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Casos práticos - Férias

Direito do Trabalho (Universidade Catolica Portuguesa)

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Férias – proposta de resolução de alguns exercícios

I.
A, trabalhador, desde 2001, da empresa X mediante uma retribuição mensal de 1000
euros, viu o seu contrato terminar no dia 31 de março de 2013.
Pretende saber que créditos tem a receber, a título de férias, por altura da extinção do
contrato. Quid juris, imaginando que:
a) No ano da cessação ainda não havia gozado qualquer dia de férias nem recebido
qualquer montante a esse título;
b) Nesse ano, já havia gozado 5 dias úteis de férias?

a) A 1 de janeiro de 2013, venceu-se o direito a férias formado ao longo do ano de 2012.


Por esse direito, A deveria receber, nos termos do artigo 245.º, n.º 1, alínea a),
conjugado com o artigo 264.º, n. 1 e n.º 2, do CT, uma retribuição (1000 euros) e um
subsídio (1000 euros).
Também tinha direito à parte proporcional dessa retribuição e desse subsídio, às férias
já formadas ao longo de 2012 (ano da cessação), que iriam, em princípio, vencer-se a 1
de janeiro de 2013, mas que se vencem, na parte já formada, antecipadamente, com a
extinção do contrato.
12 (meses de execução contratual) ___________________ 1000 € (de retribuição)
3 (meses de execução contratual) ____________________ x (retribuição por férias a apurar)
X = 250 €

NB: O mesmo exercício tem de se fazer em relação ao subsídio.

b) Se já tivesse gozado 5, isso significa que, dos 22 dias úteis que se integram num direito
completo (completa ou integralmente formado), restavam-lhe 17. Referimo-nos às
férias formadas durante 2012, vencidas no início de 2013 e, em parte, já gozadas, nesse
ano. Quanto às que estavam em formação em 2013, tudo se mantém.
Assim:
22 (dias úteis de férias = férias por inteiro) ____________________ 1000 € (de retribuição)
17 (dias úteis = período em falta) _________________________ x
X = 773 euros
(Admite-se que já recebera o resto aquando do gozo dos 5 dias de férias já consumidos.)
NB: O mesmo exercício deveria fazer-se para o subsídio de férias.

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II.
Suponha agora que esse trabalhador fora contratado apenas em 1 de dezembro de 2012 e
responda à mesma questão.

Aplicar-se-ia o n.º 4 do artigo 239.º (conjugado com o artigo 264.º), segundo o qual o
trabalhador tem direito a gozar dois dias de férias por cada mês de execução do contrato. A
trabalhou 4 meses, pelo que as suas férias atingiriam 8 dias. Eles deveriam, em princípio, ser
gozados na fase final do contrato, imediatamente antes da cessação, mas, por acordo, pode ser
de outro modo. Assim, é admissível, mesmo nesta hipótese, que, antes da cessação, A já tivesse
gozado a totalidade ou parte das férias. Também é pensável que o contrato termine sem ele ter
gozado férias algumas, desde logo por ser imprevisível o momento de cessação. Nessa hipótese,
tudo se esgota nos créditos a receber (eventualmente créditos por violação do direito a férias…).

22 (dias úteis de férias = férias por inteiro) ____________________ 1000 € (de retribuição)
8 (dias úteis = férias devidas) _________________________ x
X = 364 €

NB: O mesmo exercício far-se-ia para o subsídio.

III.
Se A tivesse sido contratado em 1 de setembro de 2011, explique quando se venceram
os respetivos direitos de férias e em que termos, ao longo da execução do contrato.

As primeiras férias vencem-se seis meses após o início de execução do contrato e


vencem-se na medida de dois dias por cada mês de execução contratual nesse ano. No ano de
2011, A trabalhara 4 meses, pelo que, seis meses após o início de execução, isto é, a 1 de março
de 2012, vencer-se-iam 8 dias de férias, segundo o artigo 239.º, n.º 1 e n.º 2. A deveria gozá-las
após o vencimento e receber os montantes pecuniários correspondentes.
Mas a previsão de um regime especial para as primeiras férias não obsta a que, apesar
disso, se vençam férias nos termos gerais. De outro modo, frustrar-se-ia o objetivo dessa mesma
previsão (que o trabalhador não fique períodos superiores a 12 meses sem gozar férias) e não se
compreenderia o disposto no n.º 3 do artigo 239.º (nunca se atingiriam 30 dias no mesmo ano se
apenas estivessem em causa as férias vencidas nos termos dos números anteriores). Assim, a 1

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de janeiro de 2012, vencer-se-iam férias nos termos gerais (22 dias úteis…), como se o ano da
contratação contasse duas vezes: como ano da contratação e também como (se fosse) um ano
ordinário. Mas entende-se que, para não se verificar a situação bizarra de as férias ordinárias se
vencerem antes das primeiras (!), também aquelas se vencem no momento destas, in casu a 1 de
março. Nessa data, assim, A adquiriria o direito a gozar 8 dias (de primeiras férias) mais 22 dias
(de férias normais), portanto 30 dias. Como não se ultrapassa o limite do n.º 3, ele não se aplica.
Com a continuação da execução contratual, o direito a férias normalizaria: a 1 de janeiro
de 2013 vencer-se-ia novo direito (integral) de férias. Com a extinção do contrato no fim de
março desse ano, operavam os efeitos já descritos em I.

IV
Supondo que A havia sido contratado em 1 de junho de 2012 e imaginando, novamente,
que o contrato cessava em 31 de março de 2013, explique como deveria ser feito o “acerto de
contas”, findo o contrato, no tocante ao direito a férias.

O que torna esta hipótese diferente da anterior é o facto de este contrato caber no âmbito
do artigo 245.º, n.º 3, que abarca (i) contratos cuja duração não ultrapasse 12 meses; (ii)
contratos que, mesmo ultrapassando essa duração, se iniciem num ano e terminem no
imediatamente subsequente.
Se operassem as regras normais, a 1 de dezembro venciam-se as primeiras férias,
correspondendo a 14 dias úteis (tantos pares de dias como os meses de trabalho nesse ano,
contando-se o período até 31 de dezembro), vencer-se-iam mais 22 a 1 de janeiro de 2013, mas,
com a extinção em março, vencer-se-iam mais 3/12 das férias em formação nessa altura. Isto
seria, de facto, excessivo! Mas funciona a válvula de escape do n.º 3 do artigo 245.º. Findo o
contrato, tem de se verificar que o trabalhador não haja gozado, não tenha recebido nem venha a
receber mais do que aquilo que é, em termos de férias, proporcional à duração do vínculo.
Ora, o contrato durou 10 meses. Qual o proporcional?
12 (meses de execução contratual) ___________22 (dias úteis de férias)
10 (meses de execução contratual) ___________x
X = 18 dias

E:
12 (meses de execução contratual) ___________1000 € (retribuição integral por férias)
10 (meses de execução contratual) ___________x
X = 833 €.

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Muito provavelmente, A já teria gozado os 14 dias correspondentes às primeiras férias,


vencidos a 1 de dezembro. Então, feitas as contas, apurados os totais (proporcional à duração do
vínculo, nos termos do artigo 245.º, n.º 3), teria de se descontar esse período:
18 dias úteis - 14 dias úteis = 4 dias úteis
E:
833 euros (total de retribuição a que A poderia ter direito a título de férias) –
636 € (valor retributivo correspondente a 14 dias úteis de férias)* = 197 €

NB: O mesmo exercício far-se-ia para o subsídio.

* A 22 dias úteis de férias equivale uma retribuição (1000 euros). E a 14?


22__________1000
14__________x
X=636,36.

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