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4.1.

Definição de Cânon
4.2. Necessidade de um Cânon das Escrituras
4.3. O Cânon do Antigo Testamento
4.4. O Cânon do Novo Testamento
4.5. Cronologia do Cânon

 Verificação de Aprendizagem
 Glossário

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4.1. Definição de Cânon

A palavra traduzida cânon vem de uma palavra grega que significa


“uma vara reta de medir” ou “um padrão de medida”. Mais tarde
passou a chamar-se lista ou catálogo. Logo veio a ser utilizada
significando padrão de conduta ou de opinião, e finalmente aplicada
aos livros da Bíblia.

Sendo assim, Cânon ou


Escrituras Canônicas é a
coleção dos livros
divinamente inspirados,
que constituem a Bíblia. No
sentido religioso, cânon
não significa aquilo que
mede, mas aquilo que
serve de norma, regra (Gl
6.6).

Chamam-se canônicos os livros da Bíblia para diferenciá–los dos


deuterocanônicos e apócrifos (não genuínos ou espúrios). O emprego
do termo Cânon foi empregado aos livros da Bíblia por Orígenes (185-
254).

O cânon pode ser entendido como lista dos volumes pertencentes


a um livro autorizado, surgiu como um reforço à garantia centralizada
no bispo e à fé expressa num credo.

Muitos, equivocadamente, supõem que o cânon é uma lista de


livros sagrados vindos diretamente dos céus ou imaginam que o cânon
foi estabelecido pelos concílios eclesiásticos. Não foi assim, pois os

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vários concílios que se pronunciaram a respeito do problema do cânon
do Novo Testamento apenas o tornavam públicos, porque já tinham
sido aceitos amplamente pela consciência da igreja.

A história do cânon estava concluída no Ocidente no começo do


século quinto, cem anos mais cedo que no Oriente.

4.2. Necessidade de um Cânon das Escrituras

Existiram três causas que cooperaram para tornar necessária a


formação do Cânon da Bíblia.

1. Para preservar os Escritos da corrupção – Enquanto a voz dos


profetas e apóstolos ainda era ouvida, não se fazia necessária a
existência de um Cânon, pois sabiam o que era e o que não era
inspirado. Após a morte desses, e cessando a inspiração, fez-se
necessária a criação do Cânon para preservar a mensagem inspirada.

2. Para evitar a adição de outros livros – Estavam aparecendo


diversos livros que requeriam a qualidade de livros inspirados. O
alcance da inspiração foi questionado e se fez necessário decidir quais
eram os livros inspirados.

3. Para prevenir contra qualquer tentativa de destruição da


Bíblia – Quando o imperador Diocleciano, em 302 emitiu um edito
ordenando que se queimassem todos os livros sacros, surgiu a
interrogação sobre quais livros eram inspirados e sacros.

4.3. O Cânon do Antigo Testamento

O Cânon do Antigo Testamento


como o temos hoje ficou pronto
desde o tempo de Esdras (445 a.C.).
Foi formado em espaço de mais ou
menos 1046 anos, indo de Moisés a

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Esdras. Embor a tenha sido no tempo de Esdras a formação do Cânon,
ele não foi o último a escrever o livro do Antigo Testamento: os
últimos escritores foram Neemias e Malaquias.

Porém, de acordo com a história, foi Esdras que, na qualidade de


escriba e sacerdote, reuniu os rolos canônicos, ficando também o
Cânon encerrado em seu tempo.

Os escritos judaicos mais antigos declaram que Esdras convocou a


grande Sinagoga composta por ele mesmo, Neemias, Ageu, Zacarias e
Malaquias, e assim decidiram que os livros apreciados tinham a
inspiração divina e foram aceitos pela comunidade desde então. Sua
formação não foi um ato arbitrário, mas foi submetida pelo povo a um
Concílio oficial para apreciação, sendo que a última ocorreu em cerca
de 90 d.C. pelo Concílio de Jâmnia.

Esses livros foram inspirados por Deus e cremos que o mesmo


Deus iluminou o seu povo para reconhecimento dos livros inspirados
entre outros livros religiosos antigos (João 7.17; 1Coríntios 2.12-13).

Portanto, se reconhece o papel da providência de Deus quanto à


origem, seleção e coleção destes escritos. É por essa razão que os
livros do Antigo Testamento existem em número de 39, como temos,
nem mais nem menos. Esta tem sido a convicção dos crentes
protestantes de modo geral, embora tivesse havido dúvidas
levantadas a respeito de alguns livros, como, por exemplo, Cantares
de Salomão e Eclesiastes. A providência de Deus operante na vida da
Igreja, entretanto, tem feito com que todos os 39 fossem aceitos.

4.4. O Cânon do Novo Testamento

Os doze apóstolos eram o


cânon e o foram enquanto
viveram, já que a comunidade
cristã dos primórdios preferia a
mensagem proferida oralmente
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por aquelas pessoas que testificaram, estando presentes e
participantes do ministério de Jesus.

Bem cedo na história da comunidade cristã, quem sabe ainda


dentro da quarta década do primeiro século, surgiram os primeiros
escritos que seriam a semente de onde o Novo Testamento procede.
Eram documentos rudimentares, escritos provavelmente em
aramaico, sendo que os testemunhos teriam de ser em hebraico. Esses
testemunhos eram textos do Antigo Testamento catalogados pelos
primitivos missionários com a finalidade de provar o caráter
messiânico da encarnação, ministério, morte e ressurreição de Cristo.
Muito destas listas de textos-provas serviram à composição dos
evangelhos.

O discurso de Estevão em Atos revela a influência destas listas


organizadas. O cânon para a escolha desses textos eram naturalmente
os apóstolos.

Sua formação levou apenas quase 100 anos para ser completada.
O que realmente demorou foi o reconhecimento canônico. Isso foi
motivado pelo zelo e pelo escrúpulo das igrejas de então, que exigiam
provas concludentes da inspiração divina de cada um desses livros.

Embora a fixação do Cânon do Novo Testamento tenha ocorrido


no III Concílio de Cartago em 397 d.C., até o século XVI ainda existiam
dúvidas sobre quais livros deveriam ser aceitos com sólida autoridade.
O princípio que orientou a formação do Cânon do Novo
Testamento foi o mesmo que motivou a criação do Cânon do Antigo
Testamento. Era necessário preservar os escritos apostólicos. Na
época da perseguição muitos escritos apareceram querendo
reconhecimento de “livros inspirados” e assim serem canonizados.
Concílios foram realizados, questões foram discutidas, até chegar-se a
um consenso, houve muitos debates, dúvidas e por fim chegaram a
uma conclusão. Hoje essas dúvidas já foram desfeitas.
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É evidente que nem todos os livros do atual Novo Testamento
eram reconhecidos ou aceitos por todas as igrejas do Oriente e do
Ocidente durante os primeiros quatro séculos da era cristã. As
variações do cânon eram devidas a condições e interesse locais.

O Cânon existente surgiu de um vasto corpo de tradição oral e


escrita e de especulação, e se impôs às igrejas devido a sua
autenticidade e poder dinâmico inerente. Sendo, portanto, um fruto
do emprego de vários escritos que provavam o seu mérito e a sua
unidade pelo seu dinamismo interno. Alguns foram reconhecidos mais
lentamente do que os outros devido ao seu pouco tamanho ou devido
ao caráter remoto ou particular do seu destino ou até mesmo ao
anonimato no tocante à autoria, ou falta de aplicabilidade às
necessidades da igreja naquele período.

Porém, nenhum desses fatores trabalha contra a inspiração divina


destes livros ou contra o seu direito de possuir um lugar na palavra
autorizada do Deus Todo-Poderoso.

4.5. Cronologia do Cânon

Quando se fala do espaço total de tempo, que vai da escrita do


Pentateuco ao Apocalipse, é preciso intercalar os 400 anos do
chamado Período Interbíblico ocorrido entre os dois Testamentos, o
que dará um total de 1542 anos (1046 do Antigo Testamento + 400 do
período Interbíblico + 96 do Novo Testamento). Daí dizer-se que a
Bíblia foi escrita em um período de 16 séculos.

O Cânon abrange na história um total de 1542 anos, porém foi


escrito em 1142 anos, aproximadamente, isto é, 1046 + 96 - 400.

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Verificação de Aprendizagem

1. Como se define o termo Cânon e como se explica a aplicação


deste em relação às Escrituras?
2. Quais os três fatores que contribuíram para a necessidade de um
Cânon das Escrituras?
3. A quem é atribuída a formação do Cânon do Antigo
Testamento, e em que época isso ocorreu?
4. Como é explicada a formação do Cânon do Novo Testamento?

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