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14/12/2017
A obra exigida na epístola de Tiago de quem diz que tem fé (crença) é a obra que a
perseverança termina (Tg 1:4), ou seja, é permanecer crendo na lei perfeita, a lei da
liberdade (Tg 1:25).
Introdução
Tiago, o Justo, possivelmente um dos irmãos de Jesus (Mt 13:55; Mc 6:3), é o autor dessa
epístola.
O irmão Tiago só se converteu após a ressurreição de Cristo (Jo 7:3-5; At 1:14; 1 Co 15:7;
Gl 1:19), tornando-se um dos líderes da igreja em Jerusalém, e é apontado como um dos
pilares da igreja (Gl 2:9).
A epístola de Tiago é datada por volta de 45 d. C., bem antes do primeiro concílio em
Jerusalém, que se deu por volta de 50 d. C., o que torna a mais antiga epístola do Novo
Testamento. Segundo o historiador Flávio Josefo, Tiago foi morto por volta do ano 62 d. C.
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Quando escreveu esta epístola, Tiago buscou contrapor o ensinamento judaico de ter fé no
único Deus, com o ensinamento do evangelho, que é ter fé em Jesus Cristo, pois de nada
adianta alguém dizer que crê em Deus, mas que não obedece o mandamento de Deus, que
é crer em Cristo.
A abordagem de Tiago nos lembra o ensinado por Jesus: “NÃO se turbe o vosso coração;
credes em Deus, crede também em mim” (Jo 14:1), evidenciando a relevância da matéria
abordada em função do público alvo: judeus convertidos ao cristianismo.
A má compreensão da abordagem de Tiago fez com que Martinho Lutero detestasse a essa
epístola, denominando-a “epístola de palha”. Ele não conseguiu visualizar que o
ensinamento de Tiago não difere do ensinado pelo apostolo Paulo.
Tiago faz uso do termo ‘fé’ no sentido de ‘crer’, ‘acreditar’, ‘confiar’, diferentemente do
apóstolo Paulo, que utiliza o termo tanto no sentido de ‘crer’ quanto no sentido de ‘verdade’,
sendo que este último significado é muito mais utilizado que aquele.
Tiago lembra que quem atenta para a verdade do evangelho e nela persevera, não sendo
ouvinte esquecido, é executor da obra estabelecida por Deus: crer em Cristo (Tg 2:25).
À vista da obra exigida por Deus, Tiago demonstra que ser religioso sem refrear o que
procede do coração, é enganar-se a si mesmo, e a religião desse indivíduo se revela vã (Tg
2:26-27).
Novamente Tiago chama os seus interlocutores de irmãos, para então conclama-los a não
fazerem acepção de pessoas, já que professavam ser crentes em Cristo (Tg 2:1). Se
alguém fala que é crente no Senhor Jesus, deve proceder conforme essa crença: não
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fazendo acepção de pessoas por causa de origem, língua, tribo, nação, etc. (Tg 2:12)
A questão não se trata de alguém que diz ter fé em Cristo, antes se algum que diz ter fé,
porém, é fé em um único Deus. Quem tem fé em Cristo será salvo, pois essa é a obra
exigida por Deus. Não pode se salvar alguém que diz ter fé em Deus, mas que não crê em
Cristo, vez que não é executor da obra.
A obra exigida de quem diz que tem fé (crença) é a obra que a perseverança termina (Tg
1:4), ou seja, é permanecer crendo na lei perfeita, a lei da liberdade (Tg 1:25). .
Como os cristãos convertidos dentre os judeus sabiam que a obra exigida por Deus é crer
em Cristo, ao argumentar que não basta diz que tem fé, Tiago estava enfatizando que é
inócuo crer em Deus e não crer em Cristo.
A abordagem no capítulo 3 muda novamente quando é dito: meus irmãos (Tg 3:1). A
instrução tem em vista aqueles que queriam ser mestres, porém, para esse exercício
ministerial é imprescindível ser ‘perfeito’. Ser ‘perfeito’ no contexto é não tropeçar na palavra
da verdade (Tg 3:2), e assim estará apto a conduzir o corpo (os instruendos).
Por fim, a instrução é para que os cristãos convertidos dentre os judeus não falassem mau
um dos outros (Tg 4:11), e, por figura (ricos), faz referência aos judeus que mataram o
Cristo.
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1. Entender que Tiago está preocupado com temas como justiça social, distribuição de
renda, ações caridosas, etc;
2. Considerar a repreensão severa aos ‘ricos’ que acumulam bens como sendo uma
repreensão a quem detinha riquezas materiais é não observar que o termo ‘rico’ é uma
figura que se aplica aos judeus;
3. Entender que a carta de Tiago é antagônica ao ensinamento do apóstolo Paulo, que
apresenta a salvação pela fé em Cristo Jesus. Na verdade, Tiago evidencia que crer
em Deus não é o que Deus exige para salvação, e sim, crer que Jesus é o Cristo, a
obra da fé;
4. Entender que boas ações é o exigível para se autenticar quem tem fé genuína. Quem
tem fé em Cristo conforme as Escrituras, tem fé genuína, pois essa é a obra exigida
por Deus;
5. Confundir boas obras com o fruto pelo qual se identifica a árvore.
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