendo Salmos e daria a Ele
aproximadamente três ou quatro capítulos antes de desistir de tudo. Os dois
primeiros não me impressionaram. Então, li o Salmo 73 e imediatamente senti
algo diferente. Esse capítulo me levou a um encontro com Deus que me
transformou para sempre. Ainda com lágrimas em meus olhos e confusão
encobrindo a minha alma, li o Salmo em voz alta. Ouvi as minhas próprias
palavras nas objeções do salmista.

Eu estava aflito porque estava tentando fazer o que é certo segundo a vontade
de Deus, mas, como cristão, eu tinha mais problemas e frustrações do que me
lembrava ter tido antes. Assim como o salmista: “Quando tentei entender tudo
isso, achei muito difícil para mim” (versículo 16). E ainda como aconteceu com
o salmista, a solução estava bem diante dos meus olhos: “Entrei no santuário
de Deus” (versículo 17). Comecei a ver a vida à luz da eternidade novamente.

Adorar o Deus que está acima de tudo e que, no fim, justifica seu povo e dirime
o nosso senso de injustiça. Suas promessas e perspectivas aliviam a nossa
dor. O que parece ser injusto nesse momento servirá devidamente para o bem
do Seu povo no final. Nossos corações se acalmam, mudamos a forma com
que enxergamos as nossas situações e celebramos com as palavras do
salmista no versículo 26: “Deus é a força do meu coração e a minha herança
para sempre”.
Quando somos tratados de forma injusta

Asafe pensou ter sido tratado de forma injusta e a injustiça estava corroendo o
seu íntimo. Quando a sua experiência e a verdade acerca de Deus não
estavam fazendo sentido, esse homem sensato e fiel abriu o seu coração a
Deus. Sua angústia e a revelação que veio dela são mantidas para nós neste
notável salmo.

Seus pensamentos proferidos nos servem de exemplo. Seja qual for a injustiça
que você tenha vivenciado, leia essas palavras com tal ofensa em mente.
Sempre que você lutar contra a injustiça da vida, siga o exemplo de Asafe. Siga
as etapas específicas que ele nos mostra: (1) esvazie o seu coração a Deus;
(2) considere as suas escolhas com cuidado; (3) tenha uma visão geral; (4)
reafirme seu relacionamento com Ele. Mudar a forma com que enxergamos as
nossas circunstâncias pode dissipar fortemente o nosso sentimento quanto à
injustiça.

É exatamente esse princípio que levou Asafe, em seu salmo, ao seu ponto
decisivo (versículos 16-17). Quando nos transpomos na presença de Deus, em
Seu “santuário”, e permanecemos na luz da Sua verdade, começamos a
enxergar cada situação diante da eternidade. Asafe estava a ponto de desistir –
seus “pés quase tropeçaram” (versículo 2) – porque ele viu apenas suas
próprias circunstâncias naquele momento. Ele pensou que não havia vantagem
nenhuma em manter seu coração puro e seguir a Deus. Ele precisou vivenciar
a presença de Deus para enxergar de uma forma diferente. Quando focamos
na forma injusta com que fomos tratados, tornamo-nos míopes. Quando damos
um passo para trás e permitimos que Deus nos mostre a visão geral,
reconhecemos quão momentâneos os nossos problemas são à luz da
eternidade. Quando nos colocamos lá no final e olhamos para trás,
“consider[amos] que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados
com a glória que em nós será revelada.” (Romanos 8:18).

Deus usará a forma com que você foi tratado injustamente para desenvolver o
seu caráter, mudar a sua vida, dar-lhe um testemunho e cumprir um propósito
muito maior. Mas você precisa aguentar firme, confiando n’Ele para ter um bom
final. A única maneira de você ter fé para suportar eventos que não fazem
sentido no presente é mudar o seu foco acerca das suas circunstâncias e se
voltar para a visão geral. Deus promete que Ele vai agir “em todas as coisas
para o bem daqueles que o amam” (Romanos 8:28). No final, você verá que o
que parecia ser injusto se mostrará ser muito justo.

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