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A Fé Sem Obras é Morta”?

Daniel Conegero

A fé sem obras é morta porque a verdadeira fé salvadora necessariamente resulta


em frutos de boas obras. Ao contrário da fé morta, a fé viva é aquela que pode ser
demonstrada de forma visível através de atos de obediência.

A palavra fé é usada de forma muito ampla nas Escrituras. Assim, ela pode se referir
tanto à fé verdadeira quanto à fé falsa. Isso quer dizer que nem todos que
professam crer, de fato creem verdadeiramente. Então segundo a Bíblia, as boas
obras é uma das formas de distinguir o que é uma fé genuína e o que é uma mera
confissão externa e vazia; visto que a fé sem obras é morta.

Onde a Bíblia diz que a fé sem obras é


morta?
Embora seja um ensino frequente em toda a Bíblia, a doutrina de que a fé genuína
é evidenciada através das obras é tratada de forma mais específica e direta
por Tiago. Em sua epístola lemos que “a fé, se não tiver obras, é morta em si
mesma” (Tiago 2:17).
Tiago escreve sobre a relação entre fé e obras ao ensinar seus leitores a como
avaliar de que tipo é a fé viva e salvadora em oposição à fé morta e falsa. Para
Tiago, a grande prova de que uma fé é falsa é se ela não resulta numa vida
transformada que é caracterizada pelo compromisso, obediência e submissão à
Palavra do Senhor. Por isso ele explica que da mesma forma que o corpo sem o
espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta (Tiago 2:26).

Fé, obras e a salvação


É verdade que muita gente tem dificuldade de entender a relação que há entre fé,
obras e salvação. Ao longo da história do Cristianismo muita confusão já foi feita
sobre isso. A grande questão é que a Bíblia sempre coloca a fé como um elemento
essencial da salvação; visto que somos justificados pela fé em Cristo Jesus (cf.
Romanos 3.20; 4.1-25; Gálatas 3.6,11).
Então quando a Bíblia também diz que a fé sem obras é morta, algumas pessoas
distorcem o verdadeiro significado desse ensino com a intenção de defender
alguma forma de salvação pelas obras. Mas não há qualquer contradição bíblica na
doutrina de que a salvação é unicamente pela graça mediante a fé, e a verdade de
que a fé sem obras é morta.
Primeiro, definitivamente a Bíblia deixa claro que as boas obras não contribuem
para a salvação. O apóstolo Paulo escreve: “Porque pela graça sois salvos, por meio
da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém
se glorie” (Efésios 2:8,9).
Segundo, as boas obras são resultado da fé salvadora, não sua causa. Só pode
praticar boas obras diante de Deus aquele que, primeiro, foi regenerado pelo
Espírito Santo. Ainda sobre isso, Paulo explica: “Porque somos feitura sua, criados
em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos
nelas” (Efésios 2:10).
Portanto, é propósito de Deus que aqueles que foram feitos novas criaturas em
Cristo tenham uma vida caracterizada por bons frutos. É impossível alguém estar
verdadeiramente em Cristo e ser infrutífero; bem como também é impossível
alguém estar fora de Cristo e produzir alguma obra boa e aceitável a Deus (João
15:1-7). Para que uma obra seja, de fato, uma boa obra, ela depende dos méritos
de Cristo.

Terceiro, à luz das Escrituras, as obras jamais possuem o propósito de salvar. O


grande propósito das obras é glorificar a Deus. Em outras palavras, os crentes
glorificam a Deus diante dos homens quando praticam obras de obediência
(Mateus 5:16; João 15:8).

A fé sem obras é morta, mas a fé viva é


confirmada pelas obras
Em consequência aos três tópicos anteriores, podemos dizer que as obras também
confirmam a qualidade da fé. Isso quer dizer que se a fé é viva e genuína, ela será
demonstrada através de boas obras. Mas se a fé é morta, ela não poderá produzir
nenhuma boa obra diante de Deus.

É exatamente esse princípio que Tiago procura enfatizar em sua epístola. Isso fica
claro quando ele argumenta: “Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-
me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé!” (Tiago
2:18).
O raciocínio é bem simples: Como alguém pode provar que tem fé, se não por
ações concretas que revelam a legitimidade dessa fé? Uma fé que não pode ser
provada por uma conduta justa e obediente à Palavra de Deus, não passa de uma
fé aparente que é morta em si mesma. Como diz John MacArthur, esse tipo de fé se
resume apenas a uma aceitação mental dos fatos sobre Cristo; mas não vai além
disso.

Tiago ainda usa o exemplo de Abraão para fundamentar sua argumentação. Ele
ensina sobre como a fé de Abraão foi consumada através de suas obras (Tiago
2:21-24). Antes de qualquer coisa, Abraão foi justificado diante de Deus pela fé
(Gênesis 15); mas essa mesma fé foi consumada e testificada na história quando ele
demonstrou sua obra de obediência (Gênesis 22).
Portanto, ao dizer que a fé sem obras é morta, Tiago não está querendo adicionar
as obras como base para salvação. Muito pelo contrário! Tiago destaca claramente
que a obra da salvação é um dom gracioso de Deus e é operada conforme Sua
vontade soberana (Tiago 1:17,18).

As boas obras vêm da fé


Por fim, é fácil perceber que o grande objetivo de Tiago ao escrever que a fé sem
obras é morta, é reprovar todas as formas de antinomianismo. Não basta apenas
professar com os lábios que Cristo é o Salvador; é preciso também reconhecê-lo
como Senhor através de uma vida piedosa de obediência à Palavra de Deus.

É assim que se revela a fé viva e verdadeira que resulta na salvação. A salvação é


pela fé, e as obras vêm da fé. A fé é a causa, e as obras são a sua conseqüência. Se
não for assim, então tal fé não é verdadeira, pois a fé sem obras é morta.

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