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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

O sistema nacional de educação e a disciplina de geografia em Moçambique

MARTA JÕAO TOMÁS

DIDATICA

LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

Chimoio, Abril de 2023


INSTITUTO SUPERIOR MUTASA
DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

Manual de apoio

DOCENTE:

REALIZADO POR:
MARTA JÕAO TOMÁS

LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

Chimoio, Abril de 2023

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Contents
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.......................................................................................................3

1. Introdução.................................................................................................................................3

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.........................................................................4

CAPÍTULO III: CONCLUSÃO E REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................11

Referências Bibliográficas.........................................................................................................12

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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1. Introdução

Entende-se por currículo nacional a existência de um plano de estudos e programas de ensino,


concebidos e definidos pelas autoridades educativas centrais e de cumprimento obrigatório em
todo o sistema público de escolas. Entende-se por sistema público, o conjunto das escolas na
dependência directa da administração pública central e local. O plano de estudos e os programas
de ensino podem incluir não só as finalidades e os objectivos educacionais, mas também listas de
conteúdos e competências e sugestões metodológicas. O grau de flexibilidade na gestão dos
programas de ensino vária consoante o nível de centralização do sistema. Quanto maior é a
centralização do sistema menor costuma ser a flexibilidade na gestão dos programas. A
flexibilidade na gestão dos programas vai da simples adaptação dos programas aos contextos
locais até à diferenciação curricular, no sentido de dar respostas diversificadas às diferentes
populações escolares.

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CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Sistema Nacional de Educação (SNE) foi estabelecido em 1983 no intuito de proporcionar


educação para todos em Moçambique, bem como de romper com o sistema educacional herdado
do colonialismo. Desde então sofreu algumas alterações com vista a se adequar às novas
exigências no país, tendo sido alterado em 1992 com a introdução da Lei 6/92 de 6 de Maio.
O Sistema Educativo actual tem 3 subsistemas: ensino pré-escolar, ensino escolar e ensino extra-
escolar.

1. Ensino pré-escolar
O ensino pré-escolar é actualmente oferecido por creches e escolinhas do Ministério da Mulher e
Acção Social (MMAS), das organizações não-governamentais ou comunitárias e pelo sector
privado. Este subsistema, coordenado pelo MMAS, divide-se em dois níveis: o nível das creches,
que cobre as crianças dos 0 aos 2 anos, e o nível dos jardins-de-infância que atende crianças
entre os 2 e os 5 anos. A frequência é facultativa.

2. Ensino escolar
O ensino escolar compreende:
O Ensino Geral;
O Ensino Técnico-Profissional e;
O Ensino Superior.

O Ensino Geral
O ensino geral é caracterizado por:
 Ser o eixo central do sistema nacional de educação e confere a formação integral e
politécnica;
 Os níveis e conteúdos deste ensino constituem ponto de referência para todo o sistema de
educação;
 Compreende dois níveis: primário e secundário;
 E é frequentado em princípio, a partir do ano lectivo em que as crianças completam seis
anos.

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a) Ensino Primário
O Ensino Primário público é gratuito e está dividido em dois graus: o Ensino Primário do 1º grau
(EP1, da 1ª à 5ª classe) e o Ensino Primário do 2º grau (EP2, 6ª e 7ª classes).

Com a introdução do novo currículo em 2004, este ensino foi estruturado em 3 ciclos de
aprendizagem numa perspectiva de oferecer um ensino básico de sete anos para todos: o 1º ciclo
(1ª e 2ª classes), o 2º ciclo (3ª à 5ª classe) e o 3º ciclo (6ª e 7ª classes). A idade oficial de ingresso
na 1a classe é de seis anos, completados no ano de ingresso.

As escolas primárias funcionam normalmente em dois turnos de 6 tempos lectivos (45 minutos
por tempo lectivo), um de manhã e outro à tarde. Para acomodar a expansão do sistema, algumas
escolas primárias, principalmente nas cidades, funcionam em três turnos de 5 tempos lectivos (40
minutos). Algumas escolas leccionam também o EP2 no turno nocturno, mas esta situação tende
a diminuir. Menos de 2% dos alunos frequentam o ensino primário em escolas privadas ou
comunitárias.

Depois de concluir o Ensino Primário, os alunos podem continuar os seus estudos no Ensino
Secundário Geral ou no Ensino Técnico-Profissional de nível básico.

b) O Ensino Secundário Geral

O Ensino Secundário Geral tem dois ciclos: o primeiro compreende a 8ª, 9ª e 10ª classe. Depois
de completar este nível de ensino, o aluno pode continuar os seus estudos no segundo ciclo do
ensino geral (11ª e 12ª classes) que antecede a entrada no Ensino Superior.

O Ensino Secundário Geral não é gratuito, havendo cobrança de propinas. Não há exames de
admissão. Para responder à grande procura de lugares no ensino secundário, este nível de ensino
opera com turnos nocturnos, principalmente para os alunos mais velhos (com mais de 15 anos).
Além disso, estão a surgir muitas escolas privadas neste nível de ensino, particularmente nas

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cidades. Em 2011, estas escolas privadas eram frequentadas por 10% do total de alunos do
ensino secundário. Recentemente, o MINED introduziu um programa de Ensino Secundário
Geral à distância cuja cobertura é ainda limitada.

Ensino Técnico-Profissional
O Ensino Técnico-Profissional estrutura-se neste momento em dois níveis: o nível básico e o
nível médio, ambos com a duração de três anos, e é organizado por ramos: comercial, industrial e
agrícola.
O critério mínimo de ingresso é a conclusão da 7ª classe para o nível básico, e, para o nível
médio, a conclusão da 10ª classe do Ensino Secundário Geral ou do 3º ano do nível básico do
Ensino Técnico-Profissional. Este nível de educação não é gratuito, havendo cobrança de
propinas.O Ensino Técnico-Profissional está numa fase de reforma, com enfoque na introdução
de um sistema educativo modular, seja ao nível básico, seja ao nível médio, que vai resultar em
diferentes tipos de certificados.

Ensino superior
De acordo com a LEI Nº 27/2009, DE 29 DE SETEMBRO:

a) O ensino superior é um subsistema do Sistema Nacional de Educação e compreende os


diferentes tipos e processos de ensino e aprendizagem proporcionados por
estabelecimentos de ensino pós-secundário, autorizados a constituírem-se como
instituições de ensino superior pelas autoridades competentes, cujo acesso está
condicionado ao preenchimento de requisitos específicos.

b) O subsistema de ensino superior estrutura-se por forma a permitir a mobilidade dos


discentes entre os vários cursos e instituições.

I. Definição e classificação

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a) As instituições de ensino superior são pessoas colectivas de direito público ou privado,
com personalidade jurídica, que gozam de autonomia científica e pedagógica,
administrativa, disciplinar, financeira e patrimonial, e se
b) classificam consoante a sua missão ou tipo de propriedade e financiamento.

c) Para o efeito do disposto no número anterior, gozam de autonomia financeira as


instituições de ensino superior públicas nos termos da Lei do Sistema de Administração
Financeira do Estado.

d) As instituições de ensino superior públicas são aquelas cuja fonte principal de receita é o
Orçamento de Estado e são por este supervisionadas.

e) As instituições de ensino superior privadas são as instituições pertencentes a pessoas


colectivas privadas ou mistas, cujas fontes principais de receita são privadas, podendo-se
classificar em lucrativas e não lucrativas e revestir a forma de associação, fundação,
sociedade comercial ou cooperativa.

II. Tipos de instituições

As instituições de ensino superior e suas unidades orgânicas classificam-se, consoante a sua


missão, em:

a) Universidades: instituições que dispõem de capacidade humana e material para o ensino,


investigação científica e extensão em vários domínios do conhecimento, proporcionando
uma formação teórica e académica, estando autorizadas a conferir graus e diplomas
académicos;

b) Institutos Superiores: instituições especializadas filiadas ou não a uma universidade, que


se dedicam à formação e investigação no domínio das ciências e da tecnologia ou das
profissões, bem como à extensão e que estão autorizadas a conferir graus e diplomas
académicos;

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c) Escolas Superiores: instituições de ensino superior filiadas ou não a uma universidade, a
um instituto superior ou a uma academia, que se dedicam ao ensino num determinado
ramo do conhecimento e à extensão e que estão autorizadas a conferir graus e diplomas
académicos;

d) Institutos Superiores Politécnicos: instituições de ensino superior filiadas ou não a uma


universidade, que oferecem estudos gerais ou uma formação profissional e que estão
autorizadas a conferir certificados e todos os graus académicos, excluindo o de Doutor,
reservando-se a atribuição de graus de pós-graduação aos institutos politécnicos filiados;

e) Academias: instituições de ensino superior que se dedicam ao ensino em áreas


específicas, nomeadamente, as artes, a literatura, habilidades técnicas tais como as
militares e policiais, a formação especializada e o comércio, estando autorizadas a
conferir graus e diplomas académicos;

f) Faculdades: unidades académicas primárias de uma universidade ou de um instituto


superior que se ocupam do ensino, investigação, extensão e aprendizagem num
determinado ramo do saber, envolvendo a interacção de vários departamentos académicos
e a provisão de ensino conducente à obtenção de um grau ou diploma.

Ensino extra-escolar
Para além do Ensino geral, Ensino Técnico-Profissional e Ensino Superior, a Lei 6/92 considera
o Ensino Especial, o Ensino Vocacional, o Ensino de Adultos, o Ensino à Distância e a Formação
dos Professores como modalidades especiais que, sendo parte integrante do ensino escolar,
regem-se por disposições especiais e podem envolver outros ministérios (por exemplo o MMAS,
no caso de Ensino Especial).
O ensino extra-escolar tem como objectivo permitir a cada indivíduo aumentar o seu
conhecimentos e desenvolver as suas potencialidades, em completo da formação escolar ou em
suprimento da sua carência.

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O ensino integra-se numa perspectiva de ensino permanente e visa a globalidade e a continuidade
da acção educativa.

Ensino de Geografia em Moçambique


O Ensino de Geografia que em Moçambique está inserido na disciplina de Ciências
Sociais em conjunto com História, Sociologia e Filosofia, e possui grandes desafios uma vez que
se trata de um conjunto de conteúdo extremamente relacionados com o ambiente de vivencia dos
alunos, assim como a análise e compreensão de processos, sociais, culturais, econômicos e, nesse
caso, linguísticos.
A educação bilíngue pode contribuir com o professor de Geografia nos processos de
mediação e construção de conhecimentos, uma vez que, trabalhar os conteúdos locais e de
vivencia dos alunos, na sua língua materna potencializará de forma significativa nos processos de
Ensino-Aprendizagem.
O esboço curricular da Geografia vem engendrando uma ordem funcional, disciplinar e
fragmentária na sociedade. Em geral, essa situação produz uma redução na forma de ver e
compreender o mundo, haja vista que os diversos conteúdos da escola organicista não se
articulam entre si, produzindo efeitos perversos na dimensão sócio-cultural.
Essa situação, desde a origem dessa ciência, no século XIX, tem contribuído ao distanciamento
contextual da relação tempo / espaço na dimensão do próximo e/ou longínquo, pelos sujeitos na
vida quotidiana. Desta feita, no processo educativo não se permite espaço e tempo para acção
reflexão-acção, assegurando junto à maioria dos indivíduos, uma expressão mnemónica por
excelência. A tarefa da educação geográfica, na rede pública e privada de ensino, prescreve como
eixo central a desigual distribuição dos saberes.
A Geografia escolar tem um papel ideológico. Por isso, não cabe a ideia da neutralidade
científica; se, de um lado, essa disciplina contribuiu para reprodução da dominação, por outro
lado, as práticas educativas demonstraram e demonstram lutas concretas dos educadores dessa
área pela melhoria do ensino público.
A Geografia é uma ciência que tem por objecto de estudo o espaço; não o espaço
cartesiano, mas o espaço produzido através das relações entre o homem e o meio, envolvendo
aspectos dialécticos e fenomenológicos. Para Vidal de La Blache Geografia é a Ciência dos

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Lugares, já Hartshorne diz ser a ciência da diferenciação de áreas. A concepção dialéctica do
espaço geográfico entende que a natureza humanizada influencia e é influenciada pela sociedade
que produz e reproduz o seu espaço.
Uma definição simples poderia ser Geografia é o estudo da superfície terrestre e a
distribuição espacial de fenómenos geográficos, frutos da relação recíproca entre homem e meio.
No estudo da Geografia na escola, o aluno torna se mais crítico e consciente do seu papel
na sociedade. Ele passa a questionar a maneira pela qual o espaço geográfico é utilizado em
favor de alguns em detrimento de muitos e passa a lutar por melhoria para si mesmo e para os
seus semelhantes.
Eis a razão da necessidade de se enquadrar as novas tendências didáctico-metodologicas
no ensino da Geografia no contexto do (EB e ESG) em Moçambique. Desta maneira teríamos um
aluno munido de conhecimento actualizados sobre o que de facto e o espaço visto que os
conceitos mudam com o passar do tempo.
Ao conduzir o aluno a conhecer e reflectir sobre seu meio físico, as interacções entre esse
meio e seus habitantes, as relações estabelecidas entre todos os sujeitos desse processo de
interacção e as consequências dessas relações e interacções, a disciplina de geografia ajuda na
construção de um indivíduo consciente de seu papel e sujeito de suas acções no mundo.
Entretanto não se pode deixar de levar em conta que, a profunda estratificação social e a
injusta distribuição de renda funcionam como um entrave para que uma parte considerável da
população possa fazer valer os seus direitos e interesses fundamentais.

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CAPÍTULO III: CONCLUSÃO E REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

Considerações Finais
Entretanto, o ensino de Geografia, tanto no campo, quanto na cidade precisa ir além da
troca de materiais e manuais didáctico-pedagógicos. É preciso obter informações que permitam
compreender as crianças nos aspectos relativos à educação na cidade e no campo e,
principalmente, sobre o seu desenvolvimento cognitivo, psicológico, percepção do espaço e
padrão de linguagem. De uma maneira geral, os manuais didácticos e programas de ensino de
Geografia retratam uma realidade estereotipada, que nada tem a ver com a realidade social e
cultural dos alunos.
Os manuais tradicionais não enfatizam a compreensão do saber geográfico historicamente
acumulado, dificultando a visão da Geografia real, vivenciada no seu quotidiano e tão necessária
para melhorar as relações entre o homem e a natureza. A constituição literária e mercadológica
desses manuais se dinamizam constantemente através dos órgãos governamentais, os quais
reforçam a ideologia da indústria cultural.
O conhecimento do conteúdo geográfico precisa ser repassado de forma apropriada, de
maneira que reproduza os conhecimentos construídos culturalmente pela humanidade,
redefinindo possibilidades de reconstrução contínua pelo aluno e pelo professor, no quotidiano
da sala de aula. A análise de confronto entre a antiguidade e a modernidade não se reduz à
proposição de soluções pedagógicas, nem tão pouco geográficas, com um discurso ingénuo em
defesa das classes sociais menos favorecidas, mas recupera a condição de docentes interventores,
em um espaço legítimo de transformação social: a escola.

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Referências Bibliográficas
CAVALCANTI, L. S. (2005). Cotidiano, mediação pedagógica e formação de conceitos: uma
contribuição de Vygotsky ao ensino de geografia. Ed. Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66,
p.185-207, maio/ago.
MOÇAMBIQUE. Plano Curricular do Ensino Básico.Ministério da Educação e
Desenvolvimento
Humano. Disponível em: http://www.mined.gov.mz/DN/DINEP/Pages/Plano-Curricular-
doEnsino-B%C3%A1sico.aspx. Acesso: 11/04/2023.
UEM. (2001). Reforma Curricular do Curso de Geografia. Maputo.
THOMPSON, Rachael E. (2000). O Ensino secundário e os desafios da educação no Século XXI
em Moçambique. UP-UNESCO. (Não publicado)
ZODOROV, Kamil et al. (1990). Geografia Sócio-Económica no Sistema de Ciências – texto de
apoio. Maputo: INDE/Editora Escolar.

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