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Mas desta lista só podemos considerar apenas dois como autores desta carta...
(1) O primeiro seria Tiago, o apóstolo, irmão de João, filho de Zebedeu, que
juntamente com seu irmão e Pedro, formava o círculo de discípulo mais íntimos de
Cristo... contudo sua morte ocorreu nos primeiros anos da década de 40, logo no
início da Igreja Apostólica, conforme o livro de At.12:2, com este fato fica quase
impossível que seja ele, mesmo que a carta seja datada bem cedo, cerca de 10 a 15
depois da morte de Cristo.
(2) O segundo, e o mais aceito, é Tiago o irmão de José, Simão, Judas, e meio irmão
de Jesus, mencionado nos Evangelhos juntamente com suas irmãs.(Cf. Mt.13:55-
56, Mc.6:3). A princípio Tiago foi um descrente em Jesus como os demais irmãos
(Jo.7:5). Mas, posteriormente, se converteu a fé em Cristo, mediante a Sua aparição
após a ressureição (ICor.15:7). Esta aparição se encontra no apócrifo Evangelho
aos Hebreus. Tiago, logo se tornou umas das figuras mais proeminentes da Igreja
Apostólica, considerado inclusive pelo Ap. Paulo como uma das igrejas de
Jerusalém e contado entre os apóstolos. (Gl.1:19, 2:9). Podemos ver também este
fato, quando Tiago PRESIDIU o famoso CONCILIO que decidiu sobre a entrada
dos gentios na Igreja. (At.15:13, cf.21:18, Gl.2:12).
Temos ainda outras evidências que apontam Tiago (irmão de Jesus) como sendo o
autor:
1. As evidências internas da própria carta, apesar de não se identificar claramente,
podemos notar que ele fala com AUTORIDADE APOSTÓLICA, e a sua
linguagem é similar a registrada no discurso de atos 15, que é atribuída a Tiago o
líder da igreja em Jerusalém e irmão de Jesus. (cf.1:1 com At.15:23, 1:27 com
At.15:14, 2:5 com At.15:13, 2:7 com At.15:17. A linguagem também mostra que o
autor é familiarizado com as tradições judaicas, com o Antigo Testamento e com o
1
Exposição na Carta de Tiago.
Judaísmo... Dos 39 livros do Antigo Testamento, ele faz uso de trechos, de pelo
menos 22 livros. Mas também ele chama o local de reunião dos crentes de
“sinagoga” (2:2), a “Abraão nosso Pai” (2:21), o “Senhor dos Exércitos” (5:4). O
estilo da carta, contém perguntas retóricas, símiles vívidos (figura de linguagem),
interlocutores imaginários, aforismos e ilustrações tiradas da vida da Palestina,
também contribuem para a afirmação de que foi Tiago o irmão de Jesus. Mas além
disso, temos as testemunhas da igreja antiga, o que chamamos de evidências
externas. Orígenes, Eusébio, Cirilo de Jerusalém, Agostinho e Anastácio, entre
outros, se referiram a Tiago, irmão de Jesus, como o autor desta epístola.
Com exceção de Lutero, pelo pouco valor que deu a carta por sua aparente
discordância com Paulo, e os estudiosos da igreja Romana, por motivos óbvios (irmão
de Jesus). Lutero a chamava de “ Epístola de palha.”
Algo interessante a se falar, é que existe relatos históricos sobre Tiago, Hegésipo,
um judeu-cristão do 2º século d.C., escreveu sobre Tiago, e parte de sua obra foi
preservada por Eusébio, o famoso historiador cristão do século 4º, em sua História
Eclesiástica. Em linhas gerais, Hegésipo se refere a Tiago com “o Justo”, nome dado
por sua piedade e santidade pessoal, ele registra que a vida de oração de Tiago era tão
intensa que ele desenvolveu calosidades nos joelhos, como as de camelo, isto se reflete
claramente nas vezes em que na carta, Tiago mostra plena confiança no poder da
oração. (cf. 1:5,6; 4:2.3; 5:13-16). Hegésipo diz que Tiago foi morto apedrejado pelos
judeus, fora do Templo de Jerusalém, e pouco tempo depois ocorreu o cerco e a
destruição da cidade e do Templo, o que ainda, segundo Hegésipo, teria ocorrido como
retribuição divina.
Outro relato é a obra de Flávio Josefo, em Antiguidades Judaicas, em que ele também
menciona a morte de Tiago, o irmão de Jesus, que foi apedrejado pelos judeus, sob o
comando de Ananus, o sumo sacerdote, em 62 d.C. (ant.20. IX, 1), Diante destes e de
mais evidências, adotamos a posição histórica da Igreja, de que foi Tiago, o meio-
irmão de Jesus, que escreveu a carta.
B. Destinatários, data e ocasião: A autoria da carta está intimamente ligada à questão dos
destinatários. A QUEM TIAGO ESCREVE ESTA CARTA? Ele endereça “as 12 tribos
que se encontram na DISPERSÃO.” (1:1). Temos duas formas de entendermos esta
expressão: (1) Uma referência a todos os cristãos, judeus e gentios, visto aqui como o
verdadeiro Israel. (2) Uma referência aos judeus dispersos pelo Império Romano,
convertidos ao Cristianismo, e que eram, portanto, o verdadeiro Israel de DEUS. (cf.
IPe.1:1, Jo.7:35, At.26:7). Esta é provavelmente uma referência a judeus que foram
dispersos por diversos lugares, após a perseguição movida contra Estevão (At.11:19).
Independente de onde estavam, Tiago queria que eles soubessem que eles faziam parte
do POVO ESCOLHIDO de DEUS, mas também queria que eles lembrassem da
condição de peregrinos e forasteiros neste mundo, conforme a expressão DISPERSÃO
sugere.
APLICAÇÂO:
Apesar da situação que eles se encontravam, eles podiam ter certeza que estavam unidos
com DEUS, pela fé em Cristo Jesus, e estavam caminhando para o Lar Celestial. (Assim
nós também, hoje somos peregrinos, andando neste mundo como forasteiros, mas na certeza
que estamos com Cristo, e indo para nosso lar.)
2
Exposição na Carta de Tiago.
Outra coisa que temos que notar é o conteúdo da carta, se ela é uma epistola geral ou
não...
A carta, tinha algo específico e peculiar a uma igreja, logo podemos descartar a ideia de ser
uma epistola geral. O conteúdo contido nela era a uma determinada igreja que estava
passando por diversas provações. (1:1b). Aparentemente os destinatários da carta eram em
sua maioria crentes pobres, a julgar pelas denúncias de discriminação e opressão por parte
de patrões ricos. (1:9-11; 2:1-6; 5:7,8). Eles também eram imaturos espirituais, por falta da
prática da Palavra de DEUS, que era somente ouvida nos cultos (1:22-25), havia entre eles
disputas amargas (4:1-4;3:14.15) eles também estavam impacientes diante das provações e
assim tentados a murmurar e falar mau uns dos outros (3:9; 4:11; 5:7,8) e aparentemente
tinha compreendido erroneamente o ensinamento acerca da justificação pela fé, levando
Tiago a corrigi-los com o fito de mostrar que a fé e obras andam juntas (2:14-26). Diante
disso, podemos entender que Tiago estar a par da situação em que aqueles irmãos se
encontravam, e a real situação deles. Ele escreve para confortá-los, fortalece-los e orientá-
los nas diversas áreas da vida em que eles se encontravam deficientes e necessitados.
Provavelmente esta foi uma das primeiras cartas canônicas a serem escritas, e datam a carta
em meados de 40.
C. Posição Canônica da carta: Tiago não aparece nas primeiras listas de livros
canônicos, como no Cânon de Muratori do século 2º d.C. Eusébio de Cesaréia (c.260-
340 d.C.) incluiu Tiago entre os livros que chamou de ANTILEGOMENA
((αντιλεγομένα), são os escritos cristãos que são "disputados" ou, literalmente, as obras
em que há alguém que "falou contra".), Tiago foi assim considerado por não se
identificar com o apostolo, e pela aparente contradição com a doutrina da
JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ. Foi então que a Igreja Oriental, reconheceu que Tiago era
o irmão de Jesus e assim aceitou a apostolicidade e a canonicidade, já a Igreja Oriental
só reconheceu após a influência dos Pais da Igreja Jerônimo e Agostinho.
D. Lições e aplicações: Diante de tudo que foi falado, que lições podemos tirar para
nossa vida?
1. Que a Palavra de DEUS tem um objetivo claro. Mostrar DEUS e sua Glória em
todos os sentidos, e em todas as eras. Outra lição que podemos ver aqui, é a Palavra
de DEUS será preservada, e que não importa o que façam, sempre haverá a
Revelação Escrita de DEUS aos seus Filhos, a Sua Igreja, Ele será sempre
preservada e guardada, para que seu povo possa ler e ouvi-la, pelos séculos dos
séculos. (Mt.5:19)
2. Que Deus cuida de seu povo, mesmo quando tudo está aparentemente em caos ou
perdido, Ele mostra que está sob controle de tudo e de todos, e que não esquece de
nenhum se quer. (IISm.22:31-33)
3. Que Deus deixou sua palavra com um objetivo claro, ela permanece até hoje, e
temos acesso à ela, para que possamos ser corrigidos, confortados e principalmente
para que cresçamos espiritualmente. Por este motivo, como cristãos, devemos ter a
Palavra de DEUS, em máxima consideração em nossas vidas. Ela deve ser o nosso
alimento diário, pois é nela que encontramos respostas a todos os nossos
questionamentos, é nela que vamos permanecer fiéis a DEUS, é através dela que
teremos condições de refutarmos falsos ensinos. A palavra foi preservada para
nossa vida, para salvação do Seu povo, e para conduzir nossas vidas até o dia em
que estaremos face a face com nosso Senhor e Salvador. (IITm.3:16)
4. Para termos plena confiança nas Escrituras como PALAVRA DE DEUS em sua
totalidade, baseado na preservação dos escritos e na coerência dos seus ensinos.
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Exposição na Carta de Tiago.