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Maputo, 13 de Janeiro de 2018.

Bom dia Excelência


Desejo em primeiro lugar, a V.Excia, um ano próspero e cheio de
realizações e boa estadia em Jakarta
Em segundo, lugar, Excia, passo a narrar a súmula do Acórdão e depois
os passos subsequentes.
I
O Tribunal deu razão ao Coneslho de Ministros sobre a decretação da
paera de mandato do Dr. Manuel de Araújo, Edil de Quelimane, pelas
seguintes razões:
- Primeiro, antes de apreciar a questão em si, o Dr. Araújo,
depois de validação e proclamação dos resultados pelo
Conselho Constitucional, foi solicitar que o processo fosse encerrado
porque já não fazia sentido o Tribunal Administrativo continuasse com
ele, pois no seu entender já não fazia sentido visto que ele já foi
proclamado vencedor pelo Conselho Constitucional.
Nesta questão, o TA negou este pedido, e com razão, porque a questão
em debate no TA não era de determinação da capacidade passiva do Dr
Araújo (isto, se podia ou não candidatar-se às eleições de 10 Outubro),
mas a de se ele podia ou não perder o mandato por se ter filiado ao
Partido Renamo em prejuízo do Partido MDM e que esta questão
constinuava na ordem do dia.
- Segundo, sobre a questão de pedido de invalidação do Decreto
do Conselho de Ministro que decreta a sua perda de mandato.
Nesta questão, o TA negou o pedido do Dr. Araújo e deu razão ao
Conselho de Ministros, dizendo que:
a) quanto à ausência do processo de inquérito e sindicância, bem como
a falta de defesa: não havia necessidade porque o Conselho de Ministro
só se limitou a aplicar um efeito descrito directamente na lei, que dispõe
sobre a perda de mandato pela filiação em partido diferente (Renamo)
daquele em que se apresentou no mandato em curso (MDM); que a
perda de mandato por filiação em partido diferente é um efeito
automático determinado por lei e basta que isso se verifique na prática e
tal foi comprovado pela sua candidatura pela RENAMO e não MDM.
b) quanto à violação do princípio constitucional de liberdade de
associação, o TA disse que os tribunais respeitam as leis em vigor e que
elas foram aprovadas pelos representantes do Povo e tal vontade
enquanto não for alterada por outra lei prevalece e que a vontade de
um Partido não pode estar acima dos interesses do povo moçambicano
sufragados na lei. Tal vontade é a de que não se pode mudar de partido
durante um mandato sem implicar a perda de mandato porque quando
u indivíduo é eleito vincula-se aos ideais políticos escolhidos pelo povo
na eleição e manifestados pelo partido pelo qual concorre e a mudança
de partido representa uma quebra de confiança com o eleitor e,
particularmente, nestes casos em que o candidato pretende retirar
vantagens para si, o que configura deslealdade com o partido pelo qual
foi eleito e com o povo eleitor.
A lei também é clara quanto a isto, pois cada cidadão só pode filiar-se a
um partido e não dois.
Conclui o TA dizendo que o Conselho de Ministros tem razão e declara
improcedente o recurso intentado pelo Dr.Araújo, condenando-lhe a
pagar 10.000 (dez mil) mt de imposto de justiça.

II
Depois deste acórdão, apresentam-se as seguintes situação:
A interpretação deve girar em torno do artigo 100 da Lei n.º 6/2018,
das autarquias locais que diz:
«5. O membro da assembleia autárquica perde o mandato nos
seguintes casos: d) inelegibilidades existentes à data das eleições e
conhecidas posteriormente (...)».

Com este artigo podem-se levantar duas questões de fundo:


a) Se o Dr. Araújo tomar posse, deverá ser a Assembleia Autárquica
de Quelimane a decretar a perda de mandato, pois a situação de
inelegibilidade do Dr. Araújo existia à data de eleição e foi
confirmada ou conhecida depois das eleições. Neste caso, a ser
assim, depois de tomar posse a Assembleia Autárquica, deve esta
tomar imediatamente a decisão de perda de mandato antes de ele
ser empossado como presidente da Autarquia.

Mas esta solução tem enormes problemas. (i) – A Renamo tem maioria
na assembleia autárquica e nunca vai votar favoravelmente a perda de
mandato do Dr. Araújo, pois a perda de mandato é decretada pela
Assembleia Autárquica, nos termos do n.º 6 do artigo 100 desta lei.
Por isso, não aconselho que se siga esta solução.

b) A segunda solução, é ele (o Dr. Araújo) não se apresentar a posse


(não se deixar a ele tomar posse na assembleia autárquica), por
ser ilegítimo, nomeadamente, por força da decisão do TA.
Adoptando-se esta posição, subiria o segundo da lista da Renamo
como Edil de Quelimane. É uma solução politicamente razoável, e
resulta de uma interpretação de várias normas da lei das
autarquias sobre a posse e perda de mandato (artigos 61 e 100),
etc.

Esta segunda solução é a mais adequada porque já tem eco na


sociedade moçambicana e na própria Renamo e MDM.

Alta consideração
Albano Macie

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