Você está na página 1de 4

Conselhos pra Vida

Estudos na carta de Tiago

Estudo 03: Fé e Obras

Tiago 2.14-26
14
De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode
salvá-lo? 15 Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia
16
e um de vocês lhe disser: “Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se”, sem,
porém, lhe dar nada, de que adianta isso? 17 Assim também a fé, por si só, se não for
acompanhada de obras, está morta. 18 Mas alguém dirá: “Você tem fé; eu tenho obras”.
Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras. 19 Você crê que existe
um só Deus? Muito bem! Até mesmo os demônios creem — e tremem! 20 Insensato!
Quer certificar-se de que a fé sem obras é inútil? 21 Não foi Abraão, nosso antepassado,
justificado por obras, quando ofereceu seu filho Isaque sobre o altar? 22 Você pode ver que
tanto a fé como as obras estavam atuando juntas, e a fé foi aperfeiçoada pelas
obras. 23 Cumpriu-se assim a Escritura que diz: “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado
como justiça”, e ele foi chamado amigo de Deus. 24 Vejam que uma pessoa é justificada por
obras, e não apenas pela fé. 25 Caso semelhante é o de Raabe, a prostituta:
não foi ela justificada pelas obras, quando acolheu os espias e os fez sair por outro
caminho? 26 Assim como o corpo sem espírito está morto, também a fé sem obras está morta.

Introdução
O equilíbrio entre fé e obras é o que Deus espera de nós. Assim como um par de asas, e não
uma asa apenas dá equilíbrio e sustentação aos pássaros para voarem, a fé deve se manifestar
através de atitudes concretas, boas obras, para que seja sustentada e se torne proveitosa.
A fé meramente contemplativa, legalista e inoperante não é a verdadeira fé cristã.
O que se espera dos seguidores de Jesus é a fé prática, isto é, a fé traduzida em obras.
Fé e vida, como ensina Tiago.
Não são poucos aqueles que, ancorados na afirmação de que "o justo viverá por fé",
têm negligenciado a parte prática da vida cristã, limitando-se tão somente a crer em Deus.
Tornam-se, portanto, infrutíferos.
Por outro lado, há os que defendem apenas a realização ou prática das obras, em detrimento
da fé, ou seja, levam uma vida comprometida com a realização de boas obras e desprezam a
fé, considerando-a desnecessária. A esses, a Palavra de Deus declara, conforme Gálatas 2.16:
"o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também
temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras
da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado."

1
O estudo de hoje é uma breve exposição quanto à fé que se traduz em obras; e tem por
objetivo despertar a todos para a necessidade de associar a fé às obras - não com a intenção
de obter a salvação, mas para evidenciar a salvação alcançada pela graça mediante a fé.

Análise do texto
Para o apóstolo Tiago, uma fé que consiste apenas em palavras não tem proveito algum (v.14-
16). A fé sem obras é morta (v.17).

Muitos são tentados a achar que Tiago e Paulo entram em contradição, pois Paulo afirma que
“o justo viverá pela fé." (Romanos 1.17) e que a salvação não é por meio de obras, para que
ninguém se glorie (Efésios 2.9). Para Tiago, a fé salvadora é manifestada em obras: "Vejam
que uma pessoa é justificada por obras, e não apenas pela fé." (v.24). Será que Paulo e Tiago
estão mesmo em oposição? É evidente que não! Pois o que Paulo afirma é que as obras da
lei não salvam, já Tiago afirma que a verdadeira fé tem evidências práticas. Certamente, é
apenas uma questão de ênfase.
Na primeira parte do capítulo 2, versículos 1 a 13, Tiago refere-se à presença dos pobres na
igreja, ressaltando que eles não podem ser discriminados na comunidade por causa de sua
condição social. Não se pode fazer acepção de pessoas. Na segunda parte do texto (v.14-16),
ele mostra que apenas encorajar os pobres com palavras de fé e esperança, sem fazer nada
de concreto por eles, não tem nenhum valor. Encorajá-los a comerem e a se vestirem,
sem fazer nada por eles, é manifestar uma fé morta, inútil (v.15-17). Crer que Deus existe e é
um só, mas não traduzir essa crença em obras, é colocar-se no mesmo padrão de fé dos
demônios, os quais também creem na existência de Deus (v.19).
Tiago cita exemplos da história de Israel, a fim de ilustrar o valor das obras que operam
juntamente com a fé. Ele cita Abraão, o pai da fé, que levou o seu filho Isaque para o sacrifício
em obediência a Deus. E Raabe, que acolheu e indicou o caminho certo aos emissários do
povo de Deus. Estes são alguns exemplos da fé operante (v.23-25).

Aplicações Práticas
1. A fé traduzida em obras revela coerência entre o que se fala e o que se faz
Uma das críticas que se faz aos cristãos é que nem sempre suas palavras estão de acordo
com as suas atitudes. Prega-se uma coisa e vive-se outra. De fato, observa-se um
distanciamento muito grande entre a fé e as obras, na vida de muitos cristãos e igrejas.
Em defesa de uma fé operosa, Tiago faz a seguinte colocação: “Você tem fé; eu tenho obras.
Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras.” (v.18).
O que ele está enfatizando é a impossibilidade de se mostrar ou comprovar a fé sem as obras,
enquanto que as obras podem revelar a fé que o cristão possui. A fé teórica é sem vida,
ao passo que a fé posta em prática é viva. A fé manifestada por Abraão traduziu-se em
obediência e serviço (Gênesis 22.1-14). Raabe creu e deu demonstração de sua fé (Josué 2.1-
21).
Em Mateus 7.20, Jesus afirma: “Pelos seus frutos os conhecereis’. Isso equivale dizer que o
fruto é o que identifica a árvore. As obras são uma consequência da verdadeira fé.
A mensagem de Tiago se constitui num desafio para que haja uma verdadeira coerência entre
o que falamos e fazemos, pois, as pessoas precisam ver através de nossas obras que
verdadeiramente somos discípulos de Jesus. O próprio Senhor Jesus afirma: “Vocês serão
meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno.” (João 15.14).

2
Não podemos ser chamados de amigos ou seguidores de Jesus, se não fazemos o que ele fez
e o que exige de nós.
O líder indiano Mahatma Gandhi disse: “No vosso Cristo eu creio; só não creio no vosso
cristianismo.” Essa afirmação foi feita em função da incoerência observada entre o discurso
e a prática dos cristãos.
Pense: A doutrina estéril mata, mas o evangelho encarnado é vida.

2. A fé traduzida em obras revela verdadeiro amor cristão


Quando o apóstolo Tiago reforça o seu argumento ilustrando com a situação daquela pessoa
carente de roupa e alimento, procura a ajuda dos irmãos, mas o que recebe são apenas
palavras de conforto (v.15 e 16), ele está revelando que esses cristãos estão desprovidos do
verdadeiro amor produzido pela fé.
Na Carta aos Gálatas, Paulo destaca que “a fé atua pelo amor” (Gálatas 5.6). Aos coríntios, o
apóstolo afirma: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor,
serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de
profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a
ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos
os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado,
se não tiver amor, nada disso me aproveitará.” (1 Coríntios 13.1-3).

Uma igreja em que os membros se reúnem sistematicamente entre quatro paredes para
cultuar a Deus e falar do amor de Cristo, mas que não se abre para as necessidades do
próximo e da cidade, é uma comunidade estéril e que desconhece o verdadeiro amor de
Cristo. A vida de Jesus foi uma vida de serviço motivado pelo amor à humanidade.

É oportuna esta observação: 1 João 3.17,18 deixa claro que a visão bíblica do amor é um
sensibilizar-se com a necessidade do irmão, e que isso redunda num envolvimento concreto...
O amor a si mesmo é raiz de maldade quando não há a contraparte do amor ao próximo.
Jesus orienta: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos
amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus
discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” (João 13.34 e 35)

Crer apenas, sem se envolver com as necessidades do próximo, não é a vida agradável a Deus.
Usar de bondade e misericórdia é sinal de verdadeira fé e amor. Jesus se identificou conosco
em nossas misérias, em virtude do amor: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco
pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5.8).

A afirmação de Tiago pode ser parafraseada da seguinte maneira: "Mostra-me essa tua fé
sem amor, e eu, com o amor, te mostrarei a minha fé."

3. A fé traduzida em obras promove a vida na comunidade


A conclusão apresentada por Tiago é um resumo de tudo o que foi exposto até aqui.
Ele conclui o seu pensamento sobre a praticidade da fé, com estas palavras:
“Assim como o corpo sem espírito está morto, também a fé sem obras está morta.” (v.26)
Para Tiago, a ausência de obras instala a morte na comunidade.
É importante lembrar que a igreja é um corpo, como ensina Paulo em 1 Coríntios 12.12 a 31.
É um corpo que tem Cristo como cabeça. No entanto, faz-se necessária uma reflexão quanto

3
à vida desse corpo. Se a fé que a igreja declara ter não se evidencia em atos de misericórdia,
não se pode dizer que a vida está, de fato, pulsando. Pela inoperância de sua fé, muitos
cristãos podem estar como cadáveres neste mundo, transformando a comunidade em algo
como a visão do vale de ossos secos referida pelo profeta Ezequiel (Ezequiel 37.1-14).

O envolvimento da igreja na sociedade, como sal da terra e luz do mundo, é o que garantirá
que ela está, de fato, viva. A igreja não pode se transformar num corpo sem vida. Ela é
portadora da vida abundante proporcionada por Jesus (João 10.10). Portanto, a sua fé deve
ser uma fé viva. Os resultados práticos da fé cristã precisam se tornar evidentes.

Perguntas: Que razões nos levam a não praticarmos o que dizemos crer?
O que Deus tem pedido que você faça, mas você tem ignorado?

Conclusão
A fé e as obras têm de caminhar juntas. A autenticidade da fé se manifesta através de uma
vida espiritual que, na prática, revela coerência entre o que se fala e o que se faz.
A fé traduzida em obras revela o amor cristão. O amor que se traduz em obras manifesta a
vitalidade da igreja. Mediante uma fé viva servimos ao Deus vivo e vivificamos os que não
têm esperança.
A fé pode ser morta. Pode ser apenas uma crença como a dos demônios que não leva a lugar
nenhum ou, pode ser uma fé visível viva, aperfeiçoada e justificadora por meio das obras
praticadas. Você, através das obras ou da ausência delas, é que escolhe que tipo de fé assume.
Lembre-se, no entanto, que a sua escolha influi diretamente no seu destino de vida.
Tome como exemplo a fé transformadora através de obras de Abraão e Raabe.

Desafios
ü Reflita sobre sua vida nos últimos quinze dias. Escreva as situações que você agiu,
falou ou pensou que não corresponderam com o que você crê sobre Deus.
ü Peça a Deus para te perdoar, mudar e fazê-lo(a) parecido(a) com Ele. Então, escreva os
momentos que você viveu claramente o que crê sobre Deus em sua Palavra.
ü Agradeça a Deus por sua boa obra em sua vida.

BIBLIOGRAFIA
- Bíblia Sagrada: Acesse a versão online da Youversion: https://www.bible.com/pt/
- Sabedoria Para a Vida: Estudos na Epístola de Tiago. João Cruz. Versão em eBook, 2018.
- Tiago - A fé prática em ação. Red. Estudos para grupos pequenos, 2022.
- Fé e Vida: A pertinente mensagem da Carta de Tiago. Didaquê Publicações, 2017.

Você também pode gostar