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obras está
morta
OTTO SANTOS
EPÍSTOLA DE
TIAGO
A Epístola de Tiago foi escrita a todos os cristãos do seu tempo e trata de assuntos
práticos da vida cristã. O autor fala de pobreza e riqueza, tentação, preconceito, o falar e o
agir, o criticar, orgulho e humildade, paciência, oração e fé. Ele põe acima de tudo a
necessidade de não somente crer como também agir. Não adianta nada alguém dizer que tem
fé se não provar por meio das suas ações que a sua fé é viva e verdadeira. “Porque, assim
como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta” (2:26). A
verdadeira fé cristã se manifesta em ações cristãs.
O autor chama a si mesmo de “mestre” (3:1) e ele ensina belas lições para todos os
seguidores de Cristo. Com clareza e vigor, Tiago nos mostra como devemos agir e viver, se é
que queremos ser cristãos de verdade.
Esquema do conteúdo
1 ESTUDO CONTEXTUAL
Como Tiago morava em Jerusalém e cuidava dos assuntos da Igreja nesse local,
é provável que tenha escrito sua epístola nessa área. O fato de Tiago não ter
mencionado a conferência de Jerusalém que ocorreu cerca de 50 anos d.C. (ver
Atos 15) poderia indicar que sua carta foi escrita antes dessa conferência.
Tiago faz uso do termo ‘fé’ no sentido de ‘crer’, ‘acreditar’, ‘confiar’, diferentemente do
apóstolo Paulo, que utiliza o termo tanto no sentido de ‘crer’ quanto no sentido de
‘verdade’, sendo que este último significado é muito mais utilizado que aquele.
Tiago lembra que quem atenta para a verdade do evangelho e nela persevera, não sendo
ouvinte esquecido, é executor da obra estabelecida por Deus: crer em Cristo (Tg 2:25).
À vista da obra exigida por Deus, Tiago demonstra que ser religioso sem refrear o que
procede do coração, é enganar-se a si mesmo, e a religião desse indivíduo se revela vã
(Tg 2:26-27).
A questão não se trata de alguém que diz ter fé em Cristo, antes se algum que diz ter fé,
porém, é fé em um único Deus. Quem tem fé em Cristo será salvo, pois essa é a obra
exigida por Deus. Não pode se salvar alguém que diz ter fé em Deus, mas que não crê
em Cristo, vez que não é executor da obra.
A obra exigida de quem diz que tem fé (crença) é a obra que a perseverança termina (Tg
1:4), ou seja, é permanecer crendo na lei perfeita, a lei da liberdade (Tg 1:25). .
Como os cristãos convertidos dentre os judeus sabiam que a obra exigida por Deus é
crer em Cristo, ao argumentar que não basta diz que tem fé, Tiago estava enfatizando
que é inócuo crer em Deus e não crer em Cristo.
A abordagem no capítulo 3 muda novamente quando é dito: meus irmãos (Tg 3:1). A
instrução tem em vista aqueles que queriam ser mestres, porém, para esse exercício
ministerial é imprescindível ser ‘perfeito’. Ser ‘perfeito’ no contexto é não tropeçar na
palavra da verdade (Tg 3:2), e assim estará apto a conduzir o corpo (os instruendos).
Por fim, a instrução é para que os cristãos convertidos dentre os judeus não falassem
mau um dos outros (Tg 4:11), e, por figura (ricos), faz referência aos judeus que
mataram o Cristo.
A epístola de Tiago possui uma longa história de conflito antes de ser aceita no
cânon do Novo Testamento. Mesmo por volta do século XVI ela ainda possuía
seus detratores; ninguém menos do que o grande Martinho Lutero, chamou-a de
“uma verdadeira epístola de palha”, por sua aparente contradição com a teologia
paulina.
2 ESTUDO TEXTUAL
07- ὑποτάγητε οὖν τῷ θεῷ· ἀντίστητε δὲ τῷ διαβόλῳ, καὶ φεύξεται ἀφ’ ὑμῶν·
Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo
ânimo, purificai os corações.
Tapeinōthēte ταπεινώθητε
(Humble yourselves)
Enōpion ἐνώπιον
(before)
Preposição
Kyriou Κυρίου
senhor
(Lord)
Kai καὶ
E (and)
Conjunção
Hypsōsei ὑψώσει
Hymas ὑμᾶς
seu / teu
(you)
Dois homens com o nome de Tiago receba destaque especial no Novo Testamento. Um
dos apóstolos com este nome, filho de Zebedeu e irmão de João, foi um dos três
apóstolos que acompanhava Jesus por perto. Depois da morte deste apóstolo em 44 dC
(Atos 12:1-2), um outro apóstolo, o irmão de Jesus, tornou-se especialmente influente
na igreja em Jerusalém (Gálatas 1:19). É que provável este Tiago seja o autor do livro
que leva o mesmo nome.
A própria maneira incisiva com que Tiago faz afirmações a esse respeito suscita
perguntas a respeito da perspectiva teológica da carta, em especial quando Tiago insiste
em seu argumento a ponto de vincular justificação as obras (2.14-16). Pois a essa altura
ele parece contradizer a insistência de Paulo de que a justificação provem
exclusivamente por meio da fé (Rm 3.28). Muitos se satisfazem em ver aqui uma
indicação da profunda diversidade dentro do Novo Testamento, e acham que Paulo e
Tiago dizem coisas diferentes e conflitantes sobre como alguém é justificado perante
Deus. Mas não é necessário adotar uma posição tão destrutiva; existem pelo menos duas
maneiras legitimas de harmonizar Tiago e Paulo nessa questão.
Tiago vai falar sobre nossas obras como cristãos, os cuidados que devemos tomar,
oração, provações, nossa língua e outros assuntos que conseguimos relacionar
facilmente com nosso dia-a-dia.
O pensamento que mais gosto de ter ao ler esta carta é o de Matthew Henry, que diz:
“Em Cristo não há ramos mortos ou sem seiva, e a fé não é uma graça ociosa; onde quer
que esteja, produz fruto em obras.”
A nossa fé vai nos levar a produzir boas obras, vivermos longe do pecado, sermos
generosos e obedecermos a Deus. A nossa fé é uma fé viva. É isso que aprenderemos
com a carta de Tiago.
REFERÊNCIAS
Fiel, 2021.