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Objeção da consciência

Definição
É a recusa de cumprir uma prescrição legal cujas consequências são consideradas
contrárias as próprias convicções ideológicas, morais ou religiosas.

Conceito
Segundo Jorge Bacelar Gouveia a objecção de consciência é uma posição subjetiva do
direito constitucional, pelo qual se isenta de qualquer tipo sanções, no incumprimento
de um dever jurídico especifico, por razões relacionadas com convicções do respectivo
titular, desde que realizado de um modo individual pacifico e provado .
Segundo John Raws Du Orkin a objeção de consciência é o não cumprimento de um
preceito legal ou Administrativo mais ou menos categórico.

Noção ética de objecção de consciência


No plano puramente ético, a objecção de consciência Constitui a formalização de um
primado de consciência sobre a lei que o próprio legislador reconhece poder não
interpretar o bem comum.
Na Objecção atua o princípio da liberdade de consciência uma liberdade de opinião
com acções ,em que as obrigações legais incidem em convicções arraigadas e
profundas da pessoa. Por conseguinte, o objetor não é simplesmente quem evita
enfrentar um problema mas uma pessoa que, através do exercício da objecção de
consciência quer promover um valor ou um princípio.

Noção jurídica de objecção de consciência.


Juridicamente a objecção de consciência prevê;
• A obrigação de adoptar um determinado comportamento previsto por uma lei;

• A existência de um valor fundamental não respeitado pela mesma lei e que se


encontra, relativamente à lei, numa relação de causalidade (conexão causal);

• A isenção, por parte da lei, da obrigação de adoptar tal comportamento.

A objecção de consciência é considerada um direito subjetivo da pessoa. Se a pessoa


tem o direito de não ser coagida a agir contra a sua própria consciência, uma sociedade
justa impõe, constrangimentos desse tipo.
Por conseguinte, a objecção de consciência não é um facto jurídico pelo facto de ser
reconhecido pela lei, mas é reconhecido pela lei porque o respeito pela própria
identidade, tal é um direito inalienável de todo o indivíduo... a consciência não pode ser
vinculada, pode apenas ser disciplinada pela lei, pois “a faculdade da objecção de
consciência nasce da liberdade e dignidade da pessoa humana, não se fundando, por
conseguinte, numa disposição puramente subjetiva, mas na mesma natureza do homem,
e exige que o ser humano não seja forçado a agir contra a sua própria consciência”.

Objecção de consciência no ordenamento jurídico Moçambicano.


No ordenamento jurídico moçambicano o direito a liberdade de consciência encontra se
previsto no artigo 52 número 2 da constituição(ninguém discriminado,
perseguido ,prejudicado, privado de direitos, beneficiado ou isento de deveres por causa
da sua fé, convicção ou prática religiosa).
In concreto é garantido o direito a objeção de consciência nos termos do artigo 54
número 5 da CRM.
De principio é de referir que no nosso ordenamento jurídico ,há uma fraca se não
silenciosa doutrina que suporte a questão da objecção de consciência, acredito eu que
o tema de objecção de consciência é muito amplo, e deveria haver uma legislação que
versasse sobre isto, pois existem imensas questões que permanecem em branco como;
Como é que se pode gozar esse direito ? Quais as limitações desse direito? No estado de
invasão de insurgentes que ameaçam a nossa soberania e necessitam de reforço militar
obrigatório posso invocar este direito?, e muito mais.

Outros instrumentos internacionais


• Declaração Universal dos Direitos Humanos, Assembleia-Geral das Nações
Unidas, 10 de Dezembro de 1948. O art. 18 estabelece que “toda a pessoa tem
Direito à liberdade de pensamento, consciência e religião”.
• Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, Assembleia-Geral das Nações
Unidas, Nova Iorque, 12 de Dezembro de 1966.

Caso prático
João, de nacionalidade moçambicana, no teor de ataques a Moçambique protagonizados
pela África do sul, foi coercivamente obrigado a juntar-se aos militares, porém
recusouse. A religião que o mesmo professa, proíbe que este pratique quaisquer actos
violentos, o mesmo invocou o direito a objecção de consciência, que é um direito
fundamental e constitucional.

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