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Quelimane

Departamento de Letras e Humanidades

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Av. Julius Nyerere, Campus Murrópuè – I, Tel. 24216059, Fax. 24216299, C.P: 106 – Quelimane

Texto de apoio de Morfossintaxe de Língua Portuguesa

Morfologia do Português
Objecto da Morfologia no Ensino do Português em Moçambique

Os problemas constatados nos testes de avaliação revelam que a análise


morfológica é uma área da gramática muito crítica, não sendo dominada pela maioria
dos professores na prática escolar moçambicana. Quer dizer, os professores não
compreendem que a análise morfológica é um conceito amplo, cuja utilização em teste
de avaliação escolar implica muitas actividades a serem realizadas, de uma só vez, pelos
alunos. Esse trabalho, certamente, não seria realizado pelos professores, se fossem, de
igual, solicitados. Percebemos que os professores não entendem que uma frase não cabe
na análise morfológica.

A Morfologia é a parte da linguística que tem como objecto os morfemas, como


elementos da estrutura interna de palavras para o reconhecimento, categorização,
identificação das funções e propriedades, definição dos processos da sua formação
(morfológicos e sintácticos) e a representação da estrutura interna.

De acordo com a especificidade do objecto de estudo, a Morfologia pode


distinguir-se e Morfologia Derivacional e Morfologia Flexional.

A Morfologia Derivacional dá conta dos morfemas não nucleares, os


derivacionais, aqueles que intervêm nos processos morfológicos de derivação e/ou de
composição de palavras complexas.
CUNHA e CINTRA (1999:85-117) debruçam-se sobre a origem e significados
dos radicais, sufixos e prefixo, a origem e os significados dos radicais na formação de
novas palavras.

A Morfologia Flexional cuida dos morfemas de flexão, ou seja dos morfemas


nucleares, os sufixos que intervêm na determinação das categorias sintácticas e
morfológicas. Tudo porque os nomes e os adjectivos flexionam em GÉNERO,
NÚMERO e GRAU; os especificadores, não só flexionam em género e número, como
em CASO; e os verbos, em TEMPO/MODO, PESSOA/NÚMERO, ASPECTO, VOZ.

MATEUS et al. (1990:365-384) separam a Morfologia flexional nominal e a


Morfologia flexional verbal.

Os casos das alternâncias dos morfemas de género e número, nos nomes e


adjectivos são tratados pela Morfologia Flexional nominal, enquanto estudo das
alternâncias vocálicas e consonânticas nos verbos para a constituição dos diversos
tempos, modos e aspectos gramaticais dos verbos são da competência da Morfologia
Flexional Verbal.

O conhecimento dos morfemas intervenientes na formação de palavras intervêm


nos processos de compreensão, porquanto a construção e/ou uso dos significados por
utente de uma determinadas língua provêm dos indícios escondidos nos constituintes
das unidades linguísticas.

Subcategorias de Radicais Neoclássicos e Sufixos Avaliativos


Radicais Neoclássicos (latinos e gregos)

Algumas palavras do português são de origem do Latim ou do Grego,


transportado em si mesmo uma significação. Apresentam-se, a seguir alguns exemplos.
Alguns radicais latinos Alguns radicais gregos

Radicais Significado Radicais Significado

1. Agri- a. Campo 1. Aqua- a. Água


2. Ambi- b. Dualidade 2. Bi- b. Duas vezes
3. Anti- c. Oposição 3. Bio- c. Vida
4. Antropo- d. Homem 4. Cis- d. Aquém
5. Auto- e. Próprio 5. Cromo- e. Cor
6. Biblio- f. Livro 6. Crono- f. Tempo
7. Circum- g. Em redor 7. Demo- g. Povo
8. Extra- h. Fora de 8. Endo- h. Dentro
9. Fobo- i. Medo de 9. Equi- i. Igualdade
10. Fono- j. Som 10. Filo- j. Amigo
11. Geo- k. Terra 11. Foto- k. Luz
12. Hemi- l. Metade 12. Hemo- l. Sangue
13. Hidro- m. Água 13. Lito- m. Pedra
14. Hipo- n. Debaixo de 14. Micro- n. Pequeno
15. Homo- o. Igual 15. Mono- o. Um, único
16. Mega- p. Grande 16. Necro- p. Morto
17. Metro- q. Medida 17. Neo- q. Novo
18. Multi- r. Numeroso 18. Orto- r. Direito
19. Pene- s. Quase 19. Poli- s. Vários
20. Piro- t. Figo 20. Primo- t. Primeiro
21. Proto- u. Primeiro 21. Tele- u. Longe
22. Pseudo- v. Falso 22. Termo- v. Calor
23. Retro- w. Para atrás 23. Topo- w. Lugar
24. Sin- x. Reunião 24. Ultra- x. Além de
25. Teo- y. Deus 25. Vice- y. Em vez de
26. Tetra- z. Quatro 26. Zoo- z. Animal
Os Sufixos de avaliação e os sufixos de flexão

Os sufixos são afixos que se pospõem ao radical ou base de uma palavra para formar
novas palavras (flexionadas ou derivadas). Conhecem-se os sufixos avaliativos e de
flexão.

Os sufixos avaliativos ou de avaliação exprimem o grau (diminutivo, aumentativo e o


superlativo sintético), um juízo de valor do locutor, relativamente ao conteúdo
semântico da forma de base.

MATEUS et al. (2003) consideram que “a sufixação avaliativa inclui a formação dos
chamados aumentativos, diminutivos e de grau superlativo absoluto sintético dos
adjectivos. Repare que estes sufixos se associam sempre aos radicais.

São sufixos, verdadeiramente, avaliativos

 Os sufixos -ão íssimo, de, dedão e muitíssimo, -aço de ricaço, senhoraço; -


alhão, de brincalhão, -anha, de montanha; -alha, de muralha; -eiro, eira, de
bigodeira, remetem ao aumentativo;
 Os sufixos –inho e -ito, de livrinho e carrito ; -acho de riacho; -ola de sacola
portinhola, remetem à ideia de pequenez ou diminutivo;
 Os sufixos -z - avaliativos: -zinho, -zito, -zão, de coraçãozinho, pãozito e pazão
que remetem ao pejorativo e se associam às palavras.
Os sufixos de flexão são os comummente de variação das palavras. Incluem aqueles
que dizem respeito à variação da palavra quanto ao género, número, grau, caso,
pessoa, tempo, modo, aspecto, voz.

Por exemplo, os nomes e os adjectivos do português variam em género, número


e grau; os verbos variam em pessoa, tempo, modo, aspecto e voz, enquanto certos
pronomes e especificadores podem variar em género, número e caso.

O tempo, modo, voz e aspecto verbal são formados por processos de flexão, ou
através processos sintácticos, a perífrase, que inclui um ou mais verbos auxiliares e um
verbo principal.

Comparem-se as formas fizera e tinha feito, sairei e vou sair, dos tempos
simples e complexos do pretérito mais-que-perfeito e do futuro do indicativo,
respectivamente; comeu e foi comido, da voz/forma activa e passiva; come, está a
comer e anda a comer, dos diversos valores do aspecto; saio, tenho de sair, posso sair,
dos valores de modo/modalidade.

O português não é língua que flexiona as suas palavras em Caso, à semelhança


1
da sua língua - mãe, o Latim. Mas, comparem-se as formas do pronome pessoal eu,
me, mim; tu, te, ti; ele, o, se que se referem à variação em casos nominativo, acusativo
e dativo ou ablativo.

Eu comi uma laranja.

O Patrício feriu-o, com faca.

A Maria ofereceu-me um livro.

A oferta é para mim.

A Maria ofereceu o livro a mim.

Isto é, as formas em itálico só podem ser usadas como sujeito, objecto directo e
objecto indirecto, respectivamente, conforme a análise das funções sintácticas das
palavras na frase.

1
Sobre os casos, ver FIGUEIREDO E FERREIRA. Compêndio da Gramática Portuguesa, 3ª Edição.
Lisboa Livraria Sá da Costa Editora, 1968, p. 69.
Actividades de Estudo Independente nº 2 (=6 Tempos) - As Propriedades dos
Radicais e Afixos

1. Qual é a posição dos Radicais e Afixos nas palavras?

2. Em que influenciam os Radicais e Afixos quanto ao Acento Principal,


Categorias morfológicas, Categorias sintácticas e Categorias semânticas

3. Classifique morfologicamente o tipo de palavras que sugeriu abaixo:

Ex.: Penúltimo = Quase em último,

Trata-se de uma Palavra Simples, Palavra Complexa por Derivação Prefixal, ou


Palavra Complexa por Derivação Sufixal, ou Palavra Complexa por
Composição Aglutinada. O que acha?
Conteúdos: As Propriedades dos Radicais e Afixos; Classificação das Palavras em
Simples e Complexas, Primitivas, Derivantes (Palavras - Base) e Derivadas; os
processos de formação de palavras

3.1.As Propriedades Morfológicas dos Radicais e Afixos;


Classificação das Palavras em Simples e Complexas,
Primitivas, Derivantes (Palavras - Base) e Derivadas

3.1.1. As Propriedades Morfológicas dos Radicais e Afixos

Embora em MONTEIRO (2002) se trate do termo propriedades morfológicas,


os professores, no tratamento da análise morfológica, não colocam nenhuma questão
relacionada com elas nas avaliações.

Na análise linguística de palavras, nota-se a estreita relação entre o léxico e as


componentes de fonologia, morfologia, sintaxe e semântica. Os morfemas e as palavras
são definidos, tendo em conta estes critérios – as propriedades.

O conceito “propriedades morfológicas” diz respeito ao comportamento dos


morfemas, no interior de uma palavra, quanto à localização na estrutura e os efeitos que
produzem, quando interagem com outras componentes da análise linguística.

O quadro abaixo sintetiza as principais propriedades dos morfemas, estes postos


em paralela comparação. Dada a palavra infelizmente, sua estrutura interna in + feliz +
mente, verificam a aplicação do quadro, no seguinte:
Quadro das Propriedades dos Radicais e Afixos
Ord Critérios de Os PREFIXOS Os RADICAIS Os SUFIXOS
análise

1 Posição À esquerda do RAD No centro, em geral. O À direita do RAD


lugar dos radicais neo-
clássicos pode variar,
podendo ser o primeiro
ou segundo membro da
composição.

2 Acento principal Não determina, nem Não determina a Determina e alteram


alteram a posição do posição do acento. a posição do acento
acento da base à qual da base à qual estão
estão associados. associados.

3 Categorias Não determina, nem Não determina as Determina e alteram


morfológicas alteram as categorias categorias morfológicas as categorias
morfológicas das morfológicas das
bases. bases.

4 Categorias Não determina, nem Não podem atribuir, Determina, alteram e


sintácticas alteram as categorias nem determina. Mas dão origem às novas
sintácticas das bases a estão relacionadas com categorias
que se associam. No as categorias sintácticas, diferentes
entanto, eles podem sintácticas. das bases.
intervir nos processos
sintácticos de
formação de palavras,
nomeadamente,
adjectivação de
adjectival,
nominalização
denominal e
verbalização deverbal.

5 Categorias Alteram a significação Com a excepção dos Alteram a


semânticas da base, indicando uma neoclássicos e dos que significação da base,
paráfrase. coincidem com indicando uma
palavras, isoladamente, paráfrase.
os radicais não têm
qualquer significado.

6 Estruturas de Podem alterar estrutura Não são os radicais que Podem alterar
subcategorização de subcategorização da determinam a estrutura estrutura argumental
base. argumental ou de e a de
subcategorização das subcategorização
Ex.: Pensar em palavras.

Repensar + (SN)

7 Possibilidades Seleccionam as São constituintes Seleccionam as suas


combinatórias categorias sintácticas passivos: não bases em função das
das suas bases seleccionam, mas são suas propriedades
seleccionados. O combinatórias com
radicais neo-clássicos as categorias das
podem associar-se para bases
darem origem a novas
palavras.
8 Grau de A presença de certos Podem coo correr com A presença de certos
combinação afixos na base pode os outros radicais, afixos na base pode
favorecer ou impedir a sendo ou 1º s ou 2º s favorecer ou impedir
associação de um elementos de a associação de um
prefixo a essa forma composição sufixo a essa forma

3.1.2. Classificação das Palavras em Simples e Complexas,


Primitivas, Derivantes (Palavras - Base) e Derivadas
3.1.2.1.Palavras em Simples e Complexas, Primitivas

Cabem nestas linhas as perguntas dos testes de avaliação do tipo


“classifica/classifique morfologicamente as palavras sublinhadas” de muitas provas
nacionais. Exemplifico, somente, com número 7.c), do exame final de Português, Ano
de 2010, 1ª Época, 3º Ano, Nível Básico, Ramo Industrial e Comercial, elaborado pelo
Conselho Nacional de Exames, Certificação e Equivalências do Ministério da Educação,
formulada no seguinte:

(7) Atente à frase: “- Quando nasceste, já esta casa existia e já eu morava


dentro dela.”2 Classifique morfologicamente a palavra sublinhada em (7).

De notar que esta questão vem depois de outra, de seguinte: "Faça a análise
sintáctica da oração “já esta casa existia”.3

Podemos avaliar a complexidade de problemas que o ensino de Português em


Moçambique no tratamento das questões da gramática. As respostas àquele questionário
fundam-se, certamente, em Monteiro (2002).

MONTEIRO (2002) actualiza alguns conceitos de uso tradicional. O autor


relaciona os conceitos de nomes sobre comuns/nomes comuns de dois com a
categoria morfológica de flexão. Diz o autor que, enquanto os nomes sobre comuns são
aqueles que, flexionados no feminino, referem seres ou objectos pertencendo tanto ao
2
Tratava-se de uma lamentação da cotovia mãe e idosa que era escorraçada da sua própria casa pela
própria filha, numa lenda educativa, tendo em conta atitudes contra os idosos, por “… que benefícios ou
vantagens me traz a tua companhia? Não podes trabalhar; não voas; meio surda; quase cega;
reumática; falha de memória; impotente… eu sei lá! …Além disso, esta minha habitação, com vês, está
cheia de provisões e o lugar que tu ocupas poderia servir para mais recursos e muitas provisões. Faz-me
favor: vai-te embora!” Quando a pobre mãe responde:
3
Recordo que o guião das correcções recomendava que as respostas correctas dos alunos seriam aquelas
quem apontassem para: “Morfologicamente a palavra sublinhada, eu, é um Pronome Pessoal; A análise
sintáctica da oração: esta casa – Sujeito; Existia – Predicado; já – Complemento Circunstancial de
Tempo”
género masculino ou feminino, os nomes comuns de dois são aquele que têm a mesma
forma para o masculino e feminino, distinguido os géneros pela anteposição de um
artigo.

Exemplifica com as palavras a criança, a criatura, a personagem, a vítima, a


testemunha entre outras, para o primeiro grupo e amante, artista, camarada,
compatriota, cônjuge, contribuinte, presidente, gerente e ignorante, no segundo grupo.

A expressão criança pode referir um menino ou uma menina e vem sempre no


género feminino. A palavra amante referirá um indivíduo do sexo masculino se lhe
precedemos um artigo no género masculino, o contrário referirá um indivíduo do sexo
feminino.

Importa nesta definição de MONTEIRO a referência às categorias de flexão:


masculino, feminino, singular, plural…, que são as categorias morfológicas. Na
verdade, não é senão um avanço para a Sintaxe e, mais tarde, à Semântica.

Os radicais, os sufixos e os prefixos são morfemas que compõem as principais


categorias ou classes da análise morfológica. A combinação destes morfemas dá origem
a uma palavra ou palavras.

Alguns radicais podem, por si sós, constituir uma palavra.

Noutros casos, aos radicais associa-lhes uma vogal a, o ou e, como morfemas.


Nos dois casos, as palavras resultantes pertencem à classe de palavras simples.

MATEUS et al. (1990:425) e MATEUS et al. (2003: 917-938) escrevem


sugerindo que “as palavras simples podem ser formadas, ou por único constituinte – o
RADICAL -, ou por dois constituintes – um RADICAL e um SUFIXO realizado pelos
morfemas a, o ou e”, exemplificado, por um lado, com as palavras café, pau, feliz, por
outro lado, cas + a > casa, ram + o > ramo, e pel + e > pele. As palavras lindo/linda
são palavras simples, por se realizarem por um radical e apenas um sufixo em –a ou –o.

Muitas palavras pertencem à classe das palavras complexas. Nesta classe, é


possível identificar palavras com mais de dois constituintes, sendo um RADICAL e um
ou mais AFIXOS não realizado apenas pelos morfemas a, o ou e, como em feliz + idade
> felicidade, cas + a + mento > casamento e em in + depend + e + nte + mente >
independentemente; ou um RADICAL e uma PALAVRA, como em neuro + cirurgião
> neurocirurgião; e ou uma PALAVRA uma ou outra PALAVRA, como em bomba +
relógio >bomba relógio, guarda + chuva > guarda-chuva e pé + de + vento > pé de
vento. 4

Em suma, são as categorias ou classes morfológicas, os radicais, os afixos


(sufixos e prefixos), as palavras simples e as palavras complexas. Estes são o objecto
do estudo da morfologia.

Palavras Derivantes (Palavras - Base) e Derivadas

Entende-se que as palavras complexas podem ser classificadas, de acordo com os


processos intervenientes na sua formação (assim, por derivação, composição, conversão
ou criação lexical, como se referirá adiante).

Habitualmente, nenhum professor se interessa pelo estudo das funções exercidas pelos
morfemas das unidades linguísticas. São as relações morfológicas. Os morfemas
associados a uma palavra podem desempenhar funções diversas. Eles podem ser, na
estrutura interna de uma palavra, BASES, NÚCLEOS e NÃO-NÚCLEOS. “Os afixos
[os sufixos e os prefixos] nunca podem constituir, por si sós, uma palavra, devendo
associar-se a uma base”, de acordo com MATEUS et al. (1990:414).

O valor dos morfemas (nucleares, não nucleares e/ou base; relativizados, simplesmente,
os morfemas de flexão das palavras (número, género e grau (sufixos avaliativos), nos
nomes e adjectivos; número, género e caso, nos pronomes e especificadores; conjugação
dos verbos, em tempo, modo, pessoa, número, aspecto, voz)) e a origem etimológica de
um constituinte são as diversas funções ou relações morfológicas.

Ex.: Cas BASE + a NÚCLEO

BASE de palavras é uma função de um morfema ou palavra no processo da sua


formação. Uma base morfológica pode ser constituída apenas por um radical, como em
feliz, pau e café; ou uma sequência de um radical e um ou mais afixos, como na
4
Cf. MATEUS et al. (1990:425-427).
formação de felic + idade e in + felic + idade, uma palavra simples, como em feliz,
cafeteira; uma palavra complexa, como em neuro-cirurgiãozinho. Fundamentalmente,
os radicais são as primeiras BASES do processo de formação de palavras, depois os
afixos associam-se aos radicais para darem origem, ou a novas palavras, ou a novas
bases de novas palavras. Pela via da hipótese sobre a unicidade da BASE, de
ARONOFF (1976), a especificação sintáctico-semântica da base pode ser mais ou
menos complexa, mas é sempre única. 5

A função morfológica de NÚCLEOS de palavras associa-se aos sufixos


flexionais, aqueles que tendenciosamente transportam a informação relativa à categoria
sintáctica e às categorias morfológicas de número, género e grau nos nomes e
adjectivos, número, género e caso, nos pronomes e especificadores de nomes,
conjugação, tempo, modo, pessoa, número, aspecto, voz, nos verbos, origem
etimológica da palavra em análise. Núcleo de uma palavra é “o constituinte responsável
pela atribuição à palavra das informações sintáctica e morfologicamente relevantes”,
de acordo com MATEUS et al. (1990: 477).

Nas palavras simples constituídas por uma única sequência, os radicais


funcionam simultaneamente como bases e como núcleos. É possível distinguir nas
palavras simples de duas sequências uma base e um núcleo, sendo este, um sufixo
realizado pelo morfema -a, -o ou -e. Estes morfemas, na excepção do morfema -e, estão
geralmente associados com a informação sintáctica e com a amálgama das informações
morfológicas de género e de número singular. Nas palavras complexas, a função de
núcleo é exercida pelo sufixo ou a associação de sufixos mais à direita da palavra.

NÃO-NÚCLEOS de uma palavra é a função dos constituintes à esquerda dos


núcleos. Os prefixos que têm, em geral, características constantes entre as categorias
morfológicas e as bases desempenham a função de não núcleos.

3.2.Os Processos de Formação de Palavras Quanto à sua


Constituição Morfológica e Quanto à Categoria Sintáctica da
Palavra Derivada e da Palavra Base
5
ARONOFF (1976) é citado por MATEUS et al. (1990:446).
3.2.1. Os Processos de Formação de Palavras Quanto à sua
Constituição Morfológica

Cabem nestes parágrafos as perguntas sobre os processos de formação, quer


morfológicos, quer sintácticos. MATEUS et al. (1990:414-428) e MATEUS et al.
(2003:939-986) consideram que as palavras complexas, na sua maioria, são resultados
de qualquer um dos processos de formação de palavras. Estes processos podem ser de
natureza tipicamente morfológica ou sintáctica.

As palavras no português formam-se por actuação de regras de formação,


instâncias dos processos morfológicos e sintácticas. São processos morfológicos a
flexão, derivação, conversão, composição, criação lexical.

3.2.1.1.Processos Morfológicos de Flexão

 As regras de flexão mantêm a categoria sintáctica. A flexão faz valer à


palavra as categorias sintácticas, morfológicas de número e de género:

Aluno masc – aluna fem – N


Escritor sing – escritores plu – N
Disse sing – disseram plu – V

 As regras de derivação e de composição alteram a categoria sintáctica da


palavra à qual se espera:

Forma N → forma lAdj


Mesa redonda SN → mesa-redonda N
Formal Adj → formalizar V
 Na sufixação, há 2 tipos de sufixos: os derivacionais e os flexionais. A
ordenação das regras na formação de palavras é estabelecida com base na
posição que os afixos ocupam na estrutura de uma palavra complexa. A
configuração comum é:
FORMS BÁSICA + Sufixo Derivacional + Sufixo Flexional

3.2.1.2.Processos Morfológicos de Derivação

Derivação é um processo morfológico de modificação da estrutura da BASE,


por adjunção de um afixo, podendo ser, esta adjunção,

 à direita da base (sufixação), Ex.: Feliz >Felizmente


 ou à esquerda da base (prefixação), Ex.: Feliz >Infeliz,
 ou ainda simultânea, à direita e à esquerda da base (sufixação e
prefixação) Ex.: Feliz > Infelizmente.
 a derivação regressiva:
 A Conversão, ou derivação imprópria é um processo formação de
novas palavras com base na atribuição de uma nova categoria ou classe
sintáctica a palavras existentes “Conste na obtenção de uma palavra a
partir de uma palavra já existente, sem qualquer alteração na sua
forma” , de acordo com MATEUS et al. (1990:445):
Ex.: canto NOME > canto VERBO;

olhar Verbo > olhar Nome

Morto pp > morto ADJ > morto N

3.2.1.3.Processos Morfológicos de Composição

Dois processos são da composição: a aglutinação (2 palavras com único acento


tónico) e justaposição (dois acentos). Na composição, podem juntar-se na mesma
categoria sintáctica:
1. Nome + Nome: manga - rosa, porco-espinho
2. Nome + Adjectivo e vice-versa: amor-perfeito, criado - maior
3. Nome + Preposição + Nome: chapéu-de-sol
4. Adjectivo + Numeral:
5. Numeral + Nome
6. Pronome + Nome
7. Verbo + Nome
8. Verbo + Verbo: corre-corre, vaivém, perde - ganha
9. Advérbio + Adjectivo

A Composição, de acordo com MATEUS et al. (1990:414), é um processo de


formação de palavras por associação de radical e palavra (neoro-cirurgião), palavra e
palavra (girassol, guarda-chuva, fim de semana), para formar uma palavra.

O processo de composição de palavras devia ser basicamente por aglutinação,


mas as gramáticas admitem a distinção entre a justaposição e a aglutinação, conceitos
associados à quantidade e distribuição dos acentos prosódicos nucleares, na estrutura
das palavras geradas.

Assim, na justaposição, os membros do composto conservam os seus acentos


nucleares (neoro - cirurgião, guarda-chuva, fim de semana), enquanto, na aglutinação,
há uma tendência da fusão de acentos no segundo membro de palavras compostas
(girassol).

Processos Morfológicos de Criação lexical

De acordo com MATEUS et al. (1990:414), “a formação de palavras não esgota os


recursos para a introdução de novos itens no léxico de uma língua”. As novas palavras
podem ser “inventadas”, invenção artística ou não, ou resultar de alteração de várias
palavras existentes, por vários processos morfológicos, nomeadamente a siglação, a
acronímia, o truncamento, a amalgamento, invenção, o empréstimo e a extensão
metafórica.

Por esta via,


Processos Morfológicos de Criação lexical por Siglação

A siglação é um processo de formação de novas palavras, a partir das letras


iniciais das palavras, ou parte das palavras que compõem o título ou frase. Da siglação
provêm as siglas, como Banco de Moçambique > BM; Comunidade Económica
Europeia > CEE; Banco Internacional de Moçambique > BIM; Banco Popular de
Desenvolvimento > BPD; Instituto de Cultura, Arte e Língua Portuguesas > ICALP;
Palop < País africano de língua oficial portuguesa Salienta-se que as siglas podem ser
pronunciadas, ou como sequências de letras do alfabeto, como em CEE, BPD, ou como
palavras, isto é, sequência consoante e vogal, como em Palop, BIM, ICALP.

Processos Morfológicos de Criação lexical por Acronímia

A acronímia é outro processo de criação de palavras que consiste no uso de


sílabas iniciais de palavras ou frases que compõem os nomes. Exemplifica-se com os
acrónimos que geram as palavras Frelimo/FRELIMO, da sequência de nomes Frente de
Libertação de Moçambique e a maior parte dos nomes que simbolizam os partidos
moçambicanos. Em MATEUS et al. (1990:414), estão alistadas as palavras
consideradas como geradas pela acronímia, como Abralin <Associação Brasileira de
Linguística, que é uma conjunção de dois processos, nomeadamente a siglação e a
acronímia.

Processos Morfológicos de Criação lexical por Abreviação

A abreviação é um processo de formação lexical por eliminação de morfemas ou


sequência de morfemas no interior de uma palavra existente, como em ex.mo
<excelentíssimo; Ex.cia <Excelência; frelo <frelimo, comuna <comunista.
Processos Morfológicos de Criação lexical por Truncamento

O truncamento – as novas palavras são geradas por eliminação de morfemas ou


sequências de morfemas finais de palavras de base, como em rena<RENAMO;
frelo<FRELIMO; micro <micrifone; prof. <professor.
Processos Morfológicos de Criação lexical por Amálgama

O Processo de eliminação de morfemas ou sequência de morfema no interior de


sequências de palavras ou frases existentes dá-se a conhecer por a amálgama,
culminando pela combinação aleatória de morfemas, como em stor <senhor doutor,
sumanga < sumo de manga; borbotixa <borboleta e lagartixa; macuaconde < macua e
maconde; franglês < francês e inglês.

Processos Morfológicos de Criação lexical por Invenção

O caso de facho < fascista, guebas < Guebuza não passam senão também por
criação lexical por invenção.

Processos Morfológicos de Criação lexical por Empréstimo

A criação lexical passa por empréstimo, um processo muito produtivo para


integração no Português de Moçambique de verbos com a desinência em –ar, como em
nhanhalar (abandonar, da língua moçambicana Emakhuwa-lomwe) e da série de
palavras adoptadas de Moçambique e de antigos territórios ex-colónias de Portugal e
outros países, registadas no Dicionário Universal de Língua Portuguesa, como xima,
nhumbo, basquetebol < Inglês, basketball; dama < francês, dame; piano < italiano,
piano; nhanhido < Cabo Verde, desgraçado, infeliz.

Processos Morfológicos de Criação lexical por Extensão Metafórica

Finalmente, a extensão metafórica contribui na formação de novas palavras,


que consiste na atribuição de uma nova interpretação semântica a palavras existentes,
como em borracho, que pode ser pombo novo, homem embriagado, rapaz bonito ou
rapariga bonita, namorado/namorada, entre vários exemplos.
Os Processos de Formação de Palavras Quanto à Categoria Sintáctica da Palavra
Derivada e da Palavra Base

Sintacticamente e, de acordo com MATEUS et al. (1990:414 e 428), os processos


morfológicos de formação de palavras podem ser especificados, em função da categoria
sintáctica da palavra resultante e da categoria sintáctica da base. Por esta mesma razão,
CUNHA e CINTRA (1999: 90) admitem que “pela derivação sufixal [ou por todos os
processos morfológicos considerados], formaram-se, e ainda se formam, novos
substantivos, adjectivos, verbos e, até, advérbios”. 6

As palavras novas formadas podem pertencer a qualquer categoria sintáctica,


independentemente do processo morfológico na origem dessas palavras. A
nominalização, a adjectivação, a verbalização e a adverbialização são os processos
sintácticos, cuja conclusão se formam os nomes, adjectivos, verbos e advérbios,
respectivamente.

As palavras recentemente criadas resultam da modificação de uma base. As


bases, como vimos nas propriedades dos morfemas, pertencem obrigatoriamente a uma
categoria sintáctica certa. Assim se diz que uma dada palavra resulta de um nome ou de
uma base nominal, ou denominal, base adjectival ou deadjectival, da base verbal ou de
verbal, da base adverbial ou deadverbial, sendo possíveis tais processos.

A ilustração abaixo é da MATEUS et al. (1990:428) combinada com CUNHA e


CINTRA (1999:90).

6
CUNHA e CINTRA (1999), p. 90.
Sistematização dos processos de formação de palavras

Formação morfológica Formação sintáctica

Base Palavra resultante Palavra resultante Base

Leitor  Leitorado Nominalização Denominal


Claro  Claridade Deadjectival
Animar  Animação Deverbal

Montanha  Montanhoso Adjectivação Denominal


Normal  Anormal Deadjectival
Interessar  Interessante Deverbal

Equação  Equacionar Verbalização Denominal


Fácil  Facilitar Deadjectival
Dormir  Dormitar Deverbal

Fraqueza  * Fracamente Adverbialização Denominal


Fraca  Fracamente Deadjectival
Fraquejar  * Fracamente Deverbal

Os sufixos adverbiais ocorrem sob única forma de – mente, e associam-se a


bases adjectivais de género feminino, de acordo com CUNHA (1999:90).
Actividades de Estudo Independente nº 4 (=6 Tempos) - A Flexão dos Nomes,
Adjectivos, Especificadores e Pronomes

a) O que é a flexão em número?

b) Quais são os marcadores da flexão em número nos


nomes e adjectivos do português?

c) Flexione em número as seguintes palavras: em


vogal: casa, flor, abdómen, carril, irmão, limão e
cão.

d) Quais são os marcadores da flexão em género nos


nomes e adjectivos do português?

e) Faça a alternância em género das seguintes


palavras: aluno, professora, judia, europeu, conde,
duquesa, trabalhador, vendedeira; embaixador,
leão/leoa, aldeã, espertalhão.

f) Aponte a flexão presente nos pronomes em:

- Tu não pereces tu.

- O João entregou-o aos meus inimigos.

- O João deu-me um livro.

- Esta (peneira) foi feita por ele para ela.


Aulas nºs 49 e 50 - FFMP

Conteúdos: A Flexão dos Nomes, Adjectivos, Especificadores e Pronomes em Género,


Número e/ou Caso

A Flexão dos Nomes, Adjectivos, Especificadores e Pronomes em Género, Número


e/ou Caso

A Flexão dos Nomes e Adjectivos em Género e Número

Lido em MATEUS (1989:365-371) e em Mateus (1990: 365-371), os nomes e os


adjectivos em português flexionam em NÚMERO e GÉNERO. Os pronomes, além
destas, também em CASO. As flexões de número e de género manifestam-se com
morfemas próprios, que ocorrem integrados na palavra e que não dependem das
propriedades sintácticas ou de estratégias de elocução. O falante tem de interiorizar as
regras morfológicas fixas na alternância singular/plural ou masculino/feminino.

A Flexão dos Nomes e Adjectivos em NÚMERO

O NÚMERO tem duas classes – o Singular/Plural. O singular é, geralmente, não


marcado, mesmo marcado pelo morfema -ø, enquanto o plural é realizado pelo morfema
–s, foneticamente, [∫]. São as principais alternâncias de NÚMERO:

 -ø/-s, em nomes terminados em vogal: casa/casas


 -ø/-es, em nomes terminados em r, n, z: flor/flores, abdómen/abdómenes
 -l/-is: carril/carris
 -ão/-ãos, -ões, -ães: irmão/irmãos; limão/limões; cão/cães

A Flexão dos Nomes e Adjectivos em GÉNERO

O GÉNERO tem dois grupos: o masculino e o feminino.

 A marca de género é atribuída basicamente pelo especificador: o artista/a artista


 Os nomes em que a distinção de género corresponde à distinção de seres por
sexo, podem encontrar palavras diferentes: pai/mãe; boi/vaca
 Normalmente, os nomes e os adjectivos apresentam morfemas de género
integrados na palavra, com alternâncias seguintes mais frequentes:
-o Masc/-a Fem: aluno/aluna
-ø Masc/-a Fem: professor/professora
 Há alternâncias de género irregulares, como:
-eu Masc/ -ia, ou –eia Fem: judeu/judia; europeu/europeia
-de Masc/ -essa, ou –esa Fem: conde/condessa; duque/duquesa
-dor Mas/ -dora, -deira, ou –triz Fem: trabalhador/trabalhadora;
vendedor/vendedeira; embaixador/embaixatriz
-ão Masc/ -oa, -ã, ou -ona Fem: leão/leoa; aldeão/aldeã;
espertalhão/espertalhona.

A Flexão dos Pronomes em CASO

A leitura de Mateus (1989: 369) e de NUNES e FGUEIREDO (1968:64) dá conta que


os pronomes e os especificadores flexionam, além de em NÚMERO e GÉNERO,
também em CASO. A flexão de CASO é a marcação da função sintáctica do pronome
ou especificador numa dada frase simples.
O português não é uma língua que flexiona palavras em CASOS, como era a sua
língua - mãe, o LATIM.
De acordo com NUNES e FGUEIREDO (1968:64), «em Latim, uma palavra
flexiva pode apresentar, segundo a função sintáctica, seis casos», e tinha morfemas
próprios:

Ord Nome do caso Função Sintáctica da palavra


flexionada
1 Nominativo Sujeito; Nome Predicativo do Sujeito
2 Vocativo Vocativo
3 Genitivo Complemento Determinativo; Posse
4 Acusativo Complemento Directo (OD)
5 Dativo Complemento Indirecto (OI)
6 Ablativo Complementos Circunstanciais
(OBLIQUOS)

Mateus (189:160) considera que «os pronomes pessoais têm a flexão de CASO»,
no sentido de que as funções sintácticas «são marcadas na própria unidade lexical».
Ord Nome do caso Função Sintáctica da palavra
flexionada
Nominativo Sujeito; Nome Eu, tu, você, el/(e, a) nós, vós,
Predicativo do vocês, el/(es, as): Tu não pereces tu.
Sujeito
Vocativo Vocativo Tu, você, vós, vocês de chamadas:
Tu, levanta-te!
Genitivo Complemento De (me, te ele, nós, vós eles, elas),
Determinativo; equivalentes às formas do pronome
Posse POSSESSIVO meu, minha, teu, tua,
seu, sua, dele, dela, nossos, nossas,
vossos, vossas deles, delas.
Acusativo Complemento Me, te, o, a (= a você, a si, ou a ele,
Directo (OD) ela), nos, vos (= a vocês, a vós), os,
as): O João entregou-o aos meus
inimigos.
Dativo Complemento me (= a mim), te (= a ti), lhe (= a
Indirecto (OI) você, a si), se (= a el (e, a, es, as),
nos (= a nós), vos (= a vocês, a vós),
lhes (= a el (es, as)): O João deu-me
um livro.
Ablativo Complementos Pronomes precedidos por: para, por:
Circunstanciais Esta peneira foi feita por ele para
(OBLIQUOS) ela.

Actividades de Estudo Independente nº 5 (=6 Tempos) - A Flexão Verbal

1. Quais são as marcas da conjugação a que pertencem os verbos da 1ª, 2ª e 3ª


Conjugação?

2. Que tempos verbais conhece?

3. Quais são os seus morfemas correspondentes?

4. Escreva os morfemas de Tempo e Modo nas palavras cantarei, falava

5. Identifique os morfemas de Pessoa e Número em falávamos, jogarei


Conteúdos: A Flexão Verbal em Tempo, Modo e Pessoa – Número

1.1. A Flexão Verbal em Tempo, Modo e Pessoa – Número

Segundo Mateus (1989: 371-345) e Mateus (1990: 375 -381), a estrutura


morfológica de flexão dos verbos no português integra um RADICAL (RAD), Vogal
Temática (VT) e os morfemas de Tempo e Pessoa (TP): RAD +VT+T+P
O RAD e a VT constituem o TEMA.
A VT marca a conjugação a que pertence o verbo: 1ª Conjugação –a-; 2ª
Conjugação: -e- e 3ª Conjugação: -i-, respectivamente falar, bater e partir. Os verbos
irregulares formam-se a partir da 2ª e 3ª conjugação.

1.1.1. Flexão Verbal em Tempo e Modo

São tempos verbais

1. Presente (do modo Indicativo e do Conjuntivo)


2. Imperfeito (do modo Indicativo e do Conjuntivo)
3. Perfeito do IND
4. Mais-que-perfeito do IND
5. Futuro (do modo Indicativo e do Conjuntivo)
6. Imperativo
7. Infinitivo (flexionado e não flexionado)
8. Gerúndio
9. Particípio Passado
10. Condicional
São os morfemas de Tempo e Modo

Ord. Tempo Modo Morfema


1 PRES IND -ø
CONJ - e (1ª Conj.) – a (2ª e 3ª Conj)
2 IMPERF IND - va (1ª Conj.) – ia (2ª e 3ª
Conj)
CONJ -sse
3 PERF IND -ø
4 M-Q-PERF IND - ra
5 FUT IND - r+ei/ r+á
CONJ -re
6 IMP - -ø
7 INF FLEX -r/-rem
NFLEX -r
8 GER - -ndo
9 PP - -do
10 COND - -r+ia

Exemplo:

fizera e tinha feito, sairei e vou sair, são tempos simples e complexos do
pretérito mais-que-perfeito e do futuro do indicativo

1.1.2. Flexão Verbal em Pessoa e Número

São pessoas verbais:

1. I P (Eu +sing/ Nós -sing)


2. II P (Tu +sing/ Vós -sing)
3. III P (Ele, Ela, Você +sing/ Eles, Elas, Vocês -sing)
São os Morfemas de Pessoa e número

Pessoa Tempo Morfema


I PRES IND -ø
+Sing PERF IND -i (semivogal)
FUT IND
Outros tempos -ø
II PERF IND -ste
+Sing IMPERF -ø
Outros tempos -s
III PERF IND -u
+ Sing Outros tempos -ø
I Todos os tempos -mos
-Sing
II PERF IND -stes
-Sing Outros tempos - (d) es
III PERF IND -ram
-sing Outros tempos -m

1.1.3. Outras flexões do verbo

 Modalidade

saio, tenho de sair, posso sair, são os diversos valores de


modo/modalidade

 Aspecto

come, está a comer e anda a comer, são os diversos valores do


aspecto

 Voz (activa/passiva; neutra/enfática; afirmativa/negativa)

comeu e foi comido, da voz/forma activa e passiva

Actividades de Estudo Independente nº 6 (=6 Tempos) - Lexicologia e Lexicografia


Exercite-se:

1. Distinga os conceito de léxico e vocabulário; lexema, vocábulo e lexia.


2. Defina o conceito PALAVRA, tendo em conta as perspectivas seguintes:
prosódica, morfológica, sintáctica, semântica e em Lexicologia.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. CUNHA, C. & CINTRA, L. F.L., Nova Gramática do Português


Contemporâneo. Lisboa, Ed. Sá da Costa, 1984.
2. FARIA, I. H. et alii (org.), Introdução à Linguística Geral e Portuguesa. Lisboa,
Editorial Caminho, 1996.
3. MALMBERG, B., A Fonética. Lisboa, Edição Livros do Brasil, s.d. (Trad. do
original: La Phonetique. Paris, Presses Universitaires de France, 1954.)
4. MARTINS, M.R. Delgado, Ouvir Falar: Introdução à Fonética do Português.
Lisboa, Editorial Caminho, 1988.
5. MATEUS, M. H. M., Aspectos da Fonologia Portuguesa. Lisboa, Instituto
Nacional de Investigação Científica, 1982.
6. MATEUS, M. H. M. et alii, Gramática da Língua Portuguesa. 2ª ed.(revista),
Lisboa, Editorial Caminho, 1989.
7. MATEUS, M. H. M. et alii, Fonética, Fonologia e Morfologia do Português.
Lisboa, Universidade Aberta, 1990.
8. MATEUS, M. H. M. et alii, Gramática da Língua Portuguesa. 5ª ed. (revista e
aumentada), Lisboa, Editorial Caminho, 2003.

Quelimane, Janeiro de 2021

Os Docentes: J. Samuel & Zeca L. Sunde

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