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COMO AJUDAR QUEM DESENCARNA?

Como ajudar quem desencarna?


"Sim, o estimado assistente falava com muita propriedade e razão. Eu aprendera
muito, durante a noite. Aprendera que as câmaras mortuárias não devem ser pontos
de referência à vida social, mas recintos consagrados à oração e ao silêncio."
Obreiros da Vida Eterna — André Luiz

A desencarnação deve ser encarada com resignação, confiando em Deus, que é


Pai de infinita bondade, para com todos os seus filhos.
A morte é apenas uma passagem, uma viagem para outro plano da vida…

A vida não acaba!


Pela falta de preparação, desconhecimento, medo e falta de fé...a dor da morte é na
terra uma das mais dolorosas provas. Despedir-se do ser amado, a quando da
desencarnação, é um dos maiores medos e uma grande provação para todos
quantos por ela passam. Por sua vez, o espírito em libertação, continua vivo! A vida
é contínua, não acaba, apenas se modifica. Por tal motivo quem parte, pode ouvir e
receber as impressões das vibrações mentais que lhe são enviadas. Essas
vibrações podem acalmar, consolar ou dificultar a situação nova em que se
encontra, dependendo do teor das mesmas.

O Velório
A origem da palavra velar, que dá origem à palavra velório, vem do latim “vigilare”,
que significa vigilância, “velar” (de cuidar, zelar). O termo tem uma conotação exata
se de fato as pessoas que vão “velar” o desencarnante, realmente o fazem com
atitude de zelo e respeito pelo corpo que serviu ao espírito, durante a experiência
que se encerra.

De acordo com as indicações do espírito, André Luiz, psicografadas por Chico


Xavier, os espíritas devem dispensar, nos funerais, as honrarias materiais
exageradas e as grandes encenações. “Nem todo o Espírito se desliga prontamente
do corpo”, importa, na verdade, que lhe enviemos cargas mentais favoráveis de
paz, através da oração sincera, principalmente nos últimos momentos que
antecedem ao enterro ou a cremação.

Social, moral e espiritualmente, quando comparecemos a um velório exercemos um


dever de solidariedade, proporcionando consolo à família. Infelizmente, tendemos a
fazê-lo por obrigação, ignorando o decoro espiritual, o respeito pelo recinto e o
esforço de auxiliar o desencarnado com pensamentos elevados. O desencarnado
precisa de vibrações de harmonia que só se formam através da prece sincera e de
ondas mentais positivas. No livro Conduta Espírita, o Espírito André Luiz mais uma
vez adverte-nos:

“procedermos corretamente nos velórios, calando anedotário e galhofa em torno da


pessoa desencarnada, tanto quanto cochichos impróprios ao pé do corpo inerte. O
recém-desencarnado pede, sem palavras, a caridade da prece ou do silêncio que o
ajudem a refazer-se. É importante expulsar de nós quaisquer conversações
ociosas, tratos comerciais ou comentários impróprios nos enterros a que
comparecermos”. Até porque a “solenidade mortuária é ato de respeito e dignidade
humana”.

Quanto tempo devemos esperar para o Enterro ou Cremação?


No caso do enterro no mínimo 24h, tempo já aguardado em quase todas as
situações. No caso da cremação, legítima opção para aqueles que a desejem, de
acordo com Chico Xavier, será prudente esperar no mínimo 72 h, até que se tenha
mais informação sobre este assunto ainda controverso, de forma a nunca prejudicar
por pressa o espírito desencarnante.

O termo "morte" é restrito à matéria. O desligamento é para o espírito. Dependo da


situação individual, o desenlace definitivo entre corpo e espírito, na grande maioria
das vezes, não se dá de imediato, ou seja, o desenlace do espírito não se dá ao
mesmo tempo da morte física. Para ajudar na adaptação da nova condição, os
espíritos encarregues do desenlace precisam de um certo tempo para que este
ocorra da melhor forma possível. Daí a necessidae de esperar….

Nós Espiritas
O Espiritismo não é uma religião, é uma ciência, uma doutrina com implicações
morais e como tal carece de rituais mortuários, existentes nas religiões
institucionais. Mas a fé raciocinada, a compreensão da vida depois da morte e o
amor que fundamentam o Espiritismo, dão-nos indicações de como proceder com
caridade e respeito nestas ocasiões. Como espíritas devemos primar pela
moderação, cultivar o silêncio, conversar, só se necessário, em voz baixa, de forma
edificante.

No velório devemos orar respeitosamente ao amigo que se liberta do corpo físico,


dirigindo-lhe, por exemplo, a prece indicada por Allan Kardec no capítulo XXVIII,
questão 59 do Evangelho Segundo o Espiritismo, que tem por título, “Pelos recém-
falecidos”.

Podemos recordar ou referir quem parte com discrição, evitando pressioná-lo com
lembranças e emoções passíveis de perturbá-lo, principalmente se as
circunstâncias do seu desencarne foram trágicas.

Se não conseguirmos manter este comportamento, melhor será não comparecer ou


retirar-nos do local do velório, evitando alargar o coro de vozes e vibrações
desrespeitosas que podem afligir o recém-desencarnado, até porque o “morrer”
nem sempre é o “desencarnar”, como já foi referido.

Segundo o Espírito Joanna de Ângelis por Divaldo Pereira Franco no livro Florações
Evangélicas devemos atender ao seguinte:
“- Diante do corpo de alguém que demandou a Pátria Espiritual, examina o próprio
comportamento, a fim de que não te faças pernicioso, nem resvales pelas
frivolidades, que nesse instante devem ser esquecidas.
- O velório é um ato de fraternidade e de afeição aos recém-desencarnados que,
embora continuem vinculados aos despojos, não poucas vezes permanecem em
graves perturbações.

- Imantados à organização somática, da qual são expulsos pelo impositivo da morte,


que os surpreende com o "milagre da vida", não obstante em outra dimensão,
desesperam-se, acompanhando o acontecimento, em crescente inquietude.

- Raras pessoas estão preparadas para entender o fenómeno da morte, ou


possuem suficientes recursos de elevação moral a fim de serem trasladadas do
local mortuário, de modo a serem certificadas do ocorrido em circunstâncias
favoráveis, benignas.

- No mais das vezes, atropelam-se com outros desencarnados, interrogam os


amigos que lhes vêm trazer o testemunho último aos despojos carnais, caindo,
quase sempre, em demorado hebetamento ou terrível alucinação...

- Em tais circunstâncias, medita a posição que desfrutas nos quadros da vida


orgânica, considerando a inadiável imposição do teu regresso à Espiritualidade".

Algumas recomendações que podem ajudar o desencarnante e seus entes


queridos, segundo Richard Simonetti.

Para os que partem


Colocar músicas clássicas, para abafar ruídos e manter o clima edificante.
Orações, leituras de textos bíblicos ou espíritas, cânticos religiosos.
Guardar para o desencarnado todo sentimento de carinho, ternura e tolerância,
sublimado pela oração.
Formar um clima de serenidade através de assuntos elevados.
Evitar comentários sobre defeitos, deslizes e sobre o que faltou realizar.
Evitar comentários de lástima pelos familiares.
Evitar piadas e conversas acerca da forma do desencarne.
Evitar discursos longos, mesmo que seja homenagem para o espírito que
desencarnou, pois aumenta as lembranças e emoções tanto do desencarnante
quanto dos familiares. Toda homenagem, oração, conversas e palestras devem ser
focads na imortalidade da vida, na continuação da Vida após a Vida, buscando
solidificar a fé nos familiares e no próprio desencarnado.
Evitar comidas, pois não se trata de festa e sim de auxílio.
A ORAÇÃO cria um ambiente de paz, tranquilidade e ajuda a todos os envolvidos.

A repetição mecânica de preces decoradas não ajudam em nada, vale mais um


pensamento sincero de que tudo ficará bem.

A prece exerce vibrações sedativas ao psiquismo perturbado, acalma o desespero e


emotividade daqueles que clamam por ajuda, coragem e socorro, diante da dor.
Pela oração se acionam forças do bem que fazem uma limpeza espiritual. A oração
sincera aquieta a alma e eleva o padrão vibratório. Cria um estado íntimo de
serenidade, facilitando o desprendimento e a entrada tranquila no mundo espiritual.

Para os que ficam…


Lágrimas de saudade não prejudica quem parte. O que prejudica, dificulta o
desligamento e perturba o espírito que parte é a revolta, a blasfêmia contra Deus.
Evitar roupas escuras, ambientes taciturnos, pois estes comportamentos somente
geram medo e maior dor aos envolvidos. Não é a cor da roupa que revela
sofrimento, respeito ou ajuda e sim, oração sincera.
Velas e flores são exteriorizações de sentimentos, Não fazem mal, mas não ajudam
o desencarnado. O que ajuda são orações, o amor sincero, bons pensamentos, fé e
certeza da continuidade da vida.
Como cada Ser tem um período de adaptação e um nível de evolução e
compreensão do novo estado, convém esperar um tempo após o desencarne, para
doar e se desfazer dos pertences pessoais daquele que partiu. Em casos explícitos
de pessoas desprendidas da matéria, espiritualizadas, este tempo não é
necessário, sendo muitas vezes, a vontade expressa daquele que se foi.
Todos os espíritos são auxiliados. Nenhum filho de Deus fica desamparado..
Mesmo os que tiveram uma vida encarnada desregrada, desde que sinceramente
busquem auxílio, serão ajudados…

O amor e resiliência serão porto seguro, para poder resisitir à tempestade!


"Vós, espíritas, porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do
seu invólucro corpóreo".
Evangelho Segundo o Espíritismo - Capítulo 5º - Item 21, parágrafo 5.

Artigo por Susana Santos

Referências:
Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, item 59, RJ: Ed.
FEB, 1939;
Xavier, Francisco Cândido. Servidores no Além, SP: Editora – IDE, 1989;
Vieira, Waldo. Conduta Espírita, RJ: Ed FEB, 1999; e Idem.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis.
LEAL. Capítulo 25.
Espírito Luiz Sérgio/Velório
Reflexões Espíritas – Autores Diversos
Quem Tem Medo da Morte – Richard Simonetti

LIVROS Recomendados:
Na Hora do Adeus – Irene Pacheco Machado / Espírito Luiz Sérgio
Velório/ Reflexões Espíritas – Autores Diversos
Quem Tem Medo da Morte – Richard Simonetti
Obreiros da vida Eterna - Francisco Cândido Xavier, André Luíz (Capítulos 13 a 16)
Ver PDF - Obreiros da Vida Eterna

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