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A Epístola aos Colossenses foi escrita quando Paulo estava preso por anunciar Jesus

Cristo (Cl 4.3,18). O apóstolo Paulo escreve esta carta junto com Timóteo, seu filho
espiritual (Cl 1.1-2). Eles abrem a carta louvando a Deus pela fé que os colossenses
têm e pelo amor deles por todo o povo de Deus. Naquela comunidade de Colossos,
a fé e o amor caminhavam de mãos dadas. Quem levou a boa notícia da salvação a
Colossos foi Epafras, o mesmo que, depois, compartilhou com Paulo a respeito da fé
e do amor dos colossenses. No capítulo 2, Paulo fala de seu esforço para que mais
pessoas conheçam a Cristo e exorta os cristãos de Colossos a que permaneçam firmes
e cresçam em Cristo, sem se deixarem enganar por falsos ensinos.
Os membros da igreja de Colossos estavam trocando o evangelho simples que
haviam aprendido dos apóstolos por um ensino aparentemente superior de doutrina
cristã.
Nesse sentido, o problema das igrejas da região de Colossos era praticamente o
mesmo já enfrentado por Paulo nas igrejas da região da Galácia: Admira-me que
estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para
outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e
querem perverter o evangelho de Cristo (Gálatas 1.6,7).
Aos cristãos de Colossos, Paulo admoesta: Cuidado que ninguém vos venha a enredar
com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os
rudimentos do mundo e não segundo Cristo (Colossenses 2.8).
Nos dois casos, o falso evangelho não se apresentava como uma doutrina estranha
às Escrituras. Os gálatas estavam abandonando a liberdade do evangelho pela
escravidão da lei.
A doutrina que ameaçava destruir a igreja dos gálatas era a de que os cristãos, para
se salvarem, estariam obrigados a obedecer, exteriormente, à lei do Antigo
Testamento. Paulo denuncia essa doutrina como escravidão exterior contrária à
liberdade do evangelho: somos filhos, não da escrava [= LEI], e sim da livre [= GRAÇA]
(Gálatas 4.31).
A igreja em Colossos, por sua vez, estava ameaçada por uma forma diferente
doutrina especulativa sobre a obediência exterior às do Antigo Testamento. Segundo
essa doutrina, a privação extrema de alimentos ligada à observância rigorosa do
calendário libertaria a mente para o conhecimento de mistérios somente acessíveis
aos anjos e potestades espirituais que governariam os astros e o destino dos homens.
Paulo denuncia essa doutrina, igualmente, como escravidão exterior contrária ao
pleno conhecimento da graça de Deus revelada em Cristo. Paulo lembra os cristãos
de que, no evangelho em que foram instruídos, eles já têm conhecimento superior
ao dos anjos sobre a graça de Deus revelada em Cristo: em quem todos os tesouros
da sabedoria e do conhecimento estão ocultos (Colossenses 2.2,3).
Colossenses 2.1-7 Cristo como o antídoto para um cristianismo superficial
Um cristianismo superficial, com raízes pouco profundas, está disseminado em
nossos dias. Sem conhecer a Palavra ou com pouca destreza para compreendê-la e
aplicá-la, muitos se deixam levar por ensinamentos falsos, por filosofias e crenças
que colidem com o evangelho, pelo desejo de passar por alguma experiência mística
ou extraordinária e por apelos emocionais. Contra a superficialidade e a instabilidade
espirituais, o único antídoto é Cristo Jesus – Caminho, Verdade e Vida (Jo 14.6), o
Bom Pastor cuja voz ouvimos na Palavra (Jo 10.1-15) e a quem, como servos e
ministros, anunciamos para a salvação das almas. Paulo ocupa-se com este tema em
Colossenses 2.
No versículo 7 encontramos um direcionamento apostólico para essa igreja que serve
também para nós, que adotamos esse versículo como tema/alvo para o ano de 2024.
⁷ Arraigados e sobreedificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes
ensinados, nela abundando em ação de graças.
1 – Precisamos estar arraigados em Cristo. Enraizado, que se estabeleceu em um
certo lugar, que se fixou, aferrado a uma ideia (convicção) que se fixou firme e
consistente na memória, nos hábitos, na cultura de um indivíduo ou de um povo e
que, portanto, é difícil de ser erradicado ou esquecido.
“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se
deixem submeter novamente a um jugo de escravidão.” Gálatas 5:1. Quando não
permanecemos Nele, vivemos o jugo da escravidão. Ou seja, vivemos controlados
pelo medo, pela culpa, pela falta de perdão e por tudo aquilo que nos faz mal.
Precisamos permanecer Nele e viver o que Ele quer que vivamos. Precisamos viver
livres e não escravizados. Para permanecermos Nele precisamos estar enraizados
Nele. A árvore que permanece bem enraizada resiste ao vento e ao tempo ruim.
“A função da raiz é retirar a água e os nutrientes que a planta precisa do solo. A água
e os nutrientes formam a seiva bruta, que é levada até as folhas por meio de vasinhos
que ficam dentro do caule chamados de xilemas”. Assim, entendemos que quando
estamos enraizados em Cristo, Ele nos dá a água e todo nutriente que precisamos
para nos mantermos vivos. Ele é a fonte. Se uma planta é cortada de sua raiz, ela não
sobrevive. Não sobrevivemos sem Cristo. Se há algo errado, se temos perdido a paz,
se o medo tem tomado conta, é sinal de que precisamos de mais nutrientes que vem
do solo, ou seja, precisamos mais da essência de Cristo. Mantenha-se enraizado em
Cristo! Diariamente precisamos estar nutridos para vivermos bem. Por essa razão,
diariamente devemos nos alimentar da palavra de Deus!
Jesus disse que é a videira verdadeira para mostrar como funciona nosso
relacionamento com ele. Jesus é a videira, nós somos os ramos que dependem dele
e o Pai é o agricultor que cuida de nós. Em Cristo podemos dar muitos frutos. Jesus
explicou que ele é a videira verdadeira, porque somente nele temos vida. Não existe
outra fonte de vida. A videira sustenta e alimenta os ramos. Sem Jesus, morremos.
2 – Precisamos estar sobreedificados em Cristo.
A palavra sobreedificar diz respeito em construir algo em cima de outra construção.
Isso implica em dizer que não podemos construir algo numa base própria, a rocha, o
alicerce, o edifício, já foi construído, o próprio Cristo disse a Pedro que ele, Jesus, era
a pedra que seria construída a sua igreja.
Qual é a sua estrutura? Qual foi a base colocada para o seu firmamento? Do que está
estabelecida as tuas colunas? Quais foram os materiais utilizados na sua edificação?
O apóstolo Paulo demonstrou que os cristãos de corintos eram a sua ‘obra’ no Senhor
“NÃO sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo SENHOR nosso? Não
sois vós a minha obra no Senhor?” ( 1Co 9:1 ). O que compreender desta declaração?
Que como sábio arquiteto o apóstolo Paulo havia posto Cristo como fundamento e,
cada cristão em particular estava sobre edificado em Cristo “Segundo a graça de Deus
que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre
ele; mas veja cada um como edifica sobre ele” ( 1Co 3:10 ).
Ao escrever aos corintos, o apóstolo Paulo demonstra que os cristãos creram em
Cristo conforme o que Deus deu a cada um dos seus ministros: “Pois, quem é Paulo,
e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o SENHOR
deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem
o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora,
o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o
seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e
edifício de Deus” ( 1Co 3:5 -9).
Observe que a lavoura ou o edifício pertence a Deus, ou seja, a obra é d’Ele. O
fundamento foi estabelecido por Deus, que é Cristo, de modo que ninguém pode por
outro fundamento ( 2Ts 2:19 ). O que compete aos cooperadores é trabalhar no
edifício, sendo que o justo juiz é quem apreciará a obra de cada um “Porque ninguém
pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se
alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas,
madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará,
porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se
a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a
obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como
pelo fogo” ( 1Co 3:11 -15).
2 – Precisamos estar confirmados em Cristo.
Estar confirmado em Cristo não tem a ver com os chamados “sacramentos” que a
igreja católica e algumas evangélicas professam. Nelas a chamada confirmação é algo
feito no início da vida cristã.
No rito católico, por meio da unção com óleo, a confirmação recebe "a marca", o selo
do Espírito Santo. A unção do santo crisma depois do Batismo, na Confirmação e na
Ordenação, é o sinal de uma consagração. Pela Confirmação, os cristãos, o que
significa aqueles que são ungidos, participam mais plenamente na missão de Jesus
Cristo e na plenitude do Espírito Santo que ele possui, de modo a que de toda a sua
vida emane "o bom odor de Cristo". O efeito do Sacramento da Confirmação é a
efusão especial do Espírito Santo tal como foi concedida aos Apóstolos no dia de
Pentecostes. Por esta razão, a Confirmação confere crescimento e profundidade à
graça batismal.
Entretanto, quando falamos em estar confirmados em Cristo, não diz respeito a
confirmar salvação, ou qualquer tipo de unção especial. A confirmação é o
reconhecimento de termos sido aprovados em nossa vida cristã. É o testemunho
público dos crentes acerca da nossa vida, como foi no dia do velório do irmão Olavo,
quantos testemunhos acerca de sua idoneidade, caráter..
O crente confirmado é que aquele que andou com Cristo, enraizado em Cristo, sobre
edificado em Cristo, que permaneceu em Cristo apesar das dificuldades e
perseguições, Permanecer é resistir! Uma arvore permanece em pé, mesmo com
ventos impetuosos. Por quê? Porque ela esta enraizada. Se uma arvore não tem
raízes profundas, ela se desprende do solo com qualquer vento! Mas se ela tiver
raízes fortes, ela poderá suportar terríveis tempestades, do contrario se desprenderá
e morrerá. Alguém que está enraizado em Cristo, permanece em Deus mesmo nas
maiores dificuldades. Mesmo que passe ventos impetuosos, ele permanece firme na
Rocha que é Jesus!
É necessário resistir nas perseguições que sofremos por causa de Cristo. Precisamos
nos defender dos ataques do maligno e oferecermos resistência contra o império das
trevas. Quando oferecemos resistência, estamos nos colocando como guerreiros
contra o inimigo. Somos pessoas e a nossa luta não é contra carne e sangue, mas não
estamos em desvantagem, pois maior é aquele que está em nós do que aquele que
está no mundo (1 Jo 4.4). Temos que continuar lutando para permanecer em Deus,
mas permanecer firmes, não como se estivéssemos ligados em cubos espirituais,
como se estivéssemos em coma, apenas sobrevivendo espiritualmente.
Confirmado é também aquele que gerou frutos para Cristo. Não há como frutificar
sem permanecer em Deus. Jesus disse:
4 permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir
fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se
não permanecerdes em mim.
5 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá
muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer Jo 15.4,5).
Muitas vezes queremos frutificar, gerar frutos para Deus, mas não permanecemos
em Deus. Não há como frutificar sem permanecer! Se permanecermos em Deus
como o ramo permanece na videira, então poderemos produzir frutos para Deus.
Quando não permanecemos em Deus, não podemos produzir frutos. Quando não
valorizamos a santidade, quando damos lugar a carne e ao pecado, deixamos nossos
frutos caírem e ainda paramos de produzir.
Não devemos parar a nossa frutificação. Há pessoas que deixaram de frutificar,
desistiram de produzir para Deus, desistiram de seus sonhos, talvez, ainda jovens.
Esse texto nos fala do porque da falta de frutificação, porque não permaneceram em
Deus! Somente quem permanece pode frutificar. Quando não permanecemos
perdemos a vida que brota da videira e uma arvore sem seiva perde as condições de
frutificação. Deixe Deus fazer brotar a seiva novamente em você e permaneça nele,
para que, assim, você frutifique.
É preciso permanecer e acabar bem, e não apenas começar. É preciso acabar bem,
sem desistir no meio do caminho. É preciso dizer como o apóstolo Paulo no final de
sua carreira, combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
Seja um confirmado na fé. Não olhe para trás, pois o que passou não volta. Não olhe
para frente temendo o que possa vir. Confia e descanse no seu mestre. Não olhe para
os lados, apavorando-se com as ondas do mar. Não olhe para as pessoas, pois todas
são imperfeitas e decepcionam. Olhe para Jesus, e nele seja radicado, edificado e
confirmado. Deus o abençoe. Amém!

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