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CAMPUS 2

ENCONTRO 11 - DESENCARNAÇÃO E MORTE

OBJETIVO GERAL: Compreender os conceitos de morte e desencarnação para melhor oferecer


possibilidades de auxílio aos Espíritos que estão presos ao momento da morte ou não se recordam

Quando a vida no corpo é compreendida apenas como uma longa viagem sem
prejuízo algum ao Espírito, torna-se mais leve e menos sacrificial. A morte
provoca uma descontinuidade do personagem, que se vê expropriado do que
considerava líquido e certo, porém promove a compreensão de que se trata de
mais uma parada para arrumação e avaliação do verdadeiro proprietário da vida,
que não cessa sua saga em transcender. (NOVAES, 2018)

A “morte” significa a extinção da vida física, cessação completa e definitiva da vida


orgânica. Logo, se temos um corpo, este morrerá. Já a “desencarnação”, de outra forma, é a
condição na qual o ser, entendendo a condição da morte física, se liberta psiquicamente dos seus
apegos materiais, emocionais e psicológicos. Morrer implica no esvaimento do fluido vital e por
consequência na finitude do corpo físico. Segundo Novaes (1997), desencarnar significa libertar-se
de uma prisão e despertar para uma realidade em que o Espírito estará na posse plena de suas
faculdades. Contudo, para muitos, morrer é mergulhar no desconhecido.

Os conceitos que diferenciam a “morte” da “desencarnação” podem ser de fácil


compreensão para quem estuda a doutrina espírita, porém nem todos conseguem de fato separar as
duas coisas. Vejamos o que nos diz Zimmermann (2011), ao explicar como um médium vidente
heteroscópico (que vê os órgãos internos de um indivíduo) observa o processo de morte e
desencarnação de uma pessoa:

Coloquei-me de modo a não ser visto ou interrompido nas minhas observações


psíquicas, e pus-me a estudar os misteriosos processos da morte. Vi que a
organização física não podia mais bastar às necessidades do princípio intelectual;
diversos órgãos internos pareciam, porém, resistir à partida da alma. O sistema
muscular procurava reter as forças motrizes. O sistema vascular debatia-se para
reter o princípio vital; o sistema nervoso lutava quanto podia para impedir o
aniquilamento dos sentidos físicos, e o sistema cerebral procurava reter o
princípio intelectual. O corpo e a alma, como dois cônjuges, resistiam à
separação absoluta um do outro. Esses conflitos internos pareciam a princípio
produzir sensações penosas e perturbadoras. Foi com satisfação que percebi que
tais manifestações físicas indicavam – não a dor ou o sofrimento, porém apenas a
separação da alma e do organismo. (ZIMMERMANN, 2011, grifo nosso)

Por que, então, algumas pessoas quando morrem continuam no processo como se
estivessem vivenciando o corpo material?
Cada indivíduo, por razões diversas, crenças, religiões, convicções de cunho científico, tem
uma visão da morte e da continuidade ou não da vida. As pessoas podem conceber a morte de
formas diferentes. O medo arraigado em nossas mentes, quer seja por ignorância, quer por
dogmatismo religioso, nos impõe a morte como algo doloroso, sombrio, onde seremos julgados e,
possivelmente, condenados. Há também o medo da solidão, da perda das pessoas queridas, o
sentimento de apego à família, à casa, aos bens materiais, dentre outros.

Ao passar pelo processo de morte e desencarnação, por vezes o Espírito se depara com uma
situação completamente diferente do seu imaginário. Frequentemente não compreende o que
ocorreu pois esperava, por exemplo, dormir o sono eterno, porém continuaria “vivo”. Alguns
podem ver seu corpo inerte, outros não se recordam do momento da morte e continuam percebendo
as pessoas queridas, porém ninguém “o escuta”. Muitos não sabem o que fazer e se mantém ao lado
dessas pessoas, convivendo na mesma casa, e, até, tentando controlar os bens e as finanças da
família como se encarnados estivessem.

Para esclarecer essas pessoas é preciso compreender os aspectos psicológicos que


envolvem a questão da percepção da morte e da desencarnação. O esclarecedor deve ter sempre
em mente que está se comunicando com pessoas que conservam hábitos, necessidades e apegos dos
encarnados e que por vezes não conseguem alcançar a vibração da dimensão espiritual em se
encontram. Recomenda-se manter a mente tranquila e propor caminhos para que o Espírito perceba
que ocorreu uma mudança, que é natural e que a vida continua.

O esclarecedor deve evitar dizer ao Espírito que a confusão se deve a sua desencarnação,
uma vez que nem todos terão a compreensão do significado dessa palavra. No decorrer do diálogo,
o médium esclarecedor sondará as condições psicológicas do Espírito de saber ou não se já
desencarnou, de saber ou não que seu corpo físico morreu. Deve conduzir o diálogo naturalmente,
dizendo por exemplo: “- Examine com calma o que está acontecendo; seus familiares e amigos tem
algum motivo para não lhe dar atenção? Tudo está como antes? Notou alguma mudança em sua
vida?”

O rumo da conversa dependerá das respostas do Espírito. Caso este continue sem entender, o
esclarecedor poderá convidá-lo a orarem juntos. A oração é excelente ferramenta de mudança
vibracional e auxiliará na percepção da outra dimensão. Caso o comunicante comece a ter
discernimento de que desencarnou, o médium esclarecedor deve ter bastante tato: poderá dizer que
a vida continua e que a pessoa conserva sua individualidade, buscando harmonizá-la.

De acordo com Novaes (2018), quando lidamos com a ideia da morte como algo positivo,
conseguimos transmitir mais determinação, coragem e tranquilidade para quem está desorientado.
Entender o morrer como experiência necessária, que há um propósito de Vida, representa
amadurecimento para quem compreendeu que não há limites para o Espírito imortal.

Bibliografia:

NOVAES, A. M. F. de. O Voo do Espírito. Salvador: Fundação Lar Harmonia, 2018.

NOVAES, A. M. F. de. Reencarnação Processo Educativo. Salvador: Fundação Lar Harmonia,


1997.

ZIMMERMANN, Z. Teoria da Mediunidade. São Paulo: Allan Kardec, 2011.

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