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A Igreja de Cristo

Hoje nós finalizamos o estudo que fizemos sobre o livro “O Discípulo” de Juan Carlos Ortiz e agora
ficamos com a dúvida: Foi proveitoso? O Espírito Santo nos tocou em algo que precisamos aperfeiçoar
ou mudar totalmente? Agora que concluímos o estudo, gostaria de reler um trecho da apresentação do
livro feita pelo Dr. M Stanley Mooneyham:

“...O leitor pode não concordar com todas as suas ideias e interpretações, mas não deixe que isto o
perturbe. Continue a ler, porque qualquer divergência que porventura surgir, logo   perde importância,
diante do que ele fala aberta e francamente a respeito do que está  realizando entre seu povo, na
América Latina, nestes dias. O tema é o amor: amor fraterno, amor comunitário, amor que une, e
outros tipos de amor. Juan Carlos nos relembra que, para o seguidor de Cristo, este amor deve se
transformar  numa compreensão radical e coerente do que seja o discipulado cristão. Para ele, a
Igreja não  é mais do que um veículo de preparação e treinamento de homens e mulheres para o
serviço  do Senhor. E é sobre isto que versa esta obra — sobre a Igreja.”

Quem acompanhou o estudo percebeu que realmente não concordamos com tudo que é
apresentado no livro, mas eu gostaria que nessa manhã nós pudéssemos refletir um pouco sobre o que
o autor fala sobre a Igreja e nosso papel como Corpo de Cristo.

O Pastor Juan Carlos apresenta sua percepção sobre diversas atitudes negativas que ele viu nos
cristãos e nas igrejas. Ele fala sobre a escolha deliberada de alguns versículos (geralmente com
promessas) e a omissão de outros que ele chama de “O Evangelho dos Santos Evangélicos”, o que,
segundo ele, gerou cristãos que não reconhecem a autoridade de Cristo e nem nosso papel de escravos.
Ele também fala sobre a dificuldade dos irmãos em apresentar a primeira forma de amor (ao próximo),
muito mais ainda de apresentar as demais formas (como Cristo e como a Trindade). Falou sobre a crise
que existe em entregar um louvor autêntico ao Senhor, um reconhecimento verdadeiro pelo que Ele é.
Chamou também a atenção para o que ele chama de diferença entre membro e discípulo. O autor nos
alerta que o que se espera de um bom membro da igreja é: Frequentar as reuniões, contribuir, apresentar
um bom caráter, mas que isso não é o que se espera do verdadeiro discípulo, que aprende a ser imitador
do seu mestre. Finalmente ele apresentar o problema das estruturas, que, segundo ele, estavam
“atravancando o livre curso do Espírito Santo.”

Diante de tantas coisas, algumas nitidamente verdadeiras e outras um pouco exageradas pelo
autor, fica a reflexão sobre nossa comunidade: Estamos apresentando vestígios dessas características
negativas? Quando o pastor Juan Carlos identificou esses problemas, a solução que ele encontrou foi
organizar sua igreja em Células, o que ajudou a igreja a crescer. O que podemos fazer em nossa
comunidade?

Acho importante aqui relembrar o que a Bíblia nos ensina sobre o papel da Igreja. Em Efésios,
Paulo nos fala sobre uma certa estrutura criada por Deus.

“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para
pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a
edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho
de Deus, ao estado de pessoa madura, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais
sejamos como crianças, arrastados pelas ondas e levados de um lado para outro por qualquer vento de
doutrina, pela artimanha das pessoas, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em
amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem-ajustado e
consolidado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu
próprio crescimento para a edificação de si mesmo em amor.” Efésios 4:11-16
Nesse texto encontramos mais do que uma lista de tarefas existentes na igreja, encontramos sua
“missão”, podemos elencar nele algumas verdades:

1 – Somos partes do Corpo – Isso parece meio óbvio e tenho certeza que já é algo muito bem
ensinado nas igrejas hoje, mas mais do que um ensino teórico, o fato de ser um corpo tem muitas
implicações, primeiro que a Igreja de Cristo é seu Corpo e seu Corpo é a Igreja, somos a organização
criada por Deus para ser utilizada como instrumento de realização de suas ações na criação, temos uma
ligação direta uns com os outros e todos com o próprio Cristo, e com isso, participamos com Ele de suas
realizações.

O conceito de unidade pode ser visto como fraqueza por alguns, principalmente quando se pensa
em sucesso e realizações, depender de outros para a realização de alguma tarefa é demonstrar
incapacidade, mas o que a Bíblia nos ensina é que fomos criados para viver em dependência comum uns
dos outros, e que realizamos muito mais como comunidade do que como indivíduos, ou seja, o meu
sucesso ocorre quando meu irmão alcança o sucesso dele, e se meu irmão está com dificuldades no seu
serviço, eu estou falhando como Corpo.

O Corpo humano vive cerca de 100 anos (as vezes até mais), mas um órgão, sozinho e desligado
do corpo, morre em poucas horas, e se decompõe totalmente em algumas semanas dependendo do
ambiente. Não somos capazes de sobreviver espiritualmente fora da Igreja de Cristo, fora da comunhão
com os outros cristãos, mas juntos, crescemos e nos fortalecemos por muito tempo

2 – Trabalhamos para o Crescimento do Corpo – temos função dentro do corpo, cada membro,
cada parte precisa trabalhar para que o corpo esteja bem ajustado e consolidado. Um corpo não cresce
apenas o esticando, ele cresce com o crescimento de cada órgão, de cada músculo, até de cada osso,
por isso, se estamos trabalhando alinhados com esse texto precisamos saber nosso papel no corpo de
Cristo e auxiliar os irmãos para que efetuem seus papeis de forma perfeita.

Devemos tomar cuidado com essa comparação com o corpo ao ir além do que a Bíblia nos diz.
Não devemos sair procurando quem é o coração, que é o pulmão, que é a mão ou o pé ou o rim ou o
intestino pois não temos analogias perfeitas com cada parte do corpo, mas o que o texto sagrado nos
mostra é que devemos, além de desempenhar nossa função, trabalhar juntos para o bom desempenho
do corpo como uma unidade.

3 – Temos um objetivo – “Até que todos chegamos à unidade da fé e do pleno conhecimento do


Filho de Deus, ao estado de pessoa madura, à medida da estatura da plenitude de Cristo.” Já pensou que
todos chegaremos lá, e que não chegamos sem a ajuda dos outros. Que visão maravilhosa será a Igreja
alcançando a estatura da plenitude de Cristo, se tornando a noiva esperada, pura, sem mácula, e
adentrando para usufruir das bodas do Cordeiro.

Muitos cristãos ainda tem um entendimento errado sobre os dons e buscam para satisfazer
apenas suas necessidades e vaidades. O que Paulo nos mostra é que os dons foram dados para o
aperfeiçoamento dos santos e essa é a uma das funções de existir o corpo, mas o aperfeiçoamento é
como a lapidação de um diamante, O processo é lento, o diamante é muito duro, mas nas mãos corretas
a pedra sai o processo muito mais bela e preciosa do que no início, um bom lapidador não muda a pedra,
ele mostra o que a pedra tem de melhor.

Assisti um curta metragem muito bom chamado “A Toca”, que nos mostra a maravilha de trabalhar
junto e viver em unidade com outros membros diferentes.

Retomando a mensagem do livro e tendo em vista quem somos, onde estamos e onde queremos
chegar, podemos, como comunidade local, auxiliar mais para o crescimento do corpo, criando novas
células, fortalecendo as que já existem e cumprindo nosso papel no serviço ao Senhor.

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