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O SNE de Moçambique teve sua primeira versão publicada em 23 de Março de 1983, assinada
pelo ex-presidente da república Samora Moisés Machel, através da lei 04/83. A segunda versão
foi publicada em 06 de Maio de 1992, assinada pelo ex-presidente da república, Joaquim
Alberto Chissano, através da lei 06/92, alterando a versão anterior.
A primeira versão do SNE determinava que as crianças moçambicanas que completassem sete
(07) anos de idade, obrigatoriamente, deveriam ser matriculadas na 1ª Classe. Na segunda
versão, a idade para que as crianças ingressem no ensino obrigatório passou de sete para seis
anos.
a) Ensino pré-escolar
Estamos a falar do ensino que é frequentado antes do ensino geral, que é realizado em creches
por exemplo. Este ensino tem o objectivo de preparar as crianças com algumas bases antes de
entrar na 1ªClasse, como sabe contar, saber escrever o próprio nome, etc. Ingressam nesse
ensino, crianças com idade inferior a 06 anos.
b) Ensino Escolar
Este ensino tem também suas modalidades (ensino geral; ensino técnico- profissional e ensino
superior).
Ensino geral é o eixo central do SNE e compreende dois níveis, sendo frequentado a partir do
ano lectivo em que completam seis anos.
Nível Primário: prepara os alunos para o acesso ao ensino secundário e compreende as sete
(07) primeiras classes, subdivididas em dois graus, Proporcionando uma formação básica nas
áreas da comunicação, das ciências matemáticas, das ciências naturais e sociais, da educação
física, estética e cultural, transmitindo conhecimentos de técnicas e desenvolvendo aptidões de
trabalho manual, atitudes e convicções que propiciem o ingresso na vida produtiva,
proporcionando uma formação básica da personalidade do individuo.
Nível Secundário: compreende cinco classes e subdivide-se em dois ciclos, tendo como
objetivo consolidar, ampliar e aprofundar os conhecimentos dos alunos.
Antes, o ensino secundário era compreendido apenas por três classes: 8ª, 9ª e 10ª. Sendo
frequentado por jovens de 14 aos 17 anos.
c) Ensino técnico-profissional
Constitui O principal elemento para a formação profissional, compreendendo os seguintes níveis:
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Elementar: Qualifica os jovens, formando trabalhadores nos setores econômicos e sociais. Para
o ingresso neste tipo de ensino, é necessário no mínimo o 1⁰ grau do ensino primário
Médio: forma técnicos para os setores econômicos e sociais, dependendo do respectivo perfil
profissional. Para ingresso neste nível de ensino, é necessário no mínimo a conclusão do 1⁰ ciclo
do ensino secundário geral ou do ensino básico técnico-profissional.
Ensino superior: tem a competência de assegurar a formação de nível mais elevado de técnicos
e especialistas nos diversos domínios do conhecimento cientifico necessários ao
desenvolvimento do pais, realizando uma estreita ligação com a investigação cientifica,
destinando-se aos graduados com a 12ª classe do ensino geral ou equivalente. É realizado em
universidades, institutos superiores, escolas superiores e academias.
O estado garante bolsas de estudos com cotas e outras formas de apoio para as classes de menor
rendimento econômico, permitindo assim a frequência do ensino superior de forma a atenuar os
efeitos discriminatórios decorrentes das desigualdades econômicas e regionais. Além disso, o
ensino superior confere o grau de bacharel ou licenciado, mestre e doutor.
Ensino especial: consiste na educação de crianças com deficiências físicas, sensórias e mentais
ou de difícil enquadramento escolar. Esta modalidade de ensino é realizada em classes especiais
dentro das escolas regulares. Crianças com múltiplas deficiências, ou graves, recebem uma
educação adaptada às suas capacidades por meio do ensino extra-escolar.
Ensino de adultos: voltado para aqueles que não se encontram na idade normal de frequência
dos ensinos geral e técnico-profissional. Também se destina aqueles que não tiveram
oportunidades de estudo. Tem acesso a esta modalidade os indivíduos: ao nível do ensino
primário, a partir dos 15 anos e ao nível do ensino secundário, a partir dos 18 anos. Atribuindo
diplomas e certificados conferidos pelo ensino regular. Quem define as formas de avaliação é o
Ministério da educação.
Ensino à distancia: constitui não só a forma complementar do ensino regular, mas também uma
modalidade alternativa do ensino escolar. Tem a particular incidência no ensino de adultos e na
formação continua de professores.
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Ensino extra-escolar
2.2.Ensino Primário
O Ensino Primário é o eixo do sistema educativo. Este carácter decorre do papel que o ensino
primário joga no processo da socialização das crianças, na transmissão dos conhecimentos
fundamentais como a leitura, a escrita e o cálculo, e de experiências e valores comummente
aceites na nossa sociedade. A educação das crianças no nível primário é, por isso mesmo,
crucial para o seu desenvolvimento posterior.
Para a realização dos objectivos globais enunciados para o Ensino Primário, serão levadas a
cabo as seguintes acções estratégicas:
Melhoramento das condições materiais das escolas;
Melhoria das qualificações e da competência profissional do corpo docente;
Produção do livro e outro material básico escolar;
Envolvimento dos pais e da comunidade em geral na gestão das escolas.
a) Acessibilidade e Equidade.
Para o reforço do aumento do acesso a este nível de ensino serão consideradas as estratégias que
se seguem:
Aumento do acesso e da acessibilidade focalizando as disparidades do género, entre as
províncias;
Introdução progressiva da promoção automática no EP1.
Criação progressiva de condições nas escolas primárias incompletas para leccionarem as 5
classes do EP1, tornando-as assim completas de 5 classes.
Promoção do desenvolvimento das escolas privadas;
Encorajamento da utilização dos meios de comunicação social tais como a televisão, o
vídeo, a rádio, para aumentar o acesso ao ensino.
As necessidades em novas salas de aulas para o ensino primário (EP1 e EP2) estão estimadas
em cerca de 9.500 (7.500 para o EP1 e 2.000 para o EP2) até ao ano 2000. Nas condições
actuais da economia moçambicana, estes montantes vão exigir esforços enormes por parte do
Governo.
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b) Sobre a reforma curricular e avaliação.
Medidas mais específicas, no âmbito da formação inicial de professores, incluem as acções que
se seguem:
Introdução do modelo definitivo da formação inicial de professores primários (10ª +2) e
implementação de um sistema de acompanhamento eficaz após a formação.
Início da formação de professores para o ensino especial.
Elaboração de critérios de selecção e de um programa de formação para os directores das
escolas primárias.
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d) Livro escolar e outros materiais de ensino.
2.2.3.5. Financiamento
Com vista a alcançar uma cobertura progressiva da população escolarizável do ensino Primário, o
Estado deverá ser a fonte principal do financiamento deste nível de ensino. O reforço dos recursos
públicos a alocar ao Ensino Primário, constitui uma das condições indispensáveis para a introdução
da escolaridade obrigatória.
2.3.1.Política geral
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O ensino secundário geral tem como objectivo fundamental ampliar e consolidar os
conhecimentos adquiridos no ensino primário, tendo em vista o ingresso no ensino superior ou a
participação em actividades produtivas.
O equilíbrio de participação escolar, entre rapazes e raparigas, deverá estar no centro das
políticas de elevação do acesso e melhoria da qualidade da educação.
2.3.3.1.Expansão do acesso
a) Os Cenários
b) Acessibilidade e Equidade
Haverá que tomar medidas globais, que estimulem o acesso das raparigas ao Ensino Técnico e,
de modo particular, às especialidades tradicionalmente “reservadas” para o sexo masculino.
Os incentivos materiais, visando a promoção do acesso das raparigas, incluem apoios indirectos
às famílias, com vista a aliviá-las da carga do trabalho doméstico e do custo de oportunidade
que isso representa, bem como a concessão de apoio directo às alunas mais necessitadas sob
forma de bolsas de estudo, isenção de propinas e atribuição do livro e material escolar.
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2.3.3.2. Melhoria da Qualidade e Relevância
No âmbito do livro escolar, serão desenvolvidos esforços para garantir a produção e distribuição
dos livros adoptados para professores e alunos.
As bibliotecas escolares deverão ser dotadas de acervos bibliográficos, com títulos de cultura
geral, tendo em vista o aumento do horizonte dos alunos.
f) Financiamento
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Adicionalmente, os pais e as comunidades em geral, deverão continuar comparticipar nas
despesas da educação, bem assim na formação de corpos de gestão das escolas.
a) Os Cenários
Assume-se que o Ensino Técnico Profissional tem um carácter terminal devendo, por
conseguinte, desenvolver políticas que priorizem a qualidade e a relevância da formação
profissional.
b) Acessibilidade e equidade
Para permitir o acesso aos cursos técnicos a um número mais significativo de candidatos, serão
desenvolvidos e adoptados modelos alternativos ao ensino formal e de longa duração,
nomeadamente:
Formação modular, partindo de troncos comuns a várias áreas do mesmo ramo de formação;
Cursos profissionalizantes com a duração máxima de dois anos,
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A participação da rapariga nos cursos técnicos é baixa, portanto, haverá que tomar medidas
globais, que estimulem o acesso das raparigas ao Ensino Técnico e, de modo particular, às
especialidades tradicionalmente “reservadas” para o sexo masculino.
Serão levadas a cabo acções que visem a reabilitação das escolas e seu apetrechamento em
mobiliário, equipamento e outros materiais para as oficinas e laboratórios.
Para garantir a boa preparação teórica e prática dos graduados, o corpo docente para as escolas e
institutos técnico deverá ser constituído, maioritariamente, por técnicos com formação e
experiência profissional sólidas nas respectivas áreas de especialidade.
c) Financiamento
Ao Ensino Superior compete assegurar a formação, a nível mais alto, de técnicos e especialistas,
nos diversos domínios do conhecimento científico, necessários ao desenvolvimento do país e
realiza-se em estreita ligação com a investigação científica.
As políticas de desenvolvimento do ensino superior a médio prazo, priorizarão a expansão do
acesso e a melhoria da qualidade do ensino. A expansão do ensino superior observará, nunca
podendo pôr em causa, a melhoria da qualidade do ensino.
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Incentivar a investigação científica e tecnológica como meio de formação dos
estudantes;
Difundir actividades de extensão, principalmente através do intercâmbio de
conhecimentos técnico-científicos;
Desenvolver acções de pós-graduação tendentes ao aperfeiçoamento científico e técnico
dos docentes e dos profissionais de nível superior em serviço nos vários ramos e sectores
de actividade.
Serão desenvolvidas as acções que se seguem para alcançar a melhoria da qualidade do ensino e
sua relevância:
Aumento da eficiência do processo de ensino e de aprendizagem.
Serão melhoradas as condições de ensino e aprendizagem.
Melhoria das condições de vida dos estudantes.
Cooperação regional e internacional com outras instituições de ensino superior.
2.5.3.3. Financiamento
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Estabelecimento do princípio da comparticipação do sector produtivo no financiamento
do ensino superior.
Alterar o sistema real nas direcções que o experimento modelo mostrou que levarão a melhoria
de desempenho. Ou seja criar umas modificações nas direcções, de acordo com o modelo que
tenha tido um impacto positivo para o sistema educativo, isto é reparando pelas politicas,
filosofias, Currículos e estratégias do Sistema educativo, uma das estruturas fundamentais é a
divisão organizacional dos diferentes períodos que geralmente compõem a fase infantil até a
universitária. Por outro lado, o ensino está dividido em matérias, sendo algumas delas
obrigatórias e outras optativas. Para articular plenamente o sistema é preciso estabelecer um
critério dc avaliação que seja objetivo e rigoroso. Ao mesmo tempo, é de extrema importância a
metodologia empregada para transmitir conhecimentos, assim como a utilização dos recursos
técnicos. Logicamente é necessário determinar o papel dos docentes e o acesso ao modelo
educacional.
Existem outros aspectos que envolvem a educação e qualquer outro sistema interligado: a
orientação académica, os regulamentos disciplinares e a integração dos alunos com
dificuldade de aprendizagem. Também é importante definir o papel das famílias para que haja
uma comunicação adequada entre docentes, alunos e pais.
Finalmente, para que um sistema educativo seja eficiente, o mesmo deve incorporar certos
princípios gerais que sirvam de orientação aos profissionais responsáveis. Além dos
conhecimentos académicos o ensino precisa incorporar uma séria de valores para que a
sociedade seja justa em todos os sentidos. É necessário ter a consciência que um sistema
educativo é essencial dentro de qualquer comunidade existente.
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3.1.Impacto das dinâmicas sociais em Moçambique
Ao longo dos anos, a juventude moçambicana tem sido particularmente afectada pelos
constrangimentos que o pais atravessou, o tráfico de escravos, o trabalho forçado, a luta contra a
politica colonial (o colonialismo), a guerra civil e o serviço militar obrigatório são alguns
exemplos de situações difíceis que os jovens moçambicanos enfrentaram e que condicionaram a
sua vivência enquanto jovens.
Os efeitos indirectos da guerra civil que durante 16 anos marcou o quotidiano de todos os
moçambicanos, ainda hoje condicionam a vivência da juventude moçambicana. A destruição
das infra-estruturas essenciais para a vivência juvenil, a desagregação das famílias.
Impulsionadas sobretudo pelos movimentos migratórios das zonas rurais para as zonas urbanas
e de Moçambique para o exterior, levou ao colapso de todo o sistema social. Com o
estabelecimento definitivo da paz em 1975, os moçambicanos em geral e os jovens em
particular aspiraram pela primeira vez a uma vivência em pleno da sua condição de
moçambicanos, cidadãos de um pais independente e democrático. As condições de vida da
maioria dos jovens continuam muito precárias, marcadas sobretudo pelas dificuldades de acesso
à educação e ao emprego, bem como aos bens de consumo próprios dos jovens.
Apesar de a constituição prever a educação para todos, e o governo sempre consolidar, que o
acesso a escola é gratuita, é importante realçar que a igualdade de oportunidades ainda não é
uma realidade para os jovens do nosso solo geográfico e a escola tem contribuído para legitimar
essas desigualdades e os privilégios sociais das classes dominantes sobre as classes dominadas.
A desigualdade social reproduz-se assim segundo uma lógica de bola de neve, transformando-se
posteriormente num circulo vicioso difícil de romper: os alunos mais desfavorecidos, por
possuírem um capital cultural muito baixo abandonam mais cedo a escola, sendo que, a falta de
formação canaliza-os para empregos menos qualificados, logo, com um Índice de remuneração
mais baixo, condicionando posteriormente o investimento na educação dos seus descendentes,
acabam por entrar no mesmo circulo, Ao passo que os alunos mais favorecidos, detentores de
um capital cultural muito mais elevado, deixam a escola depois de terem completado a
formação, que lhes dá acesso ao mercado de trabalho qualificado e com perspectivas de
evolução profissional.
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