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DA IGREJA
SEIS ESTUDOS
SOBRE A IGREJA
por
10
Sumário
Introducão
, . 2
1. O que é a igreja de Cristo? . 3
2. Para que existe a igreja de Cristo? 6
3. Como funciona a igreja de Cristo? 9
4. Como a igreja cresce? . 12
5. Qual é a estratégia de ação da igreja? 15
6. Como a igreja de cristo deve viver
no mundo? 19
Quadros e ilustrações
?1
o QUE É A IGREJA DE CRISTO?15
Pro Lourenço Stelio Rega 16 ©
Alguém responderia imediatamente que igreja é o LOCAL onde vamos cultuar a
Deus. Outros diriam que é o conjunto de departamentos ou organização de um grupo de
pessoas salvas por Jesus Cristo. Ainda outros fariam referéncia à estrutura denominaclOnal
como sendo a igreja.
i\Jão é difíCil dedUZir que cada um desses conceitos metafóncos apresenta suas
Implicações sobre a Vida da Igreja. A título de exemplo citamos:
]. Conceito (m/Illiar: Indica o espinto de famiha que deve eXistir em nós - união.
fraternidade, submIssão ao Pai etc.
3. Conceito militar: indica a luta ofensiva da igreja, não contra a carne e o sangue (Ef
6.12), mas contra o exército de Satanás.
~:' S.'>ri{' de <';('IS drligos ruh1il"ddos Ild H'visldl UVENTUDE BA nSTA, -I" T rillH'stn' dl' 19l{...l {' (('PU bliúldos IM
nWSllld revistei no 1" Trimestre (te- 1996. DigilddO!lel c11Udl fornM por Dirn~u Cunhil. Texto dtudl revis~H_io.
Ir" LOllrcl1co StcllO Rcgn (' B~Khdn>ll' ~kslr(' em Tl'ologill, Lin'I1("idl1o ('111 Fi\osolid, l\1t'str<' em EduCd(dO (' Pús-
Grdduddo em Administrd(dO dt' Emprl'SdS (nudt'o dt' Análist, dt' Si~h.'llldS). E-mdil: H'grt(ú)t'licd.pro.br.
\:- ESSd ldbl'\d (oi insrlrddd 1M ... h'sps inlprprptdlivdS sobre d sdlvd(dO dt' Plínio l\10f('ird dd Silvd. VPjd S('U
livro Você porie ser Snllto, Mogi ddS Cru/('s: ABECAR. 198-1.
??
Deve ficar claro que nao encontramos no Novo Testamento a idéia de que igreja
venha a ser o templo ou o prédio em que nos reunimos. A igreja somos nós, salvos por
Jesus Cristo que afinal nao morreu por tijolos ou madeira.
ORGANIZAÇÃO OU ORGANISMO?
Atualmente há uma disputa em tomo de ser a igreja apenas uma organização ou
apenas um organismo. Se visualízarmos a igreja dentro da perspectiva anteriormente
apresentada concluiremos que as duas idéias nao são contraditórias e excludentes, mas
plenamente viáveis, pOIS cada uma delas apresenta aspectos diferentes da mesma verdade.
A Igreja local abrange um grupo de crentes dum determinado local (At 11.26). O
conceito de Igreja local no Novo Testamento parece ser mais amplo do que pensamos, pois
Incluía tanto a Idéia de um grupo de crentes de uma determinada região (AI. 9.31) como a
IdéIa de um grupo restrito (Rm 16.5).
Aqu i ad vém ou tra questão: A cslm IlIra denominacional ,; lima in51i IlIição diZ'úw? Ou
ainda A cslmlma dmominacional rode ,,'r conSiderada lamh,;m como igre;a? Não possuimos
nenhuma base bibltca para responder afirmativamente. Desta forma, tecnicamente falando
I~ Nà(\ ((Jnlundlf :.lljUl () termo teolngico para c:\prcssar a ahrangcncia unlycrsal da IgH~Ja de Cristo (Igreja uni\"t,~rsa] -
lwJo em Illmusculu l. com () nome da Igreja Uniycrsal Jl) Remo tk Deus \IURDl t.hrigu.hl pelo HislX) b.lir MaceJo
?1
uma estrutura denominacional é uma estrutura paraeclesiástica. Muitos veriam aqui a
negação de sua validade, contudo temos de aceitar sua importãncia e necessidade.
Uma estrutura denominacional, em vez de ser sacralizada, deve ser instrumento útil
no fortalecimento e expansào operacional da igreja local. Agindo desta forma ela estará em
seu devido lugar de meio e nào fim em si mesma. Sendo assim, uma estrutura
denominacional é culturalmente dependente e deve se ajustar constantemente às
necessidades e realidades das igrejas locais servindo de elo entre elas.
Temos de ser honestos em reconhecer que nossas igrejas possuem falhas, mas em
vez de nos referirmos a ela na terceira pessoa - a igreja está errada nisto ou naquilo - devemos
estar conSCIentes de que nós somos a igreja. nós fazemos parte dela. Então em vez de criticar
destrutivamente devemos indagar particularmente que posso cu, membro da igreja de Jesus
Cristo. fazer para contribuir para sell aprimoramento efortalecimento? (Hb 10.25).
?A
PARA QUE EXISTE A IGREJA?
Pro Lourenço Stelio Rega ©
Você já parou para pensar nessa pergunta? Será que os membros de sua igreja
sabem qual a finalidade da existência da igreja? Esta questão é uma das mais importantes
para o cristianismo, pois a sua resposta nos levará à resposta de outras queslCes também
importantes, tais como: Por que devo ser membro da igreja? Por que devo trabalhar na
igreja? O que devo esperar dela? etc.
Fomos mados para glorificar a Dells.' (Is 43.7). vivendo sob Sua dependênCIa e
alegrando-O. Esse era o nosso papel na mação. A queda consistiu na declaração de
independênCia do homem contra Deus. Agindo assIm o homem se distanCIOu do propósito
onglnal para o qual fOI cnado - deiXOU de glonflCar a Deus. Agmdo assim o homem se
distanCiou do propÓSitO ongmal para o qual fOi cnado - deiXOU de glonficar a Deus (Rm
3.23). A salvaçao por mtermédlo de Jesus Cristo nos recoloca neste estado onginal do qual
nos deSViamos em Adão.
ensino, admoestação,
~ sist ênci.a soeW e
espiritual. eomunJ.i",
AdOIaç~Q
Jiociplina. ,eniço.
GlOIif><::l <? o
ad mini str.l <?(), et c.
Lealdade
enswo) admoestação,
assistência social e
AJ OI ""ão .:-spirirua.i, c-omunh:.l:o,
GIOIifl~çáO
Juciplina.. ~Cl-viyo.
LealJaJ. .d mi.nittr.aç:i~ «c.
?7
COMO FUNCIONA A IGREJA?
Pro Lourenço SteIio Rega ©
O leitor poderá achar estranha nossa abordagem sobre esse tema. É bom avisar,
logo de início, que não é nossa intenção repetir o que poderá ser facilmente ser estudado
nos compéndios de eclcsiologia (parte da Teologia que estuda a Doutrina da IgreJa), mas
abordar o assunto dentro de uma perspectiva mais prática e assim tomá-la assimilável.
Já pudemos observar que a Igreja tem um caráter organizacional. Ela precisa ser
gerida, administrada. Mas como a Igreja deve ser administrada? Só alguns poucos deverão
trabalhar na Igreja? Existe grau de importância nos diversos trabalhos da Igreja?
Segundo o hvro de Atos (6.1-12) os dozc eram assistidos pelos scte a fim de que pudessem
se consagrar à oração e à ministração da palavra, enquanto aqueles cuidassem da
asslsténcia socIal da Ign"Ja.
E ele deu uns como apóstolO5, " outros como pro/Í'tas, " outros como
el'ange/istas. e outros Lomo pastores e mestres, tendo em l'ista o aperjL'içoamento
dos santos, para a ohra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo: alt' que
lodos cheguemo> à unidade de .h' " do rimo conhecimento do Filho de Deus, ao
,'stado de homem .ft'ito à medida d,) estahlra da plenitude de Cristo, para que não
mais seiam05 menin05, inconstantes, ICl'ados ao redor por todo l'ento de doutrina,
pela .fraudulhlcia dos iJomens, pela astIÍcia tendente à maquinação do erro; antes,
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seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do
qual todo corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo aImlio de todas as juntas,
segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu próprio crescimento para
edificação de si mesmo em amor.
Para que, então, deve existir o apóstolo, o profeta, o evangelista, o pastor-mestre? A partir
do v. 12 encontramos a resposta:
en$ino~ admoestação,
.usinêneia H>C-UI e ;nes~re. pas*),...me.atre..
AdOI~:io odminiab'ador. líder~
espiritual, comuohi~
Gloliftcac?0 COf>3eiheil'O, diaconos,
.lisciplina. serviço,
Lealdade ~;"tente """oi, etc.
,d mini <Ino? o, '" c.
Não há prátIca mais satânica que essa' Todos os crentes S<10 chamados para exercer
funçàes específicas dentro da Igreja. Alguns são escolhidos numa eleição para liderar, mas
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isso não signIfica que os outros não escolhidos deverão, num berço esplêndido, apenas
contemplar as atividades da igreja sem qualquer comprometimento. Talvez por isso é que
o domingo, dia do descanso, tem se tomado um dia de cansaço para muitos crentes que,
sentindo a importânCIa e necessidade da obra de Deus, se empenham com afinco no
trabalho tendo de fazer a sua parte e a de outro que não quer se comprometer. Até quando
isso ocorrerá em nossas igrejas?1
Outro aspecto preocupante é o conceito de distinção entre clero e leigos que muito
temos feito ao crermos, ainda que inconscientemente, que nós pastores somos mais
Importantes que nossas ovelhas. No NT não há essa distinção que queremos fazer.
Podemos estar na liderança do povo de Deus, mas isso não nos faz melhores. Aliás o
vocábulo leigo vem do grego laikós (que vem de laós, povo) que significa alguém do povo. Se
a igreja é o povo de Dc1/s (I Pe 2.9,10), todos nós somos leigos, isto é, pertencentes ao povo
de Deus.
Sobre isso é bom citarmos Ray C. Stedman, em seu livro A Igreja - Corpo Vivo de
Cristo (p. 79,80):
... 1'eio lima tral1sferc'ncia gradativa de responsabilidade do popa para o que foi
dmomil1ado de clero ... O col1ceito Mblica de 'llle todo crente é IIm sacerdote
diante de Dells (ri se perdendo aos pOIlCOS, SlIrgil1do IIm corpo especial de
slIpercristãos qlle eram praclI rados praticamen te para todos os fil1s e assim acaboll
smdo chamado de mInistério (ali o pastorado). Agora, Efésios 4 deixa bem claro
qlle todos rs cristãos estão 1105 ministérios. A tarefa própria dos qllatro
mil1istérios de apoio qlle namil1amos é treil1ar, moti1'ar e ser1'ir de sllporte às
pessoas 110 trabalho do 5C1I próprio ministério. QlIal1do o mil1istério foi, portal1to,
relegado aos prolissic'I1ais. não sobroll l1ada para as pessoas fazerem a não 5Cr l'ir à
igreja e ficar esclltando. Dizia-se-lhes qlle era slla responsabilidade trazer o mllndo
para dentro do edíficio da igreja, a fim de ollvir o pastor pregar o cz'al1gelllO. Em
breue o cristianismo se tomoll nada mais, l1ada mC110S do qlle IIm esporte de
l'spectadores. mIlito parecido com o .tiltebol: 1') homms em campo,
desesperadamC11te precisal1do de descanso, c 20 mil nas arqllibal1cadas,
d,'sespcradamente precisando de exercício!
COMO A IGREJA CRESCE?
No estudo O que é a Igreja de Jesus Cristo? desta série apresentamos alguns conceitos
metafóricos do NT sobre a igreja. Se analisarmos tais conceitos poderemos perceber
claramente que em cada um está implícita a idéia do crescimento. Antes de partir aos céus
OJesus deixou uma ordem aos discípulos para que a Igreja se expandisse. crescesse, se
espalhasse por toda a terra. Ninguém pode negar que a Igreja de Jesus Cristo deva crescer.
Juan Carlos OrtIz em seu controvertIdo livro O Disápztlo (p. 94) comenta que numa
certa ocasião ele estava analisando seu mmistério e concluiu que o seu cuidado para com
sua Igrep era como o da Coca-Cola quando vendia seus produtos. embora ele relutasse em
aceitar ISSO pOIS perguntava-se a si mesmo e a Deus como poderia ser aSSim se a sua Igreja
estava crescendo e ultimamente ISSO tinha sido de 200 para 600 membros.
Analisando um pouco mais a questão ele chegou à conclusão de que o que estava
ocorrendo era que a sua Igreja não estava crescendo mas realmente engordando. pois na
verdade o que ele conseguIu foi agrupar mais pessoas da mesma qualidade (bebês
esplntuals) das que Já haVia. E aSSim, ninguém estava amad urecendo em Cristo. Antes eles
contavam com 200 bebês esplntuals. agora com 600. Desta forma. ele sentIu que estava
levando a sua Igreja a viver como um orfanato espirihwl e não realmente como uma Igreja.
:'-Jão podemos negar que essa história mUitas vezes tem se repetIdo em muitas
Igrejas. Quando ISSO ocorre. estamos apenas cumpnndo o papel como que de um médico
oDstt"tra que tem a missão de aUXIliar uma mãe a dar à luz um filho. Precisamos também
desempenhar o papel da pediatria cumprindo a missão de levar os bebês espirituais ao
creSClmento.
~lasafmal em que consiste o crescimento da Igreja? Qual a sua força motriz? Qual a
nossa parte?
Desta forma poderemos entender que o crescimento Izolístico da Igreja pode ser:
(. Crescimento étnico: não era a vontade de Deus que o Evangelho fosse raCIal. Deus
queria que ele se espalhasse por todas as nações e povos, alTIda que a Igreja cristã
primitiva contlTIuasse a manter uma grande barreIra exclUSIVista do Evangelho. Isso é fáCIl
entender quando o Evangelho chega a SamarIa e aos gentios e provoca espanto aos
Judeus-<:nstdos de Jerusalém (At 8.14-25; 10.1-11. 21). Para quebrdr essa outra barreIra da
Igreja de jerusalém Deus preCIsou repetir a experiéncia do balismo no Espírito Santo e
provIdenCIar uma Visão estonteante a Pedro (At 8.15-17; 10.955). Veja também Mt 28.19; Lc
24,47)
1. A força motriz" Dells: Paulo nos ensina que emoora um venha a plantar e outro a
regar, no fim quem dá o crescImento é Deus (1 Co 3.5-9). Podemos elaborar os mais
estratégiCOS planos que até venham a funcionar num balão de' ensaio. mas se eles nào
esltverem de acordo com o coraçao de Deus podemos contar que o cresCImento será
inefICaz. amda que aparentemente os resultados sejam mensuráveiS.
2. O papel de cada 11111 de nós: Quando afirmamos que o crescimento da Igreja só vem pela
operosldade da eVilngelizaçao, estamos restringindo a rmssao da Igreja e a amplídao de
seus mmlstérios como Já tIvemos a oportumdade de concluir nos estudos Para que existe a
Igreja? e Como funciona a Igreja? desta sene. Para um crescimento equilibrado (ou
crescimento holístico) é preciso que cada um de nós desempenhe os dons específicos que
Deus nos repartiu (Rrn 12.4,5; 1 Co 12.4-6,11 ,14-26). Sobre isso Paulo nos ensina em Efésios
4.15,16: Mas seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de
quem todo corpo, bem ajustado e consolidado pelo allxaio de toda junta, segundo ajusta cooperação
de cada parte efetua o seu próprio aummto para edificação de si mesmo em amor. Além de incluir
o fato de que os membros de uma Igreja devam atuar em diversas frentes da obra de Deus,
Paulo ensina que o crescimento da Igreja requer também urna vida espiritual amadurecida
- cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo - e isso envolve o crescimento numa vida
de imltaça.o a Cristo. Em resumo, nosso papel no crescimento da Igreja é duplo: (1) Ter
urna vida espintual em constante crescimento; e (2) Desempenhar a diversidade de dons
operaclOnais que Deus repartiu à sua Igreja.
QUAL É A ESTRATÉGIA DE AÇÃO DA IGREJA?
Pro Lourenço Stelio Rega ©
o que é discipulado?
Em pnmelro lugar, o disClpulado NÃO É MAIS UMA OpçÃO de trabalho na Igreja.
É A ESTRATÉGIA QUE /ESUS ORDENOU QUE USÁSSEMO. O principal texto do
disClpulado situa-se em Mt 28.19, cUJa tradução em nossas Bíblias precisa ser explicada,
pOIS nem sempre o tradutor tem condições de transpor para o nosso idioma toda
profundidade do texto no grego do Novo Testamento.
Uma tentatIva de traduçdo poderia ser assim: Tendo ido ( que estás no particípio
aonsto no grego e ndO Imperativo, como em nossas traduções),fazei discípulos (no grego o
modo deste verbo é ImperatIvo) de todos os popas ... Assim, o ImperatIvo ndO está no IR.
mas no FAZER DISClPULOS. 1550 slgmfica dizer que a ordem de Jesus para a Sua Igreja
ndO é para que ela \'á ao mundo falar dEle. pois como cnstdos Já estamos no mundo ainda
que ndO pertençamos a ele OOdO 17.14-16,23). A ordem é para que ao partirmos nesta noz'a
Jornada da pida como novas crIaturas (2 Co 5.15-17) a nossa mlssdO é FAZER DISClPULOS
(e aquI sim está o imperatIvo).
Desta forma, podemos perceber que discipulado ndO envolve apenas a mimstraçdo
do ensino aos crentes após a sua conversão. envolve também o trabalho da evangelização.
Não eXistem dOIS evangelhos - um para o ndo-crente e outro para o crente. Jesus é ao
mesmo tempo SENHOR e SAL VADOR. pOIS estas SdO duas figuras para mostrar certas
implicações de nosso relaCionamento com Jesus Cristo. E uma dessas implicações que
vemos nesses dOIS títulos de Jesus é que lhe devemos nossa vida, no primeiro caso porque
ele nos salva de um pengo - a morte espiritual! o afastamento completo do Criador - e no
segundo, porque ele nos resgatou das mdOS de Satanás. Os dOIS títulos apontam para uma
só obra de Jesus. Concluímos que ao ser evangelizada a pessoa Já deva ser colocada diante
da opção de se render ou ndO aos pés de Jesus Cristo.
o que significa ser discipulo?
Discipulado não é somente a transmissão de dados ou informações sobre a fé cristã,
mas, sobretudo, TRANSMISSÃO DE VIDA. Temicamente podemos chamar Isso de
TRANSFUSÃO VIVENCIAL. E isso envolve compartilhamento de conhecimento, de
experiéncia. oração intercessÓria. amizade. Em resumo, o mestre (discipulador) será um
exemplo a ser seguido. Dois textos de Paulo já são suficientes para mostrar isso. E o que de
minha parte ouviste (TIMÓTEO) ... TRANSMITE a homens fiéis e capazes para também instnlÍr a
OUTROS (2 Tm 2.2). Neste texto vemos a seqüência
0 =:> ~ ~MÓTEV
AULO ~ ~UTRo0
Outro trecho é: Sede mell5 imitadores, como eu também S01I de Cristo. Aqui a seqüência é
Jesus tinha os seus discípulos. embora a idéia do discipulado não tenha surgido
com Ele. PossIvelmente Ele tomou como modelo as relações
CMESTRV ~ ~SCÍPU~
Esse relacionamento MESTRE ~ DISCÍPULO existente entre os rabinos lhe
permItia definir sua posição para com seus discípulos numa forma compreensível a seus
compatrIotas. A Instrução dada pelos rabinos a seus discípulos não se limitava apenas ao
campo teÓrICO, pelo contrário, seu método preferido de ensinar preocupava-se com a
prática da Lei. HaVia contínuo contato com o rabi, pois os discípulos chegavam até a
morar com ele e, aSSim, reproduziam em sua vida a Vida de seu mestre. Os diversos casos
concretos da Vida sugerIam-lhes perguntas, às quais o rabi podia então responder
tomando como ponto de partida aquela sltuaçao específica.
Além de levar "o discípulo a viver o mesmo estilo de vida do seu mestre de acordo
com a Lei, o discipulado tinha também como alvo levar o discípulo a ser MESTRE. Isso é
perceptível no dlsopulado CrIstão (2 Tm 2.2; Hb 5.12). O leItor poderá estudar com maís
profundidade ISSO no livro de Alselmo SchuIz.
Como Vimos, no discipulado está implicita a Idéia de SEGUIR um mestre. E é por
ISSO que Jesus afirma: 5e alguém quer l'ir após mim, a 51 MESMO se NEGUE, DIA a DIA tome
a sua cruz c SICA-/vlE (Lc 9.23). Deste trecho podemos extraIr pelo menos quatro verdades
chaves.
1. Negar-sc a si mesmo: ind ica o retomo ao Éden, o retomo a uma vida de
submissão e dependênCIa a Deus;
2. Dia a dia:. o Evangelho não. é para ocasiões espeCIaiS, é para ser vivído em
todas as suas implicações cotidianas, no dia a dia;
3. Tomar a sua cruz: a morte por crucificação fOI introduzida pelos romanos e
reservada aos escravos e foi também utilizada na Palestina nos tempos de Jesus.
Em tais ocasiões, costumava-se obrigar o condenado a transportar o patibulwn,
isto é, a parte transversal da cruz, até o local da execução. Não há dúvida que
nos últimos decênios antes da destruição de Jerusalém, qualquer tentativa de
rejeição ao Império e Imperador devia considerar a possibilidade duma
repressão severa por parte dos romanos. Adeptos de um movimento assim
deveriam estar prontos para enfrentar a morte e pagar com a crucificação a sua
participação no mesmo. Quem, então, viesse a seguir a Jesus Cristo deveria estar
pronto para morrer. Veja Lc 17.33. Sem dúvida que poderemos incluir aqui
também a idéia de segUlr a Cristo até o Calvário e ali mortificar o nosso eu (Rm
6.3-9). É a renúncia cotidiana aos direitos do eu humano; e
4. Seguir a Jesus: significa pôr-se, junto com ele, a serviço do reino de Deus.
Significa também ser Seu imitador. Por serem seus imitadores, os Seus
discipuIos deveriam ser exemplos dEle no mundo. A chave para a interpretação
exata desta afirmação aparece num dos artigos da lei rabínica - o enviado de um
homem é cama se fosse aquele mesmo homem (veja também João 13.20 e as págs. 35ss
de 5chulz).
Com tudo isso em mente, já podemos imaginar que para ser mestre, além de
conhecimento das verdades do Evangelho, é preciso ter vida real e verdadeira para
transmItir. Como podemos ensinar alguém a vencer a ira, por exemplo, se ainda não
temos tido a VI toria sobre esse problema, ainda que possamos conhecer o que precisa ser
feito, ou uma espécie de fÔrmula que possa ser o remédio para isso. Por ISSO é mais fácil
adotar outras estratégIas de trabalho na igreja. O que o mundo mais espera de nós é ver a
concretização do Evangelho em nossas vidas e não apenas uma pregação teórica e idealista
de um tal de Cristo que nem sequer seguimos.
Pregação do Evangelho
O mundo está sem Deus. tendo como seu governante a Satanás e as estruturas
SOCiaiS. politlcas e econômICas da SOCIedade estão em prime-causa nas suas mãos (Ef. 2.1-3;
Jo 14.30; 16.11). Por ISSO é ljue o mundo é o que é. Falamos tanto que o mundo preCIsa
melhorar. mas nos esquecemos que para isso ocorrer é preCIso que hajam mudanças no
coração do homem e ISSO só terá iniCIO quando pregarmos o Evangelho e levarmos os
homens à conversão em Cnsto Jesus. O homem arrependido e liberto do seu pecado dará
livre acesso à atuação de Jesus Cnsto em sua Vida e a conseljüénCla será uma vida
transformada. :'\ossa tarefa e responsabilidade pnmelra, como uistãos. perante este
mundo é a sua evangelização. Primeira, mas não a única.
"lmguém nega que devemos ter um CUidado especial pelos nossos Irmãos
necessItados. Fi/ç","o,,' h'm 11 lodos. prl11cipll/mcnte aos donll'sticos dai,' (GI 6.10). t\las mUItas
vezes nos esquecemos que o não crente também merece a nossa atenção. Façmnos bem 11 °
TODOS. diZ o texto. A pnmazla está na assistênCIa aos Irmãos na fé, mas o texto não exclui
°
a ajuda aos pobres e necessitados do mundo. Devemos amar "0SSO próximo, é o segundo e
grande mandamento. A Bfblia nunca fala que esse amor ao próximo deve ser só para os
Irmãos na fé. É verdade que não somos salvos PELAS boas obras, mas é verdade também
que somos salvos PARA as boas obras (Ef 2.8-10).
t\luitas vezes queremos negar a nossa responsabilidade pelos pobres e necessItados
do mundo afirmando que o ljue eles preCIsam mesmo é do Evangelho. Sendo assim,
tenderemos a achar que essas duas tarefas - evangelização e aSSistênCIa social - são
Il1com patívels.
,o
Mas Já afirmamos que a evangelização tem prioridade e isso não exclui a
possibilidade de assistênCIa social, aliás a incentiva, pois como poderemos pregar que o
Evangelho liberta-nos do pecado fazendo-nos amar o nosso próximo (Tg 2.1-13) e ao
mesmo tempo venhamos a negligenciar o sofrimento alheio???
Sendo assim, a assistência social é, em primeiro lugar, cOIlse'fiiência da
evangelização. Ou seja, a evangelização é um meio pelo qual Deus produz nas pessoas um
novo nascimento. E esta nova vida se manifesta no serviço prestado aos outros. E, em
segundo lugar, a assistência socia! pode ser uma ponte para a evangelização. Ela pode
destruir barreiras, preconceitos, desconfianças, abrir portas fechadas e ganhar a atenção do
povo para o Evangelho. O próprio Jesus algumas vezes realizou obras de misericórdia
antes de proclamar as boas novas do reino. (Adaptado de Evangelização e Responsabilidade
Social, p. 20,21).
Temos de deixar claro que o Evangelho não tem uma opção preferencial pelos
pobres, como dizem os defensores da Teologia da Libertação. A nossa opção preferencial
deve ser por Jesus Cristo. O Evangelho não faz acepção de pessoas, pelo mesmo fato de
que sem Cristo todos somos pecadores, ricos ou pobres.
Dizer que Deus é pelos pobres, que nós precisamos optar por eles é uma coisa.
Outra, é proclamar que o pobre é salvo por ser pobre. Ora, se o pobre é salvo por ser
pobre, para que tentar tirar-lhe a pobreza e fazé-Io perder a salvação? (Sturz, p. 159).
Participação na vida
Já vimos que ser cnstão não significa isolar-se da Vida. Por outro lado participar
ativamente da Vida não signifIca se isolar da Vida eclesiástica. Num outro estudo Já
afirmamos que, como cnstaos, formamos uma sOCledade-de-lmpacto perante a deste
mundo e que nossa força motrIZ é o amor e a fidelidade a Deus. Não podemos continuar
vivendo duas vidas - uma no domingo e outra totalmente diferente durante a semana.
Domingueiro nun(a queira ser . .. diz a bela canção.
Como embaixadores de Cristo (2 Co 5.20-6.3) representamos o reino de Deus aquI no
mundo e devemos viver de tal modo que nao o envergonhemos sendo pedra de tropeço,
seja a crentes, sela a não crentes.
Se vivemos neste mundo e dele colhemos nosso sustento pelo nosso trabalho, como
cnstãos devemos participar nas diversas esferas da Vida penetrando e Influenciando com
uma Vida contaglante e autenticamente CrIstã. Novamente voltamos ã figura - somos o sal
da terra e a luz do mundo. Pelulo afirma que tudo fazia para ver se alcançava alguns, ainda
que ele mesmo CUidasse de não estar sem lei em sua Vida, estando debaiXO da leI de Cristo
(veja 1 Co 9.19-27)
A título de exemplo falemos sobre o nosso trabalho profiSSional citando Forrei (p.
179). :"ão podl' ser nl'gado que 05 homens precisam trabalhar para sobrel,ii'er. O trabalho é mais do
t!IlC UnI mllI necessário; de dá sigmficado l' propósito a (,idas qIle de outra forma seriam
(ompletamCllte .fiíteis. ,'vIa..' O trabalho 'llio é um mero meio de adquirir propriedades nem mfÍo de
servir ao Estado ou partido; antes. ele l; uma oporhmidade de sen,ir a Deus. O conccito cristão de
chamado (i'ocação-prolissão) signilica quc pela ,tl, todo cristão pode e deZ'e CIlcarar seu trabal/lO
diário como uma oportunidade de ser"ir a Deus . .. Não e!.-iste domínio de trabalho em que Deus
não é o Senhor. É impos5Íi'l'1 di:er, (amo aistào: Negócios são negóCIos, ou política é política,
como se existis5em áreas da I'ida que pudessem funcionar conforme suas próprias regras L'
indepcndentes da vontade d,' Deus, , , Tem de hm'er umll di,tlTCIlça na maneira de um ais tão fazer
o S(11 trabalho, Isso não significa que se espera dele 'lue interrompa as sua.., ati"idades de soldador,
por exemplo, a cada meia hora para dirigir um sermonete a SeI/S colegas. Significa, no entanto, que
ele será o melhor soldador possível para a sua capacidade, porque ele estará soldando para a glória
de Deus e verá em seu trabalho diário uma oportunidade de glorificar a Deus e a semir sem
semelhanteso
Que tal levar os membros da sua Igreja a encarar o mundo com sabedoria aceitando
o desafio de viver nele a vida de modo cristão?
.,
TRÊS PARADIGMAS ECLESIÁSTICOS
Ed René Kivitz, 1° Semestre de 1999
INTRODUÇÃO
1. Primeira onda: a partir de 1910 e 1911 com o surgimento das Igrejas Congregação
Cristã e Assembléia de Deus, respectivamente;
2. Segunda onda: a partir de 1950 e inicio de 1960, quando o movimento pentecostal
se fragmenta em três grandes gnupos, em meio a dezena de menores: surge a igreja
do Evangelho Quadrangular, em 1951; a igreja O Brasil Para Cristo, em 1955; e a
igreja Deus é Amor, em 1962.
3. Terceira onda marca o surgimento do movimento neo-pentecostal com a chegada
da Igreja Universal do Reino de Deus, em 1970; e Igreja Internacional da Graça de
Deus, em 1980.
A?
TRÊS PARADIGMAS ECLESIÁSTICOS
!
!
Pastores Pessoas-dons Bacharéis Empreendedores
i
I
I Espiritualidade Experienclal Sensorial Esotérica
I
I Bênção Dádiva Conquista Produto
12. Que Deus nem sempre faz Que Deus muitas vezes faz
Ed René Kivitz
Pastor da Igreja Batista de Água Branca
São Paulo, 22 de setembro de 1994
MITOS E PARAOíGMAS
DO MINISTÉRIO PASTORAL HOJE
Lourenço S/e/io Rega ©
Introdução
a. Ninguém toca no pastor, porque ele é o ungido do Senhor, mesmo que seja insuficiente
e incompetente
b. A declaração de valores de uma igreja afirma que: "valorizamos o compromisso do
pastor com a congregação como dissolúvel pela direção de Deus.
c. Figura do Antigo Testamento para designar o rei (1 Samuel 166; 24.6,10; 26.9.16; 2
SamueI1.14-16; 1 Crônicas 1621) e, talvez, o profeta (1 Crônicas 16.22; 19.21; Salmo
105.15)
d. Esse mito, em geral. leva o pastor a não perceber que o seu ciclo de vida numa igreja
ou instituição já encerrou e começa a ser cruelmente fritado pela liderança:
(e) Nós, pastores, lideres do povo de Deus, também temos de pensar em eficiência e
capacitação adequada para o exercícío de nosso ministério, em vez de nos
arvorarmos em nossa fama, ou folha de serviços prestados no passado, ou mesmo
em qualquer autoridade ou posição que possamos ter. Muitos pastores vivem num
"berço esplêndido· achando que sua autoridade é suficiente.
(I) Além disso é precIso estar cientes de nosso ciclo de vida numa igreja e instituição.
Se soubermos detectar correta e antecipadamente o término de um ciclo de vida,
poderemos até conseguir iniciar um outro com criatividade e dinamismo.
I frases como 'ainda não cumpri a minha missão (ou a missão que Deus me deu)
nesta Igreja ou InstituiÇão" etc, mostram que estamos mais preocupados com a
obra do homem, do que com o homem da obra, pois, apesar de convicções como
essa o povo ou o trabalho poderão estar sofrendo, e, assim, em vez de realizar o
trabalho de pastor, acabe fazendo vitimas de sua visão distorcida do ministério
11 mais prudente e sábiO é sair bem dum ministério, do que nele ter iniciado bem
11 - MITO DO MERCENÁRIO
a Falar sobre sustento no ministério á igreja e aos diáconos dá um mal estar, como se
fôssemos mercenános
b Mesmo que a família fique passando necessidade.
c MUitas vezes o pastor faz de conta que está satisfeito, e os lideres acreditam que o
ministério é assim mesmo.
d Digno é o obreiro do seu salário ... (1 Timóteo 5.18; Deuteronômio 254); ... não atarás
a boca do boi que debulha o trigo ... (1 Corintlos 91ss; 1 Timóteo 5.18; ver também
Hebreus 1317); os que anuncíam o Evangelho, que vivam do Evangelho (1
CoríntiOS 914)
e Muitas vezes o pastor pode desenvolver um mínistério tão sem sentido que o pouco
saláriO ainda é muito. (Ex: Mcos/SZO)
11I - MITO DA ONIPOTÊNCIA
a. O pastor tem um dom especial e somente ele é quem conhece os mistérios de Deus.
b. Somente ele consegue interpretar corretamente a Bíblia.
c. Ele é o único capaz em dar a visão á igreja. Ele é preparado para isso nos seminários.
d. A igreja é do pastor. Tanto é que falamos "Ah! Você é da igreja do pastor fulano de tal
... 7"
e. Podemos também chamar esse mito de MITO DA POSSESSÃO.
f Ele estabelece as prioridades da igreja, mesmo que a liderança seja madura para fazer
isso. Aí quando ocorrem os conflitos, ele se sente incompreendido por todos e acaba
se "quebrando" todo e sua família para realizar a sua visão particular.
g Tem uma personalidade corporativizadora (mistura a sua personalidade com a da
igreja como instituição). Quando alguém avalia ou critica uma determinada atividade ou
programa da igreja, ou mesmo aponta algum erro que precisa ser corrigido no trabalho
da igreja, é o mesmo que falar mal do pastor. Enfim, ele e a igreja são uma só coisa.
h. Nunca percebe se o seu ciclo de vida já está no fim ou não. Deus é quem determinará
se ele deve ou não sair.
I. Esse mito induz muitos pastores a dirigirem sua igreja como organizações orientadas
por cargos e atribuições, em vez de orientadas por processos e resultados. E assim, a
autoridade que ele tem pesa mais do que o seu desempenho e eficiência.
J É preciso fazer diferença entre vocação ministerial e competência ministerial. Um
pastor. ainda que tendo convicção de sua vocação, poderá não ter bom desempenho e
eficiência no exerci cio de seu ministério.
k. Esse mito impede que um pastor aceite ser avaliado pelas ovelhas - aliás, os leigos - e
se acha superior á elas.
a O pastor nunca erra. Isso é paralelo á infalibilidade papal da Igreja Católica Romana.
Também não tem "cheiro", não mofa e não mancha .. ' I
b Pode ser chamado também de mito da impermeabilidade, pois o pastor enfrenta
todas as "barras" sem ceder, mesmo que as ovelhas acabem tendo somatizações.
c. É um impermeável emocionalmente Um inabalável.
d Os outros é que sempre estão errados, ele é um Incompreendido.
AA
g. A declaração de valores daquela igreja mencionada diz: "valorizamos a autoridade do
pastor como guia do rebanho que irá responder diante de Deus pelo exerci cio da sua
autoridade."
VI - MITO DO SACERDOTE
a. É uma frase muito comum, para descrever como as ovelhas absorvem como que por
osmose o jeitão do seu pastor. Depois de algum tempo falam até a linguagem dele.
b. Quem deve dar a visão para a igreja? Somente o pastor? Ou é o pastor que deve ter a
visão com a igreja sobre como ela deverá ser?
e O pastor é o soberano da igreja ou é Cristo que deve ser? A Igreja deve ter a cara do
seu pastor ou de Cristo?
a. Se uma ovelha agrada o seu pastor, tem direito a viver na "Casa Grande", se não vai
para a "senzala". Isto é. a pessoa estará ou não recebendo a atenção do pastor e a sua
amizade dependendo de seu relacionamento com ele. Se o agradar e com ele
concordar em tudo
b É uma conseqüência dos outros mitos que supervalorizam o pastor
X - MITO DO "MOTO-CONTINUO"
a Não importa o que. mas sempre é preciso estar em atividade. fazendo algo
b Pastor ligado em 220 volts.
e "Crente que não trabalha dá trabalho".
d Neste caso o pastor deixa de ser um "ovelheiro" para ser um atarefado gerente de
calendário. Importa o povo estar ocupado trabalhando na "causa".
e Neste caso" buscar em primeiro lugar Deus e a sua justiça ... " significa buscar em
primeiro lugar preencher o tempo com as tarefas da igreJa ..
AO
e. Pode também ser chamado de mito da "síndrome de Deus" (ou de Lúcifer). Vide o
livro de Caio Fábio. O pastor, neste caso, está acima da verdade, acima lei. O que ele
fala é sempre verdade, mesmo que a realidade mostre o contrário.
f Talvez haja aqui traços da patologia chamada paranóia
a. É comum ver pastores falando "familia tal ou fulano de tal é sempre a favor do pastor
a. Em geral o pastor é tido como um "homem de sete Instrumentos" como o Rambo (que
sabia dirigir qualquer veiculo ou avião, utilizar qualquer tipo de arma etc)
b. Ele é quem sabe mesmo evangelizar, aconselhar, pregar, escolher a fachada melhor
para o templo, administrar, cuidar de finanças, organizar e coordenar um evento etc.
c. Minha experiência no pastorado em Itatiba.
d. Esse mito tem levado as instituições denominacionais acreditarem que, por ter sido
escolhido um pastor para ocupar uma determinada função, certamente o trabalho vai
ter sucesso.
e É conseqüência dos mitos da infalibilidade pastoral e do "só eu".
xx - MITO DO XERIFE
a Muitos pastores se acham no direito de se envolver na vida particular de suas ovelhas.
b. Nenhuma filho de uma família da igreja namora sem o seu consentimento.
c. Qualquer coisa que acontece num lar da igreja tem de ter a aprovação do pastor.
d A escolha da Faculdade para um mebro da igreja deve receber a aprovação do seu
pastor
Conclusão
A bitola das ferrovias (distância entre os dois trilhos) nos Estados Unidos é de 4 pés e 8,5
polegadas. Por que esse número foi utilizado?
Porque era esta a bitola das ferrovias inglesas e como as americanas foram construidas
pelos ingleses, esta foi a medida utilizada.
Finalmente..
O ônibus espacial americano. o Space Shuttle. utiliza dois tanques de combustível sólido
(SRB - Solid Rocket Booster) que são fabricados pela Thiokol, em Utah Os engenheiros
que os projetaram queriam fazé-Io mais largo, porém tinham a limitação dos túneis das
ferrovias por onde eles seriam transportados. os quais tinham suas medidas baseadas na
bitola da linha Conclusão O exemplo mais avançado da engenharia mundial em design e
tecnologia acaba sendo afetado pelo tamanho do traseiro do cavalo da Roma antiga.
Tudo o que dissemos até aqui é sumamente importante, mas nada será
conseguido se não resgatarmos o sentido de comunidade no povo batista brasileiro que
está separado por várias "distâncias", a geográfica, a ausência de equilibrio geralmente
encontrada no conceito de autonomia/soberania zD da igreja local, ênfase na
individualidade e conseqüente ausência de responsabilização e solidariedade
comunitária, etc. Precisamos recriar uma comunidade de valores e não apenas de
proximidade. Será precIso identificar nossos esteriólipos e buscar nossos "pontos de
contato", ou os valores e ideais que devem nos ligar num vinculo gerador de um espirito
de solidariedade e mutualidade. "A proximidade focaliza o que é visto; o valor focaliza o
que é sentido. A proximidade admite a importância da presença fisica para compartilhar
idéias; os valores criam elos emocionais e a capacidade de compartilhar idéias através
de grandes distâncias. As comunidades do futuro podem ser definidas menos por onde
vivemos que pelas coisas que acreditamos."zl
'9 Extraido e adaptado do Relatório do GT Repensando a CBB, anexo de autoria de Lourenço Stelio Rega-
Livro do Mensageiro da Assembléia da CBB, 1999, Serra Negra, SP.
:'C Veja meu artigo "Autonomia da igreja local - isso é biblico?". publicado no jornal (O Batista Paulistano)
onde discuto que a doutrina da autonomia da igreja local tem seu equilibrio quando praticamos a
doutrina da solidariedade e mutualidade no reino de Deus. Sem isso perdemos o senso de comunidade
e cada igreja local passa a ser um todo completo e fechado.
" ULRICH, Dave. "Seis praticas para criar comunidades de valores, e não de proximidade" in : PETER F.
DRUCKER FOUNDATION. A comunidade do futuro - idéias para uma nova comunidade. São Paulo,
Futura, 1998. p. 161 (com adaptações).
2: Como batistas, precisamos resgatar novamente os ideais de uma visão de futuro. Creio que estamos
traumatizados pelos dissabores que temos sofrido pelas crises gerenciais-financeiras em algumas de
nossas instituições têm passado ultimamente.
(1) Fomentar uma identidade forte e distinta:
(2) Estabelecer regras claras de inclusão;
(3) Compartilhar informações através de fronteiras;
(4) Criar reciprocidade em série; e,
(5) Utilizar simbolos e fatos que criem e mantenham valores. 23
,-.-.-,-.-,-.-.-.-,-.-,-,-,- -
Comportamento/experiência
certo grau ESTILO DE VIDA
de
dificuldade Relacionamentos
CORAÇÃO
fácil Conhecimento
MENTE
NÍVEL RESPOSTA
-
GERAÇAO PARADIGMA
anos 80 a igreja não é relevante; é enfadonha e maçante; em vez de
futebol parece mais um jo~o de bocha
anos 90 ela não é real; é hipócrita; é omissa e escorregadia
, "
pl"oxlma ela para os santarrões, desocupados e alienados da sociedade;
~ __geras~(!~ _________ ~~~J!!"o~~!~~u!!o~~~s!!~º~ons~ue explicar a vida
,
MUNDO MODERNO MUNDO POS-MODERNO
O homem é uma pessoa cética O homem é uma pessoa espiritual
Mundo natural
______________________________ n
Redescoberta do mundo super-natural
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
_ _n
força motriz missão, visão/valores tradição, lealdade, obediência missão, núcleo de fé e valores
missão focalizada no externo: alcançar focalizada internamente: focalizada externamente: buscar
o mundo fora da igreja buscar o que está longe os afastados
pallel do "leigo" ativo, engajado na missão passivo, obediente ativo, participante da missão
• Culturalmente sensível
contextualização à luz dos princípios bíblicos; cultura relevante,
mas não normativa
e Comunidade autêntica
as pessoas precisam de oportunidades, mas nem sempre de
programas; cuidado, ensino, admoestação, amadurecimento
" Lourenço Slelio Rega é Bacharel e Mestre em Teologia(FTBSP-SP). é Licenciado em Filosofia (FAI-SP).
Pós Graduado em Administração de Empresas (Núcleo de Análise de Sistemas - FECAP-SP) e Mestre
em Educação (PUC-SP) É o atual Diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Foi relalor do
GT Repensando a CBB. Este artigo fOi publicado em "O Jornal Batista", de 16 a 22/11/98, p. 15.
de controle de instituições/entidades. Dai criam-se comissões, o assunto vaza para o
plenário das Assembléias.
Na ilustração acima parece ficar claro que os fins foram trocados pelos
meios. Senão vejamos, em prima causa uma instituição da Convenção ou Convenções
Estaduais foi criada para servir á causa das igrejas locais, legítimas mandatárias da
própria Convenção. Uma Junta ou Conselho de Área, numa análise essencial, existem
para que os representantes das igrejas locais que foram escolhidos para sua composição,
possam aferir se as instituições/entidades estão cumprindo seus fins de modo compativel
com o que foi determinado pelas igrejas locais em sua criação e organização.
Nos bastidores denominacionais fala-se muito de "proprietários" de Juntas e
instituições, que exercem seu poder soberano e divinal de modo que esses organismos
se tomam impermeáveis e intocáveis até pelo soberano plenário de uma Assembléia.
Neste caso a instituição se tomou um fim em si mesma em vez de ser um meio. Muitas
vezes é o executivo que poderá se tomar um fim em si mesmo em vez de ser o
representante das igrejas para levar a cabo as finalidades da instituição que dirige e,
portanto, buscando o interesse delas em vez de o seu próprio. Como executivo devemos
ser servos-lideres e nessa ordem.
Por outro lado, em vez dos membros das Juntas/Conselhos serem
espectadores de relatórios, devem exercer seu direito em requerer que os executivos
denominacionais e as instituições que dirigem palmilhem o caminho que salvaguarde os
fins para que foram criadas para que possam ser meios e não fins em si mesmas.
Nesse sentido, cada um de nós, executivo batista, deve investir na
preservação da memória histórica da instituição que dirigimos, pois muitas vezes
poderemos ser tentados a "zerar o velocimetro" histórico da instituição a partir de nossa
posse. fazendo com que a história da instituição bem como seus principios vitais e
fundamentais sejam considerados apenas a partir daquele momento. Enfim, poderemos
ser tentados a querer recriar ou reinventar a instituição que dirigimos.
É claro que essa abordagem não deva ser um demotivador para constantes
avaliações e revisões dos paradigmas de uma instituição. Precisamos primar pelo seu
continuo aperfeiçoamento, inclusive na depuração cada vez mais precisa de seus fins
para que ela não se tome si própria num fim.
Já não há mais tempo para que esta confusão entre fins e meios possa
continuar. Precisamos dinamizar nossa ação como denominação e redescobrir nossa
razão de ser e redimensionar todas as nossas atividades e projetos de modo que
venhamos a ter esse foco como nosso alvo a perseguir.
Todo povo batista precisa estar em continua oração para que nós executivos possamos
ter sempre lúcida nossa missão diante das instituições a nós confiadas pelas igrejas
batistas, para que sempre possamos ter sabedoria nas decisões diárias, por minimas que
sejam; para que possamos por Ele ser capacitados para os desafios que nos cabem.
Amém'
Instituições e pessoas
Lourenço Stelio Rega © 25
Por muito tempo tenho ouvido a expressão "as pessoas passam, mas as
instituições penmanecem". Em geral esta frase tem sido dita em ocasiões quando alguma
pessoa precisa ser "sacrificada" no quadro de uma equipe.
Uma cuidadosa análise indica que precisamos refletir sobre os pressupostos que
lastreiam uma afinmação dessa natureza. Se a nossa visão partir do ponto de vista de
uma linha do tempo, de fato as pessoas estão passando e as instituições estão
permanecendo, pelo menos até que o mundo acabe e considerando-se apenas o aspecto
fisico da existência humana.
Mas, por outro lado, é preciso fazer um retomo na compreensão da existência de
uma instituição. E aqui parece-me que vale partir do raciocínio de Jesus sobre o sábado.
Afinal ele não estava preocupado apenas em praticar cegamente as detenminações sobre
o sábado, mas em conhecer a natureza ou razão de ser do sábado. Para que existe o
sábado? Relacionando-o ao ser humano, então a pergunta mudou-se para: "o sábado foi
feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado".
Seguindo o mesmo raciocinio, creio que devamos sempre perguntar para que
existe uma instituição? Ela existe para as pessoas ou as pessoas para ela? Ela deve
existir em função de algum serviço a ser prestado ao ser humano, ou o ser humano deva
existir em função dela? Por exemplo, um seminário, uma escola, existem em função das
pessoas ou as pessoas é que devem existir em função dessas instituições?
Talvez alguém poderia responder de duas maneiras: (1) enquanto aluno, a
instituição escola deve existir em sua função: (2) enquanto funcionário, ela deve ser a sua
razão de existir, pelo menos em tenmos operacionais. De fato, se do ponto de vista como
um funcionário, seja qual for seu nivel de atuação, uma pessoa deixa de cumprir com
excelência o que se espera dela como equipe, não há razão para que essa mesma
pessoa possa dizer que está contribuindo para que a instituição escola, em nosso
exemplo, esteja cumprindo a sua principal razão de ser no processo educacional. Neste
sentido, uma pessoa assim não está qualificada para o trabalho e precisa ser capacitada
e treinada. Afinal a ineficiência gera turbulência funcional de uma equipe.
Mas se olharmos ainda mais um pouquinho sobre a importância que o ser humano
tem na dimensão biblico-teológica na história quotidiana, creio que há um outro lado da
questão que também precisa ser relevado aqui. Por exemplo, se a nossa visão de uma
linha cronológica transcender o tempo chamado no grego de kronoj, isto é, o tempo
mensurável, e fizermos uma conexão da história do quotidiano com o kronoj de Deus,
isto é, com a história e biografia de Deus, a linha do tempo que teremos transcenderá a
vivênCia materral e transpassará mesmo após o ténmino da atual história humana Afinal
quando o presente mundo acabar, recomeçaremos a viver nos novos céus e terra.
Assim, as Instituições deverão existir em função das pessoas e não o inverso. â
semelhança do que Jesus ensinou sobre o sábado. Mesmo trabalhando numa instituição,
ela eXiste para as pessoas, em função mesmo de ser uma viabilizadora da ação humana
no cumprrmento de uma missão compatível com a razão de ser da instituição. Assim, uma
escola, um seminário existe em função dos alunos, mas também em função de seus
" Lourenço 5telio Rega é Bacharel em Teologia, Mestre em Teologia (espec. em Ética). Licenciado em
Filosofia, Pós-Graduado em Administração (núcleo de Anaiise de Sistemas). tem curso de extensão
pedagógica do ensino superior e é Mestre em Educação. é Diretor Geral e professor da Faculdade
Teológica Batista de São Paulo, Presidente da Associação Brasileira de Instituições Batistas de Ensino
TeológiCO (ABIBET), Diretor do Programa de Educação Religiosa do Estado de São Paulo (CETM-
CBESP) colabora na área de educação da Igreja Evangélica Batista da Liberdade (S. Paulo). Foi Ministro
de Educação da Igreja Batista em Perdizes (S. Paulo) e Igreja Batista da Praia do Canto (Vitória - ES).
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