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Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário

SEMINÁRIO II - SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO


TRIBUTÁRIO, MANDADO DE SEGURANÇA E TUTELAS PROVISÓRIAS

Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 8. ed. São Paulo:
Noeses, 2021, Item 2.8 (Suspensão da exigibilidade do crédito tributário) do Capítulo 2
da segunda parte.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. v.3. São
Paulo: Noeses, 2016, Tema XXXIII (Medida liminar concedida em mandado de
segurança: direito processual e certeza do direito).
• DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020.
Título I, Capítulo IV, item 4.1.3.2; e Título II, Capítulo I, item 1.5.5.1.
• VERGUEIRO, Camila Campos. CPC/2015, as ações antiexacionais do contribuinte, a
tutela provisória cautelar e de evidência. In: CONRADO, Paulo Cesar. Processo
Tributário Analítico, v.3. São Paulo: Noeses, 2016.

Leitura complementar

VERGUEIRO, Camila Campos. Processo tributário e tutela provisória. Endereço:


https://www.conjur.com.br/2021-mar-16/camila-vergueiro-processo-tributario-tutela-
provisoria
• VERGUEIRO, Camila Campos. Dobradinha de fundamento na tutela provisória no
CPC/2015 https://www.conjur.com.br/2021-mai-23/processo-tributario-dobradinha-
fundamento-tutela-provisoria-cpc2015
• CASTRO, Danilo Monteiro de. SPINA, Vanessa Damasceno Rosa. Mandado de
segurança em matéria tributária. https://www.conjur.com.br/2021-mar-30/castro-spina-
mandado-seguranca-materia-tributaria
• CASTRO, Danilo Monteiro de. SPINA, Vanessa Damasceno Rosa. Mandado de
segurança em matéria tributária. Mandado de segurança preventivo vs ação declaratória
negativa. https://www.conjur.com.br/2021-mai-30/processo-tributario-mandado-
seguranca-preventivo-vs-acao-declaratoria-negativa
• VERGUEIRO, Camila Campos. A tutela provisória, o Supremo Tribunal Federal e a
compensação. https://www.conjur.com.br/2021-jul-25/processo-tributario-tutela-
provisoria-supremo-compensacao
• VERGUEIRO, Camila Campos. A suspensão da exigibilidade como agente inibidor do
“ciclo de vida” da obrigação tributária. In Revista de Direito Tributário contemporâneo
(RDTC). CARVALHO, Paulo de Barros (coord.). São Paulo: Revista dos Tribunais. Ano
1, setembro-outubro/2016.
• VERGUEIRO, Camila Campos. A tutela provisória, o código de processo civil de 2015 e
o processo tributário. In: CONRADO, Paulo Cesar; ARAUJO, Juliana Furtado Costa
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(Coord.). O Novo CPC e seu impacto no Direito Tributário. São Paulo: Thomson
Reuters, 2016.
• VERGUEIRO, Camila Campos; ARAUJO, Juliana Furtado Costa. Tutelas provisórias no
código de processo civil de 2015 e o processo tributário. In Programa de Atualização em
Direito. CARVALHO, Paulo de Barros; TOMÉ, Fabiana Del Padre; BRITTO, Lucas
Galvão de (coords.). Porto Alegre: Artmed Panamericana. Vol. 4, 2018.
• CONRADO, Paulo César. Tutela de evidência em mandado de segurança afeta Direito
Tributário. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2016-mai-25/paulo-conrado-tutela-
evidencia-ms-afeta-direito-tributario. Acesso em: 17 jun. 2019.
• CONRADO, Paulo César. Artigo: “O ‘novo’ art. 151, II, do Código Tributário Nacional:
o impacto do art. 835, § 2º, do novo Código de Processo Civil em relação à suspensão,
via depósito, da exigibilidade do crédito tributário.” de Paulo Cesar Conrado, in Revista
de Direito Tributário Contemporâneo n. 1. São Paulo: RT.
• CASTRO, Danilo Monteiro de. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário é um
efeito sempre presente na transação?. In: CONRADO, Paulo Cesar; ARAUJO, Juliana
Furtado Costa. Transação Tributária na prática da lei nº 13.988/2020. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2020. 
• PANDOLFO, Rafael. Mandado de segurança em matéria tributária: cabimento, utilidade
e reflexos das alterações promovidas pela Lei n. 12.016/09. In: SOUZA, Priscila de
(Coord.). Sistema tributário brasileiro e a crise atual. São Paulo: Noeses, 2009.
• TOMÉ, Fabiana Del Padre. Exigibilidade do crédito tributário: amplitude e efeitos de sua
suspensão. In: SOUZA, Priscila de (Coord.). Direito tributário e os conceitos de direito
privado. São Paulo: Noeses, 2010.
• VIEIRA, Maria Leonor Leite. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário. São
Paulo: Dialética .Capítulo V.

Questões
1. No art. 151 do CTN, que significa o termo “exigibilidade”? Quando surge essa
“exigibilidade”? E qual o efeito da suspensão da exigibilidade? Impede-se (i) o
lançamento, (ii) a inscrição na dívida ativa, (iii) a execução fiscal; (iv) todos estes atos?
(vide anexo I a IV).

O termo “exigibilidade” utilizado no art. 151 do CTN significa que o crédito tributário
pode ser cobrado pelo Fisco. Nesse sentido, segundo a autora Maria Leonor Leite Vieira, na
obra “suspensão da exigibilidade do crédito tributário”, suspende-se tão somente a
possibilidade de o crédito tributário ser exigido, e não o próprio crédito, vez que este
permanece intocável, retomando sua marcha regular após a sustação do impedimento.
A exigibilidade surge com o vencimento da prestação tributária, momento em que o
Fisco pode realizar a inscrição na dívida ativa. Não se deve confundir exigibilidade com
exequibilidade. A exequibilidade surge em momento posterior à exigibilidade do crédito
tributário, dando-se por ocasião da inscrição na dívida ativa, com a emissão da CDA
correspondente.
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Como consequência da suspensão da exigibilidade a Fazenda fica impedida de realizar a


inscrição em dívida ativa e a propositura da ação executiva fiscal. Quando a ação de
execução for posterior ao fato suspensivo, ocorre a extinção do feito. Já quando for anterior
ocorre a suspensão da execução.
Embora obstem a prática de atos que visem à cobrança, as causas suspensivas da
exigibilidade do crédito tributário não impedem a lavratura do ato de lançamento, que deve
ser efetuado dentro do prazo de cinco anos para que se evite a decadência. Nesse sentido, o
grande tributarista Paulo de Barros Carvalho dispõe que a suspensão é da exigibilidade do
crédito e não do próprio crédito em si, sendo que a exigibilidade é “o direito que o credor
tem de postular, efetivamente, o objeto da obrigação, e isso tão só ocorre, como é óbvio,
depois de tomadas as providências necessárias à constituição da dívida, com a lavratura do
ato de lançamento. No período que antecede tal expediente, ainda não se tem o surgimento
da obrigação tributária, inexistindo, consequentemente, crédito tributário, o qual nasce com o
ato do lançamento tributário.”
A suspensão da exigibilidade do crédito tributário garante ao contribuinte o direito de
exercer livremente suas atividades negociais, sendo-lhe assegurada a emissão de certidão que
o ateste, que produzirá efeitos semelhantes ao da certidão negativa de débitos. Além disso,
como a suspensão obsta sua inscrição em dívida ativa, ficará afastada a presunção de
alienação ou oneração de bens fraudulenta a que se refere o art. 185 do Código Tributário
Nacional.

2. Em que sentido a expressão “crédito tributário” foi utilizada no art. 151 do CTN? Essa
expressão congrega também liames decorrentes da prática de atos ilícitos (e.g. multa
por desrespeito aos deveres instrumentais)?

A expressão “crédito tributário” presente no art. 151 do CTN foi utilizada no sentido de
obrigação tributária principal, excluindo as obrigações acessórias, conforme preceitua o
parágrafo único do artigo 151, do CTN: “o disposto neste artigo não dispensa o
cumprimento das obrigações assessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito
seja suspenso, ou dela consequentes”.
O artigo 113 do CTN, § 1º, estabelece que “a obrigação principal surge com a
ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária
e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente”. Enquanto o § 3º, do mesmo artigo
113 dispõe que “a obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se
em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária”. Desta forma, entendo que a
expressão “crédito tributário” congrega também liames decorrentes da prática de atos
ilícitos como, por exemplo, multa por desrespeito aos deveres instrumentais, visto que
tratando-se de penalidade pecuniária será convertida em obrigação principal.

3. As hipóteses de “suspensão da exigibilidade do crédito tributário” previstas no art. 151


do CTN são taxativas? (vide anexo V)

Para a doutrina e jurisprudência, as hipóteses previstas no Art. 151 do CTN


são taxativas, sob o fundamento do art. 111, inciso I do CTN, que exige
interpretação literal da legislação tributária que disponha sobre suspensão da
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exigibilidade do crédito tributário e pelo disposto no art. 141, que prevê a responsabilidade
funcional para os casos de suspensão da exigibilidade do crédito tributário regularmente
constituído fora das hipóteses previstas no CTN.
No entanto, de forma pragmática, podemos observar o caráter exemplificativo do art.
151, visto que o próprio CTN e a Lei Federal nº 6.830/1980 possuem institutos de efeitos
equiparados à suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Como exemplo temos § 2º do
art.161 do CTN e o art. 9º da Lei Federal nº 6.830/1980.

3.1. Considerando que não houve alteração nos art. 151 do CTN, pergunta-se:
a) A equiparação, prescrita pelo §2º do art. 835 do CPC/15, a dinheiro da fiança bancária e
do seguro garantia, tem o condão de consagrar a hipótese de suspensão da exigibilidade do
crédito tributário prevista no art. 151, II, do CTN?

A equiparação a dinheiro da fiança bancária e do seguro prestamista, prescrita pelo §2º


do art. 835 do CPC/15, não é cabível na hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito
tributário prevista no art. 151, II, do CTN. Nesse sentido, a súmula 112/STJ prevê que "o
depósito somente suspende e exigibilidade do crédito tributário se for integral e em
dinheiro".

b) As espécies de tutela provisória, identificadas segundo o fundamento do pedido, se de


urgência ou de evidência, previstas no CPC/15 se aplicam ao Processo Tributário? Tais
medidas têm o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário?
O art. 151, V, do CTN, apresenta como hipótese de suspensão da exigibilidade do
crédito tributário: “a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras
espécies de ação judicial”. Desta forma, é cabível a aplicação das tutelas provisórias de
urgência e de evidência ao Processo Tributário,
É importante ressaltar que o art. 1.059 do CPC, restringiu a concessão da tutela
provisória requerida contra a Fazenda Pública ao prever a aplicação do disposto nos arts. 1º a
4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992, e no art. 7º, § 2º, da Lei nº 12.016, de 7 de agosto
de 2009.

4. Sobre o depósito judicial efetuado nos autos de uma ação declaratória proposta antes da
constituição do crédito tributário, pergunta-se:

(a) Trata-se de faculdade do contribuinte?


De acordo com Maria Eleonor Leite Vieira, em sua obra “A Suspensão da Exigibilidade
do Crédito Tributário” o depósito do montante integral previsto no inciso II, do art. 151, do
CTN, é voluntário, pois do contrário estaria infringindo a Constituição Federal,
especialmente no que diz respeito ao princípio da universalidade da jurisdição (art. 5º,
XXXV).
Embora não seja obrigatório, o contribuinte pode ter interesse em realizar o depósito
com o objetivo de evitar a fluência dos juros, bem já deixar garantido o efeito suspensivo do
art. 151, do CTN.
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(b) Há distinção entre depósito judicial para fins do art. 151, II do CTN e prestação de
caução?
Uma primeira distinção em relação à caução é que o depósito judicial do crédito
tributário em montante integral previsto no art. 151, II do CTN autoriza a suspensão da
exigibilidade do crédito tributário, enquanto a caução interrompe a exequibilidade. Outra
diferença é que o depósito judicial que suspende a execução precisa ser em dinheiro, já a
caução pode se dar, nos moldes do art. 9º da Lei 6.830/80, também por meio de fiança
bancária, seguro garantia e bens nomeados à penhora. A caução depende da aprovação e
validação pelo credor e pelo juízo, o que não ocorre com o depósito do artigo 151, que já tem
seu efeito declarado por lei.

(c) O levantamento do depósito judicial vincula-se ao êxito (com trânsito em julgado) da


ação proposta pelo contribuinte ou o juiz pode a qualquer tempo autorizar o levantamento?
(vide anexo VI)
O entendimento jurisprudencial, que tem como fundamento o artigo 32, § 2º, da Lei
6.830/80, é de que o depósito judicial somente poderá ser levantado pelo contribuinte após
sentença de mérito com trânsito em julgado que lhe seja favorável. Nos demais casos, extinto
o processo sem julgamento de mérito ou saindo a Fazenda vencedora, o depósito se converte
em renda.
Apesar do posicionamento do Poder Judiciário, compartilho da perspectiva colocada por
Maria Eleonor Leite Vieira que defende ser possível a liberação a qualquer tempo dos
depósitos realizados voluntariamente a pedido do depositante. Uma vez liberado o depósito,
a Fazenda recuperaria a possibilidade de promover a execução fisco devido a desconstituição
da hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

5. A partir da vigência do CPC/15 foi instituído um novo fundamento para a concessão de tutela
provisória, a evidência do direito, tal como preveem os arts. 294 e 311. Pergunta-se:

a) Identifique a diferença entre tutela antecipada e tutela cautelar. É possível a concessão de


tutela provisória antecipada em mandado de segurança? Ou em mandado de segurança
tão somente é admissível medidas provisórias de natureza cautelar?

A tutela antecipada busca dar eficácia imediata à tutela definitiva, propiciando ao autor
da ação os seus direitos antes do fim do processo. Já a tutela cautelar visa assegurar a
eficácia do processo. Enquanto a tutela antecipada possui cunho satisfativo, a tutela cautelar
garante o resultado útil do processo, evitando que ao final torne-se inútil. Além disso, a
primeira se estabiliza, caso não haja impugnação por parte do réu, ao passo que a cautelar
não é passível de estabilização.
No que diz respeito à possibilidade de concessão de tutela provisória antecipada em
mandado de segurança, ela é possível, mas com as mesmas limitações que existem para a
medida liminar, conforme § 5º, do art. 7º, da Lei 12.016/09. Desta forma, não pode ser
concedida medida liminar e tutela provisória antecipada “que tenha por objeto a
compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do
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exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento


ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza”, nos termos do § 2º, do art.
7º, da Lei 12.016/09.
Em matéria tributária, não é possível antecipar os efeitos do provimento jurisdicional, sendo
admissível somente medidas provisórias de natureza cautelar.

b) É cabível o requerimento de liminar em mandado de segurança fundada na evidência do


direito a partir da vigência do CPC/15? Ou diante das disposições da Lei Federal n.
12.016/09, apenas é cabível o requerimento de liminares fundadas em urgência, a outra
espécie de tutela provisória prevista no CPC/15?
Em seu artigo intitulado “Tutela de evidência em mandado de segurança afeta
Direito Tributário”, publicado no Conjur, Paulo Cesar Conrado sustenta a possibilidade
de que o instituto da tutela de evidência seja aplicado à liminar requerida em mandado
de segurança, se que seja necessário o periculum in mora.
Conrado ressalta que a tutela de evidência deve ser interpretada em contexto
com o CPC/2015, e por isso deve, pautar-se na existência (i) de prova cabal dos fatos; e
(ii) de tese firmada em julgamento de recursos, especial ou extraordinário, repetitivos
ou em súmula vinculante.

6. Dado o seguinte caso concreto: Gênesis Waves Ltda. obteve liminar em Mandado de
Segurança para suspender a exigibilidade do crédito tributário que posteriormente foi
“cassada” pela sentença de denegação da segurança. Pergunta-se:
a) na hipótese de a empresa apelar da sentença que “cassou” a liminar, o recebimento de sua
apelação nos efeitos suspensivo e devolutivo tem o condão de afastar os efeitos da sentença e
reconstituir os efeitos da liminar? Responder a pergunta considerando as disposições do
CPC/15 a respeito dos efeitos da apelação (vide anexo VII)
Como regra geral, conforme art.1.012 do CPC/15, a apelação possui efeito suspensivo.
Todavia, o § 1º do referido dispositivo elenca hipóteses que excepcionam tal efeito e
permitem que a sentença comece a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação.
Uma dessas hipóteses é a que “confirma, concede ou revoga tutela provisória”, prevista no
inciso V, § 1º, art. 1.012, do CPC/15. Desta forma, o entendimento inicial seria de que não
caberia efeito suspensivo à apelação da sentença do caso em tela por enquadra-se no
supracitado inciso V. Nesse mesmo sentido, temos a súmula 405 do STF, que assim dispõe:
“denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo, dela
interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária”.
Na contramão do exposto, foi encontrada jurisprudência que excepciona o CPC/15 e a
Súmula 405/STF e torna possível atribuir efeito suspensivo ao recurso de apelação, afastando
os efeitos da sentença e reconstituindo os efeitos da liminar. Neste sentido, os precedentes:
X; AgRg no RESp 687.040/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 02/12/2008, DJE 13/03/2009; REsp 787051/PA, Rel. Ministra
ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 03.08.2006, DJ 17.08.2006 p. 345.
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b) Há incidência de multa e juros moratórios em relação ao período em que o crédito


tributário esteve com sua exigibilidade suspensa, por força de liminar concedida em
Mandado de Segurança posteriormente cassada por ocasião da sentença? E se a liminar foi
concedida depois de vencido o prazo para pagamento do tributo? (vide anexos VIII e IX)
Existia divergência jurisprudencial quanto a incidência de multa e juros moratórios em
relação ao período em que o crédito tributário esteve com sua exigibilidade suspensa por
força de liminar concedida em mandado de segurança posteriormente cassada por ocasião da
sentença. Dispõe o art. 63, § 2º, da Lei n. 9.430/96: “a interposição da ação judicial
favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a
concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que
considerar devido o tributo ou contribuição”. Parte da jurisprudência interpretava a norma de
forma expansiva e defende a não incidência tanto da multa quanto dos juros moratórios em
relação ao período que o crédito tributário esteve com sua exigibilidade suspensa. Enquanto
outra parte interpretava literalmente e dispensava apenas a multa. Entretanto, o STJ unificou
o entendimento no sentido de que deve ser dispensada a multa no período que a liminar
estiver vigente, mas deve haver a cobrança de juros, afirmando que “no período
compreendido entre a concessão de medida liminar e a denegação da ordem incide correção
monetária e juros de mora ou a Taxa SELIC, se for o caso” (Embargos de Divergência em
RESP nº 839.962 – MG (2010/0142442-0).
Se a liminar foi concedida depois de vencido o prazo para pagamento do tributo, o
contribuinte já havia descumprido com a obrigação tributária, já incorrendo em mora,
portanto, volta a ser devida a multa com a cassação por ocasião da sentença.

7. Antes de responder a esta pergunta aponte a distinção entre tutela antecipada e tutela cautelar
tal como colocada na resposta à questão “5. a)”. Fixados esses conceitos, responda à seguinte
pergunta: diante do novo cenário das tutelas provisórias do código de processo civil de 2015,
a ordem judicial suspensiva da exigibilidade da obrigação tributária, tenha fundamento na
urgência ou na evidência, assume natureza antecipada ou cautelar?

A tutela antecipada busca dar eficácia imediata à tutela definitiva, propiciando ao autor
da ação os seus direitos antes do fim do processo. Já a tutela cautelar visa assegurar a
eficácia do processo. Enquanto a tutela antecipada possui cunho satisfativo, a tutela cautelar
garante o resultado útil do processo, evitando que ao final torne-se inútil. A tutela antecipada
se estabiliza, caso não haja impugnação por parte do réu, ao passo que a cautela não é
passível de estabilização.
A ordem judicial suspensiva da exigibilidade da obrigação tributária, tenha fundamento
na urgência ou na evidência, assume natureza cautelar, visto que em matéria tributária não há
como antecipar os efeitos do provimento jurisdicional.

Sugestão para pesquisa suplementar


• Capítulos 1, 5, 8 e 9 do livro Mandado de Segurança, de Lúcia Valle Figueiredo. São
Paulo: Malheiros.
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• Itens 7.2.1.1, 7.2.1.1.1, 7.2.1.1.2, 7.2.1.1.3, 7.2.1.1.4 e 7.2.1.2 do Capítulo 7 do livro


Competência administrativa na aplicação do direito tributário, de Daniel Monteiro
Peixoto. São Paulo: Quartier Latin.
• Artigo: “Significado da expressão ‘lei em tese’ no âmbito do mandado de segurança”, de
Hugo de Brito Machado, Revista Dialética de Direito Processual n. 140.
• Artigo: “Mandado de segurança em matéria tributária, definindo e inter-relacionando
conceitos fundamentais”, de Eurico Marcos Diniz de Santi e Paulo Cesar Conrado,
Revista Dialética de Direito Tributário n. 90.
• Capítulo III da dissertação de mestrado de Marcos Rogério Lyrio Pimenta: A suspensão
da exigibilidade do crédito tributário. PUC/SP.
• Capítulo 5 do livro Introdução à teoria geral do processo civil, de Paulo Cesar Conrado.
São Paulo: Max Limonad.
• Artigo: “Suspensão da exigibilidade do crédito tributário por liminar em ação cautelar”,
de José Antonio Minatel, in Problemas de processo judicial tributário, vol. III. São
Paulo: Dialética.
• Artigo: “Ingresso em parcelamento: efeitos da confissão de dívida e a possibilidade de
discutir a exigibilidade do débito parcelado”, de Edvaldo Brito, in X Congresso Nacional
de Estudos Tributários. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “A execução fiscal e as tutelas de urgência condicionadas a caução:
impossibilidade de exigência de depósito como causa suspensiva do crédito tributário no
NCPC (art. 300, §1º)”, de Rodrigo Griz, in XII Congresso Nacional de Estudos
Tributários do IBET. São Paulo: Noeses.
• CATUNDA, Camila Campos Vergueiro. Concessão de liminares em mandado de
segurança: vedações jurisprudenciais e legais. In: IX Congresso Nacional de Estudos
Tributários. São Paulo: Noeses.

Anexo I
REsp n. 843.027
DJ 20/10/2008
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IRPJ E CSSL. DEPÓSITO JUDICIAL DA
OBRIGAÇÃO PRINCIPAL ACRESCIDA DE CORREÇÃO MONETÁRIA. NÃO
CONFIGURAÇÃO DA HIPÓTESE PREVISTA NO ART. 151, II, DO CTN.
LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO SOB A ÉGIDE DE VIGÊNCIA DE MEDIDA
LIMINAR. CAUSA SUSPENSIVA DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA.
1. A sentença substitui a liminar, tornando, inclusive, prejudicado o agravo por
força da teoria da cognição adotada pelo STJ. (Precedente: REsp 673291/CE, DJ
21/03/2005)
2. A eficácia declaratória ex tunc da sentença faz retroagir a mesma ao termo da
liminar, época em que obstada a lavratura de auto de infração.
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3. Deveras, a vigência de norma proibitiva à lavratura do auto de infração, qual


seja, medida liminar suspensiva da exigibilidade do crédito (art. 151, do CTN), nulifica
o referido ato administrativo, possibilitando a expedição de certidão positiva com efeito
de negativa.
4. A tutela antecipada revela hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito
(art. 151, do CTN), por isso que dispensável o depósito.
5. Não obstante, verifica-se, in casu, que o depósito realizado é indiferente para o
deslinde da controvérsia, diante da invalidade do auto de infração, o que impede, de
per si, o prosseguimento da cobrança do crédito tributário.
6. Isto porque as causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art.
151 do CTN) impedem tão-somente a realização, pelo Fisco, de atos de cobrança, os
quais têm início exatamente com a lavratura do auto de infração. Destarte, as causas
suspensivas da exigibilidade não têm qualquer repercussão quanto à não-consecução
do lançamento, máxime por estar-se diante de ato administrativo vinculado, cujo prazo
decadencial opera-se em cinco anos.
7. O ato do lançamento não se confunde com o ato do auto de infração, ainda que
o fisco possa integrá-los no mesmo suporte físico.
8. O lançamento contém, no seu antecedente, a descrição de fato jurídico tributário
lícito, juridicizado pela regra matriz de incidência tributária, constituindo, destarte, o crédito
tributário. Ao revés, o auto de infração é cabível somente nos casos de tributos sujeitos
originariamente ao “autolançamento”, cuja regular constituição foi frustrada, por isso
trazendo, em sua hipótese, fato ilícito, vale dizer, o não pagamento da obrigação tributária
e/ou o não cumprimento da obrigação tributária instrumental, e, no seu conseqüente, o
dever de pagar multa pelo descumprimento da obrigação principal e/ou acessória, multa
de mora e demais encargos legais, como os juros e a correção monetária.
9. Consoante cediço, posteriormente ao lançamento, inicia-se o processo de
cobrança do crédito tributário, no qual estão inseridas as seguintes etapas, visando ao
efetivo recebimento do referido crédito:
a) a cobrança administrativa, que ocorrerá mediante a lavratura do auto de
infração e aplicação de multa: exigibilidade-autuação (a qual, in casu, ocorreu
simultaneamente com o lançamento, posto realizados, ambos os atos administrativos,
no mesmo documento);
b) a inscrição em dívida ativa: exigibilidade-inscrição;
c) a cobrança judicial, via execução fiscal: exigibilidade-
execução.
10. Os efeitos da suspensão da exigibilidade pela concessão de medida liminar
anteriormente ao auto de infração têm o condão de impedir a sua lavratura, assim como
de coibir o ato de inscrição em dívida ativa ou o ajuizamento da execução fiscal.
11. In casu, conquanto a autoridade fiscal tenha, no exercício de seu dever legal,
efetuado o lançamento do crédito tributário que entendia devido, o qual permanece
hígido, a lavratura do auto de infração, realizada em 18/01/99, deu-se em momento no
qual plenamente em vigor – de 04/07/97 a 21/05/99 – norma proibitiva, qual seja,
medida liminar concedida em ação cautelar incidental, tornando o referido ato de
cobrança inválido.
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12. Inexiste ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil quando o Tribunal
aprecia as questões fundamentais ao deslinde da controvérsia posta, não sendo
exigido que o julgador exaura os argumentos expendidos pelas partes, posto
incompatíveis com a solução alvitrada.
13. Recurso especial desprovido.

Anexo II
REsp n. 453.762
DJ 17/11/2003
PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
CAUSA SUSPENSIVA CONSISTENTE EM LIMINAR ANTECIPATÓRIA CONCEDIDA
EM MANDADO DE SEGURANÇA. APLICAÇÃO DO ARTIGO 151, IV, DO CTN.
1. À luz das hipóteses enumeradas no artigo 151 do CTN é possível entrever que
há causas suspensivas que antecedem à constituição do crédito tributário pelo
lançamento e outras que o encontram constituído.
2. Em qualquer caso, emitida a ordem judicial suspensiva não é lícito à Administração
Tributária proceder a qualquer atividade que afronte o comando  judicial, sob pena de
cometimento do delito de desobediência, hodiernamente consagrado e explicitado no art.
14, VI e parágrafo único Código de Processo Civil.
3. É vedado à Administração agir com desconsideração ao provimento liminar e
com desprezo pelo Poder Judiciário sob o argumento de que a decisão liminar não
corresponde ao trânsito em julgado da decisão final, porquanto esse argumento
sofismático implica negar eficácia à antecipação da tutela que é autoexecutável e
mandamental.
4. Exsurgindo a suspensão prevista no art. 151, IV, do CTN no curso do procedimento
de constituição da obrigação tributária, o que se opera é o “impedimento à constituição do
crédito tributário”.
5. O Judiciário ao sustar a exigibilidade do crédito tributário tanto pode endereçar a
sua ordem à que não se constitua o crédito, posto do seu surgimento gerar ônus ao
contribuinte até mesmo sob o ângulo da expedição de certidões necessárias ao
exercício de atividades laborais, como também vetar a sua cobrança, ainda que lançado
o tributo previamente à ordem.
6. Prosseguir na atividade constitutiva do crédito tributário, suspensa a
sua exigibilidade por força de liminar judicial, caracteriza, inequivocamente, o que
a doutrina do tema denomina de Contempt of Court, por influência anglo-saxônica,
hodiernamente verificável nos sistemas do civil law.
7. Precedente.
8. Recurso especial conhecido e improvido.

Anexo III
AgRg no Ag em RESP n. 410.492
DJ 18/03/2014
Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário

TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. DECADÊNCIA. CONSTITUIÇÃO DO


CRÉDITO. INVIABILIDADE. VEDAÇÃO CONTIDA EM LIMINAR MANDAMENTAL.
MODIFICAÇÃO. SÚMULA 7/STJ.
1. As causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do CTN)
obstam a prática de atos que visem sua cobrança, mas não impedem o lançamento,
que deve ser efetuado dentro do prazo de cinco anos.
2. Contudo, no caso dos autos, o Tribunal de origem deixou expressamente
delineado que liminar concedida em mandado de segurança vedava a atuação do
Fisco, inclusive quanto à constituição do crédito tributário. A modificação de tal
conclusão encontra óbice na Súmula 7/STJ.
Agravo regimental improvido.

Anexo IV
AgRg no REsp n. 1.454.463/RS
DJ 26/08/2014
EXECUÇÃO FISCAL. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. HIPÓTESES PREVISTAS NO ART. 151 DO CTN. PROPOSITURA DA
AÇÃO EXECUTIVA FISCAL APÓS A SUSPENSÃO. EXTINÇÃO DO FEITO. 1. A
jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que a suspensão da exigibilidade do
crédito tributário, por alguns dos motivos elencados nos incisos do art. 151 do CTN,
conduz a inviabilidade de propositura da ação executiva fiscal, quando posterior ao
fato suspensivo, ensejando a extinção do feito. Exegese do entendimento firmado no
REsp 1.140.956/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 24/11/2010,
DJe 03/12/2010. 2. A existência de qualquer das hipóteses previstas no art. 151 do
CTN tem como consequência: (I) a extinção da execução fiscal, se a causa da
suspensão ocorreu antes da propositura do feito executivo; ou (II) a suspensão da
execução, se a exigibilidade foi suspensa quando já proposta a execução. Agravo
regimental provido. Recurso especial provido.

Anexo V
TJ/SP AgRg n. 9072726-72.2007.8.26.0000/50000
DJ 05/02/2013
MANDADO DE SEGURANÇA. Consulta fiscal -- Formulação anterior à
constituição do crédito tributário. Suspensão da exigibilidade do crédito Manutenção
da segurança: Quando formulada consulta fiscal antes da constituição do crédito
tributário, suspende-se a exigência tributária, os juros e a multa até que haja resposta
administrativa. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.

Anexo VI
EREsp 215.589/RJ
DJ 05/11/2007
Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. DEPÓSITO JUDICIAL


(ART. 151, II, CTN). EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO.
CONVERSÃO EM RENDA PELO ENTE TRIBUTANTE. PRONUNCIAMENTO DA 1ª
SEÇÃO.
1. Em exame embargos de divergência opostos pelo ESTADO DO RIO DE
JANEIRO para se definir se seria possível o levantamento do depósito efetuado para
os fins do artigo 151, II, do Código Tributário Nacional no caso em que o processo é
extinto sem julgamento de mérito. O aresto embargado, originário da 2ª Turma,
Relator para acórdão o Min. Castro Meira (DJ 19/09/05), assim foi ementado:
“TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. DEPÓSITO. ART. 151, II.
SENTENÇA SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. LEVANTAMENTO. 1.
Conforme entendimento da Primeira Seção quanto ao depósito previsto no
artigo 151, “quando a sentença extingue o processo sem julgamento do
mérito, pode o depósito ser imediatamente devolvido ao contribuinte, que
fica assim privado da suspensividade, inexistindo a possibilidade de haver,
em favor da Fazenda, a conversão do depósito em renda” (EREsp
270.083/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 02/09/2002).
2. Recurso especial conhecido e provido.”
Apontou como paradigmas os seguintes julgados:
- EREsp 479.725/BA, 1ª Seção, de minha relatoria, DJU 26/09/05 (fl. 284):
“EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. TRIBUTÁRIO. AFRMM. DEPÓSITO.
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM APRECIAÇÃO DO MÉRITO.
DEPÓSITO. LEVANTAMENTO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA
SENTENÇA. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA
PROVIDOS.
1. Em exame embargos de divergência opostos para se definir se é ou não
possível o levantamento do depósito efetuado para os fins do artigo 151, II
do Código Tributário Nacional nos casos em que o processo é extinto sem
julgamento de mérito em face da ilegitimidade passiva da autoridade
apontada como coatora. A Fazenda embargante aponta a divergência entre
o acórdão embargado da relatoria do Ministro Francisco Peçanha Martins
integrante da 2ª Turma e acórdão prolatado pelo Ministro Garcia Vieira da 1ª
Turma. Divergência devidamente demonstrada, foram admitidos os
embargos para julgamento de mérito. Sem impugnação.
2. Conforme assinala o aresto paradigma: “O depósito efetuado para
suspender a exigibilidade do crédito tributário é feito também em garantia da
Fazenda e só pode ser levantado após sentença final transitada em julgado
se favorável ao contribuinte”. O artigo 32 da Lei n.º 6830 de 22. 09. 1980
estabelece como requisito para levantamento do depósito judicial o trânsito
em julgado da decisão. O aguardo do trânsito em julgado da decisão para
possibilitar o levantamento do depósito judicial está fulcrado na possibilidade
de conversão em renda em favor da Fazenda Nacional.
3. O cumprimento da obrigação tributária só pode ser excluída por força de
lei ou suspensa de acordo com o que determina o art. 151 do CTN. Fora
desse contexto o contribuinte está obrigado a recolher o tributo. No caso
Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário

de o devedor pretender discutir a obrigação tributária em juízo, permite a


lei que faça o depósito integral da quantia devida para que seja suspensa a
exigibilidade. Se a ação intentada, por qualquer motivo, resultar sem êxito,
deve o depósito ser convertido em renda da Fazenda Pública. É essa a
interpretação que deve prevalecer. O depósito é simples garantia
impeditiva do fisco para agilizar a cobrança judicial da dívida, em face da
instauração em juízo de litígio sobre a legalidade da sua exigência. Extinto
o processo sem exame do mérito contra o contribuinte, têm-se uma
decisão desfavorável. O passo seguinte, após o trânsito em julgado, é o
recolhimento do tributo.
4. Embargos de divergência providos.”

- REsp 553.541/CE, 1ª Turma, de minha relatoria, julg. 16/12/03 (fl. 296):

“TRIBUTÁRIO. DEPÓSITO JUDICIAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM


JULGAMENTO DO MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE DO CONTRIBUINTE
EFETUAR O LEVANTAMENTO. CONVERSÃO DO DEPÓSITO EM
RENDA.
1. A extinção do mandado de segurança sem julgamento de mérito não
impede que o valor do depósito judicial efetuado pelo contribuinte para
suspender a exigibilidade fiscal enquanto perdurar a discussão da lide seja
convertido em renda da Fazenda Pública.
2. A exigência de cumprimento da obrigação tributária só pode ser suspensa
por lei. O contribuinte, sem causa legal em sentido contrário, está obrigado
ao pagamento do tributo. 3. Precedentes: Resp 490641/PR, Rel. Min. Luiz
Fux, DJ de 03.11.2003, p. 254; Resp 163045/SP, Rel. Min. Hélio Mosimann,
DJ de 9.11.98, p. 74; Resp 251350/SP, Rel. Min. Humberto Gomes de
Barros, DJ 12.03.2001, pg. 97; Resp 227.958, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ
7/2/2000; Resp 258752/SP, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ de 25.02.2002,
p. 218.”

- AgRgREsp 660.203/RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJU 04/04/05 (fl.
306):
“TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. DEPÓSITO JUDICIAL DO VALOR
DO TRIBUTO. NATUREZA. EFEITOS. LEVANTAMENTO, PELO
CONTRIBUINTE, CONDICIONADO AO TRÂNSITO EM JULGADO DE
SENTENÇA DE MÉRITO EM SEU FAVOR. PRECEDENTES.
1. O depósito do montante integral, na forma do art. 151, II, do CTN,
constituiu modo, posto à disposição do contribuinte, para suspender a
exigibilidade do crédito tributário. Porém, uma vez realizado, o depósito
opera imediatamente o efeito a que se destina, inibindo, assim, qualquer ato
do Fisco tendente a haver o pagamento. Sob esse aspecto, tem função
assemelhada à da penhora realizada na execução fiscal, que também tem o
efeito de suspender os atos executivos enquanto não decididos os
embargos do devedor.
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2. O direito - ou faculdade - atribuído ao contribuinte, de efetuar o depósito


judicial do valor do tributo questionado, não importa o direito e nem a
faculdade de, a seu critério, retirar a garantia dada, notadamente porque,
suspendendo a exigibilidade do crédito tributário, ela operou, contra o réu,
os efeitos próprios de impedi-lo de tomar qualquer providência no sentido de
cobrar o tributo ou mesmo de, por outra forma, garanti-lo.
3. As causas de extinção do processo sem julgamento do mérito são
invariavelmente imputáveis ao autor da ação, nunca ao réu. Admitir que, em
tais casos, o autor é que deve levantar o depósito judicial, significaria dar-lhe
o comando sobre o destino da garantia que ofereceu, o que importaria retirar
do depósito a substância fiduciária que lhe é própria.
4. Assim, ressalvadas as óbvias situações em que a pessoa de direito
público não é parte na relação de direito material questionada – e que,
portanto, não é parte legítima para figurar no processo – o depósito judicial
somente poderá ser levantado pelo contribuinte que, no mérito, se consagrar
vencedor. Nos demais casos, extinto o processo sem julgamento de mérito,
o depósito se converte em renda.
5. Agravo regimental provido.”

Impugnação pela parte adversa defendendo a manutenção do aresto embargado.


2. A questão em exame já foi enfrentada em diversas ocasiões nesta Corte, tendo a
1ª Seção, por ocasião do julgamento dos EREsp 479.725/BA, de minha relatoria, DJU
26/09/05, pronunciado-se na mesma linha dos arestos paradigmas, ou seja, de que o
depósito judicial efetuado para suspender a exigibilidade do crédito tributário é feito
também em garantia da Fazenda e só pode ser levantado pelo depositante após
sentença final transitada em julgado em seu favor, nos termos do consignado no art. 32
da Lei 6.830/80.
3. O cumprimento da obrigação tributária só pode ser excluída por força de lei ou
suspensa de acordo com o que determina o art. 151 do CTN. Fora desse contexto o
contribuinte está obrigado a recolher o tributo. No caso de o devedor pretender discutir a
obrigação tributária em juízo, permite a lei que faça o depósito integral da quantia devida
para que seja suspensa a exigibilidade. Se a ação intentada, por qualquer motivo,
resultar sem êxito, deve o depósito ser convertido em renda da Fazenda Pública. É essa
a interpretação que deve prevalecer. O depósito é simples garantia impeditiva do fisco
para agilizar a cobrança judicial da dívida, em face da instauração de litígio sobre a
legalidade da sua exigência. Extinto o processo sem exame do mérito contra o
contribuinte, têm-se uma decisão desfavorável. O passo seguinte, após o trânsito em
julgado, é o recolhimento do tributo.
4. Precedentes: EREsp 479.725/BA, de minha relatoria, DJU 26/09/05; Resp
273.860/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 13/03/06; Resp 490.641/PR, Rel.
Min. Luiz Fux, DJ de 03/11/2003; Resp 258.752/SP, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ de
25/02/2002; Resp 251.350/SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de
12/03/2001; Resp 227.958, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ 7/2/2000; Resp 163.045/SP, Rel.
Min. Hélio Mosiman, DJ de 09/11/98.
5. Embargos de divergência providos.
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Anexo VII
AgRg no AREsp n. 183.378/SP
Julgamento: 18/12/2012
MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR CONCEDIDA MAS SEGURANÇA
DENEGADA EM SEDE DE SENTENÇA. APELAÇÃO. EFEITO SUSPENSIVO.
EXCEPCIONALIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS AUTORIZADORAS PRESENTES NO
CASO EM CONCRETO. ANÁLISE DE FATOS E PROVAS. INVIABILIDADE EM SEDE
DE RECURSO ESPECIAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. PRECEDENTES.
1. Não há que se falar na violação ao art. 557 do CPC alegada pela União, tendo
em vista a presença de jurisprudência no sentido alcançado pela decisão agravada.
Ainda que assim não fosse, é de se ressaltar que fica superada eventual ofensa ao art.
557 do Código de Processo Civil pelo julgamento colegiado do agravo regimental
interposto contra a decisão singular do Relator. Precedentes.
2. A jurisprudência deste Sodalício orienta pela possibilidade de ser concedido
duplo efeito à apelação interposta em face de decisão que denegou a segurança –
restabelecendo-se a liminar anteriormente deferida – quando presentes circunstâncias
peculiares na espécie que autorizem a tomada dessa providência excepcional. Neste
sentido, os precedentes: AgRg no AREsp 113.207/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,
SEGUNDA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 03/08/2012; AgRg no RESp
687.040/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
02/12/2008, DJE 13/03/2009; REsp 787051/PA, Rel. Ministra ELIANA CALMON,
SEGUNDA TURMA, julgado em 03.08.2006, DJ 17.08.2006 p. 345.
3. No caso em tela, conforme já consignado na decisão agravada, a partir dos
elementos fáticos e probatórios constantes dos autos – documentos constantes às fls.
279/289 dos autos -, foram identificados elementos pelo Tribunal a quo elementos
suficientes para a concessão de efeito suspensivo à apelação, razão pela qual o
revolvimento destes elementos, na via recursal eleita, é inviável a teor da Súmula
7/STJ.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.

Anexo VIII
AgRg no REsp n. 839.962/MG
DJe 16/04/2010
TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. FINSOCIAL. MANDADO DE SEGURANÇA.
LIMINAR. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. SEGURANÇA DENEGADA.
PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO NO PRAZO DO ART. 63, § 2º, DA LEI N.
9.430/96. AFASTAMENTO DOS JUROS E MULTA DE MORA EM RELAÇÃO AO
PERÍODO EM QUE A LIMINAR VIGEU.
1. A Corte de origem entendeu que não incidem multa nem juros moratórios em
relação ao período em que o crédito tributário esteve com sua exigibilidade suspensa,
por força de liminar concedida em mandado de segurança, posteriormente cassada
por ocasião da sentença.
Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário

2. O julgado está amparado no art. 63, § 2º, da Lei n. 9.430/96, que dispõe: “a
interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência
da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da
publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição”.
3. É de rigor a incidência da regra, para afastar a cobrança dos juros e da multa
de mora em desfavor do contribuinte, nestes casos. Precedente da Turma no AgRg no
REsp 1005599/MG, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 13/06/2008.

Anexo IX
EREsp n. 839.962/MG
DJe 24/04/2013
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM
RECURSO ESPECIAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE
NO PERÍODO DE VIGÊNCIA DE LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS
DE MORA. INCIDÊNCIA. EMBARGOS ACOLHIDOS.
1. Divergência jurisprudencial configurada entre acórdãos da Primeira e Segunda
Turmas no tocante à possibilidade de incidência de juros de mora sobre o tributo
devido no período compreendido entre a decisão que concede liminar em mandado de
segurança e a denegação da ordem.
2. “Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do
agravo dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da
decisão contrária” (Súmula 405/STF).
3. “A multa moratória pune o descumprimento da norma tributária que determina o
pagamento do tributo no vencimento. Constitui, pois, penalidade cominada para
desestimular o atraso nos recolhimentos. Já os juros moratórios, diferentemente,
compensam a falta da disponibilidade dos recursos pelo sujeito ativo pelo período
correspondente ao atraso” (Leandro Paulsen, Direito tributário: Constituição e Código
Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 12ª ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado Editora ESMAFE, 2012, p. 1.105).
4. O art. 63, caput e § 2º, da Lei 9.430/96 afasta tão somente a incidência de
multa de ofício no lançamento tributário destinado a prevenir a decadência na hipótese
em que o crédito tributário estiver com sua exigibilidade suspensa por força de medida
liminar concedida em mandado de segurança ou em outra ação ou de tutela
antecipada.
5. No período compreendido entre a concessão de medida liminar e a denegação
da ordem incide correção monetária e juros de mora ou a Taxa SELIC, se for o caso.
Afastada a imposição de multa de ofício.
6. Embargos de divergência acolhidos.

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