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PRIMEIRA PARTE
SEGUNDA PARTE
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
UM ESTUDO DE CASO SOBRE
FÉ E SOFRIMENTO
JESUS E A VIDA APÓS A MORTE
MORRER É GANHO
CONCLUSÃO
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 7
CapãJo 5. Fé e Sofrimento 71
CONCLUSÃO 175
Atrás das portas fechadas pessoas estavam ausentes no tempo. Para alguns,
os minutos que se passavam eram os minutos finais da vida.
O longo ponteiro dos minutos também se movia, mas seu ritmo era
vagaroso, quase imperceptível.
“Não muitas. Podemos tentar quimioterapia, mas para ser franco, tudo que
podemos esperar é mais algum tempo. Esta forma de câncer é virulenta, e
quase sempre fatal.”
“Nunca podemos ter certeza. Seis meses a um ano. Talvez mais, se a terapia
for eficiente.”
“Ela já sabe?”
Ele foi bondoso e gentil, mas direto. “Não gostei do que encontrei ontem,”
disse ele. Em termos calmos ele explicou exatamente o que havia.
Apresentou os procedimentos necessários para a quimioterapia. Explicou os
danos que já haviam atingido órgãos vitais.
Senti que dos três que estavam no quarto a que tinha o espírito mais calmo
era a paciente. Ela falou para nos confortar. “Muito bem,” disse ela: —
“Estou pronta para aquilo que Deus tem preparado para mim.”
Colocou sua casa em ordem. Cuidou de sua família. Morreu com graça e
dignidade.
Esta mulher era uma cristã. Considerou seus meses finais neste mundo
como uma vocação. Preparou-se mental e espiritualmente para a morte.
Percebeu a morte como parte da vida. Foi uma experiência que ela nunca
tinha tido antes. Foi a última experiência da vida pela qual todos nós
vamos passar.
PRIMEIRA PARTE
0 CHAMADO FINAL
E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, e depois
disto o juízo. Hebreus 9.27.
Sei que há professores que ensinam que Deus não tem nada a ver com a
morte. A morte é vista exclusivamente como um truque perverso do diabo.
Toda dor, sofrimento, doença e tragédia é responsabilidade do Maligno.
Deus é absolvido de qualquer responsabilidade.
Esta visão é construída para assegurar que Deus seja absolvido de culpa por
qualquer coisa que vá mal neste mundo. “Deus sempre deseja curar,” é o
que nos dizem. Se a cura não acontece, então a falta é do Diabo — ou
nossa. A morte, dizem, não é plano de Deus. Ela representa uma vitória de
Satanás sobre o domínio de Deus.
Idéias como estas podem trazer um alívio temporário para os aflitos. Mas
não são verdadeiras. Não têm nada a ver com o Cristianismo bíblico. Num
esforço de absolver a Deus de qualquer culpa, eles o fazem às custas da
soberania de Deus.
Não temas; ea sou o primeiro e o último, e aquele que vive; estive morto,
mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da
morte e do inferno. Apocalipse 1.17-18.
Jesus guarda as chaves da morte. Satanás não pode arrancar estas chaves de
suas mãos. Cristo segura com firmeza. Ele guarda as chaves porque ele as
possui. Toda autoridade lhe foi dada no céu e na terra. Esta autoridade
inclui toda autoridade sobre a vida e sobre a morte. O anjo da morte está à
sua disposição.
o campo de batalha entre estas forças hostis. Nós somos vítimas da sua luta,
os peões no seu eterno jogo de xadrez.
Nem sempre Deus deseja curar. Se assim fosse, ele sofreria uma frustração
sem fim porque seus planos falham. Ele não quis curar Estevão das feridas
provocadas pelas pedras que foram atiradas contra ele. Ele não quis a cura
de Moisés, de José, de Davi, de Paulo, de Agostinho, de Lutero, de Calvino.
Todos estes morreram na fé.
Para dizer a verdade, há uma cura final que vem através da morte e depois
dela. Jesus foi gloriosamente curado das feridas da crucificação, mas
somente depois que morreu.
Sem dúvida Deus atende nossas orações e cura nossos corpos durante esta
vida. Mas mesmo estas curas são temporárias. Jesus ressuscitou a Lázaro
dos mortos. Mas Lázaro tornou a morrer. Jesus deu vista ao cego e audição
ao surdo. Entretanto, todas as pessoas que Jesus curou, um dia morreram.
Elas não morreram porque Satanás finalmente venceu a Jesus, mas porque
Jesus as chamou para morrer.
Quando Deus nos lança uma chamada, é sempre uma chamada santa. A
vocação para a morte é uma vocação sagrada. Entender isto é uma das mais
importantes lições que um cristão pode aprender. Quando a convocação
chega, podemos responder de várias maneiras. Podemos ficar
bravos, amargos ou aterrorizados. Mas se a virmos como um chamado de
Deus e não como uma ameaça do Diabo, seremos muito mais capazes de
lidar com suas dificuldades.
Terminando a Carreira
Foram as últimas palavras que meu pai me disse. Horas mais tarde ele
sofreu sua quarta e última hemorragia cerebral. Achei-o desmaiado no chão,
um fio de sangue correndo do canto de sua boca. Estava em coma.
Misericordiosamente, ele morreu um dia e meio depois, sem recobrar a
consciência.
Suas últimas palavras para mim foram heróicas. Minhas últimas palavras
para ele foram covardes. Protestei contra suas palavras de premonição e lhe
disse rudemente: “Não diga isto, papai!”
Minhas palavras foram uma censura contra ele. Recusei-me a lhe permitir a
dignidade de seu testemunho final para mim. Ele sabia que estava
morrendo. Recusei-me a aceitai- o que ele já havia aceitado com dignidade.
Eu estava com raiva de Deus. Meu pai não estava com raiva de ninguém.
Viveu seus últimos dias fiel à sua vocação. Ele combateu o bom combate.
Um bom combate é aquele que é lutado sem hostilidade, sem amargura,
sem autopiedade. Eu nunca havia estado num combate como aquele.
Meu pai terminou a carreira. Eu não estava nem sequer nos primeiros
metros. Ele correu a carreira para qual Deus o havia chamado. Correu até
que sua pernas desmoronaram. Mas de alguma maneira ele continuou em
frente. Mesmo quando não podia mais andar, ele vinha toda noite para
o mesa do jantar. Pedia-me para ajudá-lo. Era um ritual diário. Toda tarde
eu ia ao seu quarto, onde ele estava sentado na mesma cadeira. Parava de
costas, olhando na direção oposta de forma que ele pudesse colocar seus
braços ao redor do meu pescoço e dos meus ombros. Eu segurava seus
punhos e erguia meu corpo levantando-o da cadeira. Então o arrastava, no
estilo dos bombeiros, até a mesa da sala de jantar. Ele terminou a carreira.
Meu único consolo é que fui capaz de ajudá-lo. Eu estava com ele na linha
de chegada.
Quando meu pai morreu, eu não era cristão. Fé era algo além de minha
experiência e de meu entendimento. Quando ele disse: “Guardei a fé,” não
compreendi o peso de suas palavras. Eu as descartei. Não tinha a mínima
idéia de que ele estava citando a última mensagem do apóstolo Paulo para
seu amado discípulo Timóteo. Seu eloqüente testemunho não teve nenhum
valor para mim na ocasião. Mas agora tem. Agora entendo. Agora desejo
perseverar como ele perseve-rou. Desejo correr a carreira e terminar a
corrida como ele o fez antes de mim. Não tenho nenhum desejo de sofrer
como ele sofreu. Mas quero guardar a fé como ele a guardou.
Encontrei uma jovem senhora cuja mãe havia morrido havia pouco tempo.
Ela tinha estado se lamentando profundamente, assaltada por ataques de
desespero. Tinha uma preocupação mórbida com a morte de sua mãe. Certa
noite, entretanto, ela teve uma profunda experiência espiritual.
Quando Deus nos manda a vocação para morrer, ele nos envia numa
missão. Realmente entramos numa corrida. O trajeto pode ser assustador. É
uma corrida de obstáculos com armadilhas no caminho. Imaginamos se
temos a coragem para continuar até a linha de chegada. O trilho nos
leva através do vale da sombra.
Davi era um pastor. Neste salmo, Davi se coloca no lugar das ovelhas. Ele
se vê como uma ovelha sob os cuidados do Grande Pastor. Ele entra no vale
sem medo por uma razão muito especial. O Pastor vai com ele. Ele confia a
si mesmo aos cuidados e à proteção do Pastor.
Levantava sua vara contra animais hostis que tentavam devorar suas
ovelhas. Sem o pastor o rebanho ficaria desamparado no vale das sombras.
Mas, enquanto o pastor estivesse presente a ovelha nada tinha a temer.
Mas temos um Pastor que não cai. Temos um Pastor que não morre. Ele não
é nenhum empregado que abandona seu rebanho ao menor sinal de perigo.
Nosso Pastor está armado com força onipotente. Ele não é ameaçado pelo
vale das sombras. Ele criou o vale. Ele redime o vale.
Don sobreviveu, seu pai não. Ainda ficaria orgulhoso de ter Don McClure
ao meu lado no vale das sombras. Mas tenho alguém maior que Don, que
promete estar comigo.
Creio que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes. Salmo 27.13.
Meu pai correu a carreira, porque Deus o chamou para corrê-la. Terminou o
trajeto porque Deus esteve com ele em todos os obstáculos. Guardou a fé
porque a fé o guardou.
Nosso Salvador foi um Salvador sofredor. Ele entrou adiante de nós na terra
desconhecida da agonia e da morte. Ele foi aonde nenhum homem é
chamado para ir. Seu Pai lhe deu um cálice para beber que nunca tocará
nossos lábios. Deus nunca nos pedirá que suportemos qualquer
coisa comparável com a tristeza que Cristo tomou sobre si mes-
Para qualquer lugar que Deus nos chame para irmos, seja o que for que ele
nos convoque para suportar, ficará muito longe daquilo que Jesus
experimentou.
Que o Filho de Deus deveria sofrer era inconcebível para muitos de seus
contemporâneos. Para os gregos isto era uma pedra de tropeço. Sua idéia de
Deus era tão espiritual, tão etérea que não havia lugar para a Encarnação.
Deus nunca poderia se envolver com o sofrimento físico simplesmente
porque Deus nunca poderia se envolver com qualquer coisa física.
Que elogio maior poderia um homem receber do que esta bênção dada pelo
próprio Cristo? Entretanto, alguns momentos depois, este mesmo homem
recebeu uma repreensão aguda de Jesus:
Estas palavras foram ditas não a Satanás, mas a Pedro. O diálogo aqui é
rápido. Num momento Jesus coloca sua bênção sobre Pedro, e no momento
seguinte ele o chama “Satanás.” Como explicar esta mudança dramática no
tom e
nas palavras? Jesus não era dado a severidades indevidas em seu tratamento
com as pessoas. Nem era uma pessoa de duas caras, abençoando com um
lado da boca e amaldiçoando com o outro.
Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que
lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos
anciãos, dos principais sacerdotes e dos escritas, ser morto e ressuscitado
no terceiro dia. Mateus 16.21.
Verificamos que Jesus está mostrando aqui que ele deve sofrer e morrer. Sua
viagem para Jerusalém não foi opcional. Ele tinha um destino a cumprir, um
encontro no Gólgota. Este “dever” estava enraizado em sua vocação. Ele foi
chamado para desempenhar uma tarefa. Era seu dever sofrer e morrer.
Foi precisamente nesse ponto do dever que Pedro o desafiou: “E Pedro,
chamando-o à parte começou a reprová-lo dizendo: ‘Tem compaixão de ti,
Senhor; isso de modo algum te acontecerá!’” (Mt 16.22).
“Meu Pai: Se possível, passa de mim este cálice! Todavia não seja como eu
quero, e, sim, como tu queres.” (Mt 26.39). Lucas acrescenta as seguintes
palavras ao registro histórico: “E, estando em agonia orava mais
intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue
caindo sobre a terra.” (Lc 22.44).
As vezes Deus diz não. As vezes ele nos chama para sofrer e morrer,
mesmo quando desejaríamos exigir o contrário.
libertasse do seu dever. Mas Deus disse não. O caminho do sofrimento era o
plano de Deus. Era a vontade de Deus. Era sua vontade pura e inalterada. A
cruz não era uma idéia de Satanás. A paixão de Cristo não foi resultado de
contingências humanas. Não foi uma maquinação acidental de
Caifás, Elerodes ou Pilatos. O cálice foi preparado, entregue e administrado
pelo Deus Onipotente.
Jesus qualificou sua oração: “Se for a tua vontade...” Jesus não “apresentou
e reivindicou.” Ele conhecia seu Pai muito bem para saber que esta poderia
não ser a sua vontade. A história não termina com as palavras: “E o Pai
se arrependeu do mal que havia planejado, afastou o cálice e Jesus viveu
feliz para sempre.”
Embora o texto não seja explícito, é claro que Jesus deixou o jardim com a
resposta de Deus para o seu pedido. Não há nenhuma blasfêmia ou
amargura, sua comida e sua bebida eram fazer a vontade do Pai. Desde que
o Pai disse não, estava resolvido. Jesus se preparou para a cruz. Não fugiu
de Jerusalém, mas entrou na cidade com o semblante determinado.
Eis que um etíope, eunuco, alto oficial de Candace, rainha dos etíopes, o
qual era superintendente de todo o seu tesouro, que viera adorar
em Jerusalém, eslava de volta, e, assentado no seu carro, vinha lendo o
profeta Isaías.
A questão pode parecer tão óbvia para o leitor, que alguém poderia
imaginar por que gasto tempo explicando isto. Que o Novo Testamento
identifica Jesus com o Servo Sofredor de Israel deveria ser tão óbvio que
eliminaria a necessidade de discussão.
Não creio que seja um exagero declarar que o retrato que o Novo
Testamento faz de Jesus permanece ou desaparece com esta questão.
Pois vav digo que importa que se cumpra em mim o que está escrito: ele
foi contado com os malfeitores. Porque o que a mim se refere está
sendo cumprido. Lucas 22.37.
Aqui Jesus cita diretamente o texto de Isaías 53. Ele se identifica com o
Servo Sofredor de Deus. A nação de Israel foi chamada para ser um servo
sofredor. Esta vocação foi personalizada e cristalizada em um homem que
representou Israel. A resposta de Filipe foi clara: Aquele homem era Jesus.
Jesus sofre por nós. Entretanto somos chamados para participar de seu
sofrimento. Embora ele fosse de forma singular o cumprimento da profecia
de Isaías, ainda existe uma aplicação desta vocação para nós. A nós é dado
tanto o dever quanto o privilégio de participar nos sofrimentos de Cristo.
Agora me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta
das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo que é a
igreja. Colossenses 1.24.
Aqui Paulo declara que ele se regozija em seu sofrimento. Certamente ele
não quer dizer que sente prazer com a dor e a aflição. Ao contrário, a causa
de seu regozijo deve ser encontrada no sentido do seu sofrimento. Sua
afirmação é de que ele “preenche o que falta das aflições de Cristo.”
Não foi por acaso que a Igreja Católica Romana apelou para as palavras de
Paulo neste texto para basear seu conceito
de um tesouro de méritos, pelo qual os méritos dos santos são somados aos
méritos de Cristo para suprir as deficiências dos pecadores. Esta doutrina
estava no centro do furacão da Reforma Protestante. Foi este
obscurecimento da perfeição e suficiência do sofrimento de Cristo que
estava no coração do protesto de Martinho Lutero.
Cristo se ligou de tal maneira à sua igreja, que quando chamou Paulo no
caminho de Damasco ele disse: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”
Saulo não estava perseguindo a Jesus. Jesus já havia subido ao céu. Ele já
estava fora do alcance da hostilidade de Saulo.
Saulo estava perseguindo os Cristãos. Mas Jesus sentia uma tal relação de
solidariedade com sua igreja, que considerava um ataque ao seu corpo, a
igreja, como um ataque pessoal a si mesmo.
O que falta nas aflições de Cristo é este sofrimento que se prolonga ao qual
Deus chama seu povo para suportar. Deus chama pessoas de todas a
gerações para cumprir seu plano divino de redenção. Novamente, este
sofrimento não visa preencher qualquer deficiência nos méritos de Cristo,
mas completar nosso destino como testemunhas do perfeito Servo Sofredor
de Deus.
Foi através da morte de meu pai que fui trazido a Cristo. Não estou dizendo
que a razão última pela qual meu pai foi chamado a sofrer e morrer tenha
sido para que eu pudesse me tornar um Cristão. Não sei qual o propósito
soberano de Deus para isto. Mas sei que Deus usou aquele sofrimento de
maneira redentora para mim. Os sofrimentos de meu pai me conduziram
para os braços do Salvador Sofredor.
SOFRIMENTO
“Leal? Você acha que ele é leal? Não é para menos que ele é leal,” disse o
vice-presidente com cinismo. “Ele está sempre bajulando a você. Ele é leal
apenas porque você lhe paga um enorme salário. Você lhe dá benefícios
que nenhum outro recebe. Além disso, você construiu uma parede de
proteção em volta dele. Todo mundo sabe que ele é
seu empregado favorito. Gostaria de saber quão leal ele seria se você
colocasse pressão sobre ele. Corte seu salário e observe a lealdade dele.”
O presidente ficou irritado com esta sugestão mas aceitou o desafio. “Muito
bem. Vamos verificar. Pode cortar seu salário. Coloque pressão sobre ele.
Creio que você vai descobrir que Hawkins manterá sua lealdade.”
“Talvez você esteja certo,” replicou Joe Hawkins. “Embora não me lembre
de ter feito nada que merecesse isto, mas certamente vou sondar meu
coração sobre isto.”
“Mas até o presidente cortou o seu salário pela metade. Isto não lhe diz
nada?
“Bem, o presidente tem o direito de fazer isto. Ele sempre foi justo comigo.
Tenho certeza de que ele sabe o que está fazendo. Ele deve ter uma boa
razão para sua atitude,” respondeu Joe.
Então a esposa de Joe entrou em cena. “Querido,” disse ela certa noite:
“Creio que está na hora de você pedir demissão. Sua saúde está piorando e a
companhia está
tratando você como um lixo. Depois de todos estes anos de serviço fiel, este
é o agradecimento que você recebe? Vamos sair e começar de novo em
algum outro lugar. Você está louco de continuar trabalhando para uma
companhia como esta.”
“Você está louco? Você não lhe deve nada. Você lhe deu os melhores anos
de sua vida, e agora isto. Ele deve a você! Você não lhe deve nada. Por que
você não admite o fato, Joe, o presidente é tão podre quanto o
tratamento que tem dado a você.”
“Não!” Revidou Joe com raiva. “Simplesmente não posso acreditar que ele
me trataria de forma injusta de propósito.”
“Então é melhor conversar com ele cara a cara. Gostaria de ouvir o que ele
vai dizer quando você o enfrentar.”
No dia seguinte Joe marcou uma hora para conversar com o presidente.
Quando foi introduzido no escritório forrado de madeira, o presidente o
cumprimentou amigavelmente. “Oi, Joe. O que posso fazer por você?”
Joe foi direto ao ponto. Derramou suas reclamações numa torrente de raiva:
“O que está acontecendo aqui?” Perguntou ele com exigência. “Você cortou
meu salário pela metade. Fica assistindo e permite que um bando de ladrões
sabotem minha fábrica. Não me dá nenhuma garantia de saúde. O que fiz
para merecer este tipo de tratamento? Tenho sido leal a você e a esta
companhia durante anos e agora você me trata desta forma. Quem
você pensa que é, afinal?”
Você construiu este lugar desde o princípio? Arriscou seu próprio capital
nesta operação? Paga todas as contas? Você é o presidente da diretoria?”
Para todas estas perguntas Joe balançou a cabeça: “Não.” “Diga-me, Joe,
quem é você para me dizer como devo dirigir minha companhia? Eu lhe dei
tudo o que prometi e muito mais. Examine seu contrato. Por acaso ele
especifica que você deveria receber todos os prêmios que lhe dei durante
estes anos?”
Novamente Joe teve que dar uma resposta honesta: “Não, senhor. O senhor
tem sido mais do que bondoso para comigo.”
“Tenho mesmo, Joe? Você acha que eu mudei? Você pensa que eu não sei o
que está acontecendo aqui? Sei que você tem sido tratado injustamente. Sei
exatamente o que está acontecendo naquela fábrica. Tenho estudado a
questão cuidadosamente. Nada escapa da minha observação. Joe, vou lhe
pedir que faça algo por mim. Você confiou em mim no passado. Confie
novamente agora. Pode levar algum tempo, mas eu lhe garanto que vou
acertar as coisas. Mas você precisa ser paciente. Tenho um plano. Aqueles
que tramaram contra você receberão tudo o que merecem. Você
realmente pensa que eu iria permitir que eles escapassem?”
“Não saia ainda, Joe. Tenho algumas coisas para lhe dizer. Primeiro, quero
que saiba que a partir de amanhã de manhã, você será elevado a uma vice-
presidência da companhia. Receberá o dobro do salário que tinha antes que
ele fosse cortado. Neste instante um médico está vindo de Atlanta com uma
vacina especial que curará sua doença. Você tem sido leal a mim, Joe, mais
leal que qualquer outro empregado. Você suportou muito sem me maldizer
pelas costas. Agora é hora de você ser vingado.”
“Eu sabia!” Exclamou Joe. “Devo admitir que tive meus momentos de
dúvida, mas bem no fundo eu sabia que você iria consertar tudo. Agora
realmente estou embaraçado por todas aquelas acusações que fiz contra
você. Será que você jamais poderá me perdoar?”
“Joe, não se preocupo com isto. Esta é a coisa que eu sei fazer. Perdoar. Eu
me formei nisto.”
Deus não permite tal equação. Lembramos da pergunta feita a Jesus sobre o
homem que nasceu cego:
João 9.1-3.
Seu raciocínio estava errado, embora não fosse totalmente sem base. Ele
estavam certos em uma pressuposição. Conheciam suficientemente as
Escrituras para reconhecer que há uma relação entre sofrimento e pecado.
Antes que o pecado entrasse no mundo não havia nem sofrimento
nem morte.
A morte não é natural. Ela pode ser natural para o homem decaído, mas não
o é para o homem como ele foi criado. O homem não foi criado para
morrer. Foi criado com a possibilidade da morte, mas não com a sua
necessidade. A morte foi introduzida como conseqüência do pecado. Se
não há pecado, não há morte. Mas quando o pecado entrou, a maldição da
Queda foi acrescentada. Toda morte e sofrimento brota da complexidade do
pecado.
O erro dos discípulos foi pressupor que sempre existe uma relação direta,
uma correlação fixa entre o sofrimento de uma pessoa e o seu pecado. Neste
mundo, há ocasiões em que as pessoas sofrem muito menos do que
merecem por seus pecados, enquanto outras suportam uma proporção maior
de sofrimento. Esta disparidade é vista no lamento de Davi: “Tie quando,
Senhor, os perversos, até quando exultarão os perversos?” (SI 94.3).
Uma coisa é pedir a Deus por justiça nos meus relacionamentos com as
outras pessoas. Outra coisa é exigir justiça em meus relacionamentos com
Deus. Nada poderia ser mais perigoso que um pecador exigir justiça de
Deus. A pior coisa que poderia suceder a mim seria receber a pura justiça
de Deus.
Deus Tencionava o Bem
Jesus apontou o falso dilema dizendo: “Nenhuma das duas!” A razão pela
qual o homem nasceu cego não foi o seu pecado. Também não foi por causa
do pecado de seus pais. Jesus declarou que o homem nasceu cego “para que
se manifestem nele as obras de Deus.”
O cego de nascença foi afligido com a cegueira para a glória de Deus. Esta
é a conclusão espantosa que nosso Senhor revelou. É uma lição crucial para
nós. Serve como um aviso para que não tiremos conclusões apressadas
sobre o “por que” de nosso sofrimento.
Deus usou a cegueira do homem para sua maior glória. Aqui o “mal” da
doença e do sofrimento se toma útil para Deus. Ele triunfa sobre o mal e
cumpre o seu plano através dele. Lembramos o terrível sofrimento de José
nas mãos de seus irmãos. Entretanto, por causa da traição deles, o plano de
Deus para toda a história foi cumprido.
Aqui vemos Deus trabalhando através do mal para efetuar salvação. Isto
não torna o que foi praticado pelos irmãos de José menos mal. A traição de
Judas foi um ato vil. Trouxe sofrimento injusto para Jesus, assim como José
foi vítima da injustiça de seus irmãos. Mas, sobre toda a injustiça, toda dor,
todo sofrimento permanece um Deus soberano que executa seu plano de
salvação além, contra, ou mesmo Através do mal.
Tenho ouvido muitas coisas como estas; todos vós sois consoladores
molestos. Porventura não terão fim estas palavras de vento? Ou o que é
que te instiga para responderes assim? Eu também poderia falar como
vós falais; se a vossa alma estivesse em lugar da minha, eu poderia
dirigir-vos um montão de palavras, e menear contra vós outros a
minha cabeça; poderia fortalecer-vos com as minhas palavras, e a
compaixão dos meus lábios abrandaria a vossador. Jó 16.2-5.
Jó sentado em cinza, tomou um caco para com ele raspar-se. Então sua
mulher lhe disse: Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e
morre.
Mas ele lhe respondeu: Falas como qualquer doida; temos recebido o
bem de Deus, e não receberíamos também o mal? Em tudo isto não
pecou Jó com seus lábios. Jó 2.8-10.
Ela desejava o bem. Obviamente ela tinha compaixão de seu marido. Ela o
encorajou a tomar o caminho mais fácil. Suas palavras serviram apenas para
aumentar a frustração de Jó. Jó não entendia por que Deus o havia chamado
para sofrer, mas entendia que Deus o tinha chamado para sofrer. Era
suficientemente difícil para ele manter-se fiel à sua vocação sem que seus
queridos tentassem dissuadi-lo.
Em última análise, a única resposta que Deus deu a Jó foi uma revelação de
si mesmo. E como se Deus tivesse dito: “Jó, eu sou a sua resposta.” Jó não
foi chamado a confiar num plano, mas numa Pessoa, num Deus pessoal que
é soberano, sábio e bom. É como se Deus tivesse dito a Jó: Aprenda quem
eu sou. Quando você me conhecer, saberá o suficiente para enfrentar
qualquer coisa.”
Se Deus nunca nos tivesse revelado qualquer coisa a seu respeito e exigisse
que confiássemos nele mesmo no escuro, então a exigência seria por uma fé
cega. Seriamos convocados a dar um salto cego de fé no terrível abismo das
trevas.
Mas Deus nunca exige estes salto tolos. Ele nunca nos chama para saltar
nas trevas. Ao contrário, ele nos chama para abandonar as trevas e entrar na
luz. É a luz da sua presença. A luz radiante da sua Pessoa, que não tem
sombra de variação. Quando somos banhados com o refulgente esplendor
da glória da sua pessoa, então a confiança não é cega.
Quando Jó declarou: “Mesmo que ele me mate, ainda assim confiarei nele”,
estava nos mostrando que, embora seu conhecimento de Deus fosse
limitado, mesmo assim era profundo. Ele conhecia suficientemente o
caráter de Deus para saber que ele era confiável. Ser confiável significa ser
digno de confiança.
Deus é digno de nossa confiança. Ele merece que confiemos nele. Quanto
mais entendemos sua perfeição, mais entendemos quão confiável ele é. Esta
é a razão por que a peregrinação cristã avança de fé em fé, de força em
força, de graça em graça. Ironicamente, é Através do sofrimento e da
tribulação que este progresso se faz. Esta é a razão pela qual Paulo pode
escrever as seguintes palavras:
E não somente isto, mas também nos gloriemos nas próprias tribulações,
sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança,
esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi outorgado.
Romanos 5.3-5.
Tropeça em obstáculos que não são vistos. Colocar toda a esperança num
único objetivo e não ter a realização deste objetivo, é realmente
desapontador.
Esperança cega pode ser embaraçosa. Colocamos nossa cabeça para fora
apenas para nos sentirmos abandonados se nossa ousadia não der resultado.
A esperança que descansa em Cristo não ficará embaraçada. A vergonha
ficará para aqueles que colocam sua esperança em outras coisas. A
esperança que falha é aquela que não tem poder para vencer a morte.
MORRENDO FIRME NA FÉ
Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que
dormem, para não
vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Pois se cremos
que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus,
trará juntamente em sua companhia os que dormem. Ora, ainda vos
declaramos por palavras do Senhor, isto: nós os vivos, os que ficarmos até
a vinda de Cristo, de modo algum precederemos os que dormem. Porque o
Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e
ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus e os mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos
arrebatados juntamente com eles entre nuvens para o encontro do Senhor
nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos,
pois, uns aos outros com estas palavras. 1 Tessalonicenses 4.13-18.
Lembro-me de quando era criança e precisava ir para cama antes dos fogos
de artifício que comemoravam o Quatro de Julho (Dia da Independência
dos EUA, n. do e.). Eu não queria ir dormir porque tinha medo de perder
toda a festa. Meus pais superaram minha ansiedade prometendo que me
acordariam em tempo de ver os fogos. Eles cumpriram sua promessa.
durante seu ministério terreno. Ninguém que esteja vivo hoje contemplou a
Cristo na cruz. Nenhum de nós é testemunha ocular de sua ressurreição
gloriosa ou de sua ascensão aos céus. Mas todos seremos testemunhas
oculares de sua volta. O clímax da exaltação de Jesus será visto por
todo crente. Deus ressuscitará os mortos para garantir que todo olho veja
sua volta triunfante.
Muitas vezes pensamos que a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa é
morrer. Esta não é a mensagem de Jesus. De acordo com Cristo, a pior coisa
que pode acontecer a nós é morrermos em nossos pecados.
Esta é a mensagem bíblica que tem sido tão largamente ignorada em nossos
dias. Gostamos de acreditar que todo aquele que morre vai automaticamente
para o céu. Presumimos que o único bilhete que se requer para entrar
no reino de Deus é a morte. A advertência exigida por Ezequiel é ignorada
porque não acreditamos que ela seja necessária.
Trinta anos mais tarde perguntei ao Dr. Graham sobre aquele episódio. Ele
respondeu que ainda se comunica com o entrevistador e lembra a ele de sua
necessidade de Cristo. Dr. Graham realmente se preocupa com este homem
e não deseja que ele morra em seus pecados.
Deus nos ordena que falemos aos que estão morrendo sobre sua necessidade
de um Salvador. Ezequiel deixa isto claro como água. Se amamos as
pessoas, devemos avisá-las das conseqüências de morrer nos seus pecados.
Eles proclamavam: “Paz, paz” quando não havia paz. A Palavra de Deus
declarava:
Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam, e vos
enchem de vãs esperanças; falam as visões do seu coração, não o que
vem da boca do Senhor. Dizem continuamente aos que me desprezam: O
Senhor disse: Paz tereis; e a qualquer que anda segundo a dureza do seu
coração dizem: Não virá mal sobre vós. Jeremias 23.16-17.
A grande mentira é aquela que declara que não existe um julgamento final.
Entretanto, se Jesus de Nazaré ensinou alguma coisa, ele enfaticamente
declarou que haverá um Julgamento Final. Não respeitamos a Jesus como
Mestre se ignoramos seu ensino nesta questão. Considere as
seguintes palavras de Cristo:
Em outra ocasião Jesus amplia esta advertência. Ele avisa que “Nada há
oculto que não haja de manifestar-se, nem escondido que não venha a ser
conhecido e revelado.” (Lc 8.17). Outra vez ele diz: “Nada há encoberto
que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido.
Porque tudo o que dissestes às escuras, será ouvido em plena luz; e o que
dissestes aos ouvidos no interior da casa será proclamado dos eirados” (Lc
12.2-3).
Jesus adverte que chegará o dia em que todos os segredos serão conhecidos.
Será o final de todos os disfarces deste mundo. Todos os esconderijos serão
abertos e os segredos vergonhosos aparecerão plenamente visíveis. Os
pecados de todos nós serão conhecidos, a menos que estejamos “cobertos”
pelo manto da justiça de Cristo.
Este dia futuro de nudez será o dia em que aqueles que morrem em seus
pecados “dirão aos montes: Caí sobre nós, e aos outeiros: Cobrí-nos!” (Lc
23.30).
Mas a salvação efetuada por Jesus não é deste tipo geral. Jesus nos salva
“da ira vindoura” (1 Ts 1.10).
A pregação de João Batista acentuou esta advertência do futuro. João falou
asperamente com os fariseus e saduceus, os clérigos de sua época, dizendo:
“Quem vos induziu a fugir da ira vindoura?” (Mt 3.7).
A advertência dada ao Israel do primeiro século é a mesma que tem sido tão
terrivelmente negligenciada em nossos dias.
O que classificava o pregador como antiquado era o fato de que ele havia
falado sobre o Julgamento Final. O conceito está ultrapassado. Não está
mais em voga. Em nossa cultura está fora de moda falar sobre Julgamento
Final.
O Juiz de toda a terra não pode produzir justiça final sem um julgamento
final. Ele insiste em que todos os seres humanos serão responsabilizados
por suas ações. Se, em última análise não somos responsáveis, a única
conclusão a que podemos chegar é de que não temos importância.
No fundo, isto significaria que em última análise não importa como
vivemos nossa vida. Mas todos nós sabemos que é importante como as
pessoas vivem.
Importa para mim como as pessoas me tratam. Para você, importa como as
pessoas a tratam. Todos nós temos sido vítimas de injustiça em alguma
ocasião da vida. Todos nós temos cometido injustiça para com nossos
semelhantes. A razão pela qual sofremos injustiça é porque, como
pecadores, somos pessoas injustas.
O dilema que enfrentamos é este: Deus é justo. Nós somos injustos. Este é o
pior dilema que os seres humanos podem enfrentar. Uma coisa é o culpado
enfrentar a justiça
Apenas algumas pessoas se tornam tão iludidas a ponto de pensar que são
perfeitos. Este não é o tipo de engano que a maioria de nós comete. E o
segundo engano que derruba a maioria de nós. O fato de que Deus é justo e
nós somos injustos, não parece nos preocupar muito.
Não sei quando você está lendo este livro. Não tenho como saber qual é a
data no seu calendário. Mas qualquer
que seja o dia da semana ou do mês, uma coisa é certa: Você está lendo
estas palavras “hoje”. Verificamos que a admoestação de Hebreus é para
hoje, enquanto ainda é hoje. Se nossa negligência continuar até amanhã,
pode ser muito tarde.
O autor de Hebreus conclui dizendo: “Vemos, pois, que não puderam entrar
por causa da incredulidade” (Hb 3.19).
Lembro-me com muita afeição de meu tio que morou em nossa casa
conosco quando éramos meninos. Era um homem duro, com músculos
avantajados e uma boca irreverente. Lembro-me perfeitamente de que ele
sempre parecia ter uma sólida camada de graxa preta debaixo de suas
unhas. Meu tio não tinha tempo para religião e para a igreja. Ele pensava
que religião era para os fracos.
Ele caçoou de mim sem parar. Brincou que logo eu estaria usando meu
colarinho de traz para diante e andaria com uma camisa preta.
Pouco depois de minha ordenação meu tio caiu com uma doença terminal.
Mais ou menos uma semana antes de sua morte, eu o visitei em seu quarto.
Ele estava morrendo e sabia disto. Agora não havia brincadeiras. Meu tio
estava seriamente preocupado a respeito de seu destino. Ele me disse: “Não
estou preparado para ir.”
Conversamos sobre Cristo. Meu tio fez uma profissão de fé séria. Resolveu
as questões entre ele e Deus. Morreu na fé.
A carta aos Hebreus conclui seu quarto capítulo com as seguintes palavras:
Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que
penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não
temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas, antes foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança,
mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto
ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça
para socorro em ocasião oportuna. Hebreus 4.14-16.
Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício... Pela fé Enoque
foi trasladado... Pela fé Noé divinamente instruído acerca de
acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou
uma arca... Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para
um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber para onde
ia... Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder para ser mãe... Todos
estes morreram na fé, sem terem obtido as promessas, vendo-as,
porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e
peregrinos sobre a terra. Porque os que falam deste modo manifestam
estar procurando uma pátria. E, se, na verdade se lembrassem daquela de
onde saíram teriam oportunidade de voltar. Mas agora aspiram uma
pátria superior, isto é, celestial.
Por isso Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus,
porquanto lhes preparou uma cidade. Hebreus 11.4-11, 13-16.
Paulo diz que “em tudo somos atribulados, porém não angustiados.” Aqui
os limites de nosso sofrimento são definidos. Não há nenhuma tentativa de
mascarar a dor com uma piedade mentirosa. O Cristão não é um estóico.
Nem tampouco foge para um mundo de fantasia que nega a realidade do
sofrimento. Paulo admitiu livremente a pressão que experimentou.
suas respostas. Cada pessoa tinha uma razão diferente. Eles se viram numa
fotografia recente, e ficaram horrorizados; tiveram que aumentar o número
do manequim; seu médico lhes disse que precisavam perder peso; e outras
razões.
Duvido que as costas de um camelo tenham sido alguma vez quebradas por
um canudinho. O provérbio original tem sua origem no Oriente Médio,
onde os camelos ainda são usados como animais de carga. O camelo deve
carregar a palha que é colhida. Há um limite para a quantidade de palha que
um camelo consegue carregar. As costas de todo camelo tem um limite de
ruptura. A diferença entre uma carga tolerável e aquela que esmaga, pode
ser um único pedaço de palha.
Não sei quanta palha um camelo pode carregar. Não sei quão pesado será o
fardo que posso carregar. Todos nós, entretanto, temos a tendência de supor
que podemos carregar muito menos do que aquilo que nossas forças
realmente suportam.
Houve ocasiões em minha vida em que fiz orações tolas. Quando estive sob
muita pressão clamei a Deus: “Só até aqui, Senhor. Não posso suportar
outro revés.
Mais uma palha e eu estou esmagado.” Parece que todas as vezes que oro
assim, Deus coloca um novo fardo sobre meus ombros. É como se ele
respondesse minha oração dizendo: “Não me diga o quanto você pode
suportar.”
Deus conhece nossos limites muito melhor do que nós mesmos. De uma
certa forma somos muito parecidos com os camelos. Quando a carga do
camelo já está pesada, ele não pede ao seu dono que coloque mais peso.
Seus joelhos cambaleiam e ele geme debaixo da carga, mas ainda
existe espaço para mais carga antes que suas costas quebrem.
Deus não promete que jamais nos dará uma carga maior do que aquela que
desejamos levar. A promessa de Deus é que ele nunca porá sobre nós mais
do que aquilo que realmente podemos suportar.
É esta última sentença que me tem feito pensar. Nem sempre me parece que
o fardo que Cristo nos dá é tão leve assim. Quase temos a impressão de que
Cristo se aproxima de nós com fingimento (falsa aparência). Mas suas
palavras são verdadeiras. Ele realmente dá descanso àqueles que estão
sobrecarregados. As palavras fácil e leve são termos relativos. Fácil é
relativo a um padrão de dificuldade. Leve é relativo a um padrão de peso.
Aquilo que é difícil suportar sem Cristo, torna-se muito mais suportável
com Cristo. Aquilo que é um fardo pesado para carregar sozinho, se torna
um fardo muito mais leve para carregar com seu auxílio.
Alguns anos atrás fui operado do joelho. Durante minha recuperação usei
muletas. Usei as muletas porque precisava delas. Da mesma maneira,
alguns anos antes fui hospitalizado para outra operação. Depois da cirurgia,
eu recebia remédios para aliviar a dor de quatro em quatro horas. Lembro-
me de ficar vigiando o relógio durante a quarta hora ansiosamente
esperando o momento em que poderia apertar o botão da campainha para
chamar a enfermeira e receber outra dose. Fiquei agradecido pelo
analgésico. Fiquei agradecido por minhas muletas.
Sou muito mais agradecido por Cristo. Não é vergonha clamar por seu
auxílio em ocasiões de sofrimento. É seu prazer ministrar a nós em nossa
dor. Não há nenhuma ofensa na misericórdia de Deus pelos aflitos. Ele é
como um Pai que se compadece de seus filhos e se adianta para confortá-
los em tempos de dor. Sofrer sem o conforto de Deus não é nenhuma
virtude. Ao contrário de Karl Max, apoiar em seu conforto não é nenhum
defeito.
A maior parte das doenças e machucados das crianças são simples. Quando
uma criança pega uma infecção estomacal, ela normalmente não se
preocupa com um câncer.
Minha filha foi surpreendida pela dor. Ela estava perplexa. Sua dor não era
o que ela esperava. Tenho certeza de que ela tinha as mesmas perguntas a
meu respeito que temos
Aqui Pedro faz eco ao tema que já estudamos nos escritos de Paulo. Onde
Paulo fala sobre “preencher o que está faltando” nos sofrimentos de Cristo,
Pedro fala a respeito de “participar” dos sofrimentos de Cristo.
Quando o criminoso sofre por seu crime, pode ficar angustiado, mas não
tem nenhuma razão para ficar perplexo.
Esta passagem traz a resposta de como é possível estar perplexo, mas não
em desespero. Nosso sofrimento tem um propósito. Tem um objetivo — o
fim de nossa fé é a salvação de nossas almas. O sofrimento é um cadinho.
Assim como o ouro é refinado no fogo, purificado de seus detritos e
impurezas, assim nossa fé é testada pelo fogo.
O ouro perece. Nossas almas, não. Por um certo tempo experimentamos dor
e sofrimento. É quando estamos no fogo que a perplexidade nos assalta.
Mas há um outro lado do fogo. A medida que os detritos são queimados, a
fé genuína é purificada para salvação de nossas almas.
Aqueles que sofrem com uma doença terminal não têm a mesma esperança
de um bom resultado como no caso do parto. Para eles a dor parece ser a
dor para a morte e não para a vida. Isto realmente seria verdade se não
hovesse salvação. Se a morte fosse o fim de tudo, então o sofrimento que a
antecede nos levaria a um desepero completo e final. A mensagem de Cristo
é de que a morte não nos leva ao nada, mas à vida. Podemos usar a analogia
do parto. Ela é usada para descrever o sofrimento de Cristo e de toda a
criação: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará
satisfeito” (Is 53.í 1).
espera. Entretanto, mesmo esta redenção não é suficiente para nos impedir
de chegar à beira do desespero.
Por que não morri eu na madre? Por que não expirei ao sair dela? Por
que houve regaço que me acolhesse? E por que os peitos para que eu
mamasse? Porque já agora repousaria tranqüilo; dormiria, e então
haveria para mim descanso. Jó 3.11-13.
Maldito o dia em que nasci; não seja bendito o dia em que me deu à luz
minha mãe. Maldito o homem que deu as novas a meu pai dizendo:
Nasceu-te um filho; alegrando-o com isto grandemente...
Por que sai do ventre materno tão somente para ver trabalho e tristeza, e
para que se consumam de vergonha os meus dias? Jeremias 20.14-15, 18.
O filósofo dinamarquês Soren Kiergaard disse certa vez que uma das piores
situações que um ser humano pode enfrentar é desejar morrer e não ter
permissão para isto. Muitas pessoas idosas me têm dito: “Gostaria que o
Senhor me levasse. Por que ele prolonga tanto?”
Eutanásia ativa envolve tomar providências diretas para matar uma pessoa
que está sofrendo. Colocado de uma forma simples, eutanásia passiva
envolve a suspensão do uso de métodos artificiais de suporte de vida.
Eu não tenho todas as respostas para este dilema. Entretanto, estou certo de
duas coisa. A primeira é de que tais perguntas devem ser decididas à luz do
princípio mais abrangente da santidade da vida humana. Devemos
recuar submissos para garantir que a vida humana seja mantida. Se vamos
errar, é melhor errar em favor da vida do que barateá-la
Paulo entrou em desespero. Mas seu desespero foi limitado. Não era um
desespero final.
Ele desesperou de sua vida terrena. Estava certo de que ia morrer. Paulo não
desesperou da libertação final da morte. Ele conhecia a promessa de Cristo
de vitória sobre a morte.
Aqui está a crise da fé. A morte é final? Ou existe algo além da sepultura
que torna valioso e digno todo o sofrimento que somos chamados a
suportar?
Não muito tempo atrás, visitei uma tia que nasceu no ano de 1900. Foi uma
visita de reminiscências, de nostalgia. Eu a interroguei com todas as
perguntas sobre raízes, história familiar, fazendo-a abrir o baú de
recordações da família. ,
Seu nome era Charles Sproul (Aí está a origem do “C” em meu próprio
nome, RC.).
Esta conversa com minha tia aconteceu em 1987, 163 anos depois que meu
bisavô nasceu. Quando Charles Sproul morreu, ele morava na casa de meu
avô em Pittsburgh. Minha tia conviveu com ele durante dez anos antes de
sua morte.
Charles Sproul se foi. Este mundo mudou. Nem ao menos sei onde Charles
Sproul foi enterrado. Seu filho, Robert, casou-se com uma moça que viajou
num barco a vapor subindo o Rio Ohio até Pittsburgh. Robert morreu em
1945. Seus dois filhos morreram em 1956.
Meu filho nasceu em 1965. Seu nome é Robert, mas ele é conhecido como
RC. E o último sobrevivente Sproul de nossa família. Talvez, algum dia, ele
tenha um filho.
estar fazendo na vida daqui a cinco anos? Daqui a dez anos?” Cinco ou dez
anos dificilmente se parecem com longo prazo para mim. Para um
adolescente soam como a eternidade.
Uma pergunta mais relevante para mim seria: O que você estará fazendo
daqui a cem anos?
Pode parecer uma pergunta tola. Soa quase como se alguém estivesse
perguntando: O que você estava fazendo cem anos atrás?
Cem anos atrás eu não existia. Minha irmã não existia. Minha querida tia
não existia. Meu pai não existia. O velho Charles Sproul existia, e seu filho
Robert também. Mas eles já se foram e eu também irei.
Poucos, ou talvez ninguém, que esteja lendo este livro, estará vivo daqui a
cem anos.
Ou será que estarão? Será que temos um futuro que permanecerá até daqui a
cem anos e além disso?
Há alguns anos atrás, Doris Day fez sucesso com a canção popular: “Que
Será, Será?” As palavras eram mais ou menos estas:
Como eu serei? Serei bonita? Serei rica? Qual será o meu futuro?
A resposta da mãe foi vaga. Ela não tinha nenhuma bola de cristal. Tudo o
que ela pode oferecer em resposta foi o coro: O que for, será.
Nós nos preocupamos com o futuro exatamente porque não sabemos o que
ele tem preparado para nós. A única fonte confiável para o conhecimento do
futuro vem do Senhor do Futuro. Quando Deus fala sobre o futuro
existe boa razão para termos esperança. Quando ele permanece silencioso,
devemos desistir de perguntar. O Antigo Testamento está cheio de
proibições severas somadas a severas penalidades para aqueles que buscam
enxergar além do véu do tempo Através de meios ilegítimos.
Entretanto, a pergunta final sobre nosso futuro persegue todas as almas
humanas. Jó faz esta pergunta da seguinte maneira: “Morrendo o homem,
porventura tornará a viver?” (Jó: 14.14).
A ANALOGIA DA NATUREZA
Sócrates gasta sua últimas horas ensinando seus alunos a respeito das
alegrias esperadas da vida depois da morte. Sócrates diz a seus amigos:
Minhas palavras também, são apenas um eco; não há razão por que eu
não devesse repetir aquilo que ouvi: e na realidade, como estou indo para
outro lugar, é apropriado para mim pensar e falar sobre a natureza da
peregrinação que estou para fazer. O que posso fazer de melhor no
intervalo entre isto e o pôr do sol? (i)
Sócrates declara sua confiança numa vida futura iniciando uma discussão
prolongada sobre o tema:
Da mesma forma, somente aquilo que primeiro está vivo pode morrer. A
vida produz seu oposto—morte. Assim também a morte deve produzir seu
oposto, que é a vida.
A TEORIA DA REMINISCÊNCIA
Sócrates, então, tenta provar que a alma das pessoas existia antes que elas
nascessem. Este argumento se apoia na famosa teoria da reminiscência de
Platão. Nesta teoria da reminiscência Platão tentou provar (neste e em
outros diálogos, especialmente em Meno) que nascemos com certas idéias
em nossa mente que só podem vir de um estado pré existente de nossas
almas. Nossas idéias de beleza, bondade, justiça e santidade, por exemplo,
não são adquiridas por experiência nesta vida, mas já estão presentes no
momento do nascimento. Todo o processo que chamamos “aprendizado” é,
na realidade, meramente uma espécie de estimulação da memória para
relembrar aquelas idéias que entendíamos muito mais claramente em nossas
almas, antes que a influência negativa das paixões corporais as obscure-
cessem na hora do nascimento.
Uma vez que Sócrates prove esta idéia da reminiscência, e mais a pré-
existência da alma, basta apenas um
Por sua própria essência ela é comutável. Em uma palavra, ela não pode
morrer. Eis a resposta de Sócrates:
Então reflita, Cebes: de tudo aquilo que foi dito não é esta a conclusão?
— que a alma é a verdadeira semelhança do divino, e imortal, e
intelectual, e uniforme, e indissolúvel, e imutável; e que o corpo é a
verdadeira semelhança do humano, e mor. tal, e não intelectual, e
multiforme, e dissolúvel e mutável. Pode-se negar isto, meu querido
Cebes?(4)
Uma resposta simples pode ser que a reencarnação nos oferece uma
segunda chance na vida. Tendemos a imaginar como as coisas seriam se
tivéssemos a oportunidade de viver nossas vidas outra vez. Imaginamos que
tipo de mudança faríamos. Nossos sonhos são atormentados pelo “e ses”
e pelos “pudesse ter sidos” da vida.
Todos nós carregamos um certo fardo de culpa não resolvida. Uma segunda
viagem através da vida oferece a oportunidade de redimirmos nossos
pecados, de compensarmos as falhas e deficiências desta vida. A idéia de
encarnações repetidas traz consigo a esperança de progresso, a esperança de
subirmos cada vez mais alto em nossas aspirações de desempenho moral.
(5)
Agora, suponha que esta vida atual seja minha terceira ou quarta ou
centésima reencarnação. O que eu me lembro de minhas encarnações
anteriores? No meu caso a resposta é simplesmente: nada. Não tenho
absolutamente nenhuma reminiscência da qualquer experiência de vida
anterior ao meu nascimento. Entendo que algumas pessoas tenham tentado
provar, Através da hipnose e de outros métodos, que possuem alguma
memória vaga e profundamente enterrada de uma vida anterior. Os
argumentos para isto parecem provar mais daquilo que chamamos
imaginação do que memória genuína.
Toda esta especulação, que pode parecer bizarra para nós, está baseada
numa questão profundamente importante.
Sempre que alguém diz: “Você deve”, somos tentados a responder usando
uma de duas perguntas comuns: “Quem?” ou “Por que eu deveria?”
coisa como eqüidade, então, em última análise, não existe tal coisa como
justiça. Justiça torna-se um mero sentimento. Significa a preferência de um
indivíduo ou de um grupo. Se a maioria em uma sociedade prefere que o
adultério seja recompensado, então a justiça é feita quando um adúltero
recebe um prêmio por seu adultério. Se, numa sociedade diferente, a
maioria prefere que o adultério seja punido, então a justiça é servida quando
o adúltero é penalizado. Mas, neste esquema não existe tal coisa como
justiça final, pois a vontade de um indivíduo ou de um grupo nunca podem
servir como norma moral suprema de justiça. Ela pode apenas revelar uma
preferência.
Do outro lado, se existe tal coisa como certo e errado, podemos falar sobre
eqüidade real. Então a justiça pode ser definida em termos de recompensas
e punições distribuídas de acordo com o que é justo. Então o termo dever
está cheio de um real imperativo moral.
E por isso que, na visão de Kant, uma vida sem obrigação moral é uma vida
sem sentido.
Sua primeira conclusão foi crucial. Ele argumentou que, para que o senso
moral do dever tenha significado, deve haver eqüidade. Para que eqüidade,
ou certo e errado, tenham significado deve haver justiça. Assim a justiça
serve como uma condição necessária para que a obrigação moral
tenha significado.
Ah, mas aqui está o erro: reconhecemos que neste mundo a justiça nem
sempre é feita. Muitos ladrões são bem sucedidos em seus roubos. Será que
isto quer dizer que, em última análise o crime compensa, e que não existe
nenhuma defesa para a pessoa justa?
Esta é a única conclusão a que podemos chegar se de fato não existe justiça
final. Pode haver justiça aproximada, isto é, justiça parcial e ocasional em
que o ladrão é pego e os pertences de sua vítima são restituídos intactos,
mas ainda a balança da justiça estaria, com muita freqüência, fora de
equilíbrio. Para que a eqüidade tenha un significado último, precisamos
mais do que justiça aproximada; precisamos de justiça final.
Não podemos ter um julgamento feito por uma pessoa que está sob
julgamento. Também não pode haver julgamento se a única pessoa presente
é o acusado. É necessário haver um juiz. Sem juiz não há julgamento. Sem
julgamento não há justiça.
Mas suponhamos que o juiz seja perfeitamente justo mas apresente outras
deficiências. Suponhamos que ele tenha as melhores intenções e seja
moralmente impecável, mas que lhe falte o necessário conhecimento para
dar um veredito perfeito. Podemos pensar num juiz que, em si mesmo,
esteja além de qualquer suspeita. Não aceita suborno e não tem
preconceitos. Mas ele não compreende todas as nuanças de aspectos
complexos das circunstâncias atenuantes. Ele poderia
Mas suponhamos que nosso perfeito juiz aja com perfeita integridade e com
perfeito conhecimento e dê um perfeito veredito. Seria isto suficiente para
assegurar perfeita justiça?
Ainda não. Se uma perfeita decisão é apresentada, ela ainda precisa ser
posta em prática.
Leis perfeitas não garantem um comportamento perfeito. Vereditos perfeitos
não asseguram conseqüências perfeitas. O prisioneiro pode escapar da
cadeia e burlar a justiça.
Para que uma perfeita justiça seja alcançada, o juiz precisa ter o poder
necessário para garantir sua execução. Deve ter poder suficiente para
impedir qualquer tentativa de atrapalhar o fluxo da justiça. Não pode existir
uma única mínima molécula fora do alcance de sua soberania, poder
e autoridade, para evitar que esta única molécula se torne um grão de areia
que faça parar a máquina da justiça. O perfeito juiz deve ter perfeito poder.
Deve ser todo poderoso ou onipotente. Esta é a boa nova contida na
afirmação bíblica: “O Senhor Deus Onipotente reina.”
Tal conclusão deixa o homem e a sociedade sem nenhuma base para a ética.
Sem uma base ética é impossível manter a sociedade. Ela pode durar um
período curto enquanto ainda se mantém tenuemente ligada pelo restante
de normas teísticas. Mas, em última análise ela sucumbirá com o simples
peso de suas convenções intoleráveis.
Não é sem razão que muitos filósofos depois de Kant se voltaram para uma
filosofia niilista do desepero. Eles argumentam que não podemos crer em
Deus ou na vida
depois da morte simplesmente porque as opções que nos restam são tão
terríveis. Vamos enfrentar os fatos, dizem eles. Não há Deus. Não há
justiça. E não há tal coisa como certo e errado. Vivemos sozinhos num
universo que não é nem hostil nem benevolente para com nossas decisões
morais. Não, é muito pior do que isto. Vivemos num universo que, em
última análise, é indiferente a respeito das ações humanas. Em última
análise, ele não liga a mínima porque o homem não vale a mínima.
Todos os nervos de nosso corpo protestam contra uma visão tão negativa do
corpo humano. Toda vez que respiramos, nós o fazemos com a esperança de
que nossa vida tenha valor. E intolerável para nossas mentes pensar que
tudo é fútil. Sentimos conforto nas especulações práticas de filósofos como
Sócrates e Kant. Mas aspiramos mais do que isto. Necessitamos de uma
segurança além do mero desejo prático de que a justiça seja
feita. Precisamos mais do que um “como se” para nos dar coragem.
Eis porque as “novas” do Novo Testamento são tão vitais. Aqui possuímos
um registro que vai além da especulação da realidade histórica. Voltemo-
nos então para a mensagem e o registro do Cristo. Ouçamos a mensagem
de Jesus de Nazaré e o testemunho da sua conquista sobre a sepultura.
JESUS E A VIDA APÓS A MORTE
rei para mim mesmo, para que onde eu estou estejais vós também. João
14.1-3.
seguir acabara de repente. Jesus disse: “Você não me pode seguir agora.”
Uma das dimensões mais difíceis que uma pessoa experimenta quando se
aproxima da morte, é o conhecimento angustiante de que a jornada deve ser
feita sozinha, sem nenhuma companhia humana. Podemos nos sentar ao
lado da cama dos nossos queridos. Podemos segurar suas mãos, e eles
podem segurar as nossas. Mas o momento vem quando a separação ocorre.
E é esta separação, embora temporária, que entristece nossos espíritos.
Antes de realizar o milagre, Elias precisou tirar o menino morto dos braços
de sua mãe. A partir do texto, é óbvio que em sua dor a mulher estava
desesperadamente agarrada ao corpo de seu filho. Elias teve que separá-
los à força.
A cena não é incomum. Desejamos nos apegar aos nossos queridos tanto
quanto possível. O momento da separação é quase insuportável.
Aqui está o coração do Cristianismo. E por isso que falamos sobre fé Cristã,
e não sobre religião Cristã. Religião se refere às práticas exteriores de culto
do ser humano. Cristianismo, a fé Cristã, tem a ver com a confiança em
Deus para a vida. O passo que Jesus está pedindo para seus discípulos
darem é um grande passo. Uma coisa é crer em Deus, outra coisa é crer
Deus. Na prática este é um passo decisivo, embora na teoria não fosse
necessário nenhum passo. Nossa distinção entre crer em Deus e crer Deus,
seria uma distinção sem nenhuma diferença, um mero exercício de
sofistica. Na realidade, se verdadeiramente cremos em Deus, crere-mos
também naquilo que ele nos diz.
Os negócios de meu Pai deveriam ser tratados no templo. Mais tarde, Jesus
se referiu ao templo de Jerusalém como a casa de seu Pai. “Não façais da
casa de meu Pai casa de negócio.” (Jo 2.16)
Em João 14, Jesus fala novamente sobre a casa de seu Pai. Mas não está
mais se referindo ao templo de Jerusalém. O templo era a casa terrena de
Deus. Aquela casa era
Jesus promete a seus discípulos que um dia eles o seguiram à casa do Pai no
céus. Ele declara “Vou preparar-vos lugar.” Jesus explica que sua partida
do meio deles, que estava angustiando os seus corações, deveria ser uma
ocasião de grande alegria. Jesus os deixou para ir preparar lugar para eles
no céu.
Jesus não apenas torna possível nossa ida para o céu, mas na realidade ele
foi para garantir nossas reservas e preparar lugar para nós.
Passo mais ou menos nove meses do ano longe de minha casa. Viajar tanto
tem um grande impacto sobre mim. Tenho percebido vários padrões
surgindo em meu psiquismo a respeito de viagens. Por exemplo, sou mais
exigente a respeito de reservas antecipadas.
O tom desta afirmação tem um toque paternal. Jesus está falando como um
Pai fala a seus filhos. Notamos que, alguns momentos antes Jesus havia se
dirigido aos seus discípulos como “filhinhos.” “Filhinhos, ainda por um
pouco estou convosco” (Jo 13.33). Há uma hora na vida das crianças em
que os pais precisam lhes explicar os fatos da vida. As crianças precisam ser
dirigidas para além dos contos de fada e dos mitos. O dia da verdade chega
quando uma criança se torna muito grande para acreditar em Papai Noel ou
no coelhinho da Páscoa. Há uma transição que envolve a demitologização
da vida. Aquilo que é divertido e encantador para as crianças precisa dar
lugar para a preparação para as duras realidades da maturidade. Há uma
hora em que as coisas infantis devem ser colocadas de lado. O apóstolo
declara:
Aqui ele anuncia que um de seus conceitos prediletos não precisava sofrer
nenhuma correção. A esperança dos discípulos de uma vida depois da
morte, não era nenhum mito ou fantasia. Sua convicção de uma vida eterna
não estava baseada numa forma ilusória de projeção de um desejo. Não
havia nada de infantil nela.
E normal que uma criança que experimentou o trauma da perda do Papai
Noel, fique se perguntando a respeito do resto das coisas que seus pais lhe
ensinaram. E Deus? E o céu? Será que estas coisas também são parte do
conto de fadas que eu devo abandonar?
A luz desta crise de dúvida Jesus declarou: “Se isto não fosse assim, eu vô-
lo teria dito.” Esta declaração é uma forma negativa de revelação divina. Ao
contrário dos funestos teólogos existencialistas, ela pode ser recebida
como uma verdade em forma de premissa. A afirmação vem na forma
literária de um condicional, com argumentos “Se — então.” O que vemos
aqui é uma simples condição contrária ao fato.
Jesus estava dizendo o seguinte: Se a sua fé numa vida futura não fosse
válida, eu teria corrigido suas falsas esperanças. Mas a verdade dos fatos é
que existe um céu, e vocês podem contar com isto. Eu não teria permitido
que uma idéia falsa tão importante permanecesse sem correção.
Esta é uma afirmação dogmática por excelência. Jesus fala do assunto não
meramente como um rabi altarnente competente e culto, nem tão pouco
como um profeta ungido de Deus. Ele fala com a autoridade absoluta e
infalível de Filho de Deus. Lembramos que Jesus declarou corajo-
O meu ensino não é meu, e, sim, daquele que me enviou... Vós não
somente me conheceis, mas também sabeis de onde eu sou; e não vim
porque eu de mim mesmo quisesse, mas aquele que me enviou
é verdadeiro, aquele a quem vós não conheceis. Eu o conheço, porque
venho da parte dele, e fui por ele enviado. João 7.16, 26-28.
Muitas coisas tenho para dizer a vosso respeito e vos julgar; porém aquele
que me enviou é verdadeiro, de modo que as coisas que dele tenho ouvido,
essas digo ao mundo... nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai
me ensinou. João 8.26-28.
A fonte que Jesus reivindica para sua informação, é a mesma que ele
reivindica para sua autoridade, isto é, o próprio Deus.
Alguns dentre eles queriam prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos.
Voltaram, pois, os guardas àpresença dos principais sacerdotes e
fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não o
trouxestes? Responderam eles: Jamais alguém falou como este homem!
João 7.44-46.
Jesus falava como quem tem autoridade. A palavra grega que é usada aqui
para “autoridade”, é a palavra exousia. O termo exousia é composto por um
prefixo ex, que significa “de” ou “derivado de”, e a raiz ousia que é o
particípio presente do verbo “ser”.
Em termos simples, o que a Bíblia quer dizer quando menciona que Jesus
falou como alguém que tem autoridade, é que Jesus não estava
apresentando uma opinião vazia ou leviana. Ele tinha a “qualidade” a
“substância” da realidade atrás de suas palavras. Sua autoridade era apoiada
por nada menos que o próprio ser ou substância de Deus.
Levar conforto para os enlutados é uma tarefa que todos nós enfrentamos
vez por outra. Muitas vezes é uma tarefa pouco invejável e que nos
intimida. Lima capela funerária é um local onde os mais brilhantes oradores
gaguejam. Sentimo-nos completamente inadequados para encontrar
as palavras certas para dizer àqueles que estão lamentando a morte de um
querido.
Recentemente visitei uma capela funerária onde estava o corpo da esposa de
meu primeiro patrão. Este homem havia me empregado como engraxate
quando eu tinha catorze
Permaneci quieto naquela ocasião porque não tinha nenhuma palavra que
eu julgasse adequada para a necessidade do momento. Meu vocabulário
falhou. Não falo com exousia a respeito de coisa nenhuma.
Quando Jesus foi ao lar de Marta e Maria por ocasião da morte de seu irmão
Lázaro, ele as consolou com palavras de exousia. Ele declarou a Marta:
“Teu irmão há de ressurgir” (Jo 11.23).
A isto Jesus respondeu: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim,
ainda que morra viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá
eternamente. Crês tu isto?” (Jo 11.25-27)
Jesus de Nazaré nunca havia feito uma afirmação tão corajosa. Ele
relacionou diretamente a vida eterna consigo mesmo. Ele ligou vida eterna,
a vitória final sobre o maior inimigo de toda a humanidade, isto é, a morte,
com a fé nele mesmo. Crer em Cristo é receber vida eterna.
Muito mais que as palavras de Jesus, figura o registro de seus feitos. Seu
exemplo se iguala ao poder de suas
palavras. Apenas alguns momentos depois das palavras de conforto ditas a
Marta, Jesus foi ao túmulo de Lázaro. Marta protestou contra a remoção da
pedra que selava a entrada. Lázaro já estava morto há quatro dias.
Pressumivelmente não tinha sido embalsamado. Marta encolheu-se de
horror diante do esperado mau cheiro do corpo de seu irmão.
Quando a pedra foi removida, Jesus pronunciou uma ordem em alta vóz.
Com um imperativo divino ele ordenou que Lázaro voltasse da morte:
“Lázaro, sai para fora!”
Lázaro tinha as mãos e os pés atados com ataduras fúnebres. Sua alma
havia partido e estava seguramente presa nas garras da morte. Ao comando
de Jesus a morte relaxou suas garras. O coração de Lázaro começou a bater.
O sangue voltou a circular de novo em suas veias. Tecidos decompostos
foram instantaneamente restaurados à saúde. Lázaro voltou à consciência.
Subitamente podia mover-se. Apesar de amarrado pelas roupas fúnebres, ele
saiu para fora de seu túmulo. Jesus deu outra ordem: “Desatai-o, e deixai-o
ir” (Jo 11.44).
Aquilo que Jesus fez por Lázaro, pela filha de Jairo, pelo filho da viúva de
Nain, aconteceu também ao seu próprio corpo. No dia de sua morte, Jesus
foi insultado por zombadores que gritavam: “Salvou os outros, a si
mesmo se salve, se é de fato o Cristo de Deus, o escolhido” (Lc 23.35).
Jesus sabia que na hora de sua morte ele tinha uma legião de anjos que
poderia libertá-lo num minuto. Uma simples palavra de Cristo seria
suficiente para mobilizar as forças angelicais em seu favor. Mas morrer era
seu dever. Ele bebeu o cálice, e com suas palavras finais entregou-se ao Pai.
Por três dias o Filho de Deus esteve morto, Por três dias o Pai permaneceu
silencioso. Por três dias aqueles que
Então o Senhor Deus onipotente quebrou o silêncio. Ele não gritou. Não
houve nenhum toque de trombeta. Havia quietude no jardim, quebrada
apenas pelo choro suave de Maria Madalena. Maria estava triste com a
descoberta de que o corpo de Jesus não estava no túmulo. Seu corpo havia
desaparecido naquilo que, para ela, parecia ser o último e mais absurdo
assalto à sua dignidade. Alguém, pensou ela, tinha roubado o corpo de
Cristo.
Alguém estava em pé atrás dela. Ela pensou que fosse o jardineiro. Ele
falou: “Mulher por que choras? A quem procuras?” (Jo 20.15). Maria
respondeu: “Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei”
(Jo 20.15b).
Então Maria ouviu o homem dizer o seu nome. “Maria!” Disse ele. Um
reconhecimento instantâneo inundou-lhe a alma ao ouvir o som de sua voz.
Ela virou-se e exclamou simplesmente: “Raboni!” que quer dizer “mestre.”
Este foi o nascimento da fé que seria o berço da fé Cristã. “Ele vive” foi o
primeiro credo da cristandade.
Não queremos dizer que não tenha havido numerosas tentativas de construir
um Cristianismo sem ressurreição. No século dezenove, os assim chamados
Cristãos liberais, tentaram modernizar a fé Cristã, livrando-a de seu
invólrcro
ção era categórica e absoluta. Eles insistiam em que não há ressurreição dos
mortos. Ninguém, nem mesmo Jesus sobrevive à sepultura.
Paulo responde a este ponto de vista, usando as razões dos oponentes para
demonstrar a inconsistência radical e o completo absurdo de uma fé Cristã
sem ressurreição.
PONTO 1
E se não há ressurreição de mortos, então Cristo não ressuscitou. 1
Coríntios 15.13.
PONTO 2
PONTO 3
PONTO 4
PONTO 5
PONTO 6
Paulo continua mostrando a absoluta inconsistência daqueles que
praticavam o batismo pelos mortos em Corinto:
Doutra maneira, que farão os que se batizam por causa dos mortos? Se
absolutamente os mortos não ressuscitam, por que se batizam por causa
deles? 1 Coríntios 15.29.
PONTO 7
E por que também nós nos expomos a perigos a toda hora? Dia após dia
morro! Eu o protesto, irmãos, pela glória que tenho em vós outros em
Cristo Jesus nosso Senhor. Se como homem, lutei em Efeso com feras,
que me aproveita isto? ” 1 Coríntios 15.30-32a.
O que era verdade a respeito de Paulo, também o era a respeito dos outros
apóstolos. Eles viveram e morreram em absoluta confiança da ressurreição
de Cristo.
PONTO 8
PONTO 9
Sua miséria é a seguinte: Vivem uma vida baseada numa esperança falsa.
Esta esperança é uma esperança controladora. Envolve uma ética de
recompensa futura, uma ética de sacrifício presente por amor a uma
recompensa futura.
Paulo está dizendo que se você é hostil para com os cristãos, seria mais
compassivo trocar a hostilidade por piedade. Os cristãos que vivem com
uma esperança enganosa, precisam piedade. Precisam piedade porque são,
na realidade, as mais deploráveis de todas as pessoas.
Ele fornece evidências que nem Platão nem Kant poderiam oferecer. Paulo
apela para o testemunho de testemunhas oculares da realidade histórica da
ressurreição de Jesus.
Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu
pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E apareceu a Cefas, e,
depois, aos doze. Depois disto foi visto por mais de quinhentos irmãos de
uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora, porém alguns já
dormem. Depois foi visto por Tiago, mais tarde por todos os apóstolos, e,
afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido
fora de tempo. 1 Coríntios 15.3-8.
Paulo nomeia as pessoas que viram Jesus voltar da sepultura vivo. Estas
pessoas incluem aqueles que o viram morrer. Este grupo inclui aqueles que
testemunharam a crucificação e a última punhalada em seu lado. Inclui
pessoas que viram seu corpo ser preparado para o sepultamento.
“Eu o vi!” Aqui está o que Platão ou Kant nunca poderiam dizer.
1 Coríntios 15.58.
E nos faz preferir suportar os males que temos Que voar para outros dos
quais nada conhecemos?
Há alguns pontos a respeito de céu que nos são revelados com absoluta
clareza. Antes de voltarmos nossa atenção para as imagens vividas
retratadas no Apocalipse de João, examinemos algumas das afirmações
didáticas feitas sobre o assunto nos Evangelhos e nas Epístolas.
A primeira lição que aprendemos é que a vida no céu é melhor que a vida
na terra. O apóstolo Paulo declara:
Porque estou certo de que isto mesmo, pela vossa súplica e pela provisão
do Espírito de Jesus Cristo, me redundará em libertação, segundo a
minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei
envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora,
será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida quer pela morte.
Porquanto para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o
viver na carne traz frutos para o meu trabalho, já não sei o que hei
de escolher. Ora, de um e de outro lado estou constrangido, tendo o desejo
de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por
vossa causa, é mais necessário permanecer na carne. Filipenses 1.19-24.
Paulo fala da morte como ganho. Nós tendemos a pensar na morte como
perda. Na realidade, a morte de um ente querido envolve uma perda para
aqueles que ficam. Mas para aquele que passa deste mundo para o céu, é
um ganho.
Paulo não despreza a vida neste mundo. Ele afirma que está “constrangido”
entre escolher permanecer e desejar partir. O contraste que ele aponta entre
esta vida e o céu, não é um contraste entre bom e mau. A comparação é
entre bom e melhor. Esta vida em Cristo é boa. A vida no céu é melhor.
Entretanto, Paulo dá um passo além. Declara que partir e estar com Cristo é
muito melhor, (v. 23). A transição para o céu envolve mais do que uma
melhora ligeira ou marginal. O ganho é grande. O céu é muito melhor do
que a vida neste mundo.
A Ressurreição do Corpo
Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar, e a cada uma das sementes
o seu corpo apropriado.
1 Coríntios 15.35-38.
Nem toda a carne é a mesma; porém uma è a carne dos homens, outra a
dos animais, outra a das aves e outra a dos peixes. Também há
corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos
celestiais e outra a dos terrestres. Uma é a glória do sol, outra a glória da
lua, e outra a das estrelas; porque até entre estrela e estrela há diferença
de esplendor. 1 Coríntios 15.39-4.
1 Coríntios 15.42-44.
Corpo Natural
Corrupção
Desonra
Fraqueza
Natural
Corpo Ressurreto
Incorrupção
Glória
Poder
Espiritual
O único indício real que temos para este tipo de corpo espiritual é a visão
apenas esboçada que temos do corpo ressurreto de Jesus. Sabemos que o
corpo que Jesus tinha depois de sua ressurreição era diferente daquele que
foi sepultado.
Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-
na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. João 20.27.
Se Tomé fez ou não como Jesus o instruiu, não foi registrado no Evangelho,
mas presumivelmente a oportunidade foi apresentada a ele. João registra
também uma afirmação
Passados oito dias estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos e
Tomé com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio
e disse: Paz seja convosco. João 20.26.
Por que João registra a frase “estando as portas trancadas”? Será que a frase
foi incluída para nos contar algo sobre os discípulos, ou para nos contar
algo a respeito do corpo ressurreto de Jesus? À primeira vista parece um
detalhe insignificante. Talvez tudo o que João queria enfatizar era o estado
de medo que caracterizou os discípulos depois da crucificação. Parece que
eles passavam grande parte do tempo dentro de casa. No versículo 19 ele
menciona: “Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas
as portas da casa onde estavam os discípulos, com medo dos judeus, veio
Jesus, pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.”
Do outro lado, talvez João esteja insinuando que Jesus apareceu no meio do
quarto sem abrir a porta. Isto significaria que seu corpo ressurreto tinha a
capacidade de mover-se sem impedimento Através de objetos sólidos. O
texto não diz isto explicitamente. É possível tirar tal inferência do texto,
mas de maneira nenhuma o texto exige isto.
O certo é que Paulo olha para Jesus como um exemplo de como serão os
nossos corpos ressurretos:
Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante.
Mas não éprimeiro o espiritual, e, sim, o natural; depois o espiritual. O
primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.
Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais
homens terrenos; e como é o homem celestial, tais também os celestiais.
1 Coríntios 15.45-49.
Continuidade e Descontinuidade
de peso e idade. Será que uma pessoa que morre na infância se parecerá
para sempre com um nenê? Será que os velhos permanecerão enrugados?
Eu serei gordo ou magro, alto ou baixo?
Isto afirmo, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de
Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. Eis que vos digo um
mistério: Nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num
momento, num abrir e fechar d’olhos, ao ressoar da última trombeta. A
trombe-ta soará, os mortos ressucitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista
da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E
quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é
mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está
escrita: Tragada foi a morte na vitória. 1 Coríntios 15.50-54.
Estado Intermediário
A Bíblia não fala apenas de dois estados da vida humana, mas de três.
Existe a vida como a conhecemos na terra. Existe o estado final de nossos
futuros corpos ressuscitados. E há o que acontece conosco entre o momento
de nossa morte e a ressurreição final.
E, além de tudo, está posto um grand abismo entre nós e vós, de sorte que
os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá
passar para nós. Lucas 16.25-26.
Então o homem rico apela para que uma mensagem seja enviada a seus
irmãos que ainda estão vivos, para que eles sejam avisados sobre o lugar de
tormento (v. 27-28).
Embora seja uma parábola Jesus pinta a cena do “seio de Abraão” como um
lugar intermediário de felicidade consciente, e Hades como um lugar de
tormento consciente.
Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que
tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do
testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz dizendo: Até
quando ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas nem vingas o
nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então a cada um deles foi
dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por
pouco tempo, até que também se completasse o número dos
seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles
foram. Apocalipse 6.9-11.
Aqui as almas dos mártires estão claramente em descanso em seu estado
intermediário. Mas este descanso não é um estado de sono inconsciente. É
um descanso consciente no qual são capazes de conversar.
Neste caso a palavra hoje não se refere à ocasião em que o ladrão estará
com Jesus no paraíso. Mas significa sim a ocasião em que Jesus faz a
promessa de uma reunião num futuro indefinido. Embora esta forma seja
gramaticalmente possível, não é a preferida, tanto contextualmente
quanto em termos estritamente literários.
morrendo, neste dia em que você tem todas as razões para abandonar
qualquer esperança — neste dia, o último dia de sua vida terrena — este
mesmo dia marcará sua entrada num estado muito melhor do que aquele
que você está suportando no momento. Este é o dia em que você entra no
Paraíso.” Esta é a tradução preferida, a não ser que haja evidência bíblica
compulsória ao contrário. Não existe tal evidência. Na realidade, a posição
consistente e harmoniosa do resto das Escrituras é que os crentes entram
imediatamente no abençoado estado intermediário.
COMO É O CÉU?
Para as pessoas que amam a praia e tudo o que ela representa em termos de
beleza e distração, pode parecer estranho imaginar uma nova terra sem mar.
Mas para o judeu antigo, a questão era diferente. Na literatura judaica, o
mar é muitas vezes usado como uma imagem simbólica de algo ameaçador,
sinistro e assustador. Já no Apocalipse de João vemos a Besta do Anticristo
emergindo do mar. Na mitologia semítica antiga, há freqüentes referências a
um monstro marinho primitivo que representa o caos escuro. A
deusa babilônica Tiamat é um exemplo disto.
Vivo na parte central da Flórida. Nossa área é descrita muitas vezes como a
sede das tempestades de raio da América. Os meses de verão trazem
tempestades elétricas muito severas. Meus netos ficam freqüentemente
amedrontados com o que chamam de barulhão. Os trovões estrondosos
não fazem parte daquilo que eles gostariam de ver no céu.
Mas os judeus temiam outros problemas que vinham do mar, além das
tempestades turbulentas. Seus arqui-rivais tradicionais, os saqueadores que
invadiram o país várias vezes, eram uma nação marítima. Os filisteus
vinham da direção do mar.
tem água. O céu tem rio. O céu tem correntes de água viva. Mas lá não
existe mar.
A Cidade Redimida
Então ouvi grande voz vinda do trono dizendo: Eis o tabernáculo de Deus
com os homens. Deus
habitará com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com
eles. Apocalipse 21.3.
Dezoito mil côvados em redor; e o nome da cidade desde aquele dia será:
O Senhor está ali. Ezequiel 48.35.
Quando João escreveu o prólogo de seu Evangelho, falou sobre o Logos, a
Palavra de Deus, a qual estava no princípio com Deus e que era Deus.
Quando João falou da Encarnação, ele disse que o Verbo “habitou” entre
nós. A palavra que ele usou significa literalmente “armou sua tenda”, ou
“tabernaculou.”
E lhes enxugarás dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não
haverá luto, nem pran-
Quando eu era criança, minha mãe cuidava de mim com todo carinho
sempre que eu me machucava. Quando as lágrimas brotavam dos meus
olhos, e eu soluçava de maneira incontrolável, minha mãe pegava seu lenço
e enxugava as lágrimas do meu rosto. Muitas vezes ela mandava embora as
lágrimas com um beijo.
No céu não haverá nenhuma razão para o choro pesaroso. Não haverá mais
morte. Não haverá mais tristezas, ou dor de qualquer sorte. Tudo isto
pertence às primeiras coisas que passarão.
A Nova Jerusalém não tem cemitérios, não tem morgues, nem capelas
funerárias, nem hospitais, nem drogas para controlar a dor. Estes são
elementos que assistem aos trabalhos deste mundo. Todos eles passarão.
Se existe algo que soa bom demais para ser verdade, seria o anúncio de um
lugar de onde dor, tristezas, lágrimas e morte fossem banidos. O coração
quase desmaia com um anúncio como este. Ficamos quase com medo de
pensar nisto, para não termos um amargo desapontamento. Mas a voz de
comando vinda do trono real de Deus falou enfaticamente a João:
“Escreve!” Ordenou ele. “Estas palavras são fiéis e verdadeiras.”
Dizer que estas palavras são verdadeiras, significa simplesmente que elas
correspondem à realidade. Não são promessas inúteis de fantasia. Dizer que
elas são fiéis, significa que podemos confiar nelas sem medo de
desapontamento.
O Alfabeto grego começa com a letra Alfa e termina com a letra Ômega,
correspondendo aos nossos A e Z. Cristo se revela como o começo e o fim
de todas as coisas. Novamente ouvimos a triunfante nota de vitória da
criação. Não existe nenhum sinal de um ciclo etemo de repetições
sem sentido. Existe um objetivo, um destino para toda a história humana.
Aquele que cria todas as coisas, trará todas elas a uma conclusão
significativa. Inutilidade e futilidade são extintas à luz daquele que é Alfa e
Ômega.
Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus,
suspira minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo”,
Salmo 42.1-2.
O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus e ele me será filho.
Quanto porém aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos
assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os
mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde como fogo e
enxofre, a saber, a segunda morte. Apocalipse 21.7-8.
Esta passagem traz um terrível aviso. Refere-se ao ato de julgamento final
de Cristo. Para aqueles que são fiéis, existe a promessa de participação
completa na herança de
Então veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete
flagelos, e falou comigo dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa
do Cordeiro: e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada
montanha, e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da
parte de Deu,, a qual tem a glória de Deus. O seu fulgor era semelhante a
uma pedra preciosíssima, como pedra dejaspe cristalina. Apocalipse 21.9-
11.
Tinha grande e alta muralha, doze portas, e junto às portas doze anjos, e
sobre elas nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos
de Israel. Três portas se achavam a leste, três ao norte, três ao sul e três a
oeste. Apocalipse 21.12-13.
Aquele que falava comigo, tinha por medida uma vara de ouro para
medir a cidade, as suas portas e a sua muralha. A cidade é quadrangular,
de comprimento e largura iguais. E mediu a cidade com a vara até doze
mil estádios. O seu comprimento largura e altura são iguais. Mediu
também a sua muralha, cento e quarenta e quatro côvados, medida de
homem, isto é, de anjo. Apocalipse 21.15-17.
Não podemos imaginar uma cidade de ouro puro que se assemelha a vidro
transparente.
As doze portas são doze pérolas, e cada uma destas portas de uma só
pérola. A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente.
Apocalipse 21.21.
Aqui está o texto que fornece a concepção popular do céu com “portas de
pérola” e ruas de ouro. O versículo relembra a profecia encontrada em
Isaías 54.12.
Este versículo tem sido chocante para o judeu contemporâneo que o lê.
Uma Nova Jerusalém sem um templo é completamente inconcebível para
eles. Sua esperança futura é centralizada na magnificência final do templo.
Os inimigos de Jesus se enfureceram com suas predições sobre a destruição
do templo de Jerusalém (que aconteceu no ano 70 a.D.)
A cidade não precisa nem do sol nem da lua, para lhe darem claridade,
pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada.
Apocalipse 21.23.
Nunca mais te servirá o sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a
lua te iluminará; mas o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu Deus a
tua glória. Isaías 60.19.
Cristo declarou que ele era a “luz do mundo” (Jo 8.12). O esplendor de sua
ressurreição juntamente com a deslumbrante glória de Deus, ofuscarão os
luminares menores, o sol e a lua.
As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua
glória. As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque nela
não haverá noite. E lhe trarão a glória e a honra das nações. Nela nunca
jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica
abominação e mentira, mas somente os inscritos no livro da vida
do Cordeiro. Apocalipse 21.24-27.
A Cidade Santa é o lugar para onde as pessoas de todos os lugares irão para
render tributo ao Rei Messias. Reis terrestres contados entre os redimidos se
apressarão para trazer sua própria glória, riquezas e honras para depositá-las
aos pés do Cor-
deiro. Assim como os antigos magos viajaram de longe para oferecer suas
dádivas ao Cristo pequenino, assim, no futuro, haverá uma visitação muito
mais espetacular de reis e príncipes ao trono de Cristo. Então as nações se
reunirão para adorar o Reis dos Reis. Os portões permanecerão sempre
abertos. Não haverá medo do cair da noite, porque em nenhum momento as
sombras poderão obscurecer o esplendor constante da luz da sua presença.
Então me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai
do trono de Deus e do Cordeiro. No meio de sua praça, de uma e outra
margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu
fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para cura dos
povos. Apocalipse 22.1-2.
quer que passe este rio... Junto ao rio, às ribanceiras de uma e de outra
banda, nascerá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer; não
fenecerá a sua folha, nem faltará o seu fruto; nos seus meses, produzirá
novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; o seu fruto servirá
de alimento e a sua folha de remédio. Ezequiel 47.7-12.
A Remoção da Maldição
Na visão de João é difícil determinar se ele viu uma árvore da vida com
galhos de ambos os lados do rio, ou se eram duas árvores da vida separadas.
Em qualquer caso, a árvore representa a nova ordem da vida que estará
presente. O ciclo anual das estações com nascimento na primavera e morte
no inverno, terminou. As árvores produzem um fruto novo todo mês. Suas
folhas não murcham e morrem. A maldição da terra passou. Não se
encontra mais nenhum espinho ou erva daninha na natureza. Não pode
existir seca que ameace a colheita.
A maldição significa que não podemos ver a face de Deus neste mundo.
Significa que experimentamos uma certa medida da ausência de Deus. Mas
na visão de João, quando a maldição é removida, duas coisas aparecem
imediatamente: Primeiro a presença clara de Deus e do Cordeiro. Segundo
o louvor voluntário de seu povo. Isto apresenta um contraste marcante com
a situação que desencadeou a maldição. Quando a maldição é retirada, não
há mais desobediência. A maldição e sua causa, o pecado, estão ausentes
do céu.
A Visão Beatífica
Contemplarão a sua face, e nas suas frontes está o nome dele. Apocalipse
22.4.
Aqui está a suprema esperança do céu. Ela descreve aquilo que os teólogos
chamam de visão beatífica. A visão beatífica é a visão que provoca uma
alegria instantânea e profunda. É a bênção e a felicidade para qual todos
fomos criados. Aqui o vazio sem sentido que persegue a alma humana é
finalmente preenchido.
Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponte de sermos
chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão
o mundo não nos conhece, por quanto não o conheceu a ele mesmo.
Amados, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que
havemos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos
semelhante a ele, porque havemos de vê-lo como ele é.
1 João 3.1-2.
A seguir João confessa que ainda não foi revelado o que nós seremos. O
espelho ainda está escuro. O futuro ainda é nebuloso. Mas alguns sinais são
dados, e estes são suficientes para deixar nossos corações em chamas. Uma
coisa sabemos com certeza; um raio de luz penetra na escuridão do espelho:
Nós seremos como ele.
Há uma grande ironia no fato de que como criaturas de Deus fomos feitos à
sua imagem. O propósito de Deus ao criar a raça humana é que deveríamos
espelhar e refletir o próprio caráter de Deus. Mas na realidade de nossa
queda, esta imagem foi manchada. Como imagem de Deus nós
nos tornamos imagens mentirosas. A imagem está distorcida. Não há nada
mais característico dos seres humanos do que o fato de que nós pecamos.
Em nosso pecado demonstramos precisamente o que Deus não é. Não há
sombra de mal no caráter de Deus.
João não nos conta a ordem exata dos eventos. Será que seremos primeiro
purificados para que então possamos
ver a Deus; ou será que a visão perfeita do Deus revelado será a experiência
que nos purificará instantaneamente? Não estou certo de como será, mas
creio que a primeira hipótese é mais provável.
Deus porá seu nome em nossas frontes. O número do Anticristo não estará
lá. Seremos marcados com um nome indelével que nos identificará para
sempre como filhos e filhas de Deus.
Então já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem de
luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos
séculos dos séculos. Disse-me ainda: estas palavras são fiéis e
verdadeiras. Apocalipse 22.5-6a.
Estas palavras são o clímax da visão que João teve das câmaras secretas do
céu. Novamente ele enfatiza a expulsão de toda escuridão. A glória
refulgente de Deus banhará seu povo para sempre. Aqueles que são seus
receberão sua herança completa. Eles o ouvirão dizer: “Vinde, amados
meus, recebei por herança o reino que vos está preparado desde o início.”
Por isso também eu, tendo ouvido a fé que há entre vós no Senhor Jesus,
e o amor para com todos os santos, não cesso de dar graças por vós nas
minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da
glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno
conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes
qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua
herança nos santos, e qual a suprema grandeza do seu poder para com os
que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder. Efésios 1.15-19.
APÊNDICE A
PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A MORTE E A VIDA APÓS
A MORTE
Primeiro eu elogiaria tais pessoas por sua preferência. Certamente elas estão
em boa companhia. Este sentimento é muitas vezes expressado por heróis e
heroínas bíblicos. Cembramo-nos do velho Simeão que, depois de esperar
durante anos para contemplar o Messias, foi finalmente abençoado ao ver o
Cristo pequenino no Templo. Tomou o nenê Jesus nos braços e disse
o poema conhecido como Nunc Dimitis: "Agora, Senhor, despede em paz o
teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua
salvação” (Lc 2.29-30).
Jó, em sua grande dor. implorou a Deus pela descanso da morte: "Quem
dera que se cumprisse o meu pedido, e que Deus me concedesse o que
anelo! Que fosse do agrado de Deus esmagar-me, que soltasse a sua mão e
acabasse comigo!” (Jó 6.8-9). Moisés e Jeremias, entre outros, fizeram o
mesmo pedido.
Soren Kierkegaard escreveu certa vez que uma das experiências mais
angustiantes da vida é desejar morrer e não ter permissão para isto. O
suicídio não é permitido por Deus. A hora de nossa morte está nas mãos de
Deus. Não devemos tomar providências para apressar o momento de nossa
partida. Deus é o autor da vida e o soberano sobre ambos, a vida e a
morte. Podemos orar por nossa própria morte, mas o pedido só pode ser
atendido por Deus e somente por Deus.
Não temos nenhuma certeza sobre o que está se passando na mente de uma
pessoa no momento do suicídio. É possível que o suicídio seja um ato de
pura falta de fé, uma rendição ao desespero total que indica a falta de
qualquer fé em Deus. De outro lado pode ser sinal de uma doença mental
temporária ou prolongada. Pode ser resultado de uma súbita onda de
depressão severa (Tal depressão pode, em alguns casos, ser provocada por
causas orgânicas, ou pelo uso não intencional de certos remédios).
Sou fascinado por estes relatos e espero ansiosamente pelas futuras análises
científicas sobre eles. Entretanto, mantenho diante de mim a parábola do
rico e de Lázaro em que recebemos o aviso: “Se não ouvem a Moisés e aos
profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém
dentre os mortos” (Lc 16.31).
Esta não é uma pergunta frívola. Sabemos que as pessoas se tornam muito
ligadas aos animais, particularmente seus animais de estimação. A
menininha com seu gato, o homem e seu cachorro, todos demonstram uma
afeição muito humana que passa entre humanos e animais.
Da mesma forma presume-se que os animais não podem pensar como nós.
Suas respostas são explicadas Através dos instintos, e não Através das
formas mais baixas de cognição.
Concluímos que evitar o sofrimento pode ser tanto virtude quanto pecado,
dependendo das circunstâncias envolvidas.
A maneira como esta pergunta foi feita, indica uma certa ambigüidade a
respeito do relacionamento entre aborto e morte. Se a vida começa na
concepção, então aborto é um tipo de morte. Se a vida não começa senão
com o nascimento, então obviamente o aborto não envolve morte. A visão
clássica do assunto é que a vida começa com a concepção, Se isto é certo,
então a questão da morte da criança ou da morte pré-natal envolve a mesma
resposta.
Quando o filho de Davi e Bate-Seba foi levado por Deus, Davi lamentou:
“Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei porque dizia: Quem sabe se o
Senhor se compadecerá de mim, e continuará viva a criança? Porém, agora
que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela,
porém ela não voltará para mim” (2 Sm 12.22-23).
Aqui Davi declara sua confiança de que “eu irei a ela”. É uma referência
levemente velada à sua esperança de reunir-se com seu filho no futuro. Esta
esperança de uma reunião futura é a esperança gloriosa de todos os pais que
perderam seus filhos. E a esperança reforçada pela ensino do Novo
Testamento sobre a ressurreição.
Se Deus não é soberano, então Deus não é Deus. Um Deus não soberano
não é Deus nenhum. Um Deus não soberano seria como um rei nominal que
reina mas não governa. Na realidade os homens têm livre arbítrio, mas
nosso livre arbítrio é limitado. E sempre limitado pelo livre arbítrio de
Deus. O livre arbítrio de Deus é soberano. Nosso livre arbítrio é
subordinado.
Lembramos do chamado noturno que veio a Samuel quando ele servia sob a
orientação de Eli. Deus revelou a Samuel o que ia fazer para trazer seu
julgamento santo sobre a casa de Eli. Eli, então, implorou a Samuel que lhe
contasse o que Deus revelara.
Que é que o Senhor te falou? Peço-te que mo não encubras; assim Deus
te faça o que bem lhe aprouver se me encobrires alguma coisa de tudo o
que te falou. Então Samuel lhe referiu tudo, e nada lhe encobriu. E disse
Eli: E o Senhor; faça o que bem lhe aprouver. 1 Samuel 3.17-18.
O registro relata que Davi, então, implorou a Deus pela criança. Ele jejuou
e orou. Mas Deus disse não. No sétimo dia a criança morreu. Qual foi a
resposta de Davi? “Então Davi se levantou da terra; lavou-se, ungiu-se,
mudou de vestes, entrou na casa do Senhor e adorou” (2 Sm 12.20).
Davi adorou a Deus no meio do seu sofrimento. Na realidade, ele sabia que
estava sofrendo sob o julgamento corretivo de Deus. Davi respondeu com
retidão ao chamado de Deus. A resposta de Davi ecoa aquela de Jó quando
declarou: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu, o
Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1.21).
APÊNDICE B
Mas não há uma única palavra na Escritura que dê o mais leve sinal de que
a prática da necromancia, que era uma abomi-nação para Deus no Antigo
Testamento, agora seja algo que o agrade. Pelo contrário, o Novo
Testamento se opõe ao sortilégio e à magica tanto quanto o Antigo
Testamento, como podemos ver pela confrontação apostólica com tais
práticas no livro de Atos.
Penso que é seguro assumir que a grande maioria dos cristãos evangélicos
crêem que Satanás tem o poder de realizar milagres. Eu não acredito que ele
possa. Isto me coloca decididamente na minoria dentro do mundo
evangélico.
ram que Jesus fazia milagres. Ao contrário eles acusaram Jesus de fazer
seus milagres pela poder de Satanás (Mc 3.22).
Marcos 3.23-25.
Notamos que Jesus não respondeu aos seus acusadores dizendo: “Satanás
não tem poder para fazer milagres reais.” Jesus não contestou a habilidade
do Diabo de operar contra naturam. Ao invés disto ele indicou a tolice de
pensarmos que Satanás poderia eventualmente agir contrapeccatum.
quem está realizando o falso. Não é assim tão auto-evidente quem está
promovendo o Reino de Deus e quem não está.
Vou pedir ao cristão que pense o impensável: Como sabemos que Jesus não
foi um falso profeta? Como sabemos que o próprio Jesus não era o Diabo
disfarçado, fazendo milagres extraordinários, inclusive sua própria
ressurreição, para seduzir as pessoas contra o Judaísmo ortodoxo e o
monoteísmo do Antigo Testamento? Como sabemos que o Cristianismo não
é a grande ilusão ou fraude enviada por Satanás para levar milhões de
pessoas a praticar a idolatria adorando um homem ou um anjo ao invés de
adorar o verdadeiro Deus?
Por exemplo, Jesus apelou repetidas vezes para as Escrituras para sustentar
suas reivindicações como Messias.
mos nenhuma possibilidade de saber qual dos dois foi de fato o autor da
obra.
Moisés teve uma experiência com um arbusto que queimava mas não se
consumia. Ele teve um encontro em primeira mão com uma atividade que
era contra naturam. No episódio da sarça ardente, Deus ordenou a Moisés
que tirasse o povo de Israel do cativeiro sob o qual estavam sofrendo.
Moisés estava compreensivelmente preocupado com sua falta de
credenciais. Ele tinha estado durante décadas num exílio obscuro. Quem
acreditaria em sua alegação de estar agindo sob a direção divina? Ele disse
a Deus:
“Mas eis que não crerão, nem acudirão à minha voz, pois dirão: O
Senhor não te apareceu. Perguntou-lhe o Senhor: Que ê isto que tens na
mão? respondeu-lhe:
Uma vara. Então lhe disse: Lança-a na terra. Ele a lançou na terra, e ela
virou cobra. E Moisés fugia dela".
Êxodo 4.1-3.
Para que creiam que te apareceu o Senhor, Deus de seus pais, o Deus de
Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. Êxodo 4.5.
Ainda não sei como ele fez aquilo. Mas sei que não foi por poderes
sobrenaturais.
Muitos truques mágicos são feitos de maneira muito simples. Muitas vezes,
os truques mais espetaculares são feitos da maneira mais simples. São
usados espelhos, caixas que desmontam, dobradiças, ou simples destreza.
Normalmente o mágico depende de uma pressuposição que ele impõe sobre
a audiência, a qual é uma pressuposição errônea.
Gosto de fazer truques simples com cartas. Alguns são feitos via
matemática outros dependem de certa destreza física. Os mais fáceis são os
que dependem de pressuposições errôneas.
Costello ganhou muito dinheiro com este truque do “mago.” O jogo era
simples. Ele tinha cinqüenta e dois amigos espalhados pelo país. Cada
amigo era um mago indicado para uma carta específica. Costello decorou o
número do telefone de cada amigo correspondendo a cada carta do baralho.
Então ele atraia simplórios como Jackie Gleason para discutir a respeito de
telepatia mental. Ele levava as pessoas a pedirem uma aposta para provar o
que ele dizia. Uma vez que a vítima escolhia uma carta, tudo que
Costello precisava fazer era dar o número apropriado do telefone e instruir
a vítima a discar e chamar pelo mago.
O que tudo isto tem a ver com a feiticeira de En-dor e com os mágicos do
Faraó? O ponto é o seguinte: os mágicos da corte do Egito, e a feiticeira de
En-dor estavam, com toda probabilidade, simplesmente praticando truques
habilidosos que eram projetados para deixar os espectadores estupefatos.
Não é nenhum grande feito esconder uma cobra num tubo desmontável. É
necessário um
pouco mais de planejamento que um mágico de tevê que serra uma moça na
metade ou tira um coelho de uma cartola aparentemente vazia. A diferença
entre o milagre de Deus com Moisés e o dos mágicos do Egito, é que Deus
transformou a vara de Moisés numa cobra, não uma vara que ele havia
preparado com antecedência e trazido para a ocasião.
1 Samuel 28.9-10.
Denunciando a Farsa
Houdini foi além. Antes de morrer ele combinou uma data e uma série de
sinais pelos quais, se possível, ele se comunicaria com sua esposa depois da
morte. Na data certa, após a sua morte, o grande Houdini não foi capaz de
fazer o contacto pré-combinado. Mesmo postumamente ele desacreditou o
negócio dos médiuns.
Por que isto? Se alguém além de Deus pode suprir o poder para a realização
de um milagre, então, evidentemente a simples presença de um milagre
nunca poderia provar a autenticação divina. Como anteriormente examinei
a questão, o máximo que tal milagre poderia indicar é que ou Deus ou
Satanás estaria sendo representado. Sem uma norma para discernir entre os
dois milagres, não teríamos nenhum poder que validasse os agentes da
revelação.
Satanás não pode tirar vida da morte, ou criar alguma coisa do nada. O
poder de criar e as chaves da vida e da morte pertencem a Deus e ao seu
Cristo. Estes poderes não são conferidos ao inimigo. Satanás pode ser capaz
de superar Houdini, mas não conseguirá realizar mais do que Cristo. Ele e
suas obras estão banhados na mentira. Não tem nenhuma participação
naquilo que é autêntico.
O problema se torna mais complicado ainda quando perguntamos se os
modernos curadores podem fazer milagres de boa fé.
Mas leis naturais descrevem o curso normal do governo de Deus sobre este
mundo. E precisamente este curso da natureza que torna possível o
significado extraordinário de um milagre real.
Penso que Deus não está realizando milagres hoje no sentido estrito de
termo. A razão pela qual penso assim é porque estou convencido de que não
existe agentes da revelação normativa hoje. Isto é, não há nenhum Apóstolo
(com A maiúsculo) vivo hoje.
Oral Roberts alegou que durante seu ministério ele ressuscitou pessoas da
morte. Quando foi pressionado pelos jornais ele remendou um pouco tais
alegações. Uma coisa é fazer a pessoa reviver Através de aparelhos ou
outras formas de ressuscitamento. Isto acontece com uma freqüência cada
vez maior. E outra coisa muito diferente que uma pessoa que está
se decompondo na sepultura por vários dias, seja trazida de volta à vida
como Lázaro o foi pelo comando divino de Jesus.
Temo que a razão verdadeira pela qual as pessoas não insistem em ter
suas profecias particulares publicadas no Novo Testamento é porque
elas sabem muito bem que tal requisição os desacreditaria
imediatamente entre seus seguidores.
“Para aqueles que sofrem, este livro pode trazer a serenidade que vem de
um maior entendimento espiritual da majestade de Deus. Eu o recomendo
de todo coração a todos aqueles que lutam com a dor.”
Dr. Charles LeMaistre. M.D. Anderson Cancer Research Center