Você está na página 1de 8

CAPELANIA FUNERAL

DISPENSANDO AS CONSOLAÇÕES CRISTÃS EM MOMENTO DE DOR

A Capelania Funeral é mais abrangente do que possamos imaginar


e não está confinada ou limitada aos portões do cemitério, nem se instala
aos cortejos fúnebres e tão pouco aos corredores hospitalares, ela
prossegue com os enlutados.

“O Senhor vê com pesar a morte de seus fiéis”


(Salmo 116:15).

“E ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Bem-


aventurados os mortos que, desde agora,
dormem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que
descansem dos seus trabalhos, e as suas obras
os sigam” (Apocalipse 14.13).

1. INTRODUÇÃO

É comum observarmos na sociedade que os vivos registram


radical aspiração para viver e radical aversão á morte. A ciência, por sua
vez procura a todo custo prolongar a vida.

No mundo moderno são acentuados os valores do êxito, da


produtividade e da vida. Isso faz que esqueçamos quase completamente
de pensar na morte e naquele que está morrendo. Parece que a morte é
colocada fora da vida social.

Apesar de a idéia da morte estar presente em todos, ela é assunto


proibido em quase todos os ambientes.

A morte é também geradora de vida eterna para os que acreditam


numa vida do além. Alguns a chamam de “passagem” outros dizem
“ir dessa para melhor”. A cura que a tecnologia tem prometido é
limitada no tempo, apenas paliativa e age na tentativa apenas de adiar a
morte.

1
De qualquer forma, a curiosidade será plenamente satisfeita e
cremos que, quando morrermos começará a vida prometida por Cristo,
que é eterna:

“Esta é a vontade do meu pai que


todo homem que nele acredita tenha
vida eterna, e eu o ressuscitarei no
último dia”. (João 6.40).

O novo testamento leva-nos a ver a morte dos fiéis como se fora,


apesar de toda a tristeza e pranto que encerra uma bem-aventurança.
Haja vista o que disse Paulo:

“Porque para mim o viver é Cristo,


e o morrer é ganho” (Fp 1.21).

É preciso destacar que “o funeral é uma cerimônia em que os


presentes acabam sem por apiedar-se de si próprios”.
O Capelão que presta assistência em funerais, por conseguinte,
porta-se como o instrumento das consolações divinas numa cerimônia
fúnebre.

Jamais poderá esquecer-se: ele é, acima de tudo, um médico das


almas. Sua missão é administrar o lenitivo da Palavra de Deus,
pensando em todas as feridas e aliviando a dor da separação.

Um dos primeiros passos é enfrentar o choque que a morte


provoca. Por mais que os familiares esperem, a morte acaba sempre
trazendo um choque violento.
Portanto respeite reações sentimentais tais como:

➢ CHORO
➢ GRITO
➢ ANGÚSTIA
➢ REVOLTA

Essas reações são dirigidas aos profissionais, instituição e até


mesmo contra Deus. Nesse momento, antes de qualquer julgamento, o
mais importante é ser presença acolhedora. Não diga nada, só ouça.

O segundo passo é reconhecer que não conseguiremos, num


primeiro momento, preencher o vazio que provoca a perda. O que

2
podemos fazer é colocar-se á disposição das pessoas e tentar visualizar
quais são as necessidades mais urgentes do momento.

Quando a situação estiver aparentemente sob controle, o capelão


poderá deixá-los sozinhos, pois é muito importante estar no velório ou
mesmo fazer uma visita, assim que puder.
Porém, tenha certeza de que o mais importante você já fez, que é
levar a palavra de Deus para confortar os familiares.

2. FUNERAL.

A palavra funeral vem do vocábulo latino funus + eris – enterro

Eis o significado:
a. Préstito Fúnebre
b. Cerimônia de Enterramento
c. Enterro
d. Imunação

O funeral é conhecido também com exéquias.

Por mais simples e destituído de pompa, o funeral constitui-se sempre


numa cerimônia: leva-nos à reflexão.

É o que diz em Eclesiastes:


“Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa
onde há banquete, porque ali se vê o fim de todos
os homens; e os vivos o aplicam ao seu coração”
(Eclesiástico 7.2).

O pensador Thomas Wilson oferece-nos a seguinte reflexão:

“Quando acompanhamos um funeral, às vezes nos consolamos


com a feliz diferença existente entre nós e o amigo morto”.

3. ASSISTINDO À FAMÍLIA DO FALECIDO.

Tão logo saiba o Capelão de Assistência Funeral do falecimento da


pessoa (membro da igreja / ou não), tomará as seguintes providencias de
imediato:

3
a. Oferecimento de préstimos.

Dirigir-se-á à casa da família enlutada, colocando à


disposição desta os préstimos de Assistência. Perguntará
também se todas as providências para o sepultamento já
foram tomadas.

b. Orientações diversas.

Orientará a família a fim de que esta não gaste mais que o


necessário. É um momento psicológico bastante delicado, e
que por isso mesmo vem sendo explorado por
aproveitadores que, de forma inescrupulosa, vem
extorquindo famílias, roubando-lhes inclusive o seguro de
vida deixado pelo falecido. Em caso de dificuldades, procure
as autoridades competentes.

c. Local do velório.

É um assunto a ser resolvido entre o Capelão e a família do


falecido, levando sempre em conta os costumes da Igreja.

4. A CERIMÔNIA FÚNEBRE

Este cerimonial, do ponto de vista humano, é o que menos agrada


ao capelão oficiante, entretanto, é uma oportunidade para se
evidenciarem aos valores espirituais com que o Espírito de Deus dotou
aquele servo que agora passou para o Senhor.

A cerimônia fúnebre pode ser definida como o elenco das liturgias


conduzidas junto ao corpo do defunto desde a saída da capela
(Igreja/Residência) até o sepultamento.

De acordo com o costume da igreja e o desejo da família, pode-se


também fazer uma breve cerimônia durante o velório. Isto porém só deve
ocorrer se a família der consentimento.

5. CUIDADOS QUE ANTECEDEM A CERIMÔNIA FÚNEBRE.

Tendo em vista o caráter da cerimônia, deve o Capelão haver-se


com muito cuidado e prudência, para que tudo saia de acordo com as
convenções sociais. Eis os passos a serem observados:

4
a. A roupa.

Escolha uma roupa sóbria, de preferência escura. Nada mais


desrespeitoso que optar por uma vestimenta espalhafatosa.

b. O horário.

Nunca chegue atrasado a uma cerimônia fúnebre. Procure


comparecer pelo menos com uma hora de antecedência.
Assim, poderá falar com os entes queridos do falecido,
dispensando-lhes os pêsames e as cordialidades pessoais
bem como as consolações bíblicas.

c. As conversações.

Seja prudente nas conversações. Limite-se a falar de Cristo


e a consolar os familiares. Outros assuntos devem ser
evitados. Jamais seja inconveniente.

6. COMO DEVE SER A CERIMÔNIA.

Conquanto simples e despojada de pompa, a cerimônia fúnebre


deve ser conduzida sábia e prudentemente de maneira que venha a
proporcionar todas as consolações bíblicas à família enlutada.
Lembremo-nos desta reflexão de Agostinho:

“Os preparativos do funeral, a escolha do túmulo, a cerimônia


fúnebre, mais do que homenagem ao morto, são consolo para os
vivos”.

Vejamos, por conseguinte, como podemos conduzir uma cerimônia


fúnebre:

I. Oração inicial.

Num tom de voz moderado, rogue ao Senhor as consolações


à família enlutada. Realce a intervenção de Cristo como a
solução para todos os problemas da vida, inclusive a morte.

5
II. Locução Inicial.

Em seguida, dirija uma palavra aos presentes, explicando-


lhes qual o objetivo da reunião; Administrar aos entes
queridos do falecido o conforto da Palavra de Deus.

III. A leitura bíblica.

Escolha uma destas passagens:


✓ Salmo 116:15;
✓ 1º Coríntios 15:39-55;
✓ 1º Tessalonicenses 4:13-18
✓ Apocalipse 14:13.

IV. A escolha dos hinos.

Os hinos devem ser escolhidos antecipadamente. Antes de


escolher os hinos, procure conhecer a letra e a música. Se
possível, leve consigo alguém que saiba conduzir o hino
congregacional mente.

Importante: Peça autorização para entoar os cânticos.

V. A mensagem.

✓ Que a mensagem não exceda os 15 minutos.

✓ Escolha um do texto bíblico selecionado neste capítulo.

✓ Discorra sobre esperança que tem o crente de, finda a


jornada terrena, ver o rosto de cristo.

✓ Não deixe de mencionar as qualidades do morto. Caso o


defunto, não haja sido cristão, limite-se a consolar a
família.

✓ Nada de julgar o defunto, dizendo que ele foi para o


inferno. Isto é competência exclusiva de Deus.

✓ Aproveite o momento para falar de Cristo, e lançar a boa


semente nos corações doridos.

6
✓ Caso haja o discernimento e autorização da família se faz
o convite para aceitar a Cristo.

VI. Oração.

Em seguida, ore mais uma vez, suplicando o consolo divino


sobre a família.
(Está oração interna – capela / residência / igreja).

VII. Ato Final.

Terminada a mensagem, deixe a condução final do ato à


família, para que esta oriente a inumação do corpo.

É a oportunidade que tem o Capelão de apoiar moral e


espiritualmente os entes queridos do falecido.

7 - CONCLUSÃO

É importante que o Capelão, numa cerimônia fúnebre, esteja


sempre vigilante, e não permita a intervenção de gente afoita que,
demonstrando uma espiritualidade nada bíblica, busca ressuscitar o
morto, causando com isso escândalos e tropeços.

O serviço fúnebre é um momento onde há oportunidade para


meditação e reflexão e pode-se alcançar uma audiência bem
heterogênea com a mensagem de esperança e salvação de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo.

O ideal é que acompanhe o enterro a até seu desfecho final, e


assim no momento que o corpo estiver sendo colocado em devido lugar
o Capelão poderá fazer mais uma oração.

7
EXEMPLO (modelo)

Ó DEUS PAI TODO PODEROSO, ENTREGAMOS O CORPO DE NOSSO IRMÃO


(ã), ............................................................ A SEPULTURA NA ESPERANÇA DE
REVÊ-LO NA RESSUREIÇÃO DOS SANTOS, QUE ACONTECERÁ NO ULTIMO
DIA !

E QUE A GRAÇA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, O AMOR DE DEUS


NOSSO PAI, E AS CONSOLAÇÕES DE SEU SANTO ESPIRITO ESTEJA COM
TODOS VOS HOJE E SEMPRE, E TODOS DIZEMOS: AMÉM !

Lembre-se, você é o instrumento de Deus para semear a consolação e o


conforto a quem quer que seja.

“Feliz serás e sábio terás sido


se a morte, quando vier,
não te puder tirar senão a vida.”
Francisco de Queved

Você também pode gostar