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ESTUDO DA ESPISTOLA DE TIAGO

Escola Bíblica Dominical / 4º Trimestre de 2023

Departamento de Ensino do Ministério Semear


A epístola de Tiago é um livro precioso, no qual encontramos recomendações práticas para nossa vidas
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ESTUDO DA ESPISTOLA DE TIAGO

Sumário
“Mas diria alguém: Tu tens a fé e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas
obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras” (2.18)

Lição 1 22/10/2023

Provação e perseverança / Sabedoria e Fé

Lição 2 29/10/2023
Tudo é passageiro / Suportar a provação / O nascimento do pecado

Lição 3 05/11/2023
Todo dom vem de Deus / Ouvir, falar e se irar / Cumpridores da Palavra

Lição 4 12/11/2023
Fé e acepção de Pessoas

Lição 5 19/11/2023
Dominar a língua

Lição 6 26/11/2023
A sabedoria do alto / Saber pedir / Amizade com o mundo ou com Deus / Sujeitai-vos a Deus

Lição 7 03/12/2023
Disputas Internas e a Oração

Lição 8 10/12/2023
O Resultado da ganância

Lição 9 1712/2023
A importância da oração

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LIÇÃO 1 Provação e perseverança / Sabedoria e Fé


A epístola de Tiago é um livro direto, de recomendações claras e práticas para nossa vida. Quando
bem estudado e entendido, é precioso para nossa evolução na caminhada de fé.

Nesta introdução ao livro de Tiago, vamos falar sobre todo o necessário para você entender bem
este livro.

QUEM ESCREVEU A ESPÍSTOLA?

Na abertura da carta, lemos o seguinte:

“Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas: saúde.”
Tiago 1:1
Porém não temos indicações de qual Tiago seria esse. O novo testamento menciona quatro
pessoas com o nome de Tiago:

 Apóstolo Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João

 Tiago, pai de Judas, não o Iscariotes

 Apóstolo Tiago, filho de Alfeu

 Tiago, irmão de Jesus

Certamente não foi o filho de Zebedeu quem escreveu a epístola, uma vez que este foi martirizado
antes da epístola ser escrita:

“Por aquele mesmo tempo, o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja para os
maltratar;
e matou à espada Tiago, irmão de João.”
Atos 12:1,2
Como ele morreu muito antes de qualquer necessidade de uma carta ser escrita, é comum
descartarmos o filho de Zebedeu como autor.

Nenhum estudioso levou para frente a ideia do pai de Judas ter escrito esta carta. Alguns teólogos
nem mesmo mencionam ele como um dos “Tiagos” do novo testamento. Ele aparece apenas em
Atos 1:15.

Peter Davids, famoso teólogo canadense, considera que Tiago, filho de Alfeu, era tão pouco
conhecido que certamente teria se identificado de maneira mais clara caso ele fosse o autor da

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carta. A saudação inicial, no primeiro versículo da carta de Tiago, teria sido mais explícita caso
fosse ele o autor.

Logo, ao que tudo indica, e a maioria dos teólogos concorda, a epístola de Tiago foi escrita pelo
irmão de Jesus. Isso ocorre pois os outros três Tiagos dificilmente teriam escrito esta carta. Este
último Tiago tinha todo o necessário para escrever esta carta e até mesmo a maneira como ele
saúda as igrejas em sua carta corrobora para este entendimento, uma vez que a mesma saudação
é usada apenas uma outra vez no Novo Testamento, Atos 15:23:

“E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os apóstolos, e os anciãos, e os irmãos, aos


irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia, Síria e Cilícia, saúde.”
Atos 15:23

QUEM FOI TIAGO?

Tiago foi irmão de Jesus e, apesar dele não crer em Cristo durante a primeira parte do ministério
de Jesus (João 7:1-10), ele se converteu ao receber uma visita de Cristo ressureto, como vemos
em 1 Coríntios 15:7:

“Depois, foi visto por Tiago, depois, por todos os apóstolos”


1 Coríntios 15:7
Veja como Paulo faz uma distinção clara de Tiago, irmão de Jesus e de todos os outros apóstolos.
Isso indica que realmente Jesus visitou seu irmão. Vemos a confirmação da conversão de Tiago
em Atos 1:13-14:

“E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé,
Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago. Todos estes
perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e
com seus irmãos.”
Atos 1:13,14
Tiago acabou se tornando um líder na igreja primitiva, substituindo Pedro nesta função. Temos
essa certeza ao analisarmos o caso do concílio de Jerusalém, em Atos 12 e Atos 15:
“Mas Pedro perseverava em bater, e, quando abriram, viram-no e se espantaram. E, acenando-
lhes ele com a mão para que se calassem, contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão e disse:
Anunciai isto a Tiago e aos irmãos. E, saindo, partiu para outro lugar.”
Atos 12:16,17
“E, havendo-se eles calado, tomou Tiago a palavra, dizendo: Varões irmãos, ouvi-me.”
Atos 15:13
Também vemos a autoridade que Tiago obteve na igreja, em Gálatas 2:
“Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas,
depois que chegaram, se foi retirando e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão.”
Gálatas 2:12
Este Tiago então, inicialmente descrente, acabou por se tornar no líder da igreja primitiva e, até
onde entendo, o autor da carta de Tiago.

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QUANDO E PARA QUEM A CARTA FOI ESCRITA?

Não existe uma concordância em relação à data desta carta. Muitos teólogos nem mesmo chegam
a entrar neste assunto. É uma carta simples e, certamente, podemos aprender muito com ela
mesmo sem sabermos quando foi escrita.

Na minha opinião, a carta pode ter sido escrita antes do concílio de Jerusalém, em Atos 15, uma
vez que a carta não cita esse evento, apesar de passar próximo desse assunto. Também deve ter
sido escrita após Atos 8, uma vez que esta carta, conforme o primeiro versículo, foi escrita para
as doze tribos que estavam “dispersas”.

Considerando que a carta foi escrita apenas para os cristãos e que a dispersão da igreja primitiva
começa lá no capítulo 8 de atos, entendemos então que esta carta pode ter sido escrita, mais ou
menos entre 44 e 49 d.C. Isso faria com que essa fosse a primeira carta escrita do Novo
Testamento.

Vale lembrar que tudo isso que citei acima é apenas uma especulação, uma vez que não temos
nenhum registro histórico que comprove a hipótese.

COMO ENTENDER ESTA CARTA?

A carta de Tiago é uma carta simples, de direções claras e recomendações diretas. Alguns dizem
que é o como o “livro de Provérbios do Novo Testamento”, justamente por encontrarmos essas
instruções mais simples.

Tiago vai falar sobre nossas obras como cristãos, os cuidados que devemos tomar, oração,
provações, nossa língua e outros assuntos que conseguimos relacionar facilmente com nosso dia-
a-dia.

O pensamento que mais gosto de ter ao ler esta carta é o de Matthew Henry, que diz:

“Em Cristo não há ramos mortos ou sem seiva, e a fé não é uma graça ociosa; onde quer que
esteja, produz fruto em obras.”
Matthew Henry – Comentário bíblico Matthew Henry
A nossa fé vai nos levar a produzir boas obras, vivermos longe do pecado, sermos generosos e
obedecermos a Deus. A nossa fé é uma fé viva. É isso que aprenderemos com a carta de Tiago.

O primeiro capítulo do livro de Tiago já nos dá uma série de ensinamentos muito interessantes,
com os quais nos conectamos facilmente.

A PALAVRA “TENTAÇÃO”

No versículo 2 lemos o seguinte:

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“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações,”


Tiago 1:2
A palavra traduzida aqui como “tentações” é a palavra grega “πειρασμός” (peirasmos), que
siginifica uma prova, um teste, um experimento. Por isso, muitas traduções da bíblia, ao invés de
usarem a palavra “tentações”, usam aqui a palavra “provações”, o que me parece ser mais
adequado. Veja como a NVI faz a tradução:

“Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações,”
Tiago 1:2 – NVI
Consegue perceber como podemos interpretar de uma maneira errada o texto? O que Tiago está
nos dizendo aqui é que devemos nos alegrar quando somos provados. Ele usa a mesma palavra
no versículo 12.

Já no versículo 13, a palavra “tentado”, aparece mais bem colocada, uma vez que a palavra grega
é “πειράζω” (peirazo), e siginifica “testar a fé de alguém pela incitação ao pecado, testar alguém
maliciosamente, instigar ao pecado”.

“Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal
e a ninguém tenta.”
Tiago 1:13
No versículo 13, diferentemente do versículo 2, Tiago está falando sobre a tentação como
entendemos mais costumeiramente hoje: o ato de ser incitado ao pecado.

Com isso, podemos entender que Deus pode nos provar, no sentido de nos ajudar em nosso
amadurecimento, mas não nos tenta, no sentido de nos incitar ao pecado.

PROVAÇÃO E PERSEVERANÇA

Então, um dos pontos que vemos Tiago falando aqui neste primeiro capítulo é sobre a relação da
provação com a perseverança:

“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações, sabendo que a prova da
vossa fé produz a paciência. Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais
perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma.”
Tiago 1:2-4
O que ele nos ensina é que, quando somos provados ou quando passamos por situações difíceis,
nos tornamos pessoas mais “pacientes”. A palavra paciente aqui significa “perseverante”, que é
uma tradução mais adequada para nosso entendimento.

As situações difíceis nos tornam pessoas mais fortes, mais resilientes. Jó passou por isso, Cristo
passou por isso e muitos apóstolos também.

O que vemos aqui é que nossa vida terá dificuldades, que Deus está ao nosso lado nestas
dificuldades e que nos tornamos pessoas mais maduras ao passarmos por estas dificuldades.

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Deus, muitas vezes, está usando estas dificuldades pelas quais passamos, para nos forjar, para
aumentar a nossa perseverança.

No verso 12, vemos o reforço do entendimento:

“Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da
vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.”
Tiago 1:12
Vale lembrar que aqui, no versículo 12, a palavra tentação, pode ser traduzida como “provação”,
uma vez que é a mesma palavra do versículo 2. Com isso em mente, vemos que, ao
perseverarmos diante das tentações, receberemos a vitória final, que é a vida eterna com o
Senhor.

O termo usado “coroa da vida”, pode estar relacionado com os antigos eventos esportivos gregos,
onde o vencedor recebia uma coroa de louros ou de ramos de oliveira. O que Tiago está querendo
dizer é que a pessoa que vencer o período de provação será vitoriosa. Podemos claramente
relacionar esta passagem com o texto de Apocalipse 2:

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da
árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.”
Apocalipse 2:7
Devemos perseverar quando passarmos por dificuldades, pois seremos vitoriosos, mais maduros
e felizes no Senhor.

LIÇÃO 2 Tudo é passageiro

TUDO É PASSAGEIRO

Após falar sobre a questão da provação e também sobre a oração (versos 5 a 8), Tiago lembra
aos leitores que tudo é passageiro:

“Mas glorie-se o irmão abatido na sua exaltação, e o rico, em seu abatimento, porque ele passará
como a flor da erva. Porque sai o sol com ardor, e a erva seca, e a sua flor cai, e a formosa
aparência do seu aspecto perece; assim se murchará também o rico em seus caminhos.”
Tiago 1:9-11
Tanto a riqueza do rico, quanto o abatimento do humilde, são passageiros. No final de tudo, todas
as pessoas carecem da graça do Senhor e o que importa é a nossa entrega a Ele. Nossos bens
são passageiros, as dificuldades são temporárias e, em Cristo, todos somos feitos iguais.

Tiago, usando elementos da natureza, nos compara com a flor da erva, que rapidamente cai e
toda a sua beleza se esvai. Assim somos nós enquanto estamos aqui na Terra, onde tudo é
passageiro.

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Esta passagem nos remete ao Salmo 144, onde lemos:

“O homem é semelhante à vaidade; os seus dias são como a sombra que passa.”
Salmos 144:4
Nossa esperança está em Cristo ressurreto, que está nos preparando, através de diversas
situações, para nos levar, perfeitos, para a vida eterna. Esse é nosso objetivo. Não somos
cidadãos da Terra, somos peregrinos aqui, estamos apenas de passagem.

CUMPRIDORES DA PALAVRA

Tiago também fala sobre como devemos ser cumpridores da Palavra, num dos textos, para mim,
mais importantes deste primeiro capítulo:

“Pelo que, rejeitando toda imundícia e acúmulo de malícia, recebei com mansidão a palavra em
vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma. E sede cumpridores da palavra e não somente
ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não
cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se
contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de como era. Aquele, porém, que atenta bem
para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da
obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.”
Tiago 1:21-25
O texto aqui é claro como um provérbio: precisamos ser cumpridores da Palavra, não apenas
ouvintes. De nada adianta dizermos que somos cristãos, estarmos na igreja, fazermos belas
orações, cumprirmos as cerimônias, se não cumprirmos verdadeiramente a Palavra.

Cristo advertiu diversas vezes os fariseus no mesmo sentido: eles eram ótimos religiosos, mas
não cumpriam a lei que tanto diziam amar. No discurso de Mateus 7:21-28, Jesus é muito enfático,
em parte dele lemos:

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem
prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram
ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele
que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que
edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e
combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.”
Mateus 7:24-27
Tiago está reforçando aquilo que seu irmão havia ensinado de maneira tão brilhante: precisamos
praticar a Palavra. A Palavra deve ser enxertada em nós, de maneira que produza frutos, não pode
ser uma “graça ociosa”, mas algo que gera a sua obra perfeita em nós.

Este, na minha opinião, é o grande ensinamento deste capítulo: não podemos ser apenas bons
religiosos, que seguem os ritos, que cumprem a agenda, mas que não têm o coração e a mente
transformados. Para estes, que são apenas religiosos, o Senhor dirá: “Nunca vos conheci; apartai-
vos de mim, vós que praticais a iniquidade.”

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LIÇÃO 3 Cumpridores da Palavra


CUMPRIDORES DA PALAVRA

Tiago também fala sobre como devemos ser cumpridores da Palavra:

“Pelo que, rejeitando toda imundícia e acúmulo de malícia, recebei com mansidão a palavra em
vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma. E sede cumpridores da palavra e não somente
ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não
cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se
contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de como era. Aquele, porém, que atenta bem
para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da
obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.”
Tiago 1:21-25
O texto aqui é claro como um provérbio: precisamos ser cumpridores da Palavra, não apenas
ouvintes. De nada adianta dizermos que somos cristãos, estarmos na igreja, fazermos belas
orações, cumprirmos as cerimônias, se não cumprirmos verdadeiramente a Palavra.

Cristo advertiu diversas vezes os fariseus no mesmo sentido: eles eram ótimos religiosos, mas
não cumpriam a lei que tanto diziam amar. No discurso de Mateus 7:21-28, Jesus é muito enfático,
em parte dele lemos:

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem
prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram
ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele
que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que
edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e
combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.”
Mateus 7:24-27
Tiago está reforçando aquilo que seu irmão havia ensinado de maneira tão brilhante: precisamos
praticar a Palavra. A Palavra deve ser enxertada em nós, de maneira que produza frutos, não pode
ser uma “graça ociosa”, mas algo que gera a sua obra perfeita em nós.

Este, na minha opinião, é o grande ensinamento deste capítulo: não podemos ser apenas bons
religiosos, que seguem os ritos, que cumprem a agenda, mas que não têm o coração e a mente
transformados. Para estes, que são apenas religiosos, o Senhor dirá: “Nunca vos conheci; apartai-
vos de mim, vós que praticais a iniquidade.”

A REPETIÇÃO DE “PERFEITA”

Como toda análise de textos bíblicos, precisamos prestar atenção às repetições. Uma das palavras
que se repete neste capítulo é a palavra “perfeita”. Vemos esta palavra sendo usada nos versículos
4, 17 e 25.

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LIÇÃO 4 Fé e acepção de pessoas


O capítulo 2 da carta de Tiago é incrível! É um texto sobre o qual devemos refletir e entender com
clareza. Nele, aprendemos sobre como devemos amar as pessoas e como a nossa fé deve ser
uma fé viva.

Neste capítulo, Tiago apresenta os seguintes assuntos:

 Fé e acepção de pessoas (1 a 9)

 O cumprimento completo da lei (10 a 13)

 A fé viva e a fé morta (14 a 26)

FÉ E ACEPÇÃO DE PESSOAS

Este capítulo se abre com a questão de se fazer acepção de pessoas:

“Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de
pessoas.”Tiago 2:1

Devemos nos lembrar aqui que Tiago estava escrevendo para judeus convertidos. Estes judeus,
antes da conversão, comumente viam os ricos e pessoas mais proeminentes assumindo um lugar
mais confortável nas sinagogas. A distinção que se fazia entre eles, antes da conversão, era muito
grande.

Esse é um dos motivos pelos quais esse assunto é tão importante para aqueles leitores. Eles
precisavam lembrar-se, sempre, de que em Cristo não fazemos acepção de pessoas. Como
cristãos, o Pai nos fez todos iguais.

Aplicando isso para nossas vidas, o exemplo que Tiago dá nos diz que não devemos ter nossos
olhos mais voltados para os ricos, para os que parecem ser mais importantes, esquecendo-nos
dos pobres. Não podemos dar o lugar de honra para aqueles que, aos olhos do mundo, são mais
dignos. Não julgamos segundo os olhos do mundo, julgamos segundo a lei do Senhor, que nos
diz:

“E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”


Mateus 22:39
Quando Jesus resume toda a lei, citação à qual Tiago está fazendo referência aqui neste capítulo,
Ele não está nos dizendo para amarmos apenas aqueles que parecem ser dignos do nosso amor,
ou tratarmos alguém de maneira diferenciada. O que aprendemos com Cristo, com Tiago e em
Levítico 19 é que devemos amar as pessoas da mesma maneira que nos amamos, seja essa
pessoa nossa amiga, familiar, inimiga ou desconhecida.

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Com isso, qualquer sinal de acepção de pessoas em nossas vidas, precisa ser interpretado como
pecado:

“Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como
transgressores.”
Tiago 2:9
Essa passagem é uma onde corremos um dos riscos de interpretação mais sérios que temos na
Palavra: aplicar o que aprendemos para outras pessoas e não para nós. Se você, ao meditar nessa
passagem, ficou se lembrando de casos que aconteceram na sua igreja ou em outro lugar, muito
cuidado. Esse é, na minha opinião, um dos maiores erros de interpretação da Palavra. O que
devemos fazer nessa, e em todas as outras passagens, é identificar onde nós mesmos temos
errado.

O CUMPRIMENTO COMPLETO DA LEI

Após isso Tiago fala sobre como devemos cumprir toda a lei:

“Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto tornou-se culpado de todos.
Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu, pois, não
cometeres adultério, mas matares, estás feito transgressor da lei.”
Tiago 2:10,11
O argumento aqui está totalmente conectado com o que ele veio explicando antes. Se a lei do Rei
Jesus é que devemos amar ao nosso próximo como a nós mesmos e fazemos acepção de
pessoas, então falhamos na lei como um todo.

Não importa se ajudamos as pessoas, se fizemos boas obras, se amamos nossos familiares ou
qualquer coisa do tipo. Se fizemos acepção de pessoas, por exemplo, falhamos no cumprimento
da lei que nosso Senhor nos deixou.

Aqui, muitas vezes, temos uma interpretação muito suave sobre como devemos cumprir o que
Jesus nos ensinou. Pensamos que, por Ele ter perdoado todos os nossos pecados e vivermos na
dispensação da graça, podemos viver de qualquer maneira. Isso não é verdade. Basta nos
lembrarmos do que o próprio Jesus nos ensinou:

“Jesus respondeu e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará,
e viremos para ele e faremos nele morada. Quem não me ama não guarda as minhas palavras;
ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou.”
João 14:23,24
Isso para citar apenas uma passagem onde Jesus fala sobre isso.

Aqui, novamente, é importante lembrarmos que a audiência para quem Tiago estava escrevendo
isso era de judeus convertidos. Pessoas que, muitas vezes, seguiram fielmente apenas a parte da
lei que eles queriam, ignorando uma série de outros mandamentos e se achando muito justos ao
fazerem isso.

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De qualquer forma, é uma passagem que se aplica diretamente em nossas vidas, como expliquei
acima.

A FÉ VIVA E A FÉ MORTA

Chegamos então no ponto que talvez gere um pouco mais de polêmica nesse capítulo:

“E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós
lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o
corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.”
Tiago 2:15-17
Tiago nos ensina aqui existem dois tipos de fé: aquela expressa com nossas palavras, mas que
não gera nenhuma atitude, e aquela que além de expressa com nossas palavras, é também
expressa nas nossas vidas, através de ações práticas.

Uma delas, Tiago diz que “é morta em si mesma”, ou seja, é uma fé que não é válida diante de
Deus.

O ponto central aqui, para não ser repetitivo com o que eu falei no estudo de Gálatas, é que a
nossa fé precisa ser apresentada através da manifestação do fruto do Espírito, do agir de Deus,
através de nós.

LIÇÃO 5 Dominar a língua

O capítulo 3 de Tiago é um capítulo com passagens muito famosas. Mais um capítulo cheio de
aplicações práticas para nossas vidas.

Neste capítulo veremos, basicamente, dois assuntos:

 Dominar a língua (1 a 11)

 A sabedoria do alto (12 a 18)

DOMINAR A LÍNGUA

Neste capítulo Tiago fala sobre como o cristão deve controlar as suas palavras:

“de uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça
assim.”
Tiago 3:10

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Ensinando-nos que precisamos tomar cuidado pois nossas palavras podem ser destruidoras. Com
nossa boca podemos abençoar as pessoas, louvar a Deus, orar, ajudar, mas também podemos
causar muitos males.

Falando sobre os males que nossas palabras podem causar, ele diz:

“A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos
membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.”
Tiago 3:6
Com palavras duras, Tiago nos diz que nossa língua é inflamada pelo inferno. Aqui o ponto de
reflexão é importante: muitas vezes não damos a devida atenção ao que falamos, ao mal que
estamos causando e quem está usando nossas palavras. É comum pensarmos que existem outros
pecados mais “pesados” do que os que cometemos com nossas palavras, mas Tiago é muito
enfático ao dizer que nossa língua é inflamada pelo inferno.

Ao mesmo tempo em que diz que devemos tomar cuidado com nossas palavras, Tiago diz que
ninguém é capaz de controlar suas palavras:

“mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de
peçonha mortal.”
Tiago 3:8
Se nenhuma pessoa pode domar a língua e ela é inflamada pelo inferno, o que podemos fazer?
Simplesmente aceitamos isso e deixamos que o próprio mal use nossas palavras? Claro que não,
o próprio Tiago responde a essa pergunta:

“Vede também as naus que, sendo tão grandes e levadas de impetuosos ventos, se viram com
um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa.”
Tiago 3:4
Tal qual um navio, que é controlado por um pequeno leme, a língua controla todo nosso proceder.
Porém, tal qual o leme tem alguém dirigindo, nossa língua tem alguém governando. Pode ser o
próprio inferno, como Tiago disse, ou pode ser o Senhor, através do Espírito Santo. A pergunta
então é: quem está governando nossa vida?

O teste para chegarmos à essa resposta é justamente o da análise das nossas palavras. Se temos
usado nossa boca para exclusivamente para o bem, bem estamos e podemos afirmar que o
governo de nossas vidas é do Senhor. Se, ao invés disso, temos usado nossa língua para o mal,
então podemos afirmar que o governo de nossas vidas não têm sido do Senhor.

Como essa resposta pode não ser tão fácil de aceitar, nossa oração deve ser a do Salmo 141:

“Senhor, a ti clamo! Escuta-me! Inclina os teus ouvidos à minha voz, quando a ti clamar. Suba a
minha oração perante a tua face como incenso, e seja o levantar das minhas mãos como o
sacrifício da tarde. Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios.”
Salmos 141:1-3

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LIÇÃO 6 A sabedoria do alto / Saber pedir

A SABEDORIA DO ALTO

Tiago continua a carta então nos apresentando mais um contraste, desta vez falando sobre os
dois tipos de sabedoria que temos: a do alto e a terrena. Sobre a sabedoria do alto, ele destaca
uma série de atributos:

“Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável,
cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça
semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.”
Tiago 3:17,18

 Pura (hagnos): imaculada, não tem pecado, é uma sabedoria que não nos leva a nenhum

tipo de pecado;
 Pacífica (eirenikos): tranquila, que ama a paz, uma sabedoria que busca a paz com todas

as pessoas;

 Moderada (epieikes): conveniente, indulgente, uma sabedoria que não se comporta

indevidamente no ambiente em que está, que é gentil;

 Tratável (eupeithes): disposta a ceder, facilmente persuadida, ou seja, uma sabedoria que

aprende com o próximo, que não é dona da razão;

 Cheia de misericordiosa (eleos): bondade, boa vontade ao miserável e ao aflito, uma

sabedoria que ama ao próximo, que se compadece das dores alheias e não olha apenas

para a própria vida;

 Cheia de bons (agathos) frutos (karpos): que gera coisas boas, que tem proveito, que tem

valor na vida eterna;

 Imparcial (adiakritos): sem dúvida, ambiguidade, ou incerteza, uma sabedoria que não

vacila entre dois pensamentos distintos;

 Sem hipocrisia (anupokritos): sincera, que não tem fingimento, ou seja, uma sabedoria

que não tenta enganar, de maneira nenhuma.


Essas são as características da sabedoria do alto, que é completamente diferente da sabedoria
humana. A sabedoria que Deus nos dá é algo que vai gerar os bons frutos que vimos no capítulo
2.

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ESTUDO DA ESPISTOLA DE TIAGO

Mais uma vez aqui a aplicação é muito prática: devemos analisar tudo o que fazemos e pensamos
com base nessa lista de características dadas por Tiago para a sabedoria. O que estamos fazendo
e pensando se baseia numa sabedoria humana ou numa sabedoria do alto?

Temos muitas correntes de pensamentos, dentro e fora da igreja, muitos tipos de sabedorias
distintas. Quando utilizamos esse crivo de sabedoria que Tiago nos mostra, podemos facilmente
discernir se aquilo é algo que vêm do Senhor para nossas vidas ou se é algo humano.

Relacionado a este texto de Tiago, vale lembrarmos de Provérbios 3:


“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento.
Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio a
teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isso será remédio para o teu umbigo e
medula para os teus ossos.”
Provérbios 3:5-8

LIÇÃO 7 DISPUTAS INTERNAS E A ORAÇÃO


O capítulo 4 de Tiago apresenta uma série de assuntos que precisamos considerar. É um capítulo
onde, certamente, o Espírito Santo vai falar muito conosco.

DISPUTAS INTERNAS E A ORAÇÃO

As igrejas destinatárias da carta de Tiago passavam por problemas internos. Ele endereça este
ponto nos primeiros versículos destes capítulo:

“Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura, não vêm disto, a saber, dos vossos
deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos
e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis. Pedis e não
recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.”
Tiago 4:1-3
No entendimento dos três versículos em conjunto, podemos perceber que ele está ensinando à
igreja que as disputas internas pelas quais eles passavam nasciam do desejo próprio de cada
pessoa. Cada pessoa olhando mais para si mesmo do que para o próximo, olhando mais para os
seus próprios problemas, gerando cobiça, inveja e problemas entre eles.

O mesmo ensinamento vale para nós: na nossa comunidade de fé precisamos entender que
somos servos, não senhores. Existimos na comunidade para servir, não para sermos servidos.
Para amar ao nosso próximo como a nós mesmos. Isso vale para nossa comunidade de fé e para
nossa vida como um todo. Uma comunidade de corações dispostos a servir é a chave para que
estes problemas não aconteçam.

Tiago reforça a necessidade de unidade na comunidade de fé no versículo 11:

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“Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão e julga a seu irmão fala mal
da lei e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz.”
Tiago 4:11
Aqui ele nos ensina que não devemos falar mal das pessoas, que quando fazemos isso estamos
nos colocando no lugar de quem julga, de quem está acima da lei. Essa não é a nossa posição,
somos réus, culpados pelos nossos pecados, dependentes da graça do Senhor como qualquer
outra pessoa.

Este trecho da carta ainda nos ensina que as orações daquelas pessoas estavam cheias do desejo
próprio, buscando apenas satisfazer às vontades pessoais, e não olhando para a vontade de Deus.
O mesmo ensinamento vale para nós: quando o nosso desejo está acima do desejo de Deus ou
quando o nosso desejo é mais importante do que o do todo, oramos de uma maneira egoísta e
não somos atendidos.

Isso é importante o suficiente para mudar as nossas vidas, para mudar nossas orações e maneira
como somos atendidos. Devemos orar a vontade do Senhor, não a nossa. Jesus faz isso de
maneira brilhante em uma de suas orações mais difíceis:

“E, indo um pouco adiante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é
possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.”
Mateus 26:39
Jesus entendia que importava mais cumprir a vontade do Pai do que ser atendido em seus desejos.
Essa deve ser nossa intenção em nossas orações: atender à vontade de Deus.

INIMIZADE COM DEUS

Tiago também nos ensina que não temos um caminho do meio, que somos ou amigos ou inimigos
de Deus:

“Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?
Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.”
Tiago 4:4
Não temos como andar de braços dados com o mundo e com Deus ao mesmo tempo. Estamos
de um lado ou do outro. Deus não aceita dividir o Seu povo com outros deuses, não aceita que
nossa adoração esteja dividida entre ele e nossos desejos, entre Ele e as coisas deste mundo.
Isso nos remete diretamente ao primeiro mandamento:

“Não terás outros deuses diante de mim.”


Êxodo 20:3
Também nos leva ao que Pedro escreve em sua carta:

“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de
Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz;”
1 Pedro 2:9 – ARA

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Não existe amizade com o mundo e com Deus ao mesmo tempo. Deus deseja exclusividade em
nossas vidas, somos o povo Dele, não do mundo. Essa é nossa identidade.

Quando entendemos que somos de Deus e que Ele não aceita nos dividir com mais ninguém,
entendemos o nosso papel, o que devemos fazer e como devemos nos comportar. Entender que
Deus não aceita que tenhamos amizade com o mundo é uma chave de transformação das nossas
vidas.

INSTRUÇÕES DIRETAS PARA A IGREJA

Além disso, Tiago dá diversas instruções muito diretas para a igreja:

“Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se
chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração. Senti as
vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em
tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.”
Tiago 4:7-10
Vou listar cada uma delas:

 Sujeitai-vos a Deus

 Resisti ao diabo

 Chegai-vos a Deus

 Limpai as mãos

 Purificai o coração

 Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai

 Converta-se o vosso riso em pranto

 Converta-se seu gozo em tristeza

 Humilhai-vos perante o Senhor


Para cada um destes pontos, podemos relacionar diversos outros textos de apoio e que
corroboram estes entendimentos. O ponto aqui é que, como igreja, precisamos aprender tudo isso
e colocar em prática. Isso nos fará uma igreja forte, unida e que manifesta o Reino.

UM PROVÉRBIO DIRETO

Este capítulo se encerra com um dito proverbial muito direto:

“Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado.”
Tiago 4:17

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Tiago eleva aqui o nosso entendimento sobre o que é pecado e o que não é. Ele define que o
simples fato de sabermos sobre o bem que devemos fazer deve nos levar à uma atitude de
rendição e obediência pois, caso contrário, estaremos pecando.

Este é mais um ensinamento totalmente aplicável em nossas vidas: devemos fazer o bem sempre.

LIÇÃO 8 O Resultado da Ganância

O capítulo 5 encerra o livro de Tiago com mais uma série de instruções para as igrejas. De maneira
muito direta podemos aprender muito com este capítulo.

RIQUEZA E GANÂNCIA

Tiago começa esta parte da carta falando sobre como a riqueza dos ricos traria condenação para
eles:

“Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras e que por vós foi diminuído
clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos.
Deliciosamente, vivestes sobre a terra, e vos deleitastes, e cevastes o vosso coração, como num
dia de matança.”
Tiago 5:4,5
Um ponto importante a se notar aqui, e que se conecta com o restante da Palavra, é que o
problema não era a riqueza em si, mas o fato de ter sido adquirida de maneira indevida (usurpando
do direito dos trabalhadores) e usada apenas para o próprio desejo.

Existiam, como vimos, por exemplo, no estudo de Atos 16, cristãos ricos e justos. Logo, o fato de
serem ricos não representava o problema que leva Tiago a condená-los. A riqueza conseguida de
maneira injusta e usada para fins injustos é que os levou a essa condenação.
O ensinamento para nós, mais uma vez, é claro: devemos entregar toda nossa vida ao Senhor.
Isso inclui nossa vida financeira, tanto na maneira como ganhamos nosso rendimento, como na
maneira como o usamos.

A PROXIMIDADE DA VOLTA DO SENHOR

Acho importante ressaltar também que Tiago cita que a volta do Senhor estava próxima:

“Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto
da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós
também pacientes, fortalecei o vosso coração, porque já a vinda do Senhor está próxima.”
Tiago 5:7,8

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Muitos contemporâneos de Tiago criam que Jesus voltaria ainda enquanto eles estivessem em
vida. Essa é uma das possibilidades destas palavras terem sido usadas por Tiago. No estudo que
fizemos de 1 Tessalonicenses e 2 Tessalonicenses, vemos que isso é uma verdade para as
igrejas daquele tempo;
O que importa aqui é que não sabemos o dia da volta do Senhor, por isso devemos viver nossas
vidas como ele se ele voltasse ainda hoje. Quando temos a mentalidade da urgência da volta de
Cristo, nos lembramos que tudo o que fazemos deve ser feito para a glória dEle.

PALAVRA E ATITUDE

Tiago também fala sobre a questão de como nossas palavras devem estar alinhadas com nossas
atitudes:

“Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis nem pelo céu nem pela terra, nem façais qualquer outro
juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim e não, não, para que não caiais em
condenação.”
Tiago 5:12
Essa é mais uma instrução direta para nós: cristãos devem manter a coerência entre o discurso e
a ação. Essa é uma forma poderosa de darmos testemunho de Cristo para o mundo. Quando
dizemos que amamos as pessoas mas não temos ações que comprovem isso, nossas palavras
são vazias de verdade. Tiago já passou perto deste assunto no capítulo 2, quando falou sobre a
fé viva e a fé morta.
Aqui, como nos outros assuntos deste capítulo, vale a autoanálise: minhas ações estão alinhadas
com as minhas palavras?

LIÇÃO 9 A importância da oração

A ORAÇÃO POR CURA

Além destes outros assuntos, Tiago nos dá uma lição sobre a questão da oração:

“Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse, e, por
três anos e seis meses, não choveu sobre a terra.”
Tiago 5:17
Ao falar sobre a necessidade da oração para a cura, Tiago nos lembra que Elias era homem como
nós e a oração dele parou as chuvas por mais de três anos.

O ponto de reflexão aqui é que muitas vezes acreditamos que seja necessário um certo nível de
perfeição cristã, de santidade ou de entrega para que nossas orações sejam atendidas ou para
que os milagres aconteçam. Quando fazemos isso, transferimos o mérito do resultado da oração
para nós, como se, pela nossa santidade, pelo nosso esforço, pelo nosso conhecimento ou algo
do tipo, Deus atendesse às nossas orações.

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Deus não atende nossas orações por sermos santos ou por sermos bons cristãos. Deus atende
nossas orações pela Sua graça, apesar das nossas falhas. Tiago está nos ensinando aqui que a
resposta da oração não é mérito nosso, mas sim do Senhor.

A mensagem mais importante desse trecho da carta, na minha opinião, é: orem com fé, pois Deus,
apesar das nossas falhas, tem poder para curar.

Nota: não encontramos relato bíblico no velho testamento sobre estas orações de Elias. Tiago
pode ter mencionado isso por tradição, inferência ou por algum conhecimento que não chegou até
nós na Palavra.

O TÉRMINO DA CARTA

Tiago, na minha interpretação, diferentemente de Paulo, termina a carta de maneira abrupta, sem
uma saudação final.

Na interpretação de alguns teólogos, Tiago inclui neste capítulo todos os elementos de fechamento
de uma carta comum dos judeus daquele tempo, porém de maneira diferenciada. Para essa
interpretação, levam em consideração uma série sem fim de aspectos da carta, num nível elevado
de interpretação da Palavra (hermenêutica).

A carta de Tiago é uma carta simples, com aplicações bem práticas. Mesmo os teólogos que mais
se debruçaram sobre ela, fazendo estudos muito completos, não tiveram outras grandes
revelações além das que um leitor menos experiente teria. É uma carta proverbial, direta, cheia de
ensinamentos importantes.

Não escrevo isso para diminuir o imenso trabalho hermenêutico de alguns teólogos. Esse trabalho
é essencial e todos nós deveríamos nos preocupar com ele. Escrevo isso para incentivar você a
estudar essa carta independente do seu nível de conhecimento. É uma carta poderosa para todas
as pessoas, independente do quanto conheçam das escrituras.

DESAFIOS DO CAPÍTULO

Para o capítulo 5 de Tiago os desafios são os seguintes:

 Comente sobre qual o relacionamento das orientações de Tiago sobre a oração com o

que lemos no restante da Palavra. Use textos como os que listei nesse post para se

apoiar;

 Fale sobre qual foi o maior aprendizado que você teve no livro de Tiago.

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