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O Cânon Sagrado e as partes que compõem a Bíblia

A Escritura Sagrada recebe o título de Bíblia, palavra grega que


significa "livros", por ela reunir um conjunto de livros
inspirados, chamados livros canônicos. "Cânon bíblico", o que
é? Cânon é uma palavra latina que significa "modelo". O termo
latino é derivado do grego kanon, de "cana", instrumento de
medida usado nos tempos bíblicos no lugar do nosso "metro"
hoje.

O cânon bíblico, portanto, "é a lista de livros inspirados que formam a Bíblia, os quais
dão testemunho autorizado da revelação de Deus, servindo como norma de
procedimento cristão, e como critério ou régua, através dos quais se mede e julga
correto e justo um pensamento ou doutrina. (Gálatas 6:16; II Timóteo 3:16)." *

Os livros inspirados, como expressão da Palavra de Deus, que formam o cânon bíblico
original, como regra de fé e doutrina, são 39 da Escritura hebraica do Antigo
Testamento, e 27 do Novo Testamento, totalizando os 66 livros canônicos, que como
verdades infalíveis e eternas, possuem autoridade final.

A Bíblia Católica contém sete livros a mais, estes foram extraídas da "Bíblia grega", ou
"Septuaginta", traduzida na Bíblia hebraica para o grego no ano 250 a.C., quando então
foram incluídos outros sete livros, que não faziam parte dos livros inspirados da Bíblia
hebraica original, que são: Tobias, Judith, I e II Mababeus, Sabedoria, Eclesiástico e
Baruc.

Mas porque a Bíblia Protestante não contém estes sete livros?

Lutero e, principalmente os seus seguidores, rejeitaram estes livros, além de Ester 10,4-
16; Daniel 3,24-20; 13-14. A razão disso vem de longe. No ano 100 da era cristã, os
rabinos judeus se reuniram no Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes), no sul da Palestina, a fim
de definir a Bíblia Judaica. Isto porque nesta época começava a surgir o Novo
Testamento com os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos, que os judeus não aceitaram.
Nesse Sínodo, os rabinos definiram como critérios para aceitar que um livro fizesse
parte da Bíblia, o seguinte: (1) Deveria ter sido escrito na Terra Santa; (2) Escrito
somente em hebraico, nem aramaico e nem grego; (3) Escrito antes de Esdras (455-428
a.C.); (4) Sem contradição com a Torá ou lei de Moisés. Esses critérios eram puramente
nacionalistas, mais do que religiosos, fruto do retorno do exílio da Babilônia em 537aC.
Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia judaica da Palestina os livros que hoje
não constam na Bíblia protestante, citados anteriomente.

Porém demoraram alguns séculos para que a Igreja Católica chegasse à forma final da
Bíblia, com os 72 livros como temos hoje. Em vários Concílios, ao longo da história, a
Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Jo 16,12-13) estudou e definiu o Índice (cânon)
da Bíblia; uma vez que nenhum de seus livros traz o seu Índice. Foi a Igreja Católica
quem berçou a Bíblia. Garante-nos o Catecismo da Igreja e o Concílio Vaticano II que:
"Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados
na lista dos Livros Sagrados" (Dei Verbum 8; CIC,120). Portanto, sem a Tradição da
Igreja não teríamos a Bíblia. Santo Agostinho dizia: "Eu não acreditaria no Evangelho,
se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica" (CIC,119).

* Dicionário de Teologia Fundamental, págs. 122 e 123. Editora Vozes e Santuário,


edição 1994.

Por Ricardo Chiconello, Missionário da Comunidade Deus Proverá

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