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Texto: 1 Tessalonicenses 1

Título: Igreja

Tema: As três virtudes que apoiam a igreja de Cristo

I.C.T

Para nos ajudar a entender melhor este texto vale a pena destacar algumas informações
importantes. A primeira é que Paulo está na segunda viagem missionária, sendo que antes
de chegar a Tessalônica ele e Silas haviam sido açoitados e presos em Filipos (At. 16).
Neste sentido, é provável que tenham chegado ali em condições difíceis.

Porem quando começaram a pregar houve conversões de Judeus, de muitos gregos


tementes a Deus e mulheres de alta posição (At. 17.4). Mas muitos judeus ficaram com
inveja e começaram a acusar Paulo e Silas de anunciarem outro Rei além de César, vale
destacar que a palavra Senhor (Kyrios termo usado para se referir ao imperador) aparece
várias vezes na carta para se referir a Cristo, e por causa dessas acusações Jasom que
estava hospedando Paulo e Silas para não ser prejudicado, talvez ter até seus bens
confiscados precisou despedi-los.

Por causa de toda essa confusão Paulo e Silas precisaram fugir da cidade deixando
aquela igreja recém-formada. Por isso Paulo envia Timóteo (que estava com ele o tempo
todo, mas aparentemente não foi envolvido na confusão) de volta a Tessalônica para
buscar informações da Igreja. Timóteo após a visita a Tessalônica encontra-se com Paulo
em Corinto com a informação de que a comunidade estava muito bem, que havia
evidencias de que aquelas pessoas eram de fato convertidas, porém eles tinham algumas
dúvidas, especialmente em relação à volta de Cristo.

Então Paulo escreve esta carta para louvar a Deus pela vida dos irmãos Tessalonicenses
que apresentavam evidências de uma genuína conversão e instruí-los quanto a volta de
Cristo, e se lermos toda a carta iremos perceber que este é o tema central da carta.

Focando mais no texto que lemos podemos observar que após a saudação (v.1), temos a
ideia de um quadro, sendo que a moldura fala da ação daqueles irmãos (2-3, 9-10) que
será a nossa ênfase esta noite, e no meio do quadro (a tela) do 4-8 está o resultado das
atitudes daqueles irmãos.

TESE

Este texto certamente ainda nos fala muito hoje, pois, podemos observar um preocupante
distanciamento entre nosso discurso e nossa prática. Falamos muito de fé, mas essa fé
não redunda em obras que a comprovam, Tiago disse que a fé sem obras é morta (2.26).
Falamos que Deus é amor e que amamos, mas não passa de um amor romântico, que não
nos move a atitudes concretas de amor, e quando fazemos algo não o fazemos motivados
pelo amor, mas por desencargo de consciência ou por dever. E o pior vivemos como se
Jesus não fosse mais voltar, e por isso facilmente muitas pessoas desanimam da
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caminhada cristã, pois se de fato não temos esperança na volta de Cristo, não há razões
para perseverarmos.

PROPOSIÇÃO

A verdade é que a igreja precisa desenvolver três virtudes que formam um tripé de apoio
que aparece no texto, a saber, a fé atuante, o amor sacrificial e a esperança perseverante.

ORAÇÃO INTERROGATIVA

E qual a aplicação prática deste tripé na realidade da igreja?

ORAÇÃO DE TRANSIÇÃO

Iremos a partir da própria comunidade dos tessalonicenses e de outros textos tentar


responder essa pergunta.

DIVISÕES PRINCIPAIS

1. Fé atuante (v. 3);

Como disse anteriormente, a fé precisa redundar em obras, Paulo vai dizer isso em Ef. 2.8-
10 (CITAR), percebemos, portanto que a fé que nos proporciona a salvação em Cristo não
é um fim em si mesma, mas o início de uma vida que se submete à vontade de Deus. Não
basta dizer que tem fé, mas é necessário que esta fé seja evidenciada por uma conduta
coerente com a fé que professamos. Citando Tiago mais uma vez, “mostra-me a tua fé
sem obras, que eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras” (4. 18b).

E a comunidade dos tessalonicenses apresentava esta evidência, no versículo 9 Paulo diz


que o povo da Macedônia ( onde estava Tessalônica) e da Acaia ( onde ficava Corinto e
que lá estava Paulo) testemunhavam a conversão daquelas pessoas, como elas haviam se
voltado para Deus e abandonado os ídolos.

Uma das primeiras evidências de uma genuína conversão é a ruptura com tudo o que
ocupa em nossas vidas o lugar que deveria ser de Deus. Já disse aqui outras vezes e
repito, os deuses Greco/Romanos eram projeções das paixões humanas. Neste sentido,
no imaginário daquelas pessoas aqueles deuses deveriam ser agradados para que eles
concedessem a elas o que elas desejavam. Em última análise o ídolo delas era elas
mesmas, pois o foco era a realização dos desejos das próprias pessoas e não de seus
deuses, até porque deuses falsos não tem vontade.

Aplicando isso de uma forma prática, a fé precisa produzir em nós uma ruptura com
nossas vontades egoístas, Jesus disse que ”quem quisesse segui-lo, precisava negar a si
mesmo, tomar a cruz diariamente e segui-lo”. Precisamos crucificar a nossa vontade (que
é nosso maior ídolo) e nos voltarmos para Deus. Isso é uma evidência irrefutável de nossa
fé.
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E quando fazemos isso, quando crucificamos a nossa vontade, rompemos com este ídolo
do ego, e nos voltamos para Deus, isso irá produzir em nós atitudes que expressam de
maneira prática a nossa fé, pois iremos tirar nós mesmos do centro de nossa atenção,
dando-nos a condição de olhar para o outro e socorrê-lo em suas necessidades.

ORAÇÃO DE TRANSIÇÃO

Isso tem a ver com a segunda virtude que deve sustentar nossa prática.

2. O amor sacrificial;

Paulo diz que o labor (trabalho exaustivo, ideia de trabalho manual) daqueles irmãos era
motivado pelo amor (v.3), e no versículo 9 ele diz que eles passaram a servir o Deus vivo.
Interessante que naquele tempo o ideal grego de ascensão social, era a pessoa não mais
precisar trabalhar com as mãos, mas o amor levava aqueles irmãos a terem uma atuação
que ia exatamente contra o que a sociedade daquele tempo julgava nobre.

E mais Paulo diz que eles passaram a servir, se tornaram escravos do Deus vivo.
Interessante que em 2Co. 5.14, Paulo diz que o amor de Cristo nos constrange, nos move,
nos compele a agir, pois Cristo morreu por todos logo todos morreram. Ou seja, em Cristo
nós morremos para nós mesmos e para nossos pecados, e passamos a viver para Deus.

Paulo também fala em 1Cor. 13.13 que “agora permanecem a fé, a esperança e o amor.
Mas o maior deles é o amor”. Paulo diz isso, pois, a fé se relaciona com o passado (por
exemplo Abraão pela fé obedeceu e foi para um lugar que não conhecia, que mais tarde
receberia como herança Hb. 11.8, sabemos que Deus havia prometido que faria dele uma
grande nação, Abraão confiante na palavra de Deus obedeceu). A esperança que
falaremos à frente, obviamente tem relação com o futuro.

Já o amor se relaciona com o presente, pois o amor é revelado nas nossas atitudes. Mas o
que quero realmente destacar é que o amor é maior, pois, ele permanecerá (1 Co. 13.8).
Deixe-me esclarecer isso melhor, na eternidade não precisaremos mais de fé, pois se hoje
temos uma firme convicção das coisas que não vemos e a certeza das que esperamos (Hb
11.1), lá tudo será plenamente revelado, portanto, também não precisaremos mais de
esperança.

Porém, o amor permanecerá, isto é, estaremos diante de nosso Deus vivendo eternamente
com Ele, desfrutando plenamente do amor que é o próprio Deus.

Como disse em outra ocasião, segundo C.S. Lewis no livro “cartas de um diabo a seu
aprendiz”, o presente é como que se de alguma forma tocássemos a eternidade, pois, na
eternidade não existe passado que é apenas sombra de uma lembrança que não volta
mais, tambem não existe futuro que nos é completamente escuro, pois, não podemos
afirmar o que nos espera. Porém o presente é completamente iluminado, uma realidade
plena. E quero ousar a completar as palavras de Lewis dizendo que quando amamos
igualmente tocamos a eternidade, pois praticamos o único dom que permanecerá
eternamente.
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Aqueles irmãos logo no início demonstraram o amor que os faria famosos em toda a região
da Macedônia e da Acaia, pois, quando Paulo e Silas machucados pelos açoites
juntamente com Timóteo, chegam àquela cidade eles foram acolhidos por aquelas pessoas
(v.9), e por pouco Jasom não teve seus bens confiscados por receber aqueles homens.

Mas apesar de muitas tribulações (v.6) eles permaneceram firmes.

ORAÇÃO DE TRANSIÇÃO

Completamos assim as virtudes que formam o tripé.

3. Esperança perseverante.

Retomando, a carta aos tessalonicenses foi escrita também para instruir aqueles irmãos a
respeito da volta de Cristo, pois, Paulo precisava esclarecer alguns detalhes sobre o
assunto. No entanto, no que diz respeito à convicção de que Cristo vai voltar aqueles
irmãos não tinham dúvida. Por isso Paulo vai elogiar a esperança que os levava a
perseverar diante das tribulações que sofriam, e no versículo 10 diz que eles esperavam
dos céus o Filho.

Uma esperança bem fundamentada sobre a volta de Cristo é de suma importância para a
nossa caminhada enquanto Cristãos, somente isso nos faz perseverar diante das
dificuldades que se apresentam. A vida cristã muitas vezes é difícil, passamos por aflições,
isso é natural, mas o apóstolo Pedro no primeiro capítulo de sua carta nos diz para
permanecermos firmes, pois a nossa esperança é viva por meio da ressurreição de Cristo,
e que a nossa herança está guardada em Deus, e não existe lugar mais seguro do que o
nosso Deus.

As dificuldades vêm, as tribulações, as provações. Tudo isso é inevitável, mas se


mantivermos a nossa esperança de que isso é por um pouco de tempo (1Pe. 1.6), teremos
força para permanecermos, pois confiamos que a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória (2 Co. 417)

CONCLUSÃO

Concluindo, que possamos de fato desenvolver uma fé prática, que seja evidenciada em
nosstas vidas, que nos leve a abandonar qualquer coisa que porventura esteja ocupando
em nossas vidas o lugar que deveria ser de Deus. Que possamos a cada dia crucificar as
nossas vontades para servirmos a Deus.

E é fato que o meio que temos para servir a Deus, é servindo uns aos outros e isso deve
ser motivado pelo amor, Agape que é o amor sacrificial, altruísta, e o fazemos apesar de
muitas vezes isso nos trazer sofrimento, desgaste e até mesmo nos conduzir a tribulações,
pois, temos uma firme esperança que um dia Cristo irá voltar e que em vez da ira de Deus
iremos desfrutar plenamente do Seu amor.

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